quarta-feira, junho 25, 2025

“F1”

Foto: Warner Bros.
DIRIGIDO E CO-ESCRITO PELO CINEASTA JOSEPH KOSINSKI, de "Top Gun: Maverick" - Ehren Kruger é o outro roteirista -, “F1” traz para as telonas o mundo da velocidade, tendo sido filmado durante os finais de semana de Grandes Prêmios de Fórmula 1, com cenas nos circuitos durante os intervalos. Pilotos reais, como Lewis Hamilton, que deu consultoria para garantir a autenticidade das cenas de corrida, Fernando Alonso e Max Verstappen, fizeram pequenas pontas.
A trama foca no piloto veterano e rebelde Sonny Hayes (Brad Pitt), que já cinquentão, é convencido por Ruben Cervante (Javier Bardem) a retornar para a Fórmula 1, depois de três décadas, para salvar a equipe, última colocada na competição, e que nunca venceu uma prova. Com mais uma temporada de fracasso, será extinta ao final no campeonato.
Sonny terá de apoiar o jovem piloto Joshua Pearce (Damson Idris), arrogante, mas de futuro promissor, a tentar salvar a escuderia. Só que os dois acabam se confrontando, com o veterano tendo dificuldades de lidar com o novato, que não consegue aceitar alguém mais velho ganhando protagonismo, em detrimento a ele. Aí presente um dos vários clichês do filme, com a velha história de protagonistas que se detestam, mas são obrigados a trabalhar juntos, acabando por criarem uma admiração mútua.
O personagem de Sonny é o estereótipo do veterano rebelde, solitário e esperto, que usa de táticas desonestas para obter sucesso. E Brad Pitt, assim como Idris pilotaram realmente os seus carros durante as filmagens, tornando tudo um teste físico e mental para os dois atores. "É real. Você tem que fazer exercícios para o pescoço. E não estamos nem puxando as forças G que os caras de verdade estão fazendo", afirmou Pitt, de 61 anos.
"É uma loucura", disse Idris. "Às vezes, você dirige a até 180 milhas por hora (290 km por hora). Tenho que dizer as falas em um lugar específico e tenho que me emocionar de uma forma que possa ser traduzida pelos olhos a essas velocidades. Quando você assiste ao filme, sente que está dirigindo como espectador, e essa era a nossa intenção", esclareceu.
Os carros usados no filme eram carros de Fórmula 2, modificados para se parecerem com os verdadeiros carros de corrida do Grande Prêmio.
Porém, o roteiro é repleto de clichês, começando com o antagonismo dos protagonistas, o clima romântico que se cria entre Pitt e a chefe de engenharia da equipe, Kate (Kerry Condon), e a canastrice de Javier Bardem, que é um bom ator, mas que aqui tropeça em suas falas exageradas. E a narração das provas é algo inexistente. Só que “F1” coloca o espectador dentro das pistas, com seu realismo assustador. E antigos pilotos da F-1, como Ayrton Senna, Alan Prost e Michael Schumacher são citados, lembrados como verdadeiros ídolos da categoria.
Cotação: ótimo
Duração: 2h36
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=-jS4778ivqE

“MEGAN 2.0”

Foto: Universal Pictures Brasil
“MEGAN 2.0”, COM DIREÇÃO DE GERARD JOHNSTONE, ocorre dois anos após os incidentes do primeiro filme, onde uma boneca cria vida e sai metendo o louco, matando geral.
Agora, a criadora da boneca, Gemma (Allison Williams), segue criando a sobrinha Cady (Violet McGraw), que se revela uma nerd, assim como a tia. Porém, uma nova ameaça surge no horizonte, pois a robô Amelia (Ivanna Sakhno), que tem a mesma tecnologia de Megan, é usada pelo governo americano em missões no Oriente Médio. Só que o robô acaba criando consciência e se rebela, se tornando uma poderosa arma letal em terras americanas, matando empresários, governantes e militares, mostrando o real perigo da tecnologia IA.
Então Gemma, com seus sócios/ajudantes Tess (Jen Van Epps) e Cole (Brian Jordan Alvarez), tem de reativar Megan, pois ela é a única inteligência robótica capaz de confrontar a nova ameaça.
Feito o resumo, “Megan 2.0” cansa o espectador com apenas dez minutos. É um filme de roteiro ruim, desconexo, com diálogos pavorosos e cenas completamente forçadas e sem sentido. Os personagens, por força do roteiro, se mostram perdidos, sem nenhuma empatia, coerência, nada cativantes...e o vilão é completamente apático. “Megan 2.0” acaba sendo uma obra desnecessária.
Cotação: ruim
Duração: 2h
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=-jS4778ivqE

