sábado, setembro 28, 2013

"R.I.P.D. - Agentes do Além"

A comédia "R.I.P.D. - Agentes do Além", dirigida por Robert Schwentke, não diz a que veio. Ela é uma mistura adoidada de "Ghost" com "Homens de Preto", onde a melhor coisa seja a caracterização do personagem vivido por Jeff Bridges, o veterano policial sulista Roy Pulsipher. Na trama, o personagem de Ryan Reynolds, Nick Walker, que vivia um casamento dos sonhos e recentemente havia encontrado umas peças de ouro, é morto durante uma ação policial.

Com mais de 15 anos de experiência, a alma de Nick é requisitada para trabalhar em um departamento especial, onde os policiais devem capturar mortos que se recusam a ir para o outro mundo. Ele vai trabalhar junto com o grosso Roy Pulsipher. O detalhe é que eles podem ter contatos com os vivos, que os enxergam não como eles se veem. Roy Pulsipher aparece para os humanos como uma voluptuosa loira, enquanto que Nick surge na forma de um velhinho chinês.

A comédia não tem graça. E as cenas remetem a "Homens de Preto", com seres fantasmagóricos enchendo a tela há cada minuto.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Elisyum"

O diretor sul-africano Neill Blomkamp foi inovador em "Distrito 9", mas não consegue repetir o feito na também ficção cientítica "Elysium", mesmo que trate praticamente do mesmo tema, das diferenças sociais. A trama se passa em 2159, numa terra superpovoada, onde impera a pobreza e a criminalidade. Os ricos vivem numa paradisiaca estação espacial batizada de Elysium, onde não existem nem doenças. E para onde muitos pobres tentam chegar, mas sempre são impedidos e até mortos na tentativa de alcançar Elysium.

Matt Damon é Max, um desajustado social, que sofre um acidente na fábrica em que trabalha numa miserável Los Angeles, e descobre só ter mais cinco dias de vida. Para tentar se curar, ele tem de entrar em Elysium, e para tanto recebe a ajuda de um hacker, interpretado com competência por Wagner Moura. Para levar em frente a missão, Max recebe um transplante, transformando-se numa espécie de humanóide, e passa a ser perseguido por um mercenário, Kruger (Sharlto Copley). Ele tem ainda um par romântico, Frey, vivida por Alice Braga, que tem uma filha com câncer, e que conta com a ajuda de Max para chegar a Elysium e ser curada.

O filme discute diferenças sociais, a imigração ilegal, mas repleto de clichês. Os ricos são gente fria e desinteressada pelo que acontece na Terra. E os pobres são todos sofredores. "Elysium" transforma-se, em determinado momento, em puro tiroteio e corre-corre, caindo na vala comum dos filmes de ação, sem aprofundar aquilo que parecia buscar no início.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"O Tempo e o Vento"

Não é fácil transpor para um filme de duas horas a obra gigantesca de Erico Veríssimo, O Continente. São mais de 150 anos e dezenas de personagens. Por isso, o diretor Jaime Monjardim foi feliz ao transpor para o cinema "O Tempo e o Vento", onde conta o conflito da família Terra-Cambará com os Amaral, e a construção do Rio Grande, com atuações competentes.

A história é contada em forma de flash-back, no último dia da vida de Bibiana (Fernanda Montenegro, excelente). Já na década de 1890, durante a Revolução Federalista, enquanto que sua família sofre um cerco na cidade de Santa Fé, ela recebe o fantasma do Capitão Rodrigo, que foi seu marido, o grande amor de sua vida, e acabou morto durante a Revolução Farroupilha. Em seu leito, Bibiana relembra o surgimento da família Terra-Cambará, mais de 100 anos atrás. O Capitão Rodrigo é interpretado por Thiago Lacerda, que parece ter nascido para o papel, que havia sido imortalizado por Tarcísio Meira na minisérie da Globo em 1985. Suas cenas em que aparece tentando conquistar Bibiana jovem (Marjorie Estiano), e depois, já envolvido num casamento em que se sente oprimido, são fortes. Mas destaque é Cleo Pires, líndissima, como Ana Terra, matriarca da família. Seus momentos em cena são belos.

