quinta-feira, novembro 14, 2024

“GLADIADOR II” (Gladiator II)

Foto: Paramount Pictures
A EXPECTATIVA É MUITO GRANDE. Porém, a realidade se mostra cruel em “Gladiador II” (Gladiator II), direção do veterano Ridley Scott, que também dirigiu o hoje clássico “Gladiador” em 2000, com Russell Crowe.
A história desta sequência ocorre 25 anos após os eventos iniciais envolvendo o comandante do exército romano Maximus, traído pelo imperador Commodus (Joaquin Phoenix). Agora, o foco fica no órfão Lucius (Paul Mescal), feito prisioneiro após os romanos invadirem a cidade onde mora, na África. Levado para Roma, ele é vendido para o nobre Macrinus (Denzel Washington). Sim, não existe licença poética aí. Realmente naquele período da história, há quase dois mil anos, não existia o conceito de racismo, e pessoas de diversas etnias conviviam sem enxergar a cor da pele do outro.
Lucius é convertido em gladiador, enquanto imagina uma forma de se vingar do militar Marcus Acacius (Pedro Pascal), que liderou a invasão à sua cidade, ordenou a morte de sua esposa Arishat (Yuval Gonen) e o aprisionou. Acacius é casado com Lucilia (Connie Nielsen), que também foi esposa de Maximus, e figura central na virada da trama.
E os romanos vivem sob a ditadura irresponsável e abusiva dos gêmeos imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger).
Em meio as lutas no Coliseu, Lucius vai passando a entender tudo o que ocorre na Cidade Eterna, principalmente Acacius, que mira um golpe de estado para acabar com o governo dos dois irmãos degenerados.
A história e as cenas de ação até funcionam. Porém, “Gladiador II” é repleto de furos de roteiro e de sequência, a exemplo do longa anterior. E ainda a aparição de macacos mutantes e de tubarões na arena (!!!).
O protagonista Paul Mescal até se esforça em seu papel, porém seu personagem vive de caras de estranheza, como pergunta-se o que faz ali no meio de homens violentos. Ele não consegue expressar emoção nem mesmo quando encontra o corpo de sua esposa. Já Pedro Pascal consegue se impor em suas cenas, mas Denzel Washington, que é um excepcional ator, parece estar atuando em seus filmes de ação, com jeitos e falas exageradas, deslocadas no tempo. E por que cargas d’água, o seu nobre decide enfrentar o mocinho, sabendo ser este um exímio guerreiro, enquanto ele é mais afeito aos bastidores?
Mas o pior mesmo fica a cargo da dupla de vilões, vivida por Joseph Quinn e Fred Hechinger, que fazem caretas e olhares de maldade, beirando o caricatural.
Cotação: ruim
Duração: 2h30m
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=thfURRSQzdw

terça-feira, novembro 12, 2024

“PÁSSARO BRANCO – UMA HISTÓRIA DE EXTRAORDINÁRIO” (White Bird)

Foto: Paris Filmes
EM “PÁSSARO BRANCO – UMA HISTÓRIA DE EXTRAORDINÁRIO” (White Bird), direção de Marc Forster, temos uma sequência do bom filme de 2017, “Extraordinário”, focando agora no garoto Julian Albans (Bryce Gheisar). Ele foi expulso de sua escola anterior por praticar bullying no garoto Auggie (Jacob Tremblay), que nasceu com uma deformação facial.
Na nova escola, Julian tenta passar despercebido, até que tem uma atitude antipática com uma colega. Ao voltar para casa, encontra a sua avó, Sara Albans (Helen Mirren), uma judia francesa, uma conceituada artista plástica que veio de Paris para Nova Iorque para inaugurar uma retrospectiva do seu trabalho.
E aí que a história engrena, pois ao falar de troca de escola e de seu dia na nova instituição, ele escuta ela dizer: “Julian, você não trocou de escola, você foi expulso da outra”. E nas próximas horas, o jovem irá escutar uma história que irá mudar a sua percepção sobre o mundo.
Afinal, Sara é uma sobrevivente do Holocausto. Adolescente, tinha uma vida normal no interior da França, até a chegada dos nazistas. A partir desse momento, a jovem passou a ver os que antes eram amigos se transformarem em verdadeiros antissemitas.
E um colega de escola sofria com o bullying, Julien (Orlando Schwerdt) por ter sido vitimado pela poliomielite e ser filho de um limpador de esgotos. O menino é o único que mostra simpatia por Sara, que sempre o desprezara devido a sua condição. E é ele que fará de tudo para tentar salvar a garota das garras dos alemães. Julien é um retrato de quem sofre preconceito, por usar muleta, as pessoas acreditavam que ele tinha problemas mentais – mas o seu silêncio era mais um escudo.
O filme é emocionante, principalmente os momentos passados durante a II Guerra Mundial, mostrando ainda sobre a coragem de ser diferente em um mundo onde todos devem ser aquilo que a maioria impõe. E também de como o ser humano pode ser amoroso em um momento onde a maldade dá as ordens.
Cotação: ótimo
Duração: 2h01min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=i22q_nGjTVM

“ARCA DE NOÉ”

Foto: Imagem Filmes
FILME SAÍDO DE UMA COLABORAÇÃO ENTRE Brasil e Índia, “Arca de Noé”, com direção de Sérgio Machado e Alois Di Leo se baseia na obra de nosso poeta Vinicius de Moraes, para contar a história da famosa e fantasiosa história bíblica.
Como todo mundo sabe, Noé recebe uma mensagem de deus lhe ordenando a construção de uma arca, pois descontente com sua obra, pretende recomeçar toda a vida na Terra novamente, projetando um dilúvio que durará 40 dias. E Noé deve levar para a arca um macho e fêmea de cada espécie.
E aí que entra a dupla de amigos inseparáveis, os ratinhos Tom (Marcelo Adnet) e Vini (Rodrigo Santoro). Como eles irão fazer para ficarem juntos, se apenas um deles poderá entrar na arca? Então eles devem trapacear para embarcar no navio, que também deixará de fora várias espécies consideradas más, como gorilas, cobras e leões – o vilão-mor é Baruk (Lázaro Ramos).
Apesar da trilha sonora inspirada nos clássicos álbuns Arca de Noé (1980 e 1981), com músicas de Toquinho e Vinícius de Moraes, a trama é rasteira, com piadas que não funcionam, além do que para tentar agradar a criançada, sejam usados diálogos que namoram com referências digitais, gírias da internet e memes. Ou seja, tudo soa muito forçado, não agradando nem crianças e nem adultos.
E os vilões são o genérico do genérico, verdadeiras caricaturas de personagens já vistos em desenhos animados anteriores, como por exemplo “O Rei Leão” e “Tarzan”. E tem até um veado que é...”gay”...não precisava, né!!!
Cotação: Ruim
Duração: 1h35min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=hPYRmPkG8rE

quarta-feira, novembro 06, 2024

“AINDA ESTOU AQUI”