segunda-feira, junho 23, 2025

DOCUMENTÁRIO “DOUTOR ARAGUAIA” SERÁ EXIBIDO NA TERÇA-FEIRA E NA QUARTA-FEIRA NO YOUTUBE

Foto: Divulgação
O DOCUMENTÁRIO “DOUTOR ARAGUAIA”, produzido no Tocantins e dirigido por Edson Cabral, será exibido na terça-feira, dia 24 de junho, e na quarta-feira, dia 25, no YouTube.
O filme resgata a história de João Carlos Haas Sobrinho, médico morto e cujo corpo desapareceu durante a Ditadura Militar no Brasil. Ele foi eternizado como símbolo de coragem, solidariedade e resistência.
Se estivesse vivo, João Carlos Haas completaria 84 anos no dia 24 de junho e “teria salvo ainda mais vidas”, destacou Sônia Haas, irmã do médico. "Conforme a apuração e as entrevistas feitas para o filme, descobrimos que João pôde, mesmo com recursos precários, cuidar e salvar um número incontável de vidas entre 1964 e 1972. Sua atuação fez com que fosse amado e respeitado pelos camponeses que, além da pobreza, também sofriam diretamente com as arbitrariedades e descaso do regime de exceção", ressaltou.
Nascido em São Leopoldo (RS), João Carlos teve formação jesuíta, brilhou como estudante da UFRGS e foi presidente do centro acadêmico. Após o golpe militar, foi preso por sua liderança estudantil e, ao sair da prisão, iniciou uma trajetória de dedicação à medicina social. Viveu em Porto Franco (MA) e Xambioá (TO), onde salvou centenas de vidas com atendimento gratuito e humanizado bem antes da criação do SUS.
Seu engajamento político se intensificou: participou de treinamentos na China e, com o codinome “Dr. Juca”, atuou como o único médico da Guerrilha do Araguaia. Foi morto em 30 de setembro de 1972 em confronto com o Exército. Seu corpo nunca foi localizado. Em 2019, sua família obteve o reconhecimento oficial do Estado brasileiro como responsável por seu assassinato.
“A amizade com Sônia e Odilon foi um divisor de águas para este projeto. O amor deles pelo João Carlos ajudou a transformar dor em memória e saudade em resistência”, afirmou o diretor Edson Cabral.
Ao longo de 36 meses de produção, a obra reúne depoimentos de pacientes, ex-guerrilheiros, camponeses, amigos, estudiosos e lideranças políticas como José Genoíno, Jussara Cony e Zezinho do Araguaia. Mas é Sônia Maria Haas, irmã de João Carlos, que conduz o fio emocional do documentário. Ela se dedica, há quase cinco décadas, à busca pela verdade sobre o irmão desaparecido e se tornou, junto com seu companheiro Odilon Camargo, grande amiga, colaboradora e inspiração para o diretor do documentário.
A trilha sonora original tem composições interpretadas por artistas do Tocantins. Entre elas, a “Canção das Forças Guerrilheiras do Araguaia”, na voz de Nacha Moretto e Jorge Menares. Igualmente o filme conta com músicas gaúchas, de Raul Ellwanger e arranjo de César Haas.
As gravações do documentário ocorreram em São Leopoldo, Porto Alegre, São Paulo, Porto Franco, Xambioá, Palmas e Salvador, com produção TG Economia Criativa e MZN Filmes.
O documentário “Doutor Araguaia” será exibido no YouTube @TGEconomiaCriativa em 24 e 25 de junho, e os interessados poderão assistir gratuitamente nesses dois dias.
Depois disso, o link ficará como não listado e só poderá ser acessado mediante solicitação à produção pelo e-mail: ecabral.to@gmail.com ou pelo WhatsApp: 63 99946-1414.