A reconstituição de época é cuidadosa, quase primorosa. A estranhar a música que fecha os créditos finais, cantada em inglês, num filme que destaca o Rio Grande do Sul.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Dose Dupla"

Meu deus. Quem foi o roteirista deste filme de ação protagonizado por Marc Walhberg e Denzel Washington? "Dose Dupla", direção de Baltasar Kormákur, traz uma trama esquisita, onde Walhberg e Washington formam uma dupla que tenta negociar com um traficante mexicano, Papi Greco (Edward James Olmos). Como não conseguem o objetivo, decidem roubar um banco onde estaria guardada a grana do traficante. Os dois acabam roubando a grana, mas achando que só encontrariam 3 milhões de dólares, e acabam levando mais de 40 milhões de dólares. De quem seria toda aquela fortuna?

Aparecem vários candidatos a donos da fortuna. E os protagonistas não são o que aparentam ser. Na realidade, Walhberg e Washington estão infiltrados. O primeiro era integrante do setor da inteligência da marinha, enquanto que o outro era um policial da narcóticos. E eles começam a ser caçados, num jogo de empurra-empurra. E nada é o que aparenta ser nesta ação confusa e despropositada.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Invocação do Mal"

Uma família, uma casa mal-assombrada. Lembra e muito "Horror em Amityville", mas é "Invocação do Mal", direção de James Wan. Segundo relatos, a história também é verídica, e ocorrida no começo dos anos 1970, em Harrisville, Estados Unidos. Os moradores da casa, o casal Roger Perron e Carolyn Perron (Ron Livingston e Lili Taylor) e suas cinco filhas começam a testemunhar estranhos incidentes no local. Barulhos, vultos vagando pela casa, e puxando os pés das crianças na cama.

Então os Perron contatam o casal de investigadores paranormais Warren, Lorraine e Ed (Vera Farmiga e Patrick Wilson), conhecidos nos Estados Unidos desde a década passada por seu trabalho investigativo. E os Warren acabam constatando que realmente a casa sofre influência de espiritos de uma família que ali residiu no século XIX. Aí tem início a bobajada, com fantasmas correndo pela casa, se apoderando de Carolyn, que revira os olhos, se contorce toda enquanto sofre um exorcismo. Enfim, "Invocação do Mal" não traz nada de novo, não é assustador, como anda sendo dito por aí.

Cotação: regular
Chico Izidro

"A Família"

Há quanto tempo Robert de Niro não deixava de lado as caretas? Talvez em "O Lado Bom da Vida" o veterano ator não tenha recorrido aos irritantes maneirismos adotados por ele nos últimos anos. Em "A Família", de Luc Besson, Robert de Niro mostra-se novamente em forma, no papel do ex-mafioso, que tem de se esconder com a mulher e os dois filhos numa cidadezinha da Normandia. Ele é Fred Blake, que dedurou chefões da máfia e foi obrigado a entrar para o programa de proteção às testemunhas do FBI.

Ao lado da mulher, Maggie Blake (Michelle Pfeiffer, ótima) e dos filhos, ele vaga por várias cidades, sempre tendo de sumir ao menor sinal de perigo. Até chegar à França, onde rapidamente se adaptam à localidade, e onde todos os moradores falam ingês! Mas a família Blake não é nenhum pouco convencional, pois nunca conseguiram apagar seus costumes depois de anos junto a máfia. Eles são violentos, corruptos e assim não conseguem ficar tão incógnitos como deveriam, atraindo assim os matadores contratados para tirá-los do mapa. O final do filme, aliás, é empolgante, lembrando e muito outro filme de Besson, "O Profissional".

