

O diretor Steven Soderbergh (Traffic), ao lado de Guillermo Del Toro, acertaram a mão em Che - O Argentino. O ator porto-riquenho levou o prêmio por sua atuação em Cannes. A cinebiografia de Che, apesar de ser um ótimo filme, é por vezes condescendente com o médico e guerrilheiro argentino. Junto com Fidel Castro, ajudou a derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista, no final da década de 1950.
O filme percorre desde o momento em que Ernesto Che Guevara conhece Fidel na Cidade do México até a vitória da revolução, intercalado pela visita que o líder guerrilheiro fez a Nova Iorque para discursar na ONU (a segunda parte, que mostra os primeiros momentos de Che no governo cubano até a sua morte, na Bolívia, em 1967, será lançada somente no segundo semestre deste ano).
Del Toro, de Coisas que perdemos pelo caminho, está perfeito como Che e chega a provocar arrepios durante a parte em que discursa na ONU. Rodrigo Santoro, no papel de Raúl Castro, é mais um chamariz para o público brasileiro. Pouco aparece, mas em relação a outros filmes de que participou, tem mais falas. As cenas de batalhas são bem realizadas e impressionantes, principalmente a vitória do Movimento 26 de Julho - em referência a data do ataque de Fidel e companheiros ao Quartel de Moncada em 1953 e que fracassou, colocando todos os golpistas na cadeia - na cidade de Santa Clara.
Enfim, uma grande obra, falada totalmente em espanhol (o que é fantástico) para um grande personagem da história, mesmo que contestado por em certa parte de sua vida ter se tornado de um humanista ferrenho num violento político, que não pensava duas vezes em mandar adversários políticos para o famoso "paredón".