sexta-feira, junho 20, 2025

“EXTERMÍNIO: A EVOLUÇÃO” (28 Years Later)

Foto: Sony Pictures
“EXTERMÍNIO: A EVOLUÇÃO” (28 Years Later), dirigido por Danny Boyle, é o terceiro filme da franquia lançada em 2002 – o segundo é de 2007.
Neste novo capítulo, 28 anos depois dos eventos iniciais, o mundo parece ter voltado ao normal, livre do vírus, porém a Grã-Bretanha segue ameaçada com os mortos-vivos, e por isso está isolada, em quarentena. Sobreviventes conseguiram encontrar uma pequena ilha, onde tentam levar uma vida um pouco normal, e que só é acessível através de uma ponte, que sempre some quando chega a maré.
E a trama vai acompanhar o jovem pré-adolescente Spike (Alfie Williams), que como num ritual de passagem, é levado pelo pai, Jamie (Aaron Taylor Johnson, ele mesmo, o famoso Kick Ass) a uma incursão ao continente para um teste de coragem, ou seja, encarar zumbis e matar alguns. E também ver o mundo como ele é lá fora da pequena ilhota.
Depois de alguns sustos, Spike descobre indícios de que uma pessoa que viva no continente, um médico, que vai aparecer quase na parte final do filme, interpretado por Ralph Fiennes (em excelente atuação), pode ajudar a sua mãe, Isla (Jodie Comer, de Killing Eve), que se encontra gravemente enferma. Então, o jovem faz de meta de sua vida levar sua mãe ao suposto curandeiro, em busca da cura para Isla.
Neste ponto, ocorre um furo gritante, pois Isla mal conseguia se manter em pé na ilhota, passando os dias na cama, ardendo em febre, mas no continente caminha sem nenhuma dificuldade, corre dos furiosos e famintos infectados – agora turbinados com o surgimento de alguns maiores, mais rápidos e espertos, conhecidos como alfas – e até mesmo enfrentando os monstros.
“Extermínio: A Evolução” tem muito menos zumbis do que os seus predecessores. Mas nem por isso é muito menos assustador. Pelo contrário, é muito, muito assustador, com o terror presente a cada momento, gerando muita tensão. Afinal, o desconhecido é assustador, o medo do que está lá fora, e você não pode ver. O filme apresenta cenas de muito suspense, de desespero.
E os protagonistas, Aaron Taylor Johnson e Jodie Comer, estão muito bem em cena. Já o garoto Alfie Williams é uma ótima surpresa, carregando toda a carga de uma pessoa que viveu toda a vida sem conhecer um mundo visto por seus pais, antes do apocalipse. A sacada de quando ele encontra um militar sueco, que faz a vigilância da costa inglesa, e que carrega consigo um celular – objeto não utilizado pelos moradores da ilha – e o diálogo na sequência, sobre a foto da namorada do soldado é hilária.
Cotação: ótimo
Duração: 1h55
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=4ojL_0uu2qc

“STELLA: VÍTIMA E CULPADA” (Stella. Ein leben.)