A história é contada com bom humor, boas sacadas - prestem atenção na cena em que Michelle Pfeiffer é zoada dentro de um mercadinho na cidadezinha francesa, e a sua reação. Ela explode o lugar como resposta ao deboche dos moradores locais.

Cotação: bom
Chico Izidro

"As Bem-Armadas"

Uma comédia desnecessária é "As Bem-Armadas", direção de Paul Feig, o mesmo de "Missão Madrinha de Casamento". O filme é protagonizado por Sandra Bullock e a comediante queridinha do momento, Melissa McCarthy, do seriado Mike and Molly. O clichê predomina na história de duas pessoas que não tem nada em comum e são obrigadas a trabalhar juntas.

Sandra Bullock é a agente do FBI Sarah Ashburn, certinha ao extremo, metódica, sempre com a roupa bem alinhada e esnobe. E ao investigar um traficante de drogas, Sarah se vê trabalhando com a policial Shannon Mullins, desajeitada, irresponsável, largadona. McCarthy repete aqui os mesmos tipos já vistos em "Uma Ladra Sem Limites" e o já citado "Missão Madrinha de Casamento".

"As Bem-Armadas" não traz nada de original, aliás, repete o que há de pior neste tipo de comédia, com as duas personagens tentando se adaptar uma a outra, atrapalhando-se e irritando-se. Ele traz cenas patéticas, como a da danceteria, quando Bullock tem o terninho cortado para chegar perto de uma fonte. Constrangedor.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 12, 2013

"Lovelace"

A atriz Linda Lovelace foi a grande atração do cinema pornô no começo dos anos 1970, ao protagonizar o clássico "Garganta Profunda", que falava sobre uma mulher que tinha o clitóris na garganta, e por isso tornava-se expert em sexo oral. O filme fez sucesso estrondoso em todo o mundo, saindo do mundo underground, e faturando mais de 600 milhões de dólares. Apesar da fama, Linda não viu a fortuna e teve uma vida atribulada, que é revista em "Lovelace", dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman, e protagonizado por Amanda Seyfried.

A trama tem início com Linda aos 21 anos e o começo do relacionamento com o marido Chuck Traynor, vivido com primor por Peter Sarsgaard, que a levaria para o centro da indústria pornô e também para uma vida de abusos e sofrimentos. Linda foi durante anos a atriz pornô mais famosa do mundo, mesmo ela garantido ter trabalhado na indústria por apenas 17 dias. O filme "Lovelace" é pouco impactante, pois busca fugir do sensacionalismo pornô, focando mais na simplicidade de Linda Lovelace, e aqui ponto para Amanda Seyfried, que pela primeira vez consegue segurar bem um papel no cinema. Por vezes, "Lovelace" beira o dramalhão, ao mostrar a fraqueza de Linda e seu sofrimento pela distância dos pais, interpretados por uma quase irreconhecível Sharon Stone e Robert Patrick. Outros atores conhecidos também fazem boas pontas, como James Franco no papel do criador da Playboy Hugh Hefner, e Chris Noth, de "Sex and the City" no papel de um empresário do setor pornô.

A reconstituição dos anos 1970 é muito boa, com destaque também para a trilha sonora, com hits do período.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Rush - No Limite da Emoção"

O diretor Ron Howard acerta em cheio no bom "Rush - No Limite da Emoção", onde recria o ambiente da Fórmula 1 no início dos anos 1970. A história é centrada na disputa que havia entre dois pilotos, o austríaco Nikki Laudam e o inglês James Hunt. Lauda, vivido por Daniel Brühl, era um corredor centrado, beirando o perfeccionismo, enquanto que Hunt (Chris Hemsworth) era mais emoção, mais coração.

