quinta-feira, dezembro 05, 2019

"Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" (Motherless Brooklyn)


Baseada no livro homônimo escrito por Jonathan Lethem, "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" (Motherless Brooklyn), direção de Edward Norton, apresenta uma história Noir ambientada nos anos 1950, em Nova Iorque. E além de dirigir, Norton tambpem interpreta o personagem principal, o detetive Lionel Essrog, que tem síndrome de Tourette, condição que o faz, volta e meia, ter espasmos e não ter controle sobre o que diz.

Ele perdeu o melhor amigo e mentor, Frank Minna (Bruce Willis), assassinado. E começa a investigar o crime, percorrendo várias partes da cidade em busca de respostas, e nesta busca se depara com políticos envolvidos em especulação mobiliária em vizinhanças resididas em sua maioria por pobres e negros. E em seu caminho surge a bela Laura Rose (Gugu Mbatha-Raw), mulher negra que parece ser a resposta para vários questionamentos.

Além da trama Noir, a produção é repleta de acertos, como a restituição de época, com a estética perfeita dos anos 1950, com seus carros, os clubes noturnos e a música jazz, o racismo impregnado na sociedade. Edward Norton consegue brilhar em sua obra, onde está presente em quase todas as cenas, com seu personagem esquisito. Além de Norton temos outros nomes conhecidos no elenco como Bruce Willis, Alec Baldwin, Leslie Mann e Willem Dafoe. Um filmaço. Mas não vai agradar a quem está acostumado a ver filmes onde não se exige pensar muito.

Cotação: ótimo
Duração: 2h24
Chico Izidro

"Entre Facas e Segredos" (Knives Out)



Em um clima totalmente Agatha Christie, o suspense "Entre Facas e Segredos" (Knives Out), escrito e dirigido por Rian Johnson (‘A Ponta de um Crime’, ‘Looper: Assassinos do Futuro’, ‘Star Wars: Os Últimos Jedi’) homenageia a escritora inglesa (1890-1976) no divertido e tenso "Entre Facas e Segredos" (Knives Out). Recheado de estrelas hollywoodianas, como Chris Evans, Ana De Armas, Jamie Lee Curtis, Don Johnson, Michael Shannon, Toni Collette, LaKeith Stanfield, Katherine Langford e Jaeden Martell, é uma obra inteligente e que deixa o espectador ligado durante suas mais de duas horas.

A história é centrada na morte do escritor e milionário Harlan Thrombey (Christopher Plummer). Ele é encontrado morto logo após a festa de aniversário de seus 85 anos. Teria sido suicídio ou assassinato? Para desvendar o incidente, é chamado o detetive caladão Benoit Blanc (Daniel Craig), ainda mais depois que na leitura de seu testamento, toda a fortuna é deixada para a sua enfermeira, a imigrante Marta (Ana de Armas). O que revolta os familiares de Harlan. E as investigações vão indicando que a culpa pode recair sobre Marta.

E aquela velha história, os familiares meio que desprezavam o romancista, mas se acham no direito de ficar com sua fortuna. E Marta, que era vista como "quase da família", passa a ser odiada e forçada a abrir mão da herança. São várias reviravoltas na trama, com pegadinhas e mistérios, fazendo o espectador parar e pensar, coisa rara no cinema dos dias atuais.

Cotação: ótimo
Duração: 2h10
Chico Izidro

"As Golpistas" (Hustlers)


O filme "As Golpistas" (Hustlers), dirigido por Lorene Scafaria, evoca a crise financeira que abalou Wall Street em 2008, sob a ótica feminina. A trama mostra a ex-striper Destiny (Constance Wu) concedendo entrevista para a jornalista Elizabeth (Julia Stiles), da New York Magazine - sim, a história é verídica, baseada em reportagem escrita por Jessica Pressler na publicação.

Tendo de sustentar uma filha pequena e a avó, já idosa, Destiny não tinha muita desenvoltura para agarrar a profissão. Até que conheceu em uma boate Ramona (Jennifer Lopez), ícone da profissão e que se tornou sua grande amiga e mentora. Elas ganharam muito dinheiro se apresentando para os engomadinhos de Wall Street. Porém quando ocorreu a crise em 2008, a clientela praticamente desapareceu. Como já estavam em um estilo de vida alto, tiveram de criar um plano.

E ao lado de outras strippers e com a conivência de donos de boates e restaurantes, vão atrás de homens em restaurantes para, após drogá-los, faturar em cima de seus cartões de crédito. A história tem mulher pelada, sim, mas não existe apelação, apenas é realista. E Jennifer Lopez, com seus 50 anos, ainda bate um bolão, mostrando muita sensualidade e beleza. "As Golpistas" se mostra um ótimo filme, escapando de armadilhas que poderiam tê-lo levado para outro lado.

Cotação: ótimo
Duração: 1h44
Chico Izidro

"O Juízo"



Filme de terror da família Torres Waddington, "O Juízo", dirigido por Andrucha Waddington, tropeça feio na tentativa de tentar assustar. A obra ainda tem Fernanda Torres como a roteirista, o filho Joaquim Torres Waddington e Fernanda Montenegro em papéis centrais da trama.

Augusto Menezes (Felipe Camargo) é um homem atormentado pelo alcoolismo, que decide se mudar com a mulher Tereza (Carol Castro) e o filho, Marinho (Joaquim Torres Waddington), para uma fazenda abandonada no interior de Minas Gerais, deixada para ele pelo avô.

O local é afastado, bucólico e sem luz elétrica. E claro, assombrado pelo fantasma do ex-escravo Couraça (Criolo) e sua filha Ana (Kênia Bárbara), decididos a se vingarem depois que antepassados de Augusto provocaram suas mortes em uma traição por causa de uma pedra preciosa. Os espíritos começam a tentar se vingar através do garoto, que detesta o isolamento forçado a que é submetido.