Foto: Sony Pictures
“AINDA ESTOU AQUI”, dirigido por Walter Salles, é a adaptação cinematográfica do livro autobiográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva (Feliz Ano Velho), narrando a trajetória de sua família, principalmente a de sua mãe, Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil.
A trama é ambientada principalmente no começo dos anos 1970, quando o governo ditatorial de Garrastazu Médici ficou mais endurecido, perseguindo insaciavelmente todos aqueles que criticavam o sistema.
A família Paiva vivia no Rio de Janeiro, e o chefe da família era Rubens Paiva, deputado cassado logo quando os milicos tomaram o poder em 1964. Depois de exilado, voltou ao país com a mulher e os cinco filhos e trabalhava como engenheiro, de ótima condição financeira.
Até que no dia 20 de janeiro de 1971 alguns agentes da repressão bateram na porta da casa da família e o levaram para um interrogatório. Nunca mais voltaria para casa, assassinado sob tortura um ou dois dias depois, 21 ou 22 de janeiro (este o dia de meu aniversário de cinco anos). Eunice e uma das filhas também foram levadas para interrogatório – a garota foi libertada horas depois e a mãe ficou duas semanas detida, sofrendo tortura psicológica.
Quando retornou, pôs-se a tentar encontrar Rubens, e o governo negando a sua detenção. Com o tempo, Eunice teve certeza de que o marido, então com 41 anos, assim como ela, não voltaria. E teve de se reinventar, voltando para São Paulo com os filhos, se formando em direito aos 48 anos, e trabalhando na defesa dos povos originários e dos perseguidos políticos. Já octagenária, sofria de Alzheimer, morrendo aos 86 anos, cercada pelos filhos e netos.
E esta trajetória é mostrada de forma comovente por Walter Salles, com atuação vigorosa de Fernanda Torres como Eunice e Selton Mello como Rubens.
O filme toca fundo, além do drama pessoal de Eunice, no impacto do regime militar na vida de milhares de brasileiros, que passaram duas décadas de terror, repressão e arbitrariedades. A ditadura militar, depois dos 300 anos de escravidão e do governo ditatorial de Getúlio Vargas, foi outro período sombrio da história do Brasil.
A reconstituição de época é outro destaque, com um ou outro descuido de produção, como por exemplo, dois livros mostrados em cenas passadas em 1970, mas que foram lançados somente em meados daquela década – “Negras Raízes”, de Alex Haley e “O Diário de Anne Frank”, além de imagens em cores de um Jornal Nacional narrado por Cid Moreira, sendo que a TV colorida só seria introduzida no país em 1972. Mas são apenas detalhes.
“Ainda Estou Aqui” deveria ser mostrado nas escolas para os estudantes e também para aquelas pessoas, que por total ignorância, pedem a volta dos milicos ao poder. Agora falta um filme sobre Vladimir Herzog, outra vítima da ditadura militar.
Cotação: excelente
Duração: 2h17min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_NzqP0jmk3o

“OPERAÇÃO NATAL” (Red One)

Foto: Warner Bros.
“OPERAÇÃO NATAL” (Red One), dirigido por Jake Kasdan, é mais um filme de ação do que aquelas obras fofinhas de final de ano.
Na trama, o Papai Noel, vivido por J.K. Simmons, é apelidado de Nick, que diferente dos outros papais noéis, não tem nada de gordinho. Ele é musculoso, e comanda uma verdadeira fábrica de presentes no Polo Norte, cercado de figuras mitológicas e tendo como chefe de segurança o fortão Callum Drift (Dwayne Johnson).
Porém, toda a segurança em cima do bom velhinho não serve de nada quando o hacker Jack O'Malley (Chris Evans) consegue localizar o local secreto, e por troca de alguns dólares, o vende para a vilã Gryla (Kiernan Shipka, a filha de Don Draper, do seriado Mad Men). Desta forma, o Papai Noel é sequestrado.
Callum, que é um elfo gigante, tanto que a sigla que ele carrega no uniforme, de sua unidade, é ELF...sutileza passou longe...tem de tentar encontrar seu chefe, pois caso contrário, o Natal será esvaziado, com as crianças não recebendo os seus presentes. E para a missão, ele faz uma parceria com o hacker Jack, que se deu conta de sua burrada, e decide se regenerar.
E claro que a união dos dois é daquelas improváveis, pois Callum está para se aposentar, desiludido com o espírito natalino, pois as pessoas, nos dias de hoje, não se importam muito com as outras. E Jack é um pai ausente, sem conexão com o filho, e trabalha com criminosos.
Dito isso, o filme pretende mostrar o verdadeiro significado do Natal, que ele não deve ser perdido, que as pessoas devem seguir acreditando nas fantasias da data festiva...blá, blá, blá...e claro que com Dwayne Johnson no elenco, a história sempre descamba para a pancadaria. Insuportável e cansativo.
Cotação: ruim
Duração: 2h13min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=JE1fRhgrO3k

“NÃO SOLTE” (Never Let Go)

Foto: Paris Filmes
“NÃO SOLTE” (Never Let Go), direção de Alexandre Aja, é um terror psicológico mostrando o mundo devastado, onde a civilização desapareceu quase que por completamente, e um ser sobrenatural desconhecido domina o mundo exterior, matando toda aquela pessoa que deixe a segurança de sua casa.
Assim, June (Halle Berry) e seus dois filhos gêmeos Nolan (Percy Daggs IV) e Samuel (Anthony B. Jenkins) vivem isolados em uma casa na floresta.
Eles só saem ligados por cordas quilométricas para protegerem-se do mal que assola o mundo lá fora, pois precisam diariamente buscar alimentos.
Os garotos têm de seguir regras rígidas determinadas por June. Porém quando o inverno se avizinha, a alimentação começa a ficar escassa, e de repente, os três começam a ter dúvidas sobre o que estão vivendo, se é tudo delírio ou realidade.
A trama funciona até a sua metade, quando ocorre uma virada quase previsível, e que tira muito da força do filme, com os irmãos tendo um confronto entre a vida e a morte.
O lado bom de tudo é que “Não Solte!” é uma obra tensa, com muito suspense, e que foge da rotina dos filmes atuais de terror, onde existe apenas mortes gratuitas e sem sentido.
Cotação: bom
Duração: 1h42min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=DzZGGsKyHHo

terça-feira, novembro 05, 2024

“ABRAÇO DE MÃE”