Foto: Mares Filmes
"STELLA: VÍTIMA E CULPADA (Stella. Ein leben.)", do diretor e roteirista Kilian Riedhof ("Sua Última Corrida") é baseado em fatos reais, na vida da judia alemã Stella Kübler-Isaacksohn, retratada no filme como Stella Goldschlag (vivida por Paula Beer). Ela era uma jovem nascida em Berlim nos anos 1920 e que sonhava em ser cantora de jazz (ritmo proibido pelos nazistas por ser música feita por negros). Com a ascensão de Hitler e seus asseclas, os judeus foram perdendo seus direitos na Alemanha do III Reich.
Já nos anos 1940, ela e os familiares entraram na clandestinidade na capital alemã, mas foram capturados em 1943. Submetida a tortura e para impedir a deportação dos familiares para Auschwitz, aceitou o papel de ser uma “Apanhadora”, ou seja, uma colaboradora da Gestapo na caça de judeus conhecidos como Submersos (untergetauchter), e que viviam clandestinamente em Berlim. Stella recebia um salário de 300 marcos para cada judeu delatado e capturado.
Em seu trabalho de delatora, Stella conseguiu fazer mais de 600 prisões de judeus – historiadores dizem que o número pode ser bem maior.
Porém, mesmo com a sua colaboração, os nazistas mataram sua família no campo de concentração Theresienstadt. Depois, deportaram seu marido para Auschwitz. Mas isso não parou Stelle, que para sobreviver, manteve-se colaboradora da Gestapo até março de 1945. No fim da guerra, se escondeu, mas logo foi encontrada pelos soviéticos e presa, cumprindo alguns anos de punição.
Solta, foi julgada novamente pelos seus conterrâneos, mas liberada – poucos colaboradores nazistas foram punidos pela Justiça naquelas primeiras décadas seguintes ao final da guerra. Stella ainda se converteria ao catolicismo, e viraria uma ferrenha antissemita até o final da vida.
Ou seja, por mais que tenha sido mostrada no começo de seu calvário como uma vítima, fazendo o que fez para defender seus familiares, Stella acabaria dando razão à aquelas pessoas que a consideraram uma pessoa maligna. O filme deixa o espectador na dúvida, mas basta fazer uma rápida pesquisa e descobrir que Stella foi um verdadeiro monstro, assim como seus algozes nazistas.
Cotação: ótimo
Duração: 2h01
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=VTH8KHQHQOU

“ELIO”

Foto: Disney
EXISTE VIDA FORA DO PLANETA TERRA? A ANIMAÇÃO “ELIO”, dirigido por pelo trio Madeline Sharafian, Domee Shi e Adrian Molina, tenta responder esta questão.
A trama gira em torno de Elio, um garoto de 11 anos que perdeu os pais e foi morar com a tia Olga, uma militar que sonha em ser astronauta. Mas que com a guarda do menino, vira meta quase impossível. E Elio, que possui uma forte imaginação, mas se sente deslocado no mundo e um fardo para Olga, sonha em ser abduzido por extraterrestres.
O que realmente acaba acontecendo, com Elio sendo transportado para um planeta onde se reúne um conselho intergaláctico. E ele é confundido com o porta-voz da humanidade, mas não desmente o erro dos ETS, porém tem que evitar a eliminação do universo, tratando com um poderoso vilão.
No começo, Elio e sua agitação irritam o espectador. Porém, logo ele passa a cativar o público, em sua jornada interplanetária, onde faráz uma grande amizade, se sentindo pertencendo a um lugar. O filme fala de luto, solidão, pertencimento, redenção. E agradará a crianças e adultos.
Cotação: ótimo
Duração: 1h39
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YdnU1YMNVWo

quinta-feira, junho 12, 2025

“EROS”

Foto: Fistaile
“EROS” É UM DOCUMENTÁRIO DIRIGIDO POR RACHEL DAISY ELLIS. A diretora brasileira/britânica estabelecida em Recife, Pernambuco, decidiu em sua obra investigar a intimidade vivenciada na maior instituição erótica do Brasil: o motel.
A ideia surgiu quando ela teve uma noite frustrada em um quarto de um motel, e passou a escutar as pessoas das suítes vizinhas e imaginar as histórias por trás dos gemidos e conversas. Depois, escutando depoimentos de frequentadores de motel de vários cantos do país, Ellis convidou alguns deles a se filmarem durante uma das suas noites.
O resultado é uma costura de experiências e visões que, por mais distintas que sejam, compartilham entre si olhares profundos sobre as relações de intimidade e afeto.
A intimidade que “Eros” registra não se resume a sexo: há prazer e fantasias sim, mas há também amor, solidão, liberdade, confiança e introspecção. Quer dizer, entre as quatro paredes de um quarto de motel, existe uma vulnerabilidade reveladora muito rica – não só para entender os indivíduos retratados, mas a própria relação do Brasil com estes estabelecimentos tão tradicionais.
“Quando vi as primeiras filmagens dos personagens, fiquei impressionada com a intimidade compartilhada”, recordou a cineasta. “Tinha algo mágico ali, entre o exibicionismo e a partilha íntima, que foi muito especial. Os momentos capturados antes e depois do sexo, onde a intimidade se constrói eram fascinantes”, completou.
O autorregistro se mostrou uma linguagem interessante também do ponto de vista estético: as imagens mudavam não só conforme o aparelho usado para registrá-las, como também pela própria individualidade das personagens. Com a câmera na mão, viravam diretores e gravavam sua experiência como bem entendessem. “Me interessava pensar também até que ponto as pessoas usariam o palco da suíte do motel como espaço de performance de suas histórias e reflexões e como seria a mistura de performance e registro de observação”, explicou Ellis.
Todas as filmagens foram realizadas com os celulares das próprias personagens que foram convidadas a se filmar durante uma estadia, numa suíte de sua escolha. “Escolhi o dispositivo do auto registro como maneira de adentrar a intimidade e explorar a auto-representação. O filme acabou sendo um mergulho nas relações íntimas, a liberdade sexual, o refúgio, a relação corpo-espaço, a auto-representação, a performance, o amor romântico e a solidão.”
“Eles (os motéis) são um prisma das normas e das práticas sexuais e emocionais do país e evidenciam a maneira como as pessoas percebem, perpetuam e desafiam os estereótipos e (pre)conceitos sobre sexo, sexualidade e gênero”, explicou Ellis. “Eles estão associados à transgressão erótica, mas também ao amor romântico. Contribuem para a maneira como as pessoas se relacionam com o amor, a intimidade, a sexualidade e o corpo, mas também revelam algo da nossa relação com o consumo, o gênero e a estética. O motel representa tudo isso”, finalizou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h48
Trailer: https://drive.google.com/file/d/1mTRnMSoR-IdDKRhf9SH4ZNvMEOdTcfzm/view

