quarta-feira, fevereiro 26, 2025

“OS RADLEY” (The Radley)

Foto: Paris Filmes
“OS RADLEY” (The Radley), dirigido por Euros Lyn, é baseado no romance de Matt Haig, "Os Radleys", e é uma comédia sobre vampiros modernos.
Os Radley vivem em uma bela cidade litorânea na Inglaterra, e aparentam ser uma família normal, daquelas dos antigos comerciais de margarina. Helen (Kelly Macdonald) e Peter (Damian Lewis) criam seus filhos adolescentes, Stuart (Freddie Wise) e Clara (Bo Bragason),com amor e liberdade, fazem festas para os vizinhos e têm bons empregos.
Porém, certo dia Clara vai a uma festa e sofre a tentativa de um estupro. Para se defender da agressão, ela acaba descobrindo algo que nem sonhava – força sobre-humana e desejo por sangue, matando o seu agressor.
Assustada, busca a ajuda dos pais, que acabam abrindo o jogo para os filhos. Eles são vampiros, mas são classificados como “abstêmios”, vampiros que escolheram não beber sangue e nem matar ninguém, apesar de seus instintos e desejos.
Para ajudar a esconder o corpo do agressor de Clara, eles chamam o irmão gêmeo de Peter, o agressivo tio Will, também interpretado por Damian Lewis, e de forma completamente canastrona. Que também estimula os sobrinhos, principalmente Stuart, a aceitarem sua condição – e o garoto está se descobrindo sexualmente, tendo uma paixão platônica por por Evan (Jay Licurgo), o melhor amigo da irmã, e filho de um ex-policial, o curioso e desconfiado Jared (Shaun Parkes), talvez um dos personagens mais insignificante dos últimos tempos, que entra em cena mudo e sai calado.
Os Radleys são vampiros que não se escondem nas trevas, saindo durante o dia, comem e bebem normalmente. E seus instintos só vêm à tona quando experimentam sangue. Ou seja, vampiros nutella.
O filme tem muitos altos e baixos, mais baixos, com muito furo de roteiro e soluções fáceis demais para os personagens. Quem vibrou com um Drácula vivido por Christopher Lee nos anos 1960, ou com o Drácula de Bram Stocker, vai se decepcionar com estes vampiros modernos.
Cotação: regular
Duração: 1h55min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=fh8-qTXIHY4

“UM COMPLETO DESCONHECIDO” (A Complete Unknown)

Foto: 20th Century Studios
“UM COMPLETO DESCONHECIDO” (A Complete Unknown), direção de James Mangold, dedica suas mais de duas horas de duração ao mestre da Música Folk Bob Dylan, nascido Robert Zimmerman em 24 de maio de 1941. E único músico até hoje a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, devido a excelência de suas letras, em 2016. Considerado arrogante, não fez questão de comparecer ao evento de premiação.
Mas vamos ao filme, que foca nos primeiros anos de sua carreira, iniciada nos anos 1960. O bardo é interpretado pelo queridinho atual da indústria, Timothée Chalamet, e tem como base o livro "Dylan Goes Electric!", de Elijah Wald, sem tradução para o Brasil. O músico chega em Nova Iorque vindo de Minnesota, ansioso por mostrar a sua arte e conhecer seus ídolos, como Woody Guthrie (1912-1967), e é acolhido pelo cantor Peter Seeger (Edward Norton), conhece a namorada Sylvie Russo (Elle Fanning), com quem manteve um relacionamento de idas e vindas, e sua relação com a musa Folk Joan Baez, (vivida por Monica Barbaro), criadora do clássico “Diamond and Rust”, que teve até versão Heavy Metal através do Judas Priest.
Na época, Bob Dylan, ainda uma estrela em ascensão, focava na música acústica, mas faria uma revolução no gênero ao introduzir a guitarra elétrica no Festival Folclórico de Newport em 1965, em um dos momentos mais transformadores da música popular no Século XX.
O filme é um deleite para os fãs, com várias de suas canções tocadas na tela, e com direito a legendas, o que facilita o entendimento da obra do astro.
E Timothé Chalamet tem atuação destacada, com muita semelhança aos trejeitos de Dylan. Sendo que o ator ainda fez questão de ele mesmo cantar as canções do menestrel, dispensando o uso do play back, emulando Val Kilmer, que em 1991 fez questão de em “The Doors” cantar as músicas consagradas pelo ídolo pop Jim Morrison (1943-1971).
Mesmo quem não tenha simpatia por Bob Dylan, afinal de contas, ele nunca fez questão de ser agradável. E que há alguns anos decepciona os fãs ao fazer shows frívolos, onde muda totalmente a roupagem de suas músicas, deve dar uma chance e conhecer o período mais fértil de sua carreira.
Cotação: Ótimo
Duração: 2h20min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Ttf3qmxGOhE

