domingo, dezembro 27, 2020

"Um Detetive em Chinatown" (Detective Chinatown 2)

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b>O começo de Um Detetive em Chinatown (Detective Chinatown 2), direção de Sicheng Chen, me lembrou o filme “Assassinato Por Morte”, de 1976, um de meus preferidos na infância, onde vários detetives são reunidos em uma mansão para desvendar um crime. Mas foi apenas uma impressão inicial. Pois nesta nova obra, detetives são reunidos no bairro chinês de Nova Iorque por um chefão local. Ele oferece uma recompensa de 5 milhões de dólares para quem descobrir o assassino do seu neto.
Então a dupla formada por Chin Fong, que chega em Nova Iorque vindo da China, a convite do seu primo Tang Ren, que já havia protagonizado um filme de 2015, parte para desvendar o crime e tentar a recompensa. Os dois são extremos. Fong é inteligente, esperto, enquanto que Ren é serelepe, mas meio burro, porém bom de briga. E claro que os dois acabam sendo acusados do crime e têm de fugir dos demais captores, em cenas de pura correria pelas ruas de Nova Iorque. E dê-lhe festival de piadas estilo “Zorra Total”, personagens caricatos, tudo sem a mínima graça nos dias de hoje – o estilo de humor utilizado serviria talvez lá nos anos 1960 e 1970. Hoje não faz o mínimo sentido.
E para piorar, nos créditos, os produtores decidiram imitar os filmes de Bollywood, com um número de dança e música com os atores do filme. Fuja. “Um Detetive em Chinatown” está disponível nas seguintes plataformas digitais NOW, Looke, Microsoft, Vivo Play, Google Play e Apple TV.
Cotação: ruim
Duração: 121min
Chico Izidro

quarta-feira, dezembro 16, 2020

“Freaky: No Corpo de Um Assassino”

Nas décadas passadas, foram lançados vários filmes onde ocorria a troca de corpos, entre eles “Vice & Versa”, com Fred Savage, de “Anos Incríveis”, “Sexta-Feira Muito Louca”, com Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan, até os nacionais, como “Se Eu Fosse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires. Todos eles tinham algo em comum, que era serem comédias escrachadas. Agora o cinema de terror dá as caras com “Freaky: No Corpo de um Assassino” (Freaky), direção de Christopher Landon, misturando adolescentes em perigo, um serial killer, e uma leve pitada de humor. O resultado acaba sendo positivo, muito graças as interpretações de seus protagonistas.
A premissa é simples: uma jovem colegial tem seu corpo trocado por o do de um assassino serial através de uma adaga mágica, que o matador havia pegado em uma casa, após eliminar todos os moradores, entre eles um colecionador de antiguidades. E ao tentar matar a jovem Millie (Kathryn Newton), Blissfield Butcher (Vince Vaughn) usa a adaga, e apenas fere a jovem. E isso resulta na troca dos corpos dos dois.
Então Millie tem apenas 24 horas para encontrar o serial killer e feri-lo com a mesma arma. O problema é que agora ela está no corpo de um homem de quase 2 metros, procurado pela polícia, com o rosto estampado em cartazes espalhados pela cidade e na TV. E Blissfield Butcher está no corpo dela, tendo todo um colégio cheio de adolescentes prontinhos para serem mortos.
A graça está em ver as atuações de Kathryn Newton, novata que consegue passar toda a maldade e sadismo em seus olhares, soltando pura perversidade. E Vince Vaughn tendo de imitar os trejeitos de uma garota assustada é outro achado do filme. “Freaky” é um ótimo filme, que usa com muita criatividade os clichês e fazendo uma excepcional ponte entre os filmes de adolescentes com filmes de terror.
Cotação: ótimo
Duração: 1h43min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 10, 2020

“Mank”

Assisti “Cidadão Kane” (1941) em VHS lá em meados dos anos 1980 e fiquei maravilhado com a obra de Orson Welles. Vi e revi inúmeras vezes. Sim, talvez seja o melhor filme de todos os tempos. Pois agora David Fincher, mestre do cinema, diretor de clássicos como “Seven”, “Clube da Luta”, “Zodiaco”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” decidiu contar a tumultuosa história do roteirista Herman J. Mankiewicz da obra-prima icônica de Orson Welles, em “Mank”, que traz a Hollywood em seus tempos gloriosos, entre os anos 1920 e 1950, apresentando ainda o cenário político-social daquela época, sofrendo os efeitos da Grande Depressão.
“Cidadão Kane” é uma das obras mais celebradas do cinema, mas sempre foi cercada de polêmicas e dificuldades para ser feito. Ele retrata a vida do magnata da mídia sensacionalista William Randolph Hearst, que decidiu boicotar o longa. E “Mank” mostra a briga do roteirista sua luta com o autor Orson Welles pelo crédito do script da obra (os dois acabaram ganhando o Oscar pelo trabalho).
Welles era o queridinho da mídia, com apenas 24 anos, sendo era o garoto-prodígio do rádio e do teatro que havia ficado famoso ao assustar os Estados Unidos com a sua apresentação de “Guerra dos Mundos”, de H.G. Wells em 1938. Mas o filme também retrata a vida tumultuosa de Mankiewicz, vivido esplendorosamente por Gary Oldman, e que na visão de Fincher é o verdadeiro pai da matéria.
Porém o protagonista é mostrado de forma dura, quase cruel. Seu talento é reconhecido, participando da Era de Ouro de Hollywood entre 1926 e 1952, e entre outras obras, não foi creditado em outro clássico, “O Mágico de Oz”. Mank era um homem genial, mas também inconsequente, adúltero e alcóolatra – ele morreu cedo, com apenas 55 anos, vitimado pelo vício. A sua fonte para escrever o roteiro de “Cidadão Kane” era a amiga, a atriz Marion Davies, interpretada por Amanda Seyfried, amante por trinta anos de William Randolph Hearst. O encontro da atriz com Mankiewicz foi fundamental para ele escrever o roteiro.
“Mank” foi todo ele filmado em câmeras digitais e as cenas foram tratadas para parecerem película envelhecida. O som foi gravado em apenas um único canal, sim, o velho sistema mono, o mesmo foi feito para a trilha sonora. E o que pode incomodar as gerações mais novas é que o longa de Fincher é todo em preto e branco, assim como “Cidadão Kane” (a galera tem preguiça de ver filmes que não sejam coloridos e pior, que não sejam dublados). “Mank” é tecnicamente brilhante e uma ode à indústria do cinema que é Hollywood.
O filme está disponível na plataforma Netflix.
Cotação: excelente
Duração: 2h11min
Chico Izidro