terça-feira, setembro 26, 2023

"O Som da Liberdade" (Sounds of Freedom)

O filme considerado o mais polêmico do ano, "O Som da Liberdade" (Sounds of Freedom), dirigido por Alejandro Monteverde, já está em cartaz no Brasil. A produção custou 14,5 milhões de dólares e arrecadou mais de 180 milhões de dólares nos cinemas dos Estados Unidos, superando blockbusters como "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" e "'Missão: Impossível - Acerto de contas Parte 1". A trama é baseada na história real de um ex-agente do governo, Tim Ballard, que resgatava crianças vítimas de sequestro para uma rede de pedófilos. "O Som da Liberdade" caiu nas graças da direita norte-americana e alvo de esquerdistas.
O filme, conforme os direitistas, foi feito por encomenda para um setor ignorado por Hollywood. Já a esquerda o classifica como uma ferramenta de recrutamento da extrema direita, que promove a teoria conspiratória QAnon sobre uma seita de pedófilos de Hollywood e o Partido Democrata, que sequestraria crianças e sugaria o sangue delas.
Tim Ballard é interpretado por Jim Caviezel (o Jesus de "A Paixão de Cristo"). Ele é um ex-agente do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, que largou tudo para criar a organização Operation Underground Railroad (OUR), focada em combater o tráfico sexual de menores.
Na história, dois irmãos hondurenhos são sequestrados por traficantes e enviados para diferentes lugares - o garoto é comprado por um pedófilo norte-americano e a garota por um chefe da organização terrorista colombiana FARC. Então Ballard se embrenha nas selvas colombianas para resgatar a garotinha - os incidentes teriam ocorrido em 2013, mas descobriu-se que estes irmãos nunca existiram, sendo pura criação dos roteiristas.
Não fosse a teoria da conspiração, "Som da Liberdade" passaria batido. O filme é ruim, mal editado, com cenas que deixariam Silvester "Rambo" Stallone com vergonha - a primeira parte do filme até funciona, mostrando o desespero de crianças sendo sequestradas, pais sem saber o que aconteceu com os filhos. Mas na parte final, encenada nas selvas da Colômbia são de um constrangimento terrível, com cenas completamente inverossímeis.
Cotação: ruim
Duração: 2h15min
Chico Izidro

terça-feira, setembro 19, 2023

"Sem Ar" (The Dive)

"Sem Ar" (The Dive), filme alemão de suspense, é dirigido por Maximilian Erlenwein e um remake do sueco "Além das Profundezas" (Breaking Surface, 2020), de Joachim Hedén. A trama foca em duas irmãs, aliás, as únicas personagens presentes na ação, Drew (Sophie Lowe) e May (Louisa Krause), onde uma delas fica presa no fundo do mar, com pouco tempo de oxigênio.
O filme começa com as duas se dirigindo para uma praia afastada, ao som do clássico “Only You (And You Alone)“, do The Platters. Elas costumam fazer um mergulho anual no local, mas desta vez tudo vai dar errado. Dew e May mergulham, porém uma avalanche acontece, prendendo May embaixo de uma rocha a 28 metros de profundidade.
Drew, então, tem poucos minutos para voltar à superfície, descobrindo que vários equipamentos foram soterrados. Ela tem de levar oxigênio para a irmã e ainda tentar encontrar socorro nas proximidades.
O filme mostra com perfeição o desespero de Drew, que corre, corre, e tudo vai dando errado, enquanto May precisa manter a serenidade para economizar oxigênio. E sua mente começa a lhe trazer eventos do passado - neste momento é que surge a figura do pai delas.
"Sem Ar" não me deu tanto desespero e angústia, pois eu sofro é do medo de altura, tendo sofrido muito com "A Queda" (2022) e "A Travessia" (2015). Mas o filme constrói muito bem o medo e o desespero, sendo a água o grande vilão - não existe a figura de monstros assustadores, como tubarões e outros animais marinhos.
E tanto Sophie Lowe quanto Louisa Krause conseguem transmitir o pavor, o medo e a tensão de sofrer um acidente grave. Elas têm uma química muito boa, deixando com seus olhares e gestos o espectador apavorado.
Cotação: bom
Duração: 1h31min
Chico Izidro

domingo, setembro 17, 2023

"A Noite das Bruxas" (A Haunting in Venice)

Baseado em livro de Agatha Christie, lançado em 1969, Kenneth Branagh interpreta pela terceira vez o detetive belga Hercule Poirot em "A Noite das Bruxas" (A Haunting in Venice), sucessor dos filmes "Assassinato no Expresso do Oriente" (2017) e "Morte no Nilo (2022)".
"A Noite das Bruxas", além de protagonizado é também dirigido também por Kenneth Branagh. Desta vez a trama se passa em uma única noite, em Veneza, poucos anos após o término da II Guerra Mundial, com Hercule Poirot aposentado. Porém seu sossego acaba quando ele é procurado por uma antiga amiga, a escritora Ariadne Oliver (Tina Fey), que convence o detetive a participar de uma sessão espírita na mansão decadente de Rowena Drake (Kelly Reilly), que perdeu a filha de forma trágica um tempo atrás. A sessão espírita é comandada por uma médium, vivida por Michelle Yeoh. Poirot, sempre cético, tenta desmarcarar a mulher.
No entanto, novo crime acaba acontecendo na casa, forçando o detetive a sair de sua zona de conforto, e tentar desvendar os incidentes, envoltos em uma mística sobrenatural. Algumas pessoas na mansão acreditam na presença de espíritos, e cabe a Poirot desvendar o mistério.
O filme é sombrio, e apesar da aura sobrenatural, não é feito para dar sustos, e sim fazer o expectador refletir e tentar descobrir, através de pistas, o ou os assassinos. Enfim, "A Noite das Bruxas" é muito bom, por causa de seus elementos misteriosos e suas reviravoltas sensacionais.
E eu como fã de carteirinha da escritora inglesa, sempre acho excelente ver nas telas as obras da Rainha do Crime. O meu filme preferido é "O Vingador Invisível" (And then There Were None), de 1945 - no Brasil o livro foi batizado de "O Caso dos Dez Negrinhos".
Cotação: ótimo
Duração: 1h44min
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 07, 2023

