Queria o cinema nacional não tivesse tantos altos e baixos. Mas isso não é possível, seja em qualquer atividade. Porém assistir Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, mostra que também dá para fazer bom, muito bom cinema no país. E melhor, recuperar uma parte obscura de nossa história: o período da ditadura militar entre 1964 e 1985. Aqui se prendendo, desculpe o trocadilho, entre os anos 1968 e 1974, quando do envolvimento dos padres dominicanos com a guerrilha urbana. Baseado no romance homônimo de Frei Betto, relata a ajuda do próprio e de seus colegas religiosos ao líder esquerdista Carlos Marighella e as torturas sofridas por eles pelas forças das ditaduras. Quem mais sofreu, além de Marighella, assassinado numa emboscada, foi o Frei Tito, interpretado por Caio Blat. Ele acabou se suicidando durante o exílio na França, pois não conseguia esquecer o que sofreu nas mãos dos milicos. Frei Betto teve como intérprete Daniel Oliveira (Cazuza). Show dá Cássio Gabus Mendes no papel do sádico policial Luiz Paranhos Fleury, o Papa. Torturador de carteirinha, ele era o todo poderoso do Deops. Em tempo, as cenas de tortura são para quem tem estômago forte. Extremamente realistas e que fazem o espectador se mexer incorfortáveis na poltrona. É para ver e entender o quanto foi infame a ditadura. Nunca mais.
Chico Izidro
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