sexta-feira, julho 26, 2019
"Ted Bundy - A Irresistível Face do Mal" (Extremely Wicked Shockingly Evil and Vile)
Baseada no livro “The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy” escrito pela ex-namorada Elizabeth Kendall, "Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal", (Extremely Wicked Shockingly Evil and Vile), dirigido por Joe Berlinger trata sobre os crimes de um dos maiores serial killers da história, Theodore Robert Bundy (1946/1989). Porém a história foca menos nos assassinatos cometidos pelo psicopata, focando mais nas pessoas próximas a ele, principalmente a namorada Liz, que se recusou a acreditar na verdade sobre ele por anos.
Não se sabe exatamente quando é que Ted Bundy começou a matar, mas seu período mais agressivo foi entre os anos de 1974 e 1978. Os registros indicam cerca de 30 assassinatos brutais cometidos por ele - mas indícios mostram que podem ter sido mais de 100. A maioria era de jovens garotas com uma aparência semelhante à de sua primeira namorada, Stephanie Brooks. Mulheres brancas com idades até 25 anos, de classe média, com longos cabelos castanhos e lisos. Ted era bonito, inteligente e muito persuasivo, facilitando sua aproximação com as vítimas.
No filme, o serial killer é interpretado por Zac Efron, que cresceu muito como ator. Ele tem uma interpretação muito boa, certeira, evocando o carisma e a perversidade do real assassino, eletrocutado na cadeira elétrica em 24 de janeiro de 1989 (ainda lembro quando li a notícia de sua execução na Folha de S. Paulo naquele ano). O longa é muito bom e retrata uma época de muito pavor nos Estados Unidos, assombrados por este e muitos outros assassinos em série.
Duração: 1h50
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"O Mistério de Henri Pick" (Le Mystère Henri Pick)
Dirigido por Rémi Bezançon, "O Mistério de Henri Pick" (Le Mystère Henri Pick), é uma excelente trama de suspense aliada a comédia, mas também delicioso para quem gosta de literatura. A trama busca tentar desvendar quem é o autor de um livro que se torna sucesso na França.
A obra foi descoberta pela jovem editora (Alice Isaaz) em uma biblioteca na cidadezinha da Bretanha, quando vai visitar o seu pai. No local, existe um setor apenas de obras originais recusadas por editoras. No meio de vários títulos duvidosos, ela acaba encontrando o exemplar de uma obra assinada por Henri Pick, o falecido pizzaiolo da região. O livro acaba sendo publicado e se torna um sucesso absoluto de público e crítica.
Porém o jornalista literário Jean-Michel Rouche (Fabrice Luchini) questiona se foi mesmo o pizzaiolo que escreveu o livro. O homem, em vida, nunca fora visto segurando um livro ou mesmo escrevendo uma simples linha. E mesmo com sua ruína pessoal - devido a sua obsessão a mulher pede a separação e ele perde o emprego em uma emissora de televisão, Jean-Michel decide investigar, provocando a ira da família do morto.
O personagem de Luchini chega a ser irritante devido a sua insistência em tentar desvendar o tal mistério, que parece ser apenas fruto de sua cabeça. Mas até isso é engraçado. Os coadjuvantes também estão bem, destacando Camille Cotin, que interpreta Josephine, a filha de Henry, e que carrega uma tensão sexual com o protagonista. O resultado é algo agradável, bem dosado e que deve agradar vários públicos. Afinal, dá pra rir, se emocionar e ficar instigado pelo suspense geral.
Duração: 1h40
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Blitz"
"Blitz", primeiro longa de Rene Brasil, diretor paulistano de carreira feita com curtas, é quase que uma peça teatral filmada, como há muito tempo não se via. A obra acompanha o drama pessoal de um cabo da Polícia Militar de São Paulo, Rosinha, interpretado com muito vigor por Rui Ricardo Diaz.
Durante uma batida em uma escola, ocorre um tiroteio e um estudante de 12 anos acaba baleado e morre, com o corpo caindo sobre Rosinha. E o cabo é acusado de ter feito o disparo que vitimou o garoto. A partir deste momento, a sua vida vira um inferno, e sua mulher, Heloísa (Georgina Castro), ativa na comunidade, ameaça ir embora. Afinal, os dois passam a ser vistos como párias pelos vizinhos, que apelam pelo boicote - ela trabalha numa padaria e os clientes se recusam a ser atendidos por ela, e o padre da paróquia local pede que não compareçam mais a igreja.
"Blitz" ainda tem cenas de flash-backs, onde é mostrado o começo do relacionamento de Rosinha e Heloísa. Os dois tiveram um filho que acabou morrendo vítima de uma doença hereditária.
