quinta-feira, junho 22, 2017

"O Cidadão Ilustre" (El Ciudadano Ilustre)



A Argentina já tem o Papa, um dos melhores jogadores do mundo, Messi, e de forma ficcional também o prêmio Nobel da Literatura, o escritor Daniel Mantovani (Oscar Martinez, sensacional) na comédia de situação "O Cidadão Ilustre" (El Ciudadano Ilustre), direção de Mariano Cohn e Gastón Duprat. A história mostra um homem voltando para sua cidade natal e verificar que não tem nenhuma relação com o local.

Daniel Mantovani, ao contrário do conterrâneo José Luis Borges, ganhou o prêmio máximo da literatura. Na hora de receber a premiação, mostra ser um homem que não gosta de convenções, ao se recusar a usar o traje tradicional na cerimônia e também não fazendo a tradicional reverência ao rei e à rainha da Suécia. Depois, começa a receber uma enxurrada de convites para palestras, entrevistas, visitas, mas vai recusando todas. Até que uma em especial chama a sua atenção - de voltar a Salas, sua cidade natal, no interior da Argentina. Mantovani saiu de lá há 40 anos e nunca mais voltou. E a volta não será nada agradável. Aí está a graça do filme.

O escritor, ao chegar, anda de carro de bombeiros, vê um busto seu ser inaugurado na praça principal, a medalha de cidadão ilustre de Salas. Recebido como herói, mas aos poucos o passado começa a lhe incomodar. Sua literatura foi quase toda ela feita de experiências vividas na cidade, utilizando personalidades locais como personagens - enfim, ele fez uma caricatura dos moradores salenses. E alguns cobram esta hipocrisia de Mantovani.

Os tipos mostrados no filme são hilários. Desde o melhor amigo, que casou com a namoradinha de Mantovani na adolescência, o prefeito puxa-saco, a miss da cidade, o morador que se sente ultrajado e começa a atrapalhar os movimentos do escritor por Salas. Afinal, o ressentimento, o passado, estão lá presentes, incomodando, e atrapalhando o futuro de Mantovani.

Duração: 118min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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