A reconstituição de época e das corridas são primorosas, mesmo para quem não é afeito ao circo da Fórmula 1. Os dois atores fazem um registro quase perfeito dos personagens que encarnam. A trama começa em 1970, quando Lauda e Hunt ainda engatinhavam na Fórmula 3, e depois a passagem para a Fórmula 1. O auge do filme se dá em 1976, quando Lauda sofreu um acidente quase fatal. Sua Ferrari espatifou-se no guard-rail do circuito de Nürburgring e pegou fogo. O austríaco teve boa parte do rosto queimado, e mesmo passando quase 40 dias internado, voltou a tempo de disputar o título do Mundial no Japão.

"Rush - No Limite da Emoção" poderia escorregar para o drama barato, mas não é isso o que acontece. A trama é bem conduzida, e apesar de falar de velocidade, nada é apressado na história, a não ser os arroubos de Hunt, que morreu jovem, aos 45 anos, vítima de ataque cardíaco após uma vida de excessos bem descrita no filme.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Jobs"

Ashton Kutcher encarnou muito bem a figura do empresário da informática Steve Jobs em "Jobs". A cinebiografia foca no surgimento da Apple, uma empresa de garagem, ainda em meados dos anos 1970, e o modo ditatorial empregado por Jobs para fazer fama e fortuna. Ou seja, o diretor
Joshua Michael Stern não endeusa o homem. Aliás, o mostra cruel e por vezes sem sentimentos. Como quando não aceita a gravidez da namorada, e a manda para fora de casa. Ou de colocar o lado profissional acima das amizades.

O problema de "Jobs" é a superficialidade colocada em cena. O filme começa com Steve na faculdade, e vai pulando etapas numa rapidez absurda, sem aprofundar detalhes da vida do empresário. Pelo menos, ele não é mostrado como a única cabeça pensante da Apple, que tinha na figura do nerd Steve Wozniak (Josh Gad) o ser mais prático. Kutcher está bem como Steve Jobs, recriando seu caminhar vacilante e quase corcunda. "Jobs" é um filme que deixa a desejar.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Aviões"

Primeiro foi a animação "Carros". Agora surge "Aviões", dirigido por Klay Hall. Nesta animação surge mais uma vez um daqueles seres descontentes com sua condição. O avião pulverizador Dusty sonha em ser uma nave de corrida, mas não foi projetado para tal. E sua intenção de participar de corridas sempre é ridicularizada por outros aviões, de maior porte e mais velozes.

Persistente, Dusty se inscreve numa corrida ao redor do mundo, e auxiliado por um grupo de amigos, tentará provar que é capaz de ser mais do que um pulverizador. E mesmo que tenha medo de alturas e seja mais lerdo do que os demais competidores. A história é engraçadinha, a animação é perfeita, acentuada pelo bom uso do 3D.

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Ataque"

Uma patacoada nacionalista. É como pode ser classificado "O Ataque", do alemão Roland Emerich. A história é basicamente a mesma de outro filme recente estrelado por Gerald Butler, "Ataque à Casa Branca". Aqui o candidato a agente secreto John Cale (Channing Tatum) se vê sozinho dentro da Casa Branca, durante um ataque terrorista. De um modo Duro de Matar, ele sobrevive a diversas investidas dos vilões, enquanto tenta proteger o presidente James Sawyer, interpretado por Jamie Foxx, e nitidamente inspirado em Barack Obama.

Mas John não está ali só pelo presidente, mas também por sua filha, de onze anos, que vê o pai como um cara irresponsável e distante. E o ataque terrorista acontece exatamente no dia em que John levou a menina, Emily (a insuportável Joey King) para uma tour pela Casa Branca. E a menina vira celebridade, ao filmar os terroristas e colocar as imagens no youtube.

John, como um John McClane, corre pelos corredores e túneis da Casa Branca, sempre escapando no último intante de ser atingido por alguma bala terrorista. E os vilões não têm muita lógica em sua investida dentro do símbolo-mor da presidência norte-americana. Mas o filme cumpre sua função de entreter.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Hannah Arendt"

A parceria da cineasta Margaretha von Trotta com a atriz Barbara Sukowa já havia dado certo há mais de duas décadas com o histórico "Rosa de Luxemburgo". E agora acertam de novo a mão em "Hannah Arendt", onde é retratado um dos momentos mais polêmicos na vida da filósofa judia-alemã, autora do seminal "As Origens do Totalitarismo".