"A Freira 2" (The Nun II)

"A Freira 2" (The Nun II) é a sequência de filme lançando em 2018, e que faz parte da franquia "Invocação do Mal". No primeiro volume, um padre atormentado e uma noviça, Irene (Taissa Farmiga), foram enviados pelo Vaticano a Romênia para investigar o suicídio de uma freira. Os dois acabaram se confrontando com uma força demoníaca, em forma de freira.
Agora, nesta continuação dirigida por Michael Chaves, a trama ocorre quatro anos depois dos eventos anteriores, tendo início numa cidadezinha francesa em 1956. Um padre é morto de forma brutal na igreja local, e a Irmã Irene novamente vivida por Taissa Farmiga, a irmã mais noiva da atriz Vera Farmiga.
Vivendo em um convento, ela é convocada novamente pelo Vaticano para investigar uma série de mortes envolvendo membros da Igreja. Os indícios apontam para o demônio Valak, que possuiu o jovem Maurice, também conhecido como Frenchie (Jonas Bloquet), e que trabalha em um internato para meninas na França - no final do primeiro filme, Maurice acabou possuído pelo espírito da freira e continuou os crimes sem que tivesse consciência de seus atos. A Irmã Irene parte para a missão, e acaba sendo seguida pela rebelde Irmã Debra (Storm Reid), para combater o demônio novamente.
Feito o resumo do filme, ele parece ter um roteiro muito bom, e que provocaria sustos e mais sustos, afinal se propõe a ser uma obra de terror. Mas infelizmente, após um começo promissor, tudo é perdido em sequências sem o mínimo sentido. E qual a necessidade de todo o filme de terror ter cenas gravadas em plena escuridão, onde o espectador mal consegue visualizar o que acontece na tela? E o término é pessimamente construído.
"A Freira 2" não acrescente nada ao universo de "Invocação do Mal". Enfim, não se faz mais filmes de terror como antigamente.
Cotação: ruim
Duração: 1h50
Chico Izidro

sexta-feira, setembro 01, 2023

A israelense Golda Meir, nascida na Ucrânia, foi uma das primeiras mulheres chefe de estado, praticamente no mesmo período de Indira Gandhi na India. A pioneira foi Khertek Anchimaa-Toka, em Tuva, na Oceania, em 1940. Ela se tornou primeira-ministra de Israel em 1969, aos 70 anos de idade. Em sua carreira política, ela já havia sido embaixadora na hoje extinta União Soviética, ministra do Interior, Relações Exteriores e do Trabalho.
E quatro anos depois de assumir a nova função, já aos 75 anos, enfrentou o seu maior desafio, quando um dia antes do feriado judaico de Yom Kippur, o Egito e a Síria lançaram um ataque surpresa a Israel. Sem esquecer que um ano antes, o governo de Golda Meir já havia sofrido com os eventos da Olímpiada de Munique, quando os terroristas do Setembro Negro vitimaram vários atletas israelenses (veja o filmaço Munique, dirigido por Steven Spielberg).
Bem, este período conturbado da Guerra do Yom Kippur é o mote do filme "Golda - A Mulher de Uma Nação" (Golda), dirigido por Guy Nattiv (Skin - À Flor da Pele), e magistralmente protagonizado por Hellen Mirren. Que desta forma se candidata fortemente a conseguir o seu segundo Oscar - ela já o fez quando viveu Elizabeth II em “A Rainha” (2007).
O filme mostra os bastidores da guerra, e como Golda Meir, uma fumante inveterada, teve de mostrar mão de ferro, ao tomar as suas decisões. Afinal, muitas vidas e até o destino do país estavam em suas decisões. E Golda ainda sofria hostilidade, afinal de contas, estamos falando dos anos 1970, onde os os membros do gabinete exclusivamente homens, se mostravam extremamente hostis a ela.
Pegos de surpresa, afinal era feriado em Israel, com as tropas desmobilizadas, os invasores obtiveram muito sucesso nos primeiros dias. Porém, a guerra acabou sendo vencida pelos israelenses. O conflito durou 19 dias, mais do que a Guerra de Suez (ou Guerra do Sinai) em 1956 e a Guerra dos Seis Dias em 1967 juntos. Israel teve mais de 2500 mortos em combate. Outras centenas de foram capturados nos primeiros dias de luta, sendo que dezenas deles foram terrivelmente torturados e mortos.
Cinco anos depois da vitória de Israel na Guerra do Yom Kippur, em 1978, israelenses e árabes acertaram um acordo de paz em Camp David, nos Estados Unidos. Na ocasião, o Egito finalmente reconheceu a derrota e existência do Estado de Israel, retomando assim as relações diplomáticas entre os países - isso provocaria o assassinato do líder egípcio Anwar Al Sadat em 1981, considerado traidor do povo árabe. Mas isto é outra história.
Antes de finalizar, agradecer o convite da Wizo RS (Organização Sionista Internacional de Mulheres) e da StandWithUs Brasil, que me convidaram para a pré-estreia de "Golda - A Mulher de Uma Nação" em sessão exclusiva no Espaço de Cinema Bourbon Country.
Cotação: ótimo
Duração: 1h40min
Chico Izidro