Foto: Lupa Filmes
“ABRAÇO DE MÃE”, direção do argentino Cristian Ponce (História do Oculto (2020)) e roteiro dos brasileiros André Pereira e Gabriela Capello, é um longa-metragem de horror psicológico. Ele segue a jovem bombeira Ana, vivida por Marjorie Estiano (do seriado Sob Pressão), que quando criança, nos anos 1970, perdeu a mãe durante um incêndio.
E a trama foca em seu retorno às atividades, depois de um período afastada devido a ter congelado durante uma missão. Agora, Ana pretende mostrar que não está traumatizada e logo na sua volta, sua equipe é chamada para atender um asilo com risco de desabamento durante um forte temporal no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
O lugar parece ser o mais sinistro possível, com a dona paraplégica e hostil aos bombeiros, um atendente com ares de mistério.
O asilo é uma casa antiga, caindo aos pedaços e parece esconder um ser sinistro entre o seu interior. E esse ser surge para Ana na forma de um tentáculo que a persegue - claramente a forma do monstro é uma referência ao cordão umbilical, a primeira conexão entre a mãe e o bebê, pois Ana ainda vive depois de mais de duas décadas o luto pela perda de sua mãe.
“Abraço de Mãe” não revoluciona o gênero de terror, tem algumas decisões questionáveis, porém no balanço final é um bom filme. A produção é bem feita, trama prende, devido aos seus momentos de suspense, nada sendo entregue de mão beijada. E Marjorie consegue transmitir pânico, enquanto os coadjuvantes passam muita loucura em seus olhares.
Cotação: bom
Duração: 1h34min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YPXAEKFaoZ8

quarta-feira, outubro 30, 2024

“TERRIFIER 3”

Foto: Diamond Films
“TERRIFIER 3”, direção de Damien Leone, marca volta do palhaço assassino Art (David Howard Thornton), que volta a assombrar Siena (Lauren LaVera) e seu irmão, Jonathan Shaw (Eliott Fullam), sobreviventes do massacre do filme anterior.
A garota passou um tempo em uma clínica de reabilitação, enquanto que Jonathan seguiu em frente e foi fazer faculdade. Agora, na proximidade do Natal, Sienna recebeu alta para ir para a casa da tia, Jessica (Margareth Anne Florence), onde tentará recomeçar a vida retomando o convívio com sua prima, Gabbie (Antonella Rose).
Porém, quando pensam que estão seguros, o vilão retorna para transformar a alegria natalina em um pesadelo muito mais sangrento.
“Terrifier 3” explora, desta vez, mais cenários e personagens. E as cenas de matança são mais violentas, com tripas, sangue para todos os lados, sendo que o vilão usa vários instrumentos para torturar e matar as suas vítimas, seja motoserras, facas, tacos de beisebol, revólver, pedaços de vidro. E Art não perdoa ninguém, matando inclusive animais e crianças.
Mas sejamos honestos. Não existe nenhuma novidade. É tudo mais do mesmo...matanças sem sentido, o palhaço imortal, algumas vezes até arrancando risadas. E deixando gancho para um outro filme.
Cotação: ruim
Duração: 2h05
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=jnq7qvG4Q_Y

“O SOM DA ESPERANÇA – A HISTÓRIA DE POSSUM TROT” (Sound of Hope: The Story of Possum Trot)

Foto: Paris Filmes
“O SOM DA ESPERANÇA – A HISTÓRIA DE POSSUM TROT” (Sound of Hope: The Story of Possum Trot), direção de Joshua Weigel, é baseado em fatos reais, retratando a jornada de uma comunidade dos cafundós do Texas que transformou a vida de dezenas de crianças órfãs.
A trama segue a vida de Donna (Nika King), casada com o pastor WC Martin (Demetrius Grosse) em meados dos anos 1990 na humilde cidade texana de Possum Trot, algo como o Trote de gambá. Ele comanda a Igreja Batista Missionária Bennett Chapel, com 100 membros.
E tudo começa quando Donna, após um momento de luto pela perda de sua mãe, acredita ter recebido uma mensagem de deus para adotar crianças. O marido, em princípio, argumenta devido as dificuldades que aparecerão. Mas depois, apesar das dificuldades financeiras e dos desafios emocionais, passam a se dedicar a adotar crianças.
Mas não satisfeitos, convencem mais 22 famílias da igreja a adotarem um total de 77 crianças que tinham dificuldade de serem adotadas, devido ao sobrecarregado sistema de assistência social.
Os dois atores protagonistas, Nika King e Demetrius Grosse, fazem uma performance muito boa, repleta de emoção. O destaque, no entanto, fica com a jovem atriz Diana Babnicova, que interpreta a órfã rebelde Terri, adolescente cheia de traumas e comportamentos erráticos devido as repetidas rejeições.
O problema do filme são seus clichês religiosos, com uma tentativa de catequização forçada. Mas a abordagem em relação às dificuldades de adoção, mostrando o impacto emocional e financeiro nas famílias, é muito autêntico.
Cotação: regular
Duração: 2h15
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qiqc2zvLrgM

“A ÚLTIMA INVOCAÇÃO” (Kinjirareta Asobi)

Foto: Sato Company
“A ÚLTIMA INVOCAÇÃO” (Kinjirareta Asobi), do diretor Hideo Nakata (o mesmo da franquia de O Chamado) é uma adaptação do romance de estreia de Shimizu Karma, “Kinjirareta Asobi”, de 2019, vencedor do principal prêmio do 4th Hon no Sanagi Awards no Japão.
A trama mostra o luto de um pai, Naoto Ihara (Daiki Shigeoka) e seu filho, Haruto (Minato Shogaki), depois que a esposa e mãe Miyuki morre após um acidente automobilístico. O garoto, inconsolável, acaba fazendo um ritual, que a princípio, parece ser de brincadeira, tentando fazer com que ela ressuscite. Ele decide enterrar um dedo da mãe no jardim na esperança de que, rezando todos os dias, ela volte à vida.
O problema é que o resultado provoca a aparição de uma entidade maligna, que passa a perseguir Ihara e a jovem de Hiroko Kurasawa (Kanna Hashimoto), uma amiga que trabalhava com Naoto. A questão é que o espírito da falecida aparenta ter sérios problemas de ciúmes, acreditando que o marido a traia com a ex-colega. A entidade começa a seguí-los, tentando matá-los.
Bem, é a primeira vez que vejo um filme onde o espírito maligno é ciumento. Achei até risível, lembrando algumas situações. O longa-metragem de terror, no entanto, não provoca sustos, com o espírito mais propício a provocar sustos nos personagens do que eliminá-los.
Cotação: regular
Duração: 1h50
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=O4DiZd2knJo

quarta-feira, outubro 23, 2024

“O QUARTO AO LADO” (The Room Next Door)