“PRÉDIO VAZIO”

Foto: Retrato Filmes
“PRÉDIO VAZIO”, sétimo longa-metragem de terror do cineasta capixaba Rodrigo Aragão, explora o terror em ambiente urbano, inspirando-se no estilo psicológico dos filmes de horror japoneses para retratar um prédio na cidade litorânea de Guarapari como um local misterioso e mal-assombrado.
Na história, o Edifício Magdalena, na Praia do Morro, tem um visual decadente, parecendo estar abandonado há muitos anos. Ele, porém, é habitado por um casal de idosos – e após a morte deles, fica no prédio apenas a zeladora Dora (Gilda Nomacce), e o local passa a receber apenas turistas temporários durante o carnaval.
E depois do feriado, fica no edifício somente uma turista, Marina (Rejane Arruda), que permaneceu para se recuperar de agressões e traições praticadas pelo namorado, recebendo apoio de Dora. Porém, a turista não manda mais notícias para a filha, Luna, que preocupada com a mãe, viaja com o namorado, de Belo Horizonte para Guarapari em busca de Marina.
Ao chegar no edifício, descobre que o lugar é um lugar misterioso, repleto de espíritos atormentados e que Dora é muito mais do que uma simples zeladora.
E diferente das obras anteriores de Aragão, ambientadas em zonas rurais ou áreas isoladas, como a vila de pescadores de “Mangue negro”, o interior capixaba de “A noite do chupacabras” e “Mar negro”, a floresta de “Mata negra” ou a necrópole de “O cemitério das almas perdidas” –, “Prédio vazio” se passa na Praia do Morro, um bairro urbano de Guarapari.
"Prédio Vazio é minha tentativa de levar o espírito de Dario Argento para o litoral ensolarado de Guarapari”, disse o diretor, que foi considerado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão (1936-2020) o seu herdeiro direto.
“Prédio Vazio” é divertido, misterioso, com algumas tiradas de humor, e repleto de sangue e fantasmas, sendo que os efeitos especiais foram feitos artesanalmente pelo próprio Aragão. Enfim, é uma obra autêntica, coisa de guerrilha mesmo, por isso admirável.

