sexta-feira, março 23, 2018

"O Caso do Homem Errado"




Nossa, já se passaram mais de 30 anos. Ao terminar de ver o documentário, fiquei tentando lembrar aonde eu me encontrava naquele maio de 1987. "O Caso do Homem Errado", dirigido pela jornalista Camila de Moraes, narra a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Brigada Militar.

Ele saiu de casa sem avisar a mulher, Juçara, e se juntou a populares que acompanhavam os acontecimentos ocorridos em um assalto a um supermercado próximo a avenida Bento Gonçalves, em Porto Alegre - a polícia chegou ao local enquanto os assaltantes ainda estavam dentro do local e com duas crianças como reféns. Então ao serem presos e sendo levados para a viatura, passaram próximo a Júlio César, que tinha um histórico de convulsões, e com o tumulto, teve um ataque epilético. Ele caiu e alguém gritou: "Ele também". O fotógrafo de Zero Hora, Ronaldo Bernardi, que acompanhava toda a movimentação, fotografou Júlio sendo colocado na viatura, um fusca, apenas com um sangramento na boca. Bernardi decidiu seguir o carro até o Hospital de Pronto Socorro para registrar a chegada de Júlio César. E quando, meia hora depois, os PMs chegaram, lá estava Júlio César morto, com dois tiros. Como isso aconteceu? Enfim, foi uma execução de um inocente.

O documentário busca o do próprio Ronaldo Bernardi, os amigos Waldemar de Moura Lima (o Pernambuco), professor; Paulo Ricardo Moraes (o Baiano), jornalista; Jair Krischke, ativista dos Direitos Humanos; Luiz Francisco Correa Barbosa, ex-Procurador da República, e Renato Dornelles, jornalista, e João Carlos Rodrigues, jornalista. Todos estiveram envolvidos com a tentativa de solucionar o crime.

A produção também teve o cuidado de encontrar a esposa de Júlio César, apelidado de Boneco. Juçara Pinto, então com 24 anos, reconstitui aqueles dias fatídicos. Ela ficou três dias sem saber aonde estava o marido, e até hoje, passados 30 anos do assassinato de Júlio, ainda não foi indenizada. Uma obra fundamental, e passados todos estes anos, é incrível notar que muita coisa não mudou.


Duração: 1h26min
Cotação: ótimo

Chico Izidro

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