Foto: Warner Bros.
“O QUARTO AO LADO” (The Room Next Door) é o novo filme do espanhol Pedro Almodóvar. Antes de falar sobre ele, só a estranheza de assistir a uma obra do diretor falada em inglês e não sua língua nativa – assim como foi diferente ter visto o mais recente longa-metragem de Woody Allen, “Golpe de Sorte em Paris”, todo falado em francês.
A trama mostra o reencontro de duas ex-colegas jornalistas em Nova Iorque, Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton). As circunstâncias da vida e o trabalho perigoso de Martha, que seguiu carreira como repórter de guerra, causaram um afastamento natural entre elas. Já a outra virou uma escritora de sucesso.
E Ingrid se encontra na cidade, pois está lançando um novo livro, e é visitada pela amiga em uma das sessões de autógrafos. As duas começam a se ver novamente, e Martha, que também havia se afastado da filha, que nunca perdoou a ausência da mãe, por sempre preferir se dedicar mais ao trabalho do que a família.
Mas Martha surge com uma bomba: ela tem um câncer terminal, que muda completamente a sua vida, e até aceita ser cobaia de um tratamento experimental. Ingrid visita a amiga no hospital, e decide voltar outras vezes. Desta forma, as duas passam a trocar lembranças de vários períodos de suas respectivas vidas.
No entanto, o tratamento não dá o resultado esperado. Desta forma, o filme passa de uma obra de reencontro em uma obra de discussão, pois Martha decide pela eutanásia, que é ilegal nos Estados Unidos, e quase em todo o resto do mundo.
Para realizar o ato extremo, aluga uma casa no interior, no meio de uma floresta, e pede que Ingrid a acompanhe e seja a pessoa que estará no “quarto ao lado” quando chegar a hora.
As duas veteranas atrizes estão excelentes, mostrando uma grande química. E Tilda Swinton emagreceu tanto para o papel, que realmente choca por seu realismo.
“O Quarto ao Lado” dialoga de forma muito madura com uma questão muito polêmica, que é a eutanásia. Além disso, a obra não é feita para se chorar, mas sim refletir. Por que uma pessoa tem de ficar sofrendo com uma doença incurável e não pode optar por deixar este mundo sem as leis do estado? Um debate muito profundo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h47min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=G4DdJyO7N9w

quinta-feira, outubro 17, 2024

“MAXIMILIANO KOLBE E EU” (Max and Me)

Imagem: Kolbe Arte Produções
A ANIMAÇÃO “MAXIMILIANO KOLBE E EU” (Max and Me) é dirigida por Pablo Jose Barroso e escrita por Bruce Morris ("Pocahontas" e "Hércules". O filme conta a história do santo polonês Maximiliano Maria Kolbe (1894/1941), padre polonês que morreu no campo de concentração/extermínio de Auschwitz durante a II Guerra Mundial.
A trama mostra um sobrevivente do Holocausto, o idoso e solitário Gunter, que recebe a missão de ser mentor do adolescente órfão D.J. Ele passa a contar ao garoto toda a história de Kolbe, desde a sua infância pobre no interior na Polônia, na cidade de Zduńska Wola, seus estudos no Vaticano e sua pregação quase fanática dos ensinamentos católicos. Kolbe era franciscano e chegou a editar a revista “Cavaleiro da Imaculada”, que tinha tiragem de 60 mil exemplares.
O franciscano morreu como mártir no campo de extermínio de Auschwitz, voluntário para morrer de fome no lugar de outro prisioneiro, Franciszek Gajowniczek, como castigo pela fuga de um outro cativo.
A história é triste, pesada, porém o filme naufraga terrivelmente. A animação é muito ruim, beirando o amadorismo. Além do que é uma flagrante propaganda da igreja católica, com direito ao protagonista tendo visões de santos e de anjos – o final é de uma pieguice inimaginável, com Kolbe sendo levado aos céus por anjos e recebido de braços abertos por Jesus Cristo, sentado em um trono. Apelação pura e simples.
Cotação: ruim
Duração: 2h04
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=G6kXZsH4-Yk

“O APRENDIZ” (The Apprentice)

Foto: Diamond Filmes
Faltando poucos dias para as eleições americanas, é lançado o polêmico filme “O Aprendiz” (The Apprentice), dirigido pelo iraniano Ali Abbasi (que disputou a Palma de Ouro em Cannes com "Holy Spider") e com o roteiro de Gabriel Sherman, a trama foca o começo da carreira empresarial de Donald Trump. O republicano foi o presidente dos EUA entre 2017 e 2021 e voltará à disputa contra a democrata Kamala Harris, em 5 de novembro. O título do filme faz referência ao reality show comandado por ele nos anos 2000.
“O Aprendiz” se inicia em meados dos anos 1970, indo até o final da década seguinte, em uma Nova York à beira da falência, de ruas sujas, com mendigos, prostitutas e traficantes nas calçadas. Até as imagens são granulada, lembrando os filmes daquela época.
Donald Trump é interpretado magistralmente por Sebastian Stan (o Soldado Invernal dos filmes da Marvel), tentando resolver problemas do negócio de sua família, procura o advogado Ron Cohn (Jeremy Strong, de Succession, e que deve concorrer ao Oscar por sua atuação). Cohn (1927-1986) foi uma figura polêmica norte-americana, tendo atuado ao lado de Joseph McCarthy na busca contra os comunistas nos anos 1950 e que sempre escondeu sua homossexualidade – ele morreu vítima da AIDS.
Cohn era um advogado que não se importava em quebrar regras e chantageando autoridades, para conseguir os seus objetivos. E o filme mostra que ele é o mestre que ensina Trump a virar o empresário sem escrúpulo, dono de um império imobiliário. A relação da dupla é a alma do longa-metragem.
Trump vai incorporando os ensinamentos de Cohn, em especial três regras fundamentais: vencer a qualquer preço, questionar o que é verdade e nunca admitir a derrota. Ele absorve tanto, que de um jovem patético, passa a ser um homem raivoso, chegando ao cúmulo de estuprar a primeira mulher, a tcheca Ivana Trump (a atriz búlgara Maria Bakalova, de Borat).
O filme tem todos os ingredientes para revoltar os fãs do candidato presidencial. Mas, infelizmente, não vai mudar a opinião deles sobre o ídolo, um homem dedicado a propagar as Fake News e que expõe muito ódio contra os estrangeiros, minorias e as mulheres.
Cotação: ótimo
Duração: 120min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=m7TkGQurpS8

“FORÇA BRUTA: SEM SAÍDA” (The Roundup: No Way Out)