Cotação: bom
Duração: 1h20
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=MB6K4dI0tEg

“COMO TREINAR SEU DRAGÃO” (How to Train Your Dragon)

Foto: Universal Filmes
“COMO TREINAR SEU DRAGÃO” (How to Train Your Dragon) chega agora em versão live-action, dirigido por Dean Deblois. Esta adaptação é vista como fiel à história original, da animação lançada em 2010.
A trama é centrada no adolescente viking Soluço (Mason Thames, de O Telefone Preto), que vive na Ilha de Berk e é filho do chefe do local, Stoico (Gerard Butler). E os habitantes sofrem com ataques frequentes de dragões, por isso são treinados desde para combater os animais. Porém, Soluço não leva jeito nenhum para lutar com os dragões, sendo motivo de chacota para os moradores da aldeia.
A vida do garoto, no entanto, muda quando após um novo ataque à ilha, ele consegue capturar uma das criaturas conhecida como Fúria da Noite e a batiza de Banguela. Os dois desenvolvem, após driblarem as desconfianças iniciais, uma forte relação de amizade, descobrindo que pode haver harmonia entre humanos e animais.
O diretor do remake é o canadense Dean DeBlois, que também escreveu e dirigiu os três primeiros filmes de animação da franquia. O protagonista do filme, no papel de Soluço, é Mason Thames, de apenas 17 anos, apresentando um ótimo trabalho na pele de um garoto inseguro. Já Nico Parker (The Last of Us), faz a destemida garota viking Astrid Hofferson.
No entanto, acho que faltou empatia entre alguns personagens coadjuvantes, como os quatro adolescentes que, ao lado de Soluço e Astrid, tentam se tornar matadores de dragões: Julian Dennison (Perna-de-Peixe Ingerman), Gabriel Howell (Melequento Jorgenson), Bronwyn James (Cabeçaquente Thorston) e Harry Trevaldwyn (Cabeçadura Thorston). Eles não tem nenhuma graça, e conseguem estragar as cenas em que aparecem.
Por sua vez, Gerard Butler está quase irreconhecível no papel de Stoico, embaixo de muita barba e músculos. Ele já havia feito a dublagem do chefe viking nas animações, e consegue na live-action incorporar perfeitamente o personagem ignorante e violento.
O filme erra, no entanto, no roteiro, mostrando de forma errônea e repetitiva, como o jovem Soluço é sempre considerado culpado pelos acontecimentos que acontecem na ilha. Isto é um clichê recorrente no cinema, e irrita profundamente.
Porém, “Como Treinar o Seu Dragão” emociona o espectador em sua versão live-action, assim como na animação. O visual do longa-metragem é sensacional, desde a ilha, as roupas dos vikings – que erra, porém, nos capacetes, pois esses não possuíam chifres, uma invenção do cinema. Os dragões ganham forma por CGI, com eles ficando muito realistas. O trabalho é tão perfeito, mostrando os músculos dos animais se movimentando, as texturas da pele, os olhares dos dragões. Enfim, o remake em live-action consegue, apesar de alguns tropeços, ser encantador.
Cotação: ótimo
Duração: 2h05
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=khMphQy4xCM

quarta-feira, junho 04, 2025

“BAILARINA – DO UNIVERSO DE JOHN WICK” (Ballerina)

Foto: Paris Filmes
“BAILARINA – DO UNIVERSO DE JOHN WICK” (Ballerina), com direção de Len Wiseman, como diz o título nacional, é uma espécie de spin-off da cinessérie protagonizada pelo assassino vivido por Keanu Reeves. E tem no papel principal a bela atriz cubana Ana de Armas, como Eve Macarro, que viu o pai ser assassinado por tentar deixar uma organização criminosa.
Ela acaba sendo adotada por outra organização, a Ruska Roma, e desde pré-adolescente estuda balé e também é treinada para ser uma assassina – e no seu íntimo, sonha em se vingar daqueles que mataram o seu pai.
A trama de “Bailarina” ocorre entre os eventos de “John Wick 3: Parabellum (2019)” e antes de “John Wick 4: Baba Yaga (2023)”, quando o herói acaba morrendo. Eve e John quase se cruzam pela primeira vez quando o assassino vai à sede da Ruska Roma, para conseguir uma ajuda para sair de Nova Iorque, depois que um prêmio milionário por sua cabeça é disparado – ele se torna a mira alvo dos maiores criminosos do mundo.
O filme ainda traz outros personagens do universo John Wick, como Winston (Ian McShane), o gerente do hotel que abriga assassinos e o recepcionista Charon (Lance Reddick, que faleceu logo depois das filmagens).
O filme é repleto de ação, com muitos tiros, explosões, sangue, assim como os longas-metragens protagonizados por Keanu Reeves. Porém, o roteiro não traz nenhuma surpresa, e até abusa da inteligência do espectador, tal a quantidade de cenas absurdas e irreais mostradas a cada minuto (não que os quatro filmes que o antecederam estivessem livres dos exageros).
Ana de Armas, atual namorada de Tom Cruise, se sai bem no papel da assassina vingativa, mostrando agilidade em algumas cenas – em algumas é visível o uso de dublê. Se a gente não exigir muito, dá para curtir as bobagens mostradas na tela.
Cotação: regular
Duração: 2h05
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=EU1w96zPaFw

