

O apartheid foi uma mancha na África do Sul que ainda hoje, passados mais de uma década e meia de seu término, ainda incomoda os habitantes do país da Copa do Mundo de 2010. O sistema segregacionista ganha uma visão diferente, mas não totalmente reflexiva em DISTRITO 9, do sul-africano Neill Blomkamp. Aqui quem vive o preconceito são alienígenas, que devido a uma pane em sua nave, acabam retidos na Terra.
Só que ao invés de ets violentos e assassinos ou o outro extremo, cordiais, estes são passivos, mas não bonzinhos. Vivem na tal favela batizada de Distrito 9, situada nos arredores de Johannesburgo, como cidadãos de segunda ou última classe. O ambiente é sujo, podre e eles o dividem com imigrantes de outras nações africanas, principalmente uma gangue de nigerianos. E estes gostam de comer partes dos extra-terrestres, pois acreditam que assim ficarão tão fortes e inteligentes quanto eles, chamados de camarões por seus algozes, devido ao formato de seus corpos. A favela fica tão superpovoada (mais de 1,5 milhão de Ets), que uma agência governamental, a MNU, decide alocá-los em outro local.
Nisso, surge a figura do funcionário Wikus wan der Merve (Sharlto Copley), que tem a missão de removê-los da favela. Porém ao sofrer um acidente, ele vai passar a sentir na pele o preconceito que seus iguais infligem aos camarões. Enfim, uma parábola do que acontecia com um branco ao ajudar o homem negro na luta contra o racismo - e neste ponto seria ótimo assistir Um Grito de Liberdade, com Kevin Kline e Denzel Washington, de 1987. Voltando a DISTRITO 9, o filme segue uma linha documental, com uma câmera seguindo os funcionários da MNU em sua incursão pela favela e depoimentos reais de sul-africanos sobre a presença de estrangeiros no país - mesmo negros não conseguem aceitar a presença de outros africanos na África do Sul e exigem sua expulsão.
Cotação: ótimo
Chico Izidro