Foto: Sato Company
“FORÇA BRUTA: SEM SAÍDA” (The Roundup: No Way Out), direção de Lee Sang-yong, é o segundo filme de uma franquia iniciada em 2022, seguindo as peripécias do detetive Ma Seok-do (Don Lee) - a série terá oito filmes, além de dois spinoffs.
No primeiro filme, o herói lidou com um psicopata no Vietnã. Agora, em terras sul-coreanas, Ma Seok-do se vê às voltas com um caso, que a princípio, seria um assassinato. Porém, logo fica evidente que por trás do crime, duas gangues estão brigando pela distribuição de uma nova droga sintética.
“Força Bruta: Sem Saída” não é para ser levado a sério. A trama é pra lá de esdrúxula, vários erros de sequência e furos de roteiro e atuações exageradas. E Ma Seok-do, apesar de ser um policial sem superpoderes, parece um homem indestrutível. O cara toma pancadas, tiros, facadas, mas nunca é derrubado. Sem contar que está sempre um passo à frente dos demais colegas. Ah, as coreografias são ótimas.
O diretor Lee aponta que, mesmo partindo do mesmo personagem do filme anterior, aqui tudo é novidade e, para fazer isso, se concentrou também no novo esquadrão que acompanha Ma Seok-do, além dos dois novos vilões.
“Ma Seok-do e os vilões têm suas próprias cenas de ação, mas também tiveram que trabalhar juntos durante as cenas de luta. Essas cenas trazem mais tensão para levar a um grande confronto no final, criando ainda mais emoção para o filme”, explicou Lee Sang-yon.
Enfim, o filme vale pela zoeira. E se você já curtiu as patacoadas de um “Velozes & Furiosos”, “Rambo” ou “Comando Delta”, apenas pegue a Coca-Cola e a pipoca e curta as quase duas horas de mais pura ação escapista.
Cotação: bom
Duração: 105 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=LA2tDaNRly4

segunda-feira, outubro 14, 2024

TRAILER INÉDITO DE “HEREGE” É DIVULGADO PELA DIAMOND FILMS

Foto: Diamond Films
O FILME “HEREGE”, com direção da dupla Scott Beck e Bryan Woods, que também assinam o roteiro, e protagonizado por Hugh Grant acaba de ter seu trailer divulgado. O longa chega aos cinemas brasileiros em 20 de novembro com distribuição da Diamond Films.
Hugh Grant aparece como um excêntrico milionário e garante um dos papéis mais perversos da sua longa carreira como ator. Além do artista, as atrizes Sophie Thatcher (“Boogeyman: Seu Medo é Real”) e Chloe East (“Os Fabelmans”) compõem o elenco principal.
Na trama, Thatcher e East interpretam jovens missionárias devotas que acabam presas na casa de um homem misterioso, interpretado por Grant. A partir deste momento, elas são forçadas a participar de um jogo perturbador que desafia sua fé e põe em xeque tudo o que acreditam.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=NOzsID-SerA

quinta-feira, outubro 10, 2024

“INVERNO EM PARIS” (Le Lycéen)

Foto: Pandora Filmes
“INVERNO EM PARIS”, com direção de Christophe Honoré, mostra o jovem Lucas (Paul Kircher), que começa a ter outra perspectiva de vida após a morte repentina do pai em um acidente automobilístico.
Aos 17 anos de idade, ainda descobrindo a sua homossexualidade – que ele acredita ser um dos motivos pelo qual mantinha certo distanciamento do pai, Lucas está no último ano de internato. Pensando em repensar seu futuro, o garoto decide abandonar os estudos e desbravar Paris, após receber um convite do meio-irmão Quentin (Vincent Lacoste), que mora na capital francesa.
Em Paris, Lucas conhece o amigo de Quentin, Lillo (Erwan Kepoa Falé), um rapaz negro que trabalha num estacionamento, mas pretende ser um grande artista gráfico. Mas nunca deixa de falar com a mãe, Isabelle ((Juliette Binoche), que terá de recomeçar a vida sem o parceiro de vida, e tentando entender a mente do filho.
Conforme o diretor Christophe Honoré, a narrativa mergulha nas emoções caóticas e imprevisíveis do adolescente. “Fiz o meu melhor para ser leal ao adolescente que fui e às emoções que ele sentia. Usando a escrita e a direção para resgatar sua natureza caótica, avassaladora e imprevisível.” O diretor concluiu: “Acredito que o filme é, antes de tudo, uma história de amor. Não um melodrama, mas uma obra que almeja o amor”.
Honoré comenta sobre a escolha do protagonista: “Vimos quase 300 jovens. Sua sensibilidade (de Kircher) é realmente comovente (...) nós nos afeiçoamos muito um ao outro, e esse afeto foi uma fonte inesgotável de energia, alegria e confiança para nós dois”. O diretor também rasga elogios à Binoche, que já havia o rejeitado anteriormente em outra oportunidade: “Eu estava sonhando com isso, em trabalhar com Juliette Binoche há muito tempo. Procurei Juliette para um papel em um projeto anterior, mas ela recusou. Fico feliz que Juliette tenha dito “sim” para a personagem Isabelle”. Ele continua: “Ela trouxe um toque humano e uma profundidade que foram essenciais para o filme. Fiquei realmente impressionado com a força de seu desempenho e com sua paixão pelo cinema, que era palpável a cada passo do caminho”.
“Inverno em Paris” é uma obra delicada e que explora as complexidades de ser jovem e também das relações familiares. Um filme sensível, com atuações contidas, mas precisas. E que mostra que apesar de perdas pelo caminho, sempre existe esperança de que as coisas melhorem.
Cotação: ótimo
Duração: 2h03min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=7ipnbU16zfI

sexta-feira, outubro 04, 2024

DIAMOND FILMS ANUNCIA A ESTREIA DE “BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS”

Foto: Diamond Films
A CINEBIOGRAFIA “BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS” (Better Man) já tem data de estreia no Brasil. A Diamond Films lança o filme nos cinemas de todo o país em 6 de fevereiro de 2025.
Com direção de Michael Gracey (“O Rei do Show”), o longa conta a extraordinária jornada do cantor britânico em um retrato nada ortodoxo. Isso porque o astro é representado como um macaco, uma metáfora visual inusitada, mas nada banal. "É assim que ele se vê.", revelou o diretor sobre por que Williams aparece dessa forma no filme.
O roteiro da obra é assinado por Gracey e pela dupla de roteiristas Simon Gleeson e Oliver Cole. Já o elenco conta com nomes como Steve Pemberton, Damon Herriman, Jonno Davies e Alison Steadman.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=n2EfzOn5xa0

quarta-feira, outubro 02, 2024

“CORINGA – DELÍRIO A DOIS” (Joker: Folie à Deux)