terça-feira, fevereiro 25, 2025

INSTITUTO LING FARÁ QUATRO SESSÕES MUSICADAS COMO AQUECIMENTO PARA O FANTASPOA 2025

Foto: Amália Gonçalves
O INSTITUTO LING, EM PORTO ALEGRE, SERÁ SEDE, MAIS UMA VEZ, da programação de aquecimento para o Fantaspoa, recebendo quatro sessões musicadas que antecedem a 21ª edição do festival dedicado aos gêneros de ficção científica, fantasia e horror mais importante da América Latina.
As exibições especiais combinam filmes clássicos do cinema mudo com performances musicais ao vivo, antecipando o clima do grande evento que, neste ano, acontecerá entre 9 e 27 de abril.
As primeiras sessões acontecem nesta quarta e quinta-feira, dias 26 e 27 de fevereiro, às 20h, com apresentação do longa-metragem “A Trindade Maldita”, que completa cem anos de lançamento em 2025. A obra, dirigida por Tod Browning, contará com trilha sonora criada e executada pelo trio instrumental Quarto Sensorial, que tem Carlos Ferreira na guitarra e programações, Bruno Vargas no baixo e Martin Estevez na bateria.
Considerado um precursor do gênero policial com toques de bizarrice e tragédia, o filme “A Trindade Maldita” mistura crime, mistério e humor sombrio.
A trama gira em torno de três artistas de circo que se unem para formar uma gangue criminosa, formada por um ventríloquo interpretado por Lon Chaney, além de um forte homem do circo e um anão disfarçado de bebê. Juntos, eles criam um plano ousado: abrir uma loja de animais exóticos que serve como fachada para seus roubos. Enquanto o crime prospera, conflitos internos surgem, e a trama se desenrola em um misto de suspense e ironia, com personagens complexos e reviravoltas surpreendentes.
Já em março, nos dias 26 e 27, às 20h, as sessões musicadas vão unir o longa “Maciste no Inferno”, também de 1925, com música ao vivo composta pelos músicos Fu_k The Zeitgeist, Brenno Di Napoli, Carlinhos Carneiro e Paola Kirst. O filme, com direção de Guido Brignone, combina fantasia e efeitos inovadores para a época, sendo um marco do cinema mudo italiano e uma influência duradoura no gênero de aventura mitológica.
A obra apresenta o herói Maciste sendo arrastado ao inferno por forças demoníacas após tentar salvar uma mulher inocente acusada de bruxaria. No submundo, ele enfrenta tormentos e criaturas malignas, desafiando o próprio Satanás em uma luta épica pela liberdade.
Os ingressos para cada sessão custam R$ 50,00 no valor inteiro e R$ 25,00 para quem tem direito a meia-entrada. As entradas podem ser adquiridas no site www.institutoling.org.br e na recepção do centro cultural, na Rua João Caetano, 440, no bairro Três Figueiras.
SERVIÇO - PROGRAMAÇÃO DE AQUECIMENTO PARA O FANTASPOA NO INSTITUTO LING
Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 - Três Figueiras - Porto Alegre)
Sessões musicadas do filme “A Trindade Maldita” (1925), com trilha sonora ao vivo criada pelo trio instrumental Quarto Sensorial
Datas: 26 e 27 de fevereiro, quarta e quinta-feira Horário: 20h
Sessões musicadas do filme “Maciste no Inferno”, com trilha sonora ao vivo criada pelos músicos Fu_k The Zeitgeist, Brenno Di Napoli, Carlinhos Carneiro e Paola Kirst.
Datas: 26 e 27 de março, quarta e quinta-feira
Horário: 20h
Ingressos para cada sessão
R$ 25,00 meia-entrada
R$ 50,00 inteiro
Pontos de venda
Site: www.institutoling.org.br
Recepção do Instituto Ling: de segunda a sábado, das 10h30 às 20h
Veja o trailer de “A Trindade Maldita” no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=_0ae6KXew_A

sexta-feira, fevereiro 21, 2025

“O BRUTALISTA” (The Brutalist)