“OH, CANADÁ”

Foto: California Filmes
“OH CANADÁ”, DIRIGIDO PELO VETERANO Paul Schrader, é baseado no livro Foregone, do norte-americano Russell Banks, autor cujas obras inspiraram filmes como “O Doce Amanhã” (1997), de Atom Egoyan, e “Temporada de Caça” (1997), adaptado pelo próprio Schrader.
A história fala sobre tomada de consciência tardia. E foca no documentarista norte-americano Leonard Fife (Richard Gere, excelente), que está muito doente e vendo a morte iminente, decide conceder uma última entrevista, sem qualquer censura, para um ex-aluno, Malcolm (Michael Imperioli).
Ao lado da esposa, Emma (Uma Thurman), ele recebe a equipe de Michael em sua mansão, em Montreal, no Canadá. E então vai respondendo as perguntas e desmontando toda a sua vida, que foi repleta de mentiras e invencionices, para espanto de Emma – ela acreditava saber tudo da vida do marido.
Filho de uma família abastada, Leonard era um privilegiado nos anos 1960, mas mesmo assim, com medo de ser convocado para a Guerra do Vietnã (a história é clara quando relata que jovens ricos conseguiam escapar da convocação). Mesmo assim, Leonard fugiu para o Canadá para evitar ir lutar na Ásia, e também revela como usou, traiu e descartou amigos e familiares ao longo de toda sua vida.
Autor dos roteiros de “Taxi Driver” e “Touro Indomável”, Schrader conta que decidiu filmar “Oh, Canadá” quando descobriu que Russell Banks estava doente (o autor morreu, vítima de um câncer, em janeiro de 2023). “Eu estava considerando outras possibilidades de história para um filme. Aí, percebi que a mortalidade deveria ser o tema. Ainda saudável, Russell tinha pesquisado e escrito um livro sobre morrer, intitulado Foregone. Ele queria chamá-lo de Oh, Canadá, mas havia outro livro com um título parecido, e me perguntou se eu usaria seu título original. Então Foregone virou Oh, Canadá”, lembrou Schrader.
E “Oh, Canadá” é um filmaço, com excelentes atuações, reconstituição de época. E reflexivo. Muito reflexivo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h35
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=FAgum-8uyfQ

“AINDA NÃO É AMANHÔ

Foto: Embaúba Filmes
“AINDA NÃO É AMANHÔ, dirigido por Milena Times, é um forte retrato de como sonhos podem ser quebrados por causa de um deslize.
A trama segue a jovem Janaína (Mayara Santos), jovem negra de 18 anos criada pela mãe (Clau Barros) e pela avó (Cláudia Conceição) em um conjunto habitacional da periferia do Recife.
Ela é bolsista em uma faculdade de Direito, e tem como objetivo se tornar a primeira pessoa da família a obter um diploma universitário. Só que seus planos começam a correr riscos ao descobrir que está grávida.
Então Janaína começa a refletir se conseguirá seguir adiante, e até mesmo discutir um assunto que é praticamente tabu no Brasil: o aborto. Afinal, vivemos em uma sociedade conservadora, que acha ter poder sobre o corpo de uma mulher, em um pensamento hipócrita e religioso.
A diretora disse que “pessoas optam pela interrupção voluntária da gravidez em qualquer lugar do mundo, por inúmeras razões, independentemente de ser permitido. As restrições sociais e legais só contribuem para que seja uma prática insegura e desassistida, especialmente para quem tem menos instrução e poder aquisitivo. Boa parte dos efeitos individuais e sociais mais danosos são resultado da própria criminalização, do silêncio, da falta de informação”.
“Ainda Não É Amanhã” ganhou o prêmio de melhor direção para Milena Times e melhor atriz para Mayara Santos na mostra Sob o Céu Nordestino do Fest Aruanda, e melhor atriz na mostra Novos Rumos no Festival do Rio.
Cotação: ótimo
Duração: 77 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=F1t-J8SUNZ4

