

Tão poucas vezes vimos no cinema um retrato tão cruel de uma América pobre, quase miserável quanto em Inverno da alma, surpreendente trama dirigido por Debra Granik e protagonizado pela novata Jennifer Lawrence, em belíssima atuação.
Estamos já nos anos 2000, mas poderia muito bem se passar na época da Grande Depressão (anos 1920 e 1930), onde o americano comum não tinha mais nada do que a desesperança. Nada parece dar certo. Nada.
Ree Dolly (Laerence) simplesmente tem alguns dias para encontrar o pai, um fabricante de metanfetamina que sumiu, deixando a mulher e os três filhos numa verdadeira "sinuca sem bico". Ele hipotecou a casa como fiança e se não se apresentar para a Justiça, toda a família irá para o olho da rua. Ree sai, então, pelos piores buracos do interior do interior do Missouri racista e caipira em busca do pai. E começa a descobrir, começando pelos próprios parentes, que as coisas podem ser piores do que ela imagina, chegando a arriscar sua própria vida, cada vez que vai se aproximando da verdade.
Jennifer Lawrence é carismática e consegue transpor todo o desespero e infelicidade contida numa garota de 17 anos - a cena em que tenta se alistar no exército para ganhar 40 mil dólares e sair daquele buraco é comovedora -, que tem de cuidar da mãe doente e dos irmãos pequenos.
Os coadjuvantes, atores que costumamos ver em outros filmes ou em séries em papéis secundários, também não deixam a bola quicar. E se tornam os caipiras mais assustadores dos últimos tempos.
cotação: ótimo
Chico Izidro
Nenhum comentário:
Postar um comentário