A maior parte da ação, ou falta de, transcorre durante o julgamento do nazista Adolf Eichmann, capturado em Buenos Aires, e julgado em Jerusalém dois anos depois. A filósofa, que em sua juventude foi amante do grande filósofo convertido ao nazismo Martin Heidegger, cobriu os nove meses do julgamento pela revista New Yorker, biblia dos intelectuais americanos principalmente naqueles turbulentos anos 1960. E a sua visão de que Eichmann não era um indivíduo mal, mas apenas um burocrata estúpido e carreirista, e de que os próprios líderes judeus contribuiram para o holocausto quase destroçaram a sua carreira.

"Hannah Arendt" é um filme de diálogos, passado em boa parte em escritórios enfumaçados - os personagens fumam sem parar. E também no tribunal em Jerusalém. E aí uma bela sacada da diretoria Von Trotta, ex-companheira do cineasta Völker von Schlondorff as cenas de Eichmann são as registradas realmente no julgamento, em preto e branco - mostram aquele homenzinho feio e míope dentro de uma gaiola de vidro, cheio de tiques nervosos, e num terno surrado nem de longe parece um daqueles nazistas assustadores da SS. A participação de Arendt, que também é mostrada em flash-back em seus anos universitários ao lado de Heidegger, gerou o estupendo livro "Eichmann em Jerusalém: A Banalidade do Mal".

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Se Puder....Dirija"

Ao término de "Se Puder...Dirija" ficam dois pensamentos. O primeiro é como alguém teve a coragem de filmar tremenda bobagem. E o segundo é: graças a Deus, acabou a tortura. Sim, o filme brasileiro dirigido por Anita Barbosa e Paulo Fontanele se candidata a um dos piores já feitos no país. Ele é protagonizado por Luis Fernando Guimarães com o rosto entupido de botox. Ele é João, um cara irresponsável, separado e distante do filho de cinco anos. E ele tem uma simples missão em determinado dia - ficar com o garoto na escola durante uma gincana. E o garoto vê o pai como uim super-herói, ao contrário da ex-esposa, vivida por Virgínia Vlasak, que o considera um irrecuperável.

Trabalhando como manobrista em um estacionamento, João pega emprestado o carro de uma cliente para buscar o filho. E tudo começa a dar errado -eles sofrem sequestro-relâmpago, atropelam um ciclista, são abordados por um guarda de trânsito cuja mulher está quase dando a luz. A intenção é fazer aquela comédia de erros tão comum no cinema americano. Mas assim como na vida de João, tudo dá errado. Não existe graça, as piadas inexistem, e algumas beiram a escatologia - já tão manjadas, como peidos, ou uma chave que cai na privada onde um gordinho vai defecar, e por aí vai a bobagem. Quando termina, só podemos dizer obrigado. Até uma sessão no dentista para tratar um canal é mais indolor.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Bling Ring - A Gangue de Hollywood"

Recordo quando Sofia Coppola estrelou "O Poderoso Chefão 3", em 1990, e de como a filha do diretor Francis Ford Coppola foi execrada por sua atuação amadora. Então ela se reinventou atrás das câmeras, e como poucos sabe registrar o enfado da juventude, como visto em "As Virgens Suicídas", "Encontros e Desencontros" e "Maria Antonieta". Agora, pegando um outro caso real, Sofia Coppola surpreende em "Bling Ring - A Gangue de Hollywood", onde recria fato ocorrido no final da década passada na parte rica de Los Angeles.