Foto: Warner Bros.
“CORINGA – DELÍRIO A DOIS” (Joker : Folie à Deux), direção de Todd Philipps, é a continuação do filme de 2019, um sucesso estrondoso, com direito a um Oscar para o protagonista Joachim Phoenix.
Na trama, que se passa em algum momento dos anos 1970, o comediante fracassado Arthur Fleck, que ficou conhecido como o palhaço assassino Coringa (Joaquin Phoenix) aguarda na prisão de Arkham o seu julgamento. Ele matou cinco pessoas, inclusive uma ao vivo em rede nacional – durante o filme, ele revela serem seis os assassinatos, pois sufocou sua mãe com um travesseiro.
Enquanto ele espera pelo julgamento, acaba conhecendo outra prisioneira, Harleen "Lee" Quinzel (Lady Gaga), uma fã apaixonada por ele. Os dois acabam embarcando em um relacionamento, ao mesmo tempo, obsessivo, romântico e doentio.
Porém, o filme não funciona. Primeiro porque é um pretenso musical, com cantorias fora de hora, e o protagonista passando o tempo tendo sonhos, onde fantasia um mundo perfeito para ele e sua amada. E a segunda parte se transforma em um filme de tribunal repleto de clichês.
Além disso, tudo bem “Coringa- Delírio a Dois” ser uma obra com personagens de revistas em quadrinhos, mas é repleto de furos de roteiro.
Só para citar dois, logo no começo, quando o casal se conhece, Arthur pergunta quem é a garota, ela se apresenta e já pergunta o por que de ele estar preso. Aí ele responde: matei cinco pessoas. Na sequência, Lee afirma ter visto o filme sobre o assassino mais de vinte vezes... Se a pessoa viu o filme mais de vinte vezes, não sabia que ele cometeu todos aqueles crimes?
E em uma cena de explosão que mata várias pessoas, o Coringa sai ileso, apesar de a bomba ter explodido logo atrás dele. Nada de sangue, arranhão, roupa reduzida a frangalhos...
Porém, apesar da ruindade do roteiro, os dois protagonistas entregam excepcionais atuações. Joachim Phoenix, esquelético, com um olhar que mete medo – a gente fica pensando quando ele vai matar alguém (a cena do julgamento onde ele tortura psicologicamente um anão é marcante). E Lady Gaga, sucessora do papel vivido por Margot Robbie, ganha um personagem para chamar de seu, com direito a muita cantoria, mesmo que, por vezes, desnecessária. Porém, falta química e muita ao casal. Não deram liga.
Cotação: ruim
Duração: 2h19min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=exeVIM3j3y0&t=1s

quinta-feira, setembro 26, 2024

“O DIA QUE TE CONHECI”

Foto: Filmes de Plástico
“O DIA QUE TE CONHECI”, dirigido por André Novais Oliveira, gira em torno do bibliotecário Zeca, um homem de seus quase 40 anos, com claros sinais de irresponsabilidade. Ele mora com um primo, a quem pede para o acordá-lo, pois tem dificuldades de levantar pela manhã para ir trabalhar.
Certo dia, Zeca acorda atrasado e sai correndo de casa. Aqueles dias em que nada dá certo – o trajeto até a escola onde trabalha em outra cidade nos arredores de Belo Horizonte leva cerca de uma hora e meia. E o ônibus ainda estraga.
Ao chegar no trabalho, a supervisora da escola, Luísa (Grace Passô) entra na biblioteca, mas não com boas notícias. E apesar de ser um funcionário querido pelos alunos, mas devido aos seus constantes atrasos, Zeca acaba despedido. O personagem recebe a demissão de forma tranquila.
Então é aí que o filme realmente começa. Pois o espectador está curioso em saber quem Zeca vai conhecer. Luísa vai encontrar uma amiga e oferece carona para o bibliotecário. Os dois, apesar de serem colegas na escola, quase não se conheciam. E ao longo do dia, começam a conversar e aos poucos as coisas vão se encaixando, como por exemplo Zeca descobrir o porque de sentir tanto sono fora de hora.
“O Dia Que Te Conheci” é um filme simples, com atores fugindo dos padrões de beleza cinematográfica, e diálogos interessantes. Mas é aí que ocorre o acerto. E curto, sem muita encheção de linguiça. Bonito de se ver, e trazendo a esperança de que todo mundo pode encontrar, repentinamente, um par para chamar de seu.
Cotação: ótimo
Duração: 1h10min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=jL1qKWTMN-k

quinta-feira, setembro 19, 2024

“A SUBSTÂNCIA”

Foto: Imagem Filmes e MUBI
A Substância, longa dirigido por Coralie Fargeat e estrelado por Demi Moore e Margaret Qualley, chega nesta quinta-feira, dia 19 de setembro, aos cinemas brasileiros.
O filme mescla terror e crítica social, explorando a obsessão doentia da indústria de Hollywood pela juventude e beleza.
A trama segue Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma atriz em decadência que, em busca de juventude eterna, se submete ao uso de uma substância aparentemente milagrosa que promete criar uma nova e melhorada versão de si mesma.
É a partir de então que surge Sue (Margaret Qualley), trazendo consigo consequências inimagináveis que se manifestam de forma grotesca, à medida que as personagens embarcam em uma espiral de insanidade e destruição.
A seguir, cinco motivos para assistir “A Substância” nos cinemas:
1 - Autoria e protagonismo feminino. Após o sucesso de seu longa "Revenge" (2017), a diretora e roteirista francesa Coralie Fargeat se consolidou como uma diretora visionária nos gêneros de terror e thriller. Nesta sua nova criação, a cineasta traz sua habilidade única de misturar violência, suspense psicológico e horror corporal aliados a uma estética visual impactante.
2 - Retorno de Demi Moore aos cinemas.
3 - Temáticas necessárias e pouco exploradas. O filme explora temas como controle, manipulação e as dinâmicas de poder de gênero, inserindo-se em uma narrativa relevante e pouco explorada no cinema.
4 - Atmosfera visual e sonora impressionantes. Além de trazer um enredo complexo e subversivo, o filme também é visualmente excepcional, contando com uma paleta de cores e direção de arte impecáveis, que enfatizam o ambiente opressivo do filme, bem como o aspecto artificial e plástico da indústria de Hollywood. Além disso, a trilha sonora aliada ao design de som envolvente e bizarro elevam o clima de tensão e potencializam a experiência cinematográfica, criando assim uma atmosfera totalmente imersiva. O filme também traz em seu visual referências a grandes clássicos do cinema como “O Iluminado” (1981), “Videodrome” (1983), 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) e “Cidade dos Sonhos” (2001).
5 - Mistura de gêneros cinematográficos. O longa é um híbrido de ficção científica, horror e drama psicológico, oferecendo um respiro de criatividade e ousadia às produções contemporâneas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=PFeEGaxoQVU

“A MENINA E O DRAGÃO”

Foto: Imagem Filmes
“A MENINA E O DRAGÃO”, direção de Jianping Li e Salvador Simó, estreia nesta quinta-feira em todo o Brasil. Baseado no romance de Carole Wilkinson, o filme conta a história de Ping, uma jovem órfã que vive em uma época em que a antiga amizade entre dragões e humanos foi quebrada, e a caça aos dragões se intensificou.
Isolada em uma fortaleza remota, ela acaba encontrando um dragão, e juntos eles partem em uma fuga desesperada em busca de um ovo – o último ovo de dragão – que foi roubado por um poderoso feiticeiro. O filme acompanha essa jornada cheia de desafios, unindo os dois em uma emocionante aventura repleta de diversão e surpresas, cativando o público com sua narrativa envolvente.
A atriz Bella Chiang é a voz de Ping na versão dublada. Ela já estrelou 'As Aventuras de Poliana' e 'Escola de Gênios', e é bastante conhecida pelo público adolescente. "Minha experiência foi incrível e, ao mesmo tempo, desafiadora. Dar a voz para a Ping, uma garota tão destemida, teimosa e corajosa foi trabalhoso! Muitas reações e falas que requisitavam um grande esforço por conta da ação da cena. No geral, eu me diverti muito e foi surreal viver, mesmo que por uma tela, um pouquinho da jornada da Ping”, destacou Chiang.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=O5fnsDFHgx4

quarta-feira, setembro 18, 2024

“O BASTARDO”

