quarta-feira, abril 09, 2025

“DROP – AMEAÇA ANÔNIMA” (Drop)

Foto: Universal Pictures
“DROP – AMEAÇA ANÔNIMA” (Drop), do diretor Christopher Landon, é daqueles filmes que entram na categoria de “como destruir algo que até ia bem em apenas cinco minutos”.
A trama não tem muito de original, mas é afeito aos dias atuais, onde os celulares e as redes sociais fazem parte do cotidiano.
A terapeuta Violet (Meghann Fahy) é viúva, e mãe de um garotinho de cinco anos. Ela marca um encontro por um site de namoro e, nervosa por não ter um relacionamento há vários anos, vai encontrar o date. Porém, mal sabe que a noite será um pesadelo. O filme transcorre em tempo real.
No restaurante, a jovem passa a receber mensagens em seu celular. E são orientações que afetam o fotógrafo Henry (Brandon Sklenar) que é o seu encontro romântico. Caso não cumpra as exigências do hacker, seu filho e a sua irmã, que está cuidando do garoto, serão mortos – ela recebe imagens de sua casa, onde pode ver a presença de um intruso armado.
Violet passa a observar quem pode ser a pessoa que está lhe chantageando no restaurante, ao mesmo tempo que precisa cometer um crime. Filmes deste estilo são comuns, como por exemplo “Pacto Sinistro”, de Alfred Hitchcock, ou “Tempo Esgotado”, com Johnny Depp, de 1995, e até “Vidas em Jogo”, com Michael Douglas, de 1997.
O suspense até se sustenta, mantendo a tensão. Porém em sua última parte, o roteiro se torna preguiçoso, com tudo sendo resolvido às pressas. E de forma completamente inverossímil.
Cotação: regular
Duração: 1h40
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vfTu_byKwEE

“OPERAÇÃO VINGANÇA” (The Amateur)

Foto: 20th Century Studios
O OSCARIZADO RAMI MALEK SE RENDE AOS FILMES DE AÇÃO NO THRILLER “OPERAÇÃO VINGANÇA” (The Amateur), direção de James Hawes, tem trama remete aos filmes estrelados por Liam Neeson, Jason Statham, entre outros, cujas famílias são ameaçadas, sequestradas ou mortas, e os protagonistas partem em uma jornada de vingança pessoal.
Aqui a diferença que o vingador é o magrinho Rami Malek, vivendo o analista de sistemas da CIA Charles Heller, cuja mulher, Sarah (Rachel Brosnahan, do sensacional seriado The Marvelous Mrs. Maisel ) é morta em um atentado terrorista em Londres. Arrasado, Charlie pede aos chefões da sua agência para partirem em busca dos assassinos, que ele identificou. Porém, ao ouvir a negativa, decide ele mesmo partir para a vingança.
O problema é que Charlie é visto como um nerd de escritório, sem as mínimas condições de correr atrás de terroristas preparados e fortemente armados. Só que com um QI de 170, Charlie não desiste da empreitada, utilizando a inteligência para matar os criminosos e obter a sua vingança.
E o QI é o que os realizadores do filme decidiram ignorar dos espectadores. Simplesmente, “Operação Vingança” é repleto de cenas absurdas, furos de roteiros...forçaram a barra em todos os aspectos.
Rami Malek, nota-se, está completamente desconfortável no papel do vingador franzino. O nosso oscarizado Freddy Mercury podia passar sem esta. Além de Rami Malek, o elenco conta também com Laurence Fishburne (Matrix), Rachel Brosnahan (Maravilhosa Sra. Maisel), Jon Bernthal (Justiceiro), Holt McCallany (Mindhunter), Julianne Nicholson (Paradise), Evan Milton (Magic Mike: A Última Dança) e Caitriona Balfe (Outlander).
Mas se você curte ação e não quer pensar muito...
Cotação: ruim
Duração: 2h03
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=8Wvs6tmmTyQ

“REGRAS DO AMOR NA CIDADE GRANDE” (Love in The Big City)