Foto: Universal Pictures
O BRUTALISTA (THE BRUTALIST), DIRIGIDO POR BRADY CORBET, é um filme impressionante, tanto por sua história, quanto pelo visual, espetacular, e de atuações densas, nervosas. Enfim, algo quase brutal aos olhos dos espectadores.
A trama, que se inicia em 1947, vai até 1980, seguindo os passos do arquiteto judeu húngaro László Tóth (vivido espetacularmente por Adrien Brody). Ele sobreviveu aos campos de concentração nazista e vai para os Estados Unidos em busca de recomeçar a sua vida. Porém, deixou na Europa a Erzsébet (Felicity Jones) e sua sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy), que não conseguiram o visto para viajar e seguem numa destruída Viena, passando por extremas necessidades.
No novo país, László inicialmente é recebido na Filadélfia pelo primo Átila (Alessandro Nivola), empreendedor e dono de uma loja de móveis. No entanto, a convivência entre eles acaba se tornando problemática e depois de ser acusado de dar em cima da mulher do primo, László é expulso...e a cena mostra o quanto o arquiteto virou uma pessoa temerosa, sem condições de se defender – provavelmente trauma pelas agressões sofridas pelos nazistas em seu tempo de prisioneiro nos KZ.
O húngaro, então, conhece o pior da América, ao virar um morador de rua e ver o sofrimento das pessoas. Os Estados Unidos, apesar da prosperidade advinda da vitória na Segunda Guerra Mundial, ainda tinha muitos resquícios da Grande Depressão dos anos 1930. Nessa jornada, ele irá se afeiçoar do negro Gordon (Isaach de Bankolé), que vive nas ruas cuidando do filho pequeno.
Como a vida de László é uma eterna montanha-russa, ele acaba conhecendo o milionário Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), que inicialmente o trata com extrema brutalidade. Mas depois o magnata vai pesquisar sobre aquele homem franzino e narigudo, e descobre que László era um profissional extremamente conceituado na Europa pré-guerra, tendo criado obras icônicas, e acaba virando o mecenas do húngaro, ainda lhe fazendo uma proposta ambiciosa: o projeto de um espaço cultural em homenagem à sua falecida mãe.
Só que a relação entre estes dois homens não é das mais fáceis, sendo que Van Buren sempre fazendo questão de mostrar o “verdadeiro lugar” do arquiteto, num jogo violento jogo de poder e posses.
E em todas as suas andanças por uma América dos sonhos para ele, mesmo que o país se mostre quase sempre hostil, László tem como meta trazer do devastado Velho Continente a esposa e a sobrinha. Até irá conseguir, mas com uma surpresa desagradável.
Adrien Brody, que foi oscarizado pela sensacional atuação em “O Pianista”, onde vive um judeu sobrevivendo aos horrores da Segunda Guerra na Polônia, agora vive outro judeu resistente, entregando mais uma vez uma excepcional atuação. Seus gestos, olhares, tudo ali mostra a fragilidade de um homem que perdeu tudo apenas por causa da perseguição de homens que se achavam superiores, seja por ideologia, como os nazistas, seja por dinheiro, como Van Buren.
Aliás, o por muitas vezes criticado Guy Pearce, talvez por suas escolhas cinematográficas questionáveis, mostra um monstruoso milionário, cruel, pois afinal dizem que dinheiro é tudo, então ele é o tudo, e tudo pode.
Um filmaço, que mesmo com suas mais de 3 horas de duração, vale muito.
Cotação: excelente
Duração: 3h34min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3E7Gn_ADhd0

quarta-feira, fevereiro 12, 2025

“BRIDGET JONES: LOUCA PELO GAROTO” (Bridget Jones: Mad About the Boy)

