sábado, dezembro 29, 2012

"A Negociação"


O cinema americano sempre foi pontual em retratar eventos que ocorrem em suas fronteiras. Desde 2008, começo da atual crise econômica, o mundo financeiro tem estado na crista da onda na telona, vide a continuação do clássico oitentista "Wall Street". Em "A Negociação", dirigido por Nicholas Jarecki, Richard Gere é Robert Miller, empresário bem-sucedido, com jatinho particular, empregados que o veneram, a filha Brooke, seu braço direito nos negócios (a excelente Brit Marling), o filho despreparado e por isso severamente protegido, e a mulher socialite, Ellen (Susan Sarandon, esbanjando beleza com seus 66 anos), e que o faz dedicar-se a atividades filantrópicas. E claro, não poderia faltar a amante jovem e fogosa, Julie (Laetitia Casta), francesa que dirige uma galeria de arte bancada por ele.

A vida de Miller parece ser de certa normalidade. Só que o figurão envolveu-se em um negócio numa mina de cobre na Rússia que está indo para o buraco - o negócio, não a mina. Algo deu errado e um rombo de quase meio bilhão de dólares aparece em suas finanças. O jeito é fazer um empréstimo, e depois tentar vender a empresa antes que uma auditoria revele o tremendo prejuízo. O comprador faz tortura psicólogica para tentar diminuir o preço pedido por Miller. E neste meio tempo, ele envolve-se em um acidente automobislítico que pode provocar a suspensão da venda, além de Miller ir parar atrás das grades. O jeito é conseguir um álibi, envolver o filho de seu ex-motorista no turbilhão que se avizinha. O problema é que o jovem, Jimmy (Nate Parker), negro, tem uma ficha policial não muito limpa. E ele e o garoto começam a ser investigados e perseguidos pelo policial Michael Bryer (Tim Roth), tal qual Jean Valjean era cercado por Javert em "Os Miseráveis". Entram em cena o racismo, coação policial, uma corrupção maior ainda, traições.

Gere, famoso por seus tipos românticos, está perfeito como um cínico Gekko. Mas ele não é uma pessoa má. Apenas quer deixar seus entes queridos com uma vida tranquila e segura. Mesmo que para isso afunde quem passar à sua frente. E isso fica claro numa rígida e tensa conversxa com a filha Brooke, num parque de Nova Iorque, quando ela descobre as falcatruas do pai, a cara e os cabelos do roqueiro Roger Waters. "A Negociação", além de um suspense policial envolvente, prende por não cair na armadilha de diálogos profundos e intraduzíveis para os leigos sobre o mundo financeiro.

Cotação: bom
Chico Izidro

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