Thursday, August 23, 2012

"Rock of Ages"


O melhor período vivido pelo heavy metal foi nos anos 1980. Houve o surgimento de bandas significativas do gênero, como Metallica, Anthrax e Slayer. E na segunda metade daquela década o mundo foi assolado por bandas cujo visual e temática não se levavam muito a sério. Lá fora elas foram batizadas de glam metal, referência ao look copiado de David Bowie, com seus cabelões, batom e gloss. No Brasil, o estilo ficou conhecido como metal farofa. O centro do movimento era Sunset Strip, em Los Angeles, com seus bares e casas noturnas. Aquilo tudo escandalizou os conservadores americanos, que tiveram uma reação imediata: a perseguição aos músicos, que estariam corrompendo a juventude.

O musical "Rock of Ages", que passou pelos palcos da Broadway, chega às telonas sob a direção de Adam Shankman. As músicas daquele período servem de condução para o romance bobinho entre a interiorana Sherrie Christian (Julianne Hough) e Drew Boley (Diego Boneta), que se conhecem no clube onde ocorriam as principais apresentações, o Bourbon Room, administrado por Dennis Dupree (Alec Baldwin) e seu parceiro Lonnie (Russel Brand e seu fortíssimo sotaque britânico). Ela, querendo ser cantora na efervescente Los Angeles, e ele sonhando em deixar de ser garçom e fazer sucesso com sua banda.

Baldwin e Lonnie, aliás, protagonizam uma das cenas mais hilárias do filme, quando dançam agarradinhos. Paralela ao namoro de Sherrie e Drew, aparece o drama que vive o músico Stacee Jaxx (Tom Cruise, perfeito em sua imitação de Axl Rose), que está deixando a sua mítica banda Arsenal, para começar a carreira solo, mas apesar de ídolo dos roqueiros, passa por um período de questionamentos. E também a batalha da esposa do prefeito, Patricia Whitmore (Catherine Zeta-Jones), claramente inspirada em Typer Gore, à época esposa do então senador Al Gore, depois vice-presidente dos EUA na gestão Bill Clinton, a mais árdua crítica e perseguidora dos grupos de heavy metal em 1987.

As músicas se encaixam perfeitamente na trama de "Rock of Ages". Somos brindados com pérolas do Journey, como Don't Stop Believin, Foreigner e suas românticas Waiting for a Girl Like You e I What Know What Love Is, Scorpions com Rock You Like a Hurricane e até mesmo o Quarterflash, com Harden of My Heart. Não esquecendo que estas bandas não faziam parte do movimento farofa, mas suas músicas foram significativas à época. Já Def Leppard, Whitesnake e seu hino Here I Go Again, começaram hard rock, mas caíram de cara no estilo poser por causa de algus dólares a mais. E claro, referências explícitas a Guns N' Roses, lembrada não só no personagem de Cruise, mas com a linda Paradise City, Motley Crüe, Bon Jovi, Twisted Sisters, que entra com I Wanna Rock e We're Gonna Take It, e Poison.

O musical tem uma história simples, quase simplória. E isso não importa. O que importa é relembrar aquele período, que sim, pode ser chamado de ouro para o heavy metal. Mesmo aquele que não se levava a sério. E como é frequente, o casal protagonista acaba engolido peloa maior qualidade dos coadjuvantes. E três deles são Alec Baldwin, Catherine Zeta-Jones, ótima como a magoada Patricia, e Paul Giamatti como o cínico e mesquinho empresário Paul Gil.

A bonitinha Julianne Hough, vivendo Sherie, não tem cacife e nem voz - aliás, sempre irritante e esganiçada - para cantar as músicas de metal. Ficaria melhor em "Mamma Mia". Diego Boneta, saído das fileiras da novelinha Rebelde, não compromete, mas lhe falta carisma.

Cotação: bom
Chico Izidro

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