“VENCER OU MORRER” (Vaincre ou Mourir)

Foto: Kolbe Arte
“VENCER OU MORRER” (Vaincre ou Mourir), direção de Vincent Mottez e Paul Mignot, relata um momento verídico da França pós-revolução de 1789. Camponeses resolveram ir à guerra, depois de se acharem perseguidos pelo novo governo da República instalada após a queda do Rei.
O filme conta a verdadeira história de François de Charette (interpretado por Hugo Becker) e do povo da região da Vendeia, que se revoltou após uma convocação de jovens feita por sorteio, para defender o país, que lutava contra invasores. Um filho de um camponês é morto, e é o estopim que dá início ao movimento de resistência.
Eles, então, procuram o nobre François de Charette (Hugo Becker), que era general da Marinha e não tem mais intenção de lutar novamente — principalmente em batalhas em terra firme, já que estava habituado ao combate no mar -, para liderá-los. Após inicialmente recusar a missão, ele acaba entrando de corpo e alma na luta, motivada muito pela religiosidade dos camponeses, que lutaram sob o símbolo do Sagrado Coração de Jesus. Sob o comando de Charette, os camponeses obtém vitórias inesperadas contra o forte exército francês.
“Vencer ou Morrer” recria aquela época pós Revolução Francesa com muito cuidado aos detalhes. E foi filmado nos próprios locais onde os eventos ocorreram, com excelentes cenas de guerrilha. Mas se pensarmos bem, os camponeses lutavam por algo que era contrário ao interesse deles, como a volta da monarquia, tão nocivo a eles, assim como a religião, impregnada de forma nociva e enganosa.
Mas é impressionante pela reconstituição histórica. Por isso já vale.
Cotação: bom
Duração: 1h40
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=8nEC6nx3yiQ

segunda-feira, junho 02, 2025

CAXIAS DO SUL RECEBE A PARTIR DE HOJE PROJETO QUE LEVA CRIANÇAS AO MUNDO DO CINEMA

Foto: Wagner Woelke
A PARTIR DE HOJE ATÉ O DIA 13 de junho, Caxias do Sul será palco do projeto “Oficina de Cinema no Sul”, realizado pela produtora Conceitoh Filmes. A iniciativa, com aprovação pela Lei Rouanet e apoio de empresas locais, é voltada à formação de jovens talentos no setor audiovisual.
A oficina oferece uma imersão no mundo do cinema para 100 crianças e adolescentes de 7 a 15 anos, estudantes da rede pública municipal da cidade da Serra Gaúcha.
Divididos em turmas nos turnos da manhã e tarde, os participantes terão acesso gratuito a aulas práticas e teóricas, conduzidas por profissionais renomados do audiovisual brasileiro. A proposta da oficina é apresentar, de forma acessível e inspiradora, todas as etapas de uma produção cinematográfica — da criação de roteiros à gravação de dois curtas-metragens.
Entre os nomes confirmados estão o ator Sidney Costa, conhecido por seus trabalhos no SBT, o diretor Jorge Bareto, além do carismático “Stallone do Brasil”, o jovem destaque da Serra Gaúcha, o Youtuber Pedro Pastore, e outros convidados de diferentes regiões do país.
As oficinas serão voltadas especialmente a crianças em situação de vulnerabilidade, ligadas ao Projeto Mão Amiga, do Frei Jaime Bettega, reforçando o compromisso com a inclusão cultural e o desenvolvimento humano por meio da arte.
Mais do que ensinar sobre cinema, a “Oficina de Cinema no Sul” busca despertar sonhos, fomentar novas perspectivas e estimular a criatividade de jovens que, muitas vezes, não têm acesso a esse tipo de experiência.
Veja JORNAL AG NEWS - “Oficina de Cinema no Sul” no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=JhEJrsyzb4A

“O RITUAL” (The Ritual)

Foto: Paris Filmes “O RITUAL”, DIRIGIDO por David Midell, é mais um filme de exorcismo, e acho que o filão está esgotado. Nada mais vai co...