quinta-feira, outubro 04, 2007

O Homem que desafiou o Diabo



A comédia não é tão diferente de outras tantas passadas no sertão nordestino. Mas talvez chame a atenção por ter sido filmada no Rio Grande do Norte - O Homem que Desafiou o Diabo, de Moacyr Goés, que dirigiu ainda os fracos Dom (2003) e Trair e Coçar é só começar (2006). A trama é uma espécie de os 12 trabalhos de Hércules e tem como base o livro As pelejas de Ojuara, de Nei Leandro de Castro.
A trama é quase atemporal e mostra a virada do caixeiro viajante José Araújo no anti-herói Ojuara (ambos interpretados por Marcos Palmeira). Boemio e sedutor, o malandro acaba se envolvendo com a quarentona Dualiba (Livia Falcão), filha do Turco (Renato Consorte), que o obriga a desposar a moça, não tão moça assim, depois de "fazer mal" à ela. José Araújo, então passa a viver o inferno na terra com a dupla, até que num dia após descobrir ter se transformado em motivo de piada na cidade, decide recomeçar do zero. Dá uma surra na mulher e no sogro, vai ao cartório e diz ao escrivão, o veterano Lúcio Mauro: "escreve aí, José Araújo morreu. De caganeira!". Nasce então Ojuara, destemido herói que desbrava o sertão nordestino, salvando os oprimidos e comprando briga com o "coisa ruim", o engraçado Helder Vasconcelos. Em suas andanças, se apaixona pela prostituta Genifer (a bela Fernanda Paes Leme), e convive com figuras como o corcunda (o hilário León Góes, irmão do diretor). E tem citações a filmes de Glauber Rocha e até mesmo a Cidade de Deus, quando um matador (José Firmino da Hora) solta a pérola: "o meu nome é Zé Pretinho". Quem viu vai se lembrar.
Marcos Palmeira está bem no papel e simplesmente participa de todas as cenas. Todas. O Homem que Desafiou o Diabo, no entanto, traz problemas para quem não está habituado ao sotaque utilizado por alguns personagens no filme. As falas são muito rápidas e com termos que fazem o espectador ficar perdido em alguns momentos. Mas o mesmo valeria para uma pessoa do nordeste assistindo um filme gaúcho. Enfim, um filme mediano, mas para ser assistido.

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