Foto: Universal Pictures
EM SUA QUARTA INCURSÃO NO CINEMA, A PERSONAGEM CRIADA POR HELEN FIELDING procura um novo amor, depois de uma viuvez inesperada. EM “BRIDGET JONES: LOUCA PELO GAROTO” (Bridget Jones: Mad About the Boy), dirigido por Michael Morris, Bridget (Renée Zellweger) agora é uma mãe solteira e viúva de Mark Darcy (Colin Firth), morto quatro anos atrás durante uma ação humanitária no Continente Africano.
Os dias dela se resumem a cuidando de seus dois filhos Billy (Casper Knopf) , de 9 anos, e Mabel (Mila Jankovic), de 4 anos.
Cercada pelos amigos e pelo ex-crush Daniel Cleaver (Hugh Grant), viciado em sair com garotas 30 anos mais novas, Bridget acaba entrando no Tinder, e tem um match com o estudante Roxster (Leo Woodall), quase 20 anos mais novo. A empatia é imediata e os dois começam um relacionamento, ao mesmo tempo que ela volta a trabalhar como produtora de TV.
Porém, a sua vida é uma avalanche de emoções, e Bridget também tem de lidar com as mães da escola de seus filhos. E como estamos numa comédia romântica, o roteiro não deixa de ser previsível, tanto que as câmeras nunca abandonam de acompanhar o professor de ciências das crianças, o certinho e rigoroso Mr. Wallaker (Chiwetel Ejiofor).
Enfim, o romance com o jovem Roxster serve mais para encher linguiça, um sub-título quase desnecessário para o filme – se o personagem não aparecesse em cena, não iria fazer a mínima falta.
Renée Zellweger, que foi uma das minhas musas nos anos 1990, parece ter nascido para o papel de Bridget Jones, agora conectada com os novos tempos. Porém, a atriz, infelizmente, fez tantas plásticas em seu rosto um dia belo, que mal consegue abrir os olhos – em determinado momento, o roteiro até brinca com isso, quando a personagem faz um preenchimento labial e vira alvo de zombaria de sua ginecologista, Dra. Rawlings (uma hilária Emma Thompson).
Cotação: regular
Duração: 2h04
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=job5JGQaYgY

“SING SING”