Um grupo de jovens de classe média, com pouca atenção dos pais, e querendo ter a sensação de como viviam os famosos, partem para roubos orquestrados em casa de celebridades. As vítimas são Paris Hilton, que possui tanta coisa em sua mansão que só se dá conta de estar sendo vítima de roubo na terceira vez que é "visitada", Orlando Bloom, de "Piratas do Caribe", e até mesmo a atriz alterego de Sofia, Kirsten Dunst, que faz uma ponta no filme como ela mesma.

Os atores que representam os jovens são em sua quase totalidade desconhecidos, salvo excessão a belezura Emma Watson, a Hermione da saga Harry Potter, e a irmã de Vera Farmiga, Taissa Farmiga, que já foi vista em American Horror Story. Todos estão bem em seus papéis, principalmente Katie Chang, que vive Rebecca, a líder da gangue. Enfeitiçados por sua proeza, a gangue acabou se entregando, ao postar as imagens de seus saques nas redes sociais. Eles foram presos e condenados a passar um tempo na prisão.

Cotação: bom

"Gente Grande 2"

"Gente Grande 2", de Dennis Dugan, traz de novo a trupe liderada por Adam Sandler e Kevin James. São quatro amigos que apesar de terem passado dos 40 anos, casados e com filhos, ainda não se convenceram da idade e agem como adolescentes. Aqui eles estão de volta a pequena cidade em que foram criados, e se veem às voltas com um grupo de universitários que não aceitam aqueles velhos no território.

No mais, as velhas piadas escatológicas de peidos, arrotos, mulheres com peitos abundantes, e a velha lembrança do bullying que sofriam no tempo da escola. O climax acontece numa festa anos 1980, com todos os personagens vestidos como celebridades do período - poderia ser uma boa sacada, não fosse a briga campal que acontece durante a festa.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Frances Ha"

Filmado em preto e branco, "Frances Ha", dirigido por Noah Baumbach, mostra o dia a dia de uma garota meio looser vivendo em Nova Iorque. Frances (Greta Gerwig) tem quase 30 anos de idade, e total falta de perspectivas. Acabou de recusar ir morar com o namorado, quando descobre que sua companheira de apartamento vai se mudar para outro bairro. Ou seja, fica sem eira nem beira de como pagar o aluguel, e passa a pular de apartamento em apartamento. Além disso, trabalha como assistente em uma companhia de dança, onde pretende ser alçada a bailarina, mas não é vista com capacidade para tal.

Ou seja, tudo na vida de Frances vai de mal a pior. Mas isto é pouco mostrado na tela, afinal a personagem tenta sobreviver do melhor jeito que pode em Nova Iorque, como na cena em que dança pelas ruas Modern Love, clássico oitentista de David Bowie. Greta Gerwig é ela própria a roteirista, e sua personagem tem uma beleza simples. O filme retrata a vida de jovens que aos 20 e poucos anos têm suas vidas indefinidas por questões financeiras e profissionais.

Cotação: regular
Chico Izidro

"A Filha do Meu Melhor Amigo"

Quanto é correto um homem de 50 anos namorar uma garota da metade de sua idade? Isso é comum. Mas e se ela é alguém muito, muito próximo: Na comédia romântica "A Filha do Meu Melhor Amigo", direção de Julian Farino, acontece isso. David Walling (Hugh Laurie, o dr. House) se envolve com a linda e sedutora Nina (Leighton Meester, de Gossip Girl), simplesmente a filha de Terry (David Platt), vizinho e amigo de anos. O amor dos dois parece ser puro e sincero, mas cria uma comoção entre as duas famílias.

Bem que o casamento de David já se encontrava-se estagnado e ele reencontra a juventude perdida no namoro com Nina. Mas sofre pela negação da filha e narradora da história, Vanessa (Alia Shawkat) em aceitar o seu caso com a garota que era sua melhor amiga na adolescência, mas que passou cinco anos fora de casa. A história é interessante, e tenta evitar o máximo cair no lugar comum do conservadorismo. Afinal, qual o problema de um relacionamento entre duas pessoas com idades tão distintas?

Cotação: bom
Chico Izidro