Quase toda a trama acontece dentro da casa onde os dois vivem. E dialogam com muita tensão, a mulher convicta da culpa do marido, que repete sem cessar: "Eu sou inocente, eu não matei o garoto", mas berrando para as paredes. Um filme forte e tenso.
Duração: 1h30
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"As Trapaceiras" (The Hustle)
Às vezes me pergunto qual a necessidade de se refilmar alguns filmes. Geralmente o resultado acaba sendo desastroso, sendo o mais recente "As Trapaceiras" (The Hustle), de de Chris Addison, que aposta no talento da dupla Anne Hathaway e Rebel Wilson para recontar a história de Os Safados, de 1988, protagonizado por Steve Martin e Michael Caine. Os dois fizeram chover e levaram o público, à época, a se dobrar de tanto rir. Agora, com protagonistas femininas, o tombo é feio.
Na trama, Josephine Chesterfield (Anne Hathaway) e Penny Rust (Rebel Wilson) são mulheres que enganam homens ricos para roubar o dinheiro deles. A chique Josephine é mais antiga no crime e já fez fortuna, tendo uma dupla de funcionários para ajudá-la a seguir aplicando os golpes. Até que surge a tosca e obesa Penny para tentar roubar o posto da primeira. Num paradisíaco vilarejo litorâneo francês, as duas começam uma competição para arrancar 500 mil dólares de um garoto milionário da tecnologia e descobrir quem é a melhor.
Tirando a atualização do enredo, que hoje se utiliza de celulares, tablets, a história é a mesma de "Os Safados". Mas se no filme oitentista Martin se fingia de paraplégico, agora Wilson se passa por cega para aplicar o golpe. Porém se Steve Martin é um humorista beirando o genial, a australiana está mais para um Leandro Hassum, apelando para tombos e caretas. "As Trapaceiras" acaba sendo um tremendo desperdício de tempo e potencial. Fuja.
Duração: 1h30
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, julho 18, 2019
" Inocência Roubada " (Les Chatouilles)
"Inocência Roubada" (Les Chatouilles), dirigido pela dupla de estreantes Andréa Bescond e Eric Métayer, não é um filme fácil de se assistir, pois trata de um tema pesado, o abuso sexual feito por pedófilo em uma menina de pouco mais de oito anos de idade. E como o incidente atrapalhou a personagem principal em sua vida adulta.
Aos oito anos, Odette (Cyrille Mairesse) gostava de pintar e desenhar, como todo criança de sua idade, mas passou a ser abusada por um amigo de seus pais, Gilbert Miguié (Pierre Deladonchamps). Inocente, a menina não entendia o que se passava com ela quando aceitava participar de uma brincadeira batizada pelo pedófilo de "guerra de cócegas", e se mantinha calada, pois ele dizia a ela que aquilo era um segredinho deles.
Anos depois, já adulta, Odette (Andréa Bescond) é assombrada por aqueles estupros, e tenta esquecer o incidente através da dança e fazendo terapia. Mas o abuso sexual na infância provocou nela vários bloqueios, como dificuldade em se relacionar e instabilidade profissional.
A pequena Cyrille Mairesse segura muito bem as pesadas cenas de abuso sexual, mostrando com um olhar perdido como a perda de inocência é vista na infância. Já a interpréte adulta de Odette, Andréa Bescond, rouba toda a cena, entregando-se em cada cena. Deladonchamps não fica muito atrás, mostrando todo o cinismo e podridão de um pedófilo. E Karin Viard e Clovis Cornillac como a mãe e o pai da protagonista também vão bem. "Inocência Roubada" acaba sendo um filme que, além dos abusos e pedofilia, vai fundo ainda no que se relaciona com perdas, dores e angústias.
Duração: 1h43min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Atentado ao Hotel Taj Mahal" (Hotel Mumbai)
"Atentado ao Hotel Taj Mahal" (Hotel Mumbai), com direção de Anthony Maras, é baseado em fatos, trazendo para as telas a história de um ataque terrorista coordenado acontecido na capital financeira e maior cidade da Índia, Mumbai. O incidente ocorreu exatamente entre os dias 26 e 29 de novembro de 2008, na maior e mais importante cidade da Índia, que viveu ali o seu “11 de setembro de 2001”. Dez atentados terroristas sincronizados atingiram a capital financeira e, além da destruição de lugares icônicos e a promoção do terror, deixaram um rastro de sangue com mais de 190 mortos e outros 300 feridos. A mesma história já havia sido contada no filme The Mumbai Siege 4 Days of Terror (2017), com direção do australiano Lliam Worthington.