Foto: Diamond Films
APESAR DO NOME REMETER A UM MUSICAL, “SING SING” NÃO É. O nome do filme faz referência ao presídio de segurança máxima que fica localizado no Estado de Nova Iorque. Dirigido por Greg Kwedar, a trama conta a história real da transformação de presidiários através do teatro, e contou com muitos detentos vivendo a eles mesmos em cena.
“Sing Sing” tem no papel principal o ator Colman Domingo, de “Fear of the Walking Dead”, que interpreta John “Divine G” Whitfield, um presidiário real, que foi condenado por um crime que não cometeu. Já o também ator Paul Raci ("O Som do Silêncio") vive o dramaturgo e diretor de teatro Brent Buell.
Outra peça fundamental no filme é Clarence "Divine Eye" Maclin, um preso irascível que interpreta a si mesmo.
No centro de tudo está a entidade Rehabilitation Through the Arts (RTA ou Reabilitação Através das Artes), que existe de fato e tem ajudado há várias décadas os detentos a deixarem o crime para trás.
A ideia para o filme surgiu quando Kwedar conheceu o RTA por acaso, em 2016, quando foi ajudar um amigo que produzia um curta documental dentro de uma prisão de segurança máxima. Andado pelos corredores da penitenciária, o cineasta se deparou com um detento em sua cela, acompanhado de um cão resgatado. "Meu mundo virou de ponta-cabeça", lembra. Naquele instante, ele entendeu que se tratava de um programa de reabilitação tanto para o homem, quanto para o animal. Emocionado com a relação de companheirismo entre eles, Kwedar começou a pesquisar outras iniciativas diferentes nos presídios nos EUA, e foi assim que descobriu o programa que inspiraria “Sing Sing”.
A fagulha para a trama veio quando leu um artigo na Esquire, sobre uma das peças montadas pelo grupo, intitulada "Breakin' the Mummy's Code" – um musical original, centrado em uma viagem no tempo. "Tinha algo no tom [da obra], o drama inerente do ambiente difícil [da prisão] e a experiência humana transformadora, justapostos à leveza de uma comédia maluca", conta Kwedar. "Pensei que talvez este pudesse ser o pontapé para contar uma história que mostrasse para as pessoas a capacidade de alguns indivíduos, que são ou estereotipados, ou esquecidos”, completou.
A trama foca nos personagens John “Divine G” Whitfield e Clarence "Divine Eye" Maclin, ambos antigos membros do RTA. Divine G já tinha uma proximidade com as artes antes de conhecer o RTA. Na juventude, ele se inscrevera em uma escola especializada em atuação, dança e canto, mas o bullying que sofreu na sua vizinhança (as pessoas achavam que as atividades eram exclusivamente para gays) o fez desistir. Mas preso, ele reencontrou seu lado criativo, passando horas e horas na biblioteca: não só estudando maneiras de provar sua inocência, mas também escrevendo romances e peças.
Por sua vez, Divine Eye se aproximou da RTA quase por acidente. Com fama de mau e perigoso em Sing Sing, ele passava o tempo extorquindo outros detentos e vendia drogas na prisão, tendo muito pouco interesse em qualquer atividade artística. Contudo, num dia chuvoso, ele foi obrigado a "fazer negócios" na capela da prisão, onde o RTA apresentava uma de suas peças e, ali, viu presos expressando suas emoções livremente, sem serem considerados fracos.
"No palco, a história era outra. Era entretenimento", lembra Maclin, que interpreta a si mesmo no filme. "Não demorou muito para que eu percebesse que aqueles caras tinham filhos, como eu. Mães que se importavam com eles, como a minha. Fora do RTA, eu nunca pensaria nos relacionamentos dos outros", revelou.
"Divine G tem intensidade e foco, é uma pessoa que não perde um segundo da vida. Já Clarence tem um carisma irrefreável e uma sabedoria profunda, conquistada com lições duras da vida", afirmou Kwedar. "Os dois foram muito abertos e vulneráveis ao dividir suas histórias com a gente". Tanto que o roteiro de “Sing Sing” foi feito a oito mãos, com o roteirista Clint Bentley e Kwedar recebendo a colaboração de Divine G e Maclin.
“Sing Sing” mostra, de uma forma criativa e maravilhosa, de como a arte pode transformar a vida das pessoas, fazendo com que encarem o mundo de uma forma positiva.
Cotação: excelente
Duração: 1h47
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YWmRkDCKaJU

"AS CORES E AMORES DE LORE"

Foto: Embaúba Filmes
"AS CORES E AMORES DE LORE", documentário dirigido por Jorge Bodanzky, mostra a vida e obra da pintora Eleonore Koch (Berlim, 2 de abril de 1926/ São Paulo, 1 de agosto de 2018). O filme se passa na casa de Lore, como ela era conhecida, e a narrativa é construída a partir de uma série de encontros entre o diretor e ela, durante seus últimos anos de vida.
O trabalho mostra a vida de Lore desde a sua infância e a fuga de Berlim – sua família era judia e teve de sair da Alemanha por causa dos nazistas liderados por Adolf Hitler. A família se instalou em São Paulo, e Lore conta tudo, desde a relação difícil com a irmã mais velha, Esther. Sua juventude rebelde, seus namoros, considerados moderninhos demais para os conservadores anos 1950 e 1960 – a artista decidiu nunca casar e ter filhos.
Lore também morou em Paris no final dos anos 1940 e quase duas décadas em Londres, entre os anos 1960 e 1980, onde atuou no MI-6 (o serviço secreto britânico), como tradutora de português. Ela também foi aluna do pintor Alfredo Volpi, de 1953 a 1956, quando mudou seu foco da escultura para a pintura. Volpi influenciou fortemente sua obra, e ela tornou-se conhecida como sua única discípula.
Antes de morrer em 2018, Lore confiou a Jorge Bodanzky a tarefa de concluir o filme, entregando-lhe suas memórias: fotos, cartões-postais, cadernos de estudos, cartas e quatro décadas de diários (1976-2011), que abordam sua pintura, vida cotidiana e amorosa.
“Durante nossos encontros, falamos de tudo. Era como se eu pudesse conversar com ela as coisas que eu não tive maturidade para conversar com a minha mãe em vida. Lore é uma personagem fascinante! Capaz de fornecer uma visão única e de amplo interesse sobre o período em que viveu e pintou. Ela teve uma vida intensa, marcada por muita liberdade e por vários relacionamentos amorosos, como poucas mulheres de sua geração. Uma história que merece ser conhecida”, recordou Bodanzky.
O documentário é mais do que uma simples biografia, trazendo à tona uma artista que passou a ser conhecida mais após sua morte. Uma mulher à frente de seu tempo, que não tinha vergonha de expor seus pensamentos sobre sexualidade, independência, amadurecimento, trabalho, solidão e felicidade.
Cotação: ótimo
Duração: 80min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=SHUzBsaaWDs