A história, no entanto, é repleta de problemas. Se é um filme de terror, era para provocar sustos. E eles não surgem. E as aparições dos fantasmas são risíveis. Felipe Camargo até segura bem o tranco, como um homem sofrido e marcado por problemas pessoais. Mas o restante do elenco, inclusive a sempre ótima Fernanda Montenegro, não se sustenta. O pior, sem dúvida, o garoto Joaquim, que só atua por ser filho do diretor e da roteirista. Ou seja, nepotismo simples e puro. Fuja.

Cotação: ruim
Duração: 1h30
Chico Izidro

segunda-feira, dezembro 02, 2019

"Carcereiros - O Filme"


A série, com duas temporadas, e agora o filme "Carcereiros", dirigidos por José Eduardo Belmonte, são apenas inspirados na obra homônima escrita pelo médico Drauzio Varella. E apenas isso, pois enquanto o livro e até parte da série global se preocupava em mostrar a rotina fora e dentro das prisões dos agentes penitênciários, com seus problemas pessoais, família, a ida para a tela grande transformou tudo em um thriller de ação.

O protagonista segue sendo Adriano (Rodrigo Lombardi), que tem uma cena mais perto do livro, quando conversa com a filha adolescente, que reclama da profissão do pai, e o medo de ficar sozinha no mundo, já que não tem mais mãe. Acaba aí qualquer similaridade com a obra de Drauzio Varela.

Depois, a história começa a se desenrolar quando Adriano e seus colegas recebem a missão de cuidar de um terrorista árabe durante uma noite no presídio, até que ele seja buscado pela Interpol. Ele explodiu uma escola na França, matando várias crianças. Essa é a senha para os demais presos pensarem numa forma de matá-lo. Ao mesmo tempo, duas facções criminosas pretendem se enfrentar dentro dos muros da prisão.

E ainda tem mais, quando homens fortemente armados invadem o presídio, matando todo mundo pela frente. O objetivo parece ser encontrar o terrorista, não se sabe se para executá-lo ou libertá-lo. Adriano, então, terá de usar de táticas e técnicas para tentar esconder o preso, e salvar os outros presidiários, brasucas. Se pensarmos em filme de ação, "Carcereiros" acerta em cheio, com muitos tiros, explosões, suspense. Cinema pipoca. Mas se pensarmos em um drama psicológico, corra para longe.

Cotação: regular
Duração: 1h50
Chico Izidro

"Aspirantes"


"Aspirantes", de Ives Rosenfeld, fala de amizade, de aspirações, de confiança, de sonhos e de desesperança nas figuras de Júnior (Ariclenes Barroso) e Bento (Sergio Malheiros), dois amigos adolescentes que sonham em se tornar jogadores de futebol para se livrar da vida de humildade que levam. Eles moram em Saquarema, no interior do Rio de Janeiro, e defendem um clube amador da região.

Porém a vida dos jovens começa a tomar caminhos distintos. Bento é melhor jogador e começa a ver a possibilidade de ser contratado por um time profissional. Já Júnior é o retrato da azaração. Sua namorada Karine (Julia Bernat) está grávida, trabalha em meio período como carregador em um mercado, e ainda mora com um tio, que lhe cobra como se adulto fosse - numa cena marcante, o jovem chega em casa, e não há luz, cortada por falta de pagamento. "Ah, eu esqueci", diz o tio, e Júnior sabe que é mentira. Se dispondo a pagar a conta no dia seguinte.

O rapaz se incomoda mais ainda, pois vê o melhor amigo começar a planejar o futuro, que para ele, parece estacionado em Saquarema, pai e com dificuldades financeiras. Em certo momento, Bento se dispõe a ajudar Júnior financeiramente. Este ponto mostra uma espécie de ruptura entre eles.

"Aspirantes" é de uma naturalidade que assombra. Os atores parecem ter vivido, eles mesmos, aquelas situações colocadas no filme. Todos que passam pela tela representam seus papéis da forma mais visceral, crua, possível. Seus olhares, expressões e os movimentos corporais dão um realismo extraordinário aos personagens. Enfim, "Aspirantes" tem muito de real, de brasileiro.

Cotação: bom
Duração: 1h11
Chico Izidro

"Duas Coroas"


"Duas Coroas", dirigido por Michal Kondrat, é uma mistura de documentário com cenas ficcionais, enfim, um docudrama (gênero que mescla documentário com dramatização), que trata da vida de São Maximiliano Maria Kolbe, que em 14 agosto de 1941, em meio a II Guerra Mundial, sacrificou sua vida no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, para salvar um pai de família que mal conhecia. Kolbel, anos após a sua morte, foi proclamado santo pelo Papa São João Paulo II.

A obra começa mostrando o pequeno Kolbe tendo uma visão, pois teria visto Nossa Senhora Aparecida - claro que o garoto, criado no meio de católicos, teve um sonho e passou a crer que aquilo era verdade. Depois, ele se transformaria em sacerdote na Polônia e atuaria ainda no Japão, onde implantou a Revista Cavaleiro da Imaculada. A publicação se tornou referência mundial religiosa. Ele também criou a Milícia da Imaculada em resposta aos ataques feitos por maçons aos católicos em 1917. A dramatização da vida de Kolbe teve no papel do padre o ator polonês Adam Woronovicz.

"Duas Coroas" é um filme bem panfletário, feito para crentes, para as pessoas que acreditam em visões, em milagres. Tudo é belo, lindo na santidade de Kolbe e nos feitos que ele realizou. Ou seja, se você, como eu, é ateu, passe longe.

Cotação: ruim
Duração: 1h32
Chico Izidro