"Atentado" mostra os terroristas islâmicos chegando à cidade de barco e atacando pontos estratégicos de Mumbai, sob o comando de uma figura que fica escondida, o Irmão Touro. Os terroristas atacam numa estação ferroviária, numa cafeteria popular com turistas e depois o famoso Hotel Taj Mahal, repleto de turistas, muito ocidentais, ou seja, infiéis para os fanáticos religiosos. A trama foca em três núcleos, um com o funcionário indiano Arjun (Dev Patel, de Quem Quer Ser Um Milionário), o outro com a família do turista David (Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome) e Zahra (Nazanin Boniadi), do filho pequeno deles e da babá Sally (Tilda Cobham-Hervey) e o terceiro os terroristas, que agem sob o comando de uma figura que fica escondida, o Irmão Touro, que invoca Alá para que seus subordinados cumpram à risca a missão.
O diretor não poupa imagens violentas, mostrando os terroristas agindo de maneira bruta e cruel em seus assassinatos. Agindo com fanatismo, acreditam que matar não será punível, pois eles agem em nome de Alá - que os perdoará e os receberá no paraíso graças ao feito. Os atores que interpretam os terroristas é de um realismo exarcebante - até passamos a acreditar que eles são realmente fanáticos religiosos.
Do lado das vítimas, o suspense impera com o casal formado por Armie Hammer e Nazanin Boniadi, que pelos corredores do hotel tenta encontrar a babá, que tem em suas mãos o seu filho recém-nascido. É muito nervosismo e angústia do lado de lá e de cá da tela. “Atentado ao Hotel Taj Mahal” é desenvolvido de maneira eficiente e contundente, mostrando ao público o lado dilacerante e irracional de um ataque terrorista.
Duração: 2h03
Cotação: ótimo
Chico Izidro
segunda-feira, julho 08, 2019
"Homem-Aranha - Longe de Casa" (Spider-Man: Far From Home)
"Homem-Aranha - Longe de Casa" (Spider-Man: Far From Home), direção de Jon Watts, transcorre logo após os eventos ocorridos em "Vingadores: Ultimato", onde metade da população mundial havia evaporado e depois retornado, após cinco anos. E com as mortes do Homem de Ferro, do Capitão América e da Viúva Negra. Peter Parker (Tom Holland) tenta levar sua vida normal, mas sabe que isso é impossível para ele.
E mesmo um simples tour pela Europa com os colegas do ensino médio se tornam uma missão, quando uma ameaça interplanetária, chamado de Elementais, surge, e ele é convocado por Nick Fury (Samuel L. Jackson) para ajudar um novo herói que aparece, o alienígena Mysterio (Jake Gyllenhaal), e combater o monstro. Além disso, Parker tem de aprender a lidar com um óculos especial e de inteligência artificial deixado para ele por Tony Stark.
O longa tem bons momentos de ação, humor, bons efeitos especiais, uma tour por países como Alemanha, Áustria, República Tcheca, Itália. Porém é feito para um público específico, mais jovem. A ideia de atualizar os personagens incomoda aqueles, que como eu, foram criados lendo as revistas em quadrinhos do Aracnídeo nos anos 1970 e 1980.
Mary Jane não é mais uma adolescente gostosona e ruiva, e sim uma magrela morena e sem graça. Tia May agora é vivida pela linda Marisa Tomei, ou seja, nada daquela velha enrugadinha dos quadrinhos ou a cara de sofrimento de Sally Field nos filmes da primeira parte do século. O melhor amigo do Homem-Aranha é um adolescente gordinho e maori, que consegue namorar a loirinha inteligente da escola. Muitas alterações, feitas para arregimentar o público de nossos dias, mas que para a velha guarda, são heresias.
Duração: 2h09
Cotação: bom
Chico Izidro
"Boas Intenções" (Les Bonnes Intentions)
"Boas Intenções" (Les Bonnes Intentions), dirigido por Gilles Legrand, tenta ser uma comédia sobre humanidade, mas acaba sendo um filme repleto de preconceitos. Ou seja, um tiro no pé. A trama foca a professora de francês Isabelle (Agnès Jaoui), que se dedica a trabalhos humanitários - inclusive casou com um bósnio sobrevivente dos massacres da década de 1990. Ela dá aulas para imigrantes recém chegados a França. E das mais variadas nacionalidades, brasileiro, arábe, búlgaro, africano.
Tentando com que eles se integrem à sociedade, Isabelle acaba por negligenciar a família, que se sente abandonada. As coisas ficam mais difíceis quando surge na escola uma professora alemã, logo considerada por ela de nazista, só por ser alemã. E dê-lhe estereótipos - o brasileiro é burro e só gosta de samba e carnaval, além de passar o tempo todo com uma camisa da Seleção Brasileira do Thiago Silva, a búlgara é um poço de sexualidade, o africano tem os filhos presidiários, e por aí vai. E claro, os franceses são os donos do mundo, os inteligentes. A tentativa de humor é terrível e decepcionante.
Duração: 1h43
Cotação: ruim
Chico Izidro
Assinar:
Postagens (Atom)