“AOS PEDAÇOS”

Foto: Pandora Filmes
“AOS PEDAÇOS”, DIRIGIDO POR RUY GUERRA, é um thriller psicológico quase experimental, que é um mergulho em um universo onde os limites entre realidade, obsessão e paranoia são continuamente questionados. A narrativa labiríntica se apresenta como reflexo da experiência de um cineasta que, com 93 anos de idade, quer reafirmar sua jovialidade e ousadia criativa.
A trama tem como principal personagem Eurico Cruz (Emílio de Melo), mantém um relacionamento secreto com duas mulheres chamadas Ana. Ele vive entre duas casas idênticas: uma no deserto, outra à beira-mar. Cada uma habitada por uma das esposas: Ana (Simone Spoladore) e Anna (Christiana Ubach).
Certo dia, ele recebe a visita de Eleno (Julio Adrião) e um bilhete anônimo assinado apenas por "A", anunciando sua morte. A partir daí, sua vida se torna uma grande espiral de paranoia, desconfiado de seus dois amores e do resto das pessoas ao seu redor. Quem realmente o ameaça? Os espaços, os personagens, as suspeitas e as paixões se embaralham nesse quebra-cabeça que, cada vez mais, confunde realidade e obsessão.
“Aos Pedaços” não é de fácil assimilação, por vezes confuso, por vezes tedioso. A obra se pretende inovadora, até mesmo sendo filmado em preto e branco, mas acaba sendo mesmo pretensiosa (tem até cena copiando Ingmar Bergman), deslocada de seu tempo.
Cotação: regular
Duração: 1h33
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=KSs5ClaJubU

quinta-feira, fevereiro 06, 2025

“ACOMPANHANTE PERFEITA” (Companion)

Foto: Warner Bros. Pictures
“ACOMPANHANTE PERFEITA” (Companion), direção de Drew Hancock, pode ser classificado como um episódio da série Black Mirror. É um terror de ficção científica e com leves toques de comédia.
O filme foca no casal apaixonado Iris (Sophie Thatcher) e Josh (Jack Quaid), que se conheceram num supermercado e vão passar um final de semana na casa de amigos, numa mansão bem afastada da civilização. Apesar do clima de paz entre as pessoas – na casa estão mais dois casais, Sergey (Rupert Friend) e Kat (Megan Suri) e Patrick (Lukas Gage) e Eli (Harvey Guillen) -, acontece uma morte.
E então Iris descobre que é um robô (deu, estraguei a surpresa!), e que as suas memórias com Josh foram produzidas. E ela precisa processar tudo o que está acontecendo ao seu redor para tentar sobreviver. E o filme põe na pauta uma questão antiga, lá dos tempos de Isaac Asimov: será que os robôs são realmente capazes de sentir emoções?
Em meio a muito sangue, tiros e traições, o humor não é esquecido, sempre surgindo em momentos tensos. E louve-se a atuação perfeita de Sophie Thatcher como a bela máquina, que parece ter mais sentimentos que os seres humanos que a cercam.
Cotação: ótimo
Duração: 1h37min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vlYE15g_ZjQ

“PECADORES” (Sinners)

Foto: Warner Bros. “PECADORES” (Sinners), dirigido por Ryan Coogler, é uma das melhores surpresas deste ano, em uma trama que transcorre na...