Foto: Pandora Filmes
“O BASTARDO”, direção de Nikolaj Arcel, destaca a Dinamarca do século XVIII, contando a história do Capitão Ludvig Kahlen, interpretado por Mads Mikkelsen. Ele é um militar, herói de guerra muito orgulhoso, mas empobrecido. Ao retornar para casa, decide colonizar uma área completamente inóspita na Jutlância, em nome do rei, onde era muito difícil plantar.
Ao lado de um casal que fugiu de um senhor feudal, Frederik De Schinkel (Simon Bennebjerg), um nobre vaidoso, Kahlen começa a trabalhar nas terras. Ao mesmo tempo, ele acolhe uma menina cigana, a inquieta Anmais Mus (Melina Hagberg), abandonada por seu povo, e que acaba afastando os colonos, supersticiosos, que acreditam que a garota traga má sorte para todos.
Porém, o seu sucesso começa a atrair a ira de De Schinkel, que decide transformar a vida de Kahlen num verdadeiro inferno.
Arcel, cujo trabalho inclui sucessos como "O Amante da Rainha" e "A Royal Affair", descreveu "O Bastardo" como seu projeto mais pessoal até hoje, uma reflexão sobre ambição, poder e os caprichos do destino. “Quando tive a experiência totalmente transformadora de me tornar pai há alguns anos, comecei a rever meus filmes anteriores, incluindo as memórias de fazê-los, por uma nova perspectiva. Embora eu continue orgulhoso do trabalho, pelo menos da maior parte, ele reflete a visão de um homem com um único propósito; uma dedicação apaixonada à criação de histórias e arte”, disse.
“O Bastardo surgiu desse acerto existencial e é, de longe, meu filme mais pessoal até hoje. Ajudado pelo brilhante romance de Ida Jessen, Anders Thomas Jensen e eu queríamos contar uma grande e épica história sobre como nossas ambições e desejos inevitavelmente falharão se forem tudo o que temos. A vida é caos; dolorosa e feia, bela e extraordinária, e muitas vezes somos impotentes para controlá-la. Como diz o ditado, "Fazemos planos e deus ri", concluiu.
“O Bastardo” é um filmaço. As cenas de ação, poucas, são bem coreografadas, os diálogos inteligentes. E os momentos de reflexão e solidão do herói, com um olhar sempre triste de Mikkelsen quase cortam o coração. E destaque para a atuação da pequena Melina Hagberg.
Cotação: excelente
Duração: 2h08min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=WeOPOpU4gOE

terça-feira, setembro 17, 2024

“MEU CASULO DE DRYWALL”

Foto: Gullane +
“MEU CASULO DE DRYWALL”, direção de Caroline Fioratti, trata de um tema pesado, que é a depressão invisível na adolescência. O filme acompanha 24 horas na vida de Virgínia (Bella Piero), uma adolescente que comete suicídio durante a sua própria festa de 17 anos, e a reação de seus pais e amigos no dia seguinte.
A mãe, Patrícia (Maria Luisa Mendonça), após saber da morte da filha, chega à beira da loucura, sendo que ainda fica evidente que ela é vítima de abusos praticados pelo marido, Roberto (Caco Ciocler), que ainda a acusa de ser a culpada pela morte de Virgínia.
A melhor amiga da garota morta, Luana (Mariana Oliveira), se questiona se é culpada pela morte de Virgínia e se poderia ter feito algo para evitar o suicídio. Além do que, a garota, a única negra do condomínio, sabe que sua beleza é alvo de desejos de homens mais velhos. Já o namorado de Virgínia, Nicollas (Michel Joelsas – acho que está na hora de ele começar a tentar fugir do estereótipo de seus personagens, que são sempre garotos filhos de pais com posses), tenta ignorar o acontecimento, sendo que ele esconde algo sobre sua sexualidade.
A trama se passa toda dentro de um condomínio de classe média, onde as pessoas vivem praticamente alheias ao que acontece no mundo lá fora, e até entre elas.
“MEU CASULO DE DRYWALL” tenta alertar sobre as dores silenciosas que as pessoas carregam em suas vidas, mesmo quem vive com um sorriso no rosto. E também sobre a urgência de os pais conseguirem enxergar os sentimentos dos jovens – para eles não basta apenas as roupas mais caras, as melhores escolas. Os pais devem dar mais atenção e carinho a seus filhos.
A diretora Caroline Fioratti diz ter sido muito inspirada nos filmes da norte-americana Sofia Coppola. “Ela me inspirava muito com seus filmes. ‘As Virgens Suicidas’, com seu olhar sensível para a adolescência, suas dores e máscaras, e ‘Encontros e Desencontros’, no retrato da solidão em uma metrópole de concreto”, afirmou. Mas algo que sempre chamou sua atenção na obra da filha de Francis Ford Coppola foi como a melancolia se combinava com uma busca por conexão humana e por mudança – uma pulsão que depois também passou a integrar a filmografia de Fioratti, tanto nos longas, quanto nos curtas e nas séries.
Além de Sofia, Caroline Fioratti diz ter sido muito inspirada nos filmes também fez questão de citar ‘Elefante’, do diretor Gus Van Sant, como uma das suas inspirações. “Ele coloca isso na tela, além de fazer um trabalho narrativo muito interessante com cruzamentos e jogo temporal”, disse, pontuando que a dinâmica da trama de “MEU CASULO DE DRYWALL” partiu justamente daí.
“Impossível não mencionar também ‘Kids’, de Larry Clark, pelo trabalho com o elenco jovem e a ousadia de mostrar um retrato duro e monstruoso com muita compaixão”, completou a diretora. Como o filme de Fioratti, a trama do longa lançado em 1995 também se desenrola durante 24 horas na vida dos seus protagonistas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=JgMojPokFVI

segunda-feira, setembro 16, 2024

“NÃO FALE O MAL” (Speak No Evil)

Foto: Universal Filmes
Eu tenho uma bronca com remakes...tem filme que não merece releitura, Hitchcok, Spielberg e Woody Allen agradecem. Assim como sou contrário a regravações de discos clássicos. Só de pensar no crime que o Roger Waters protagonizou ao fazer uma leitura nova e equivocada de “The Dark Side of the Moon”...acho que um dos raros acertos foi com o Exodus regravando “Bonded By Blood” em 2008, com a voz de Rob Dukes – o disco virou “Let There the Blood”, e é sensacional, pois ocorreu apenas o uso da tecnologia atual, deixando as músicas mais limpas.
Bem, aí os europeus fazem clássicos excepcionais, mas como os norte-americanos têm preguiça de legenda, Hollywood vai e pega os filmes e faz a sua versão (houve até o atentado imperdoável com o argentino Segredo dos Seus Olhos). Geralmente estragando tudo, pois uma das exigências do mercado é o final feliz.
Recordo muito do franco-holandês “O Silêncio do Lago”, de 1988, que tinha um final angustiante. Aí os caras refizeram a obra nos EUA em 1993. E mexeram no principal, que era exatamente a última parte.
Então em 2022, os dinamarqueses fizeram um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, “Speak no Evil”. Mas a teimosa Hollywood decidiu mexer nesta obra também, soltando “NÃO FALE O MAL” (Speak No Evil), direção de James Watkins.
A história é praticamente a mesma, mas agora sendo uma família norte-americana como protagonista, vivida por Mackenzie Davis e Scoot McNairy, que aceita o convite de um casal inglês, interpretado por James McAvoy e Aisling Franciosi, que ela conheceu numa viagem à Itália, para passar o final de semana em seu sítio no interior da Inglaterra. No começo, os britânicos parecem ser pessoas maravilhosas, acolhedoras. Mas aos poucos, os visitantes começam a notar coisas estranhas no local.
Até o meio do filme, vai tudo correndo bem. Até que ocorre a virada, e a direção consegue transformar um longa de terror psicológico em uma trama de ação, com os hóspedes correndo pela casa, fugindo de um bando de psicopatas. O medo deu lugar ao histerismo.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=mSzsQuRQ9Z8

quinta-feira, setembro 05, 2024

“OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM - BEETLEJUICE BEETLEJUICE” (BEETLEJUICE BEETLEJUICE)

Foto: Warner Bros.
“OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM - BEETLEJUICE BEETLEJUICE”, direção de Tim Burton, é a continuação direta do clássico “Beetlejuice - Os Fantasmas se Divertem”, lançado em 1988.
A história da vez transcorre cerca de 30 anos depois dos eventos vividos pelo casal Adam (Alec Baldwin) e Barbara (Geena Davis) com a então adolescente Lydia Deetz (Winona Ryder, que continua sendo a namoradinha linda da América), agora adulta, e mãe da jovem e rebelde Astrid (Jenna Ortega).
Lydia acabou se tornando uma paranormal, e apresentadora de um programa de televisão onde ajuda pessoas a se livrarem de fantasmas indesejados. Mas a morte repentina e trágica de seu pai, Charles (Jeffrey Jones, que ficou fora da sequência devido a escândalos sexuais em que se envolveu, tanto que a morte do personagem é feita através de uma animação) faz com que ela reencontre a sua madrasta, Delia (Catherine O’Hara), e sua filha, Astrid (Jenna Ortega, que caiu bem no papel, porém lembrando muito sua outra personagem icônica, a Wandinha Wednesday).
Elas voltam à mansão assombrada para os eventos do funeral de Charles. E Astrid, ao explorar o sótão da casa, descobre a misteriosa maquete da cidade e, inadvertidamente, reabre o portal para o mundo dos mortos.
Mas quem, inadvertidamente, traz de volta Beetlejuice (Michael Keaton), é o noivo de Lydia, Rory (Justin Theroux). O retorno do fantasma transforma novamente a vida dos Deetz em um verdadeiro inferno. E eles têm de achar uma forma de se livrar do excêntrico personagem.
Michael Keaton, com 73 anos, segue com uma energia fantástica, elevando cada cena em que surge. O ator se entrega ao personagem com uma vivacidade intensa, mostrando muito humor físico e com tiradas muito engraçadas. E desta vez, ele ganha muito mais tempo de tela do que no original, onde apareceu por apenas 17 minutos.
Mas apesar de o novo filme respeitar bastante o original, sem invencionices, há um excesso de personagens, o que acaba atrapalhando o desenvolvimento de alguns. Como, por exemplo, Monica Bellucci, atual namorada de Burton, por exemplo, interpreta Delores, uma ex-amante de Beetlejuice, claramente inspirada em Morticia Addams, e que pretende se vingar do fantasma, mas desaparece do filme por muito tempo, devido ao excesso de subtramas – o que deixa “OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM - BEETLEJUICE BEETLEJUICE” desconexo algumas vezes.
E para encerrar, o título brasileiro é completamente equivocado, desde o primeiro, lá em 1988. Afinal de contas, os fantasmas não estão se divertindo. Eles estão sofrendo, e muito. Quem foi o gênio que enxergou alegria neles?
Cotação: regular
Duração: 1h44min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=9nrKoM6jNt0

quarta-feira, setembro 04, 2024

“A VINGANÇA DE CINDERELA”

Foto: A2 Filmes
“A VINGANÇA DE CINDERELA”, com direção de Andy Edwards, é uma brincadeira com o famoso conto de fadas do escritor francês Charles Perrault, escrita em 1697. Aqui, a coisa perde seu lado romântico em favor de muita crueldade (como se a história original não tivesse) e sangue jorrando pela tela.
A trama segue a vida desafortunada da jovem Cinderela (Lauren Staerck), que após a morte do pai, fica sob a guarda da madrasta, vivida por Stephanie Lodge. E a mulher, que favorecendo as duas filhas, pratica todo o tipo de abuso com a adolescente órfã, que é espancada, torturada, é obrigada a fazer todos os serviços braçais da casa.
A história vai seguindo à risca o conto, até que chega à parte do baile onde o rei pretende conseguir uma garota para casar com o seu filho. Porém Cinderela é impedida de comparecer à festa. Na noite do evento, a jovem recebe então a visita da fada madrinha (Natasha Henstridge), que transforma Cinderela, para ela poder ir ao baile, onde, claro, vai encantar a todos e principalmente o príncipe.
Porém, a presença de Cinderela na festa provoca a ira da madrasta e de suas filhas, que planejam um castigo cruel. Afinal, o príncipe fica encantado com ela, que foge, deixando para trás o sapatinho de cristal.
A punição que Cinderela é submetida tem direito até a chicotadas. Isso desperta na garota uma raiva e ajudada pela fada madrinha, ela parte para uma vingança violenta – o filme neste momento vira completamente trash, gore. Muitas facadas, machadadas, olhos arrancados, gargantas cortadas, cabeças esmagadas. A sutileza é deixada de lado na segunda parte, quando Cinderela é possuída por muita sede de vingança.
O que significa? O mais do mesmo, com atuações exageradas, beirando o histrionismo. Afinal, um filme feito para não ser levado a sério, mesmo pretendendo explorar temas de justiça e vingança.
Cotação: regular
Duração: 85 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=6fB5s0b9L8k