Foto: A2 Filmes
“REGRAS DO AMOR NA CIDADE GRANDE” (Love in The Big City), com direção de E.oni, é inspirado no romance de Sang Young Park, lançado pela editora Record. O filme é narrado pelo olhar de Jae-hee, uma jovem destemida e sem medo das opiniões alheias, que vê sua vida virar de cabeça para baixo ao descobrir um segredo de Heung-soo, alguém que nunca despertou seu interesse.
Essa revelação inesperada aproxima os dois, que descobrem não ser o "par ideal" um do outro, mas compartilham momentos especiais que mais ninguém entenderia. Decididos a ignorar os rumores que os cercam, Jae-hee e Heung-soo optam por viver e amar em seus próprios termos, iniciando uma jornada de convivência intensa e autêntica. Uma história que revela que o amor verdadeiro não segue padrões e que só eles podem entender o que vivem juntos.
Duração: 118 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=KZeCvphzfI0

“CONFINADO” (Locked)

Foto: Diamond Films
“CONFINADO” (Locked), do diretor David Yarovesky (“Brightburn - Filho das Trevas”), é um thriller estrelado por Bill Skarsgård e Anthony Hopkins.
A trama acompanha Eddie (Skarsgård), um ladrão buscando uma maneira fácil de ganhar dinheiro. Quando se depara com uma SUV de luxo e nota que não há sinal do seu proprietário, o assaltante acredita ter encontrado a sorte grande. No entanto, o que ele não sabe é que o carro é, na verdade, uma armadilha mortal: uma prisão sobre rodas, criada por William (Hopkins), um homem misterioso que não tem nada a perder. Diante de um inimigo frio e calculista, Eddie não terá outra saída a não ser tentar sobreviver a um jogo implacável, em que ele e todos à sua volta correm perigo.
Inspirado em uma história real, que aconteceu há quase uma década na Argentina.
A história é muito parecida com o roteiro do filme brasileiro “A Jaula”, lançado em 2022. Isso suscitou a suspeita de plágio.
Os roteiristas do longa norte-americano explicaram que o roteiro é uma releitura de um filme latino. O roteiro original é do longa-metragem argentino 4X4, de 2019. Escrito por Mariano Cohn e Gastón Duprat, 4X4 conta a história de um bandido que arromba um carro especializado com um sistema especial que o mantém preso em seu interior sem que ninguém possa ouvi-lo chamar por ajuda.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Db6JmtSGPiU

“NOVO PROJETO DA EMBAÚBA FILMES QUE BUSCA LEVAR O CINEMA BRASILEIRO PARA MAIS LUGARES”

Foto: Embaúba Filmes
A partir de maio, a EMBAÚBA FILMES dará início ao CIRCUITO EMBAÚBA, iniciativa que visa levar os lançamentos da distribuidora a um circuito ampliado de exibição em todo o país. A proposta é alcançar cineclubes, escolas, universidades, salas independentes e cidades que, muitas vezes, ficam fora do circuito tradicional de estreias.
O Circuito Embaúba funciona como uma turnê dos filmes, promovendo exibições em espaços que compartilham o compromisso com a pluralidade do cinema brasileiro. Além de democratizar o acesso, o projeto aposta na experiência coletiva da exibição pública como ponto central de conexão entre obra e público. Por isso, as entidades parceiras são incentivadas a organizar conversas e debates após as sessões, enriquecendo o diálogo em torno das obras.
Entre os primeiros títulos disponíveis para exibição no circuito estão “Lispectorante”, de Renata Pinheiro, estrelado por Marcélia Cartaxo e premiado no Fest Aruanda, e “Ainda Não é Amanhã”, de Milena Times, que recebeu múltiplos prêmios no Festival do Rio e no Fest Aruanda.
As sessões podem ocorrer na semana anterior à estreia nacional e se estender até três semanas após o lançamento comercial, respeitando as datas previamente acordadas. Os parceiros do circuito se comprometem a exibir ao menos 50% dos filmes programados pela distribuidora no ano. Como forma de fortalecer a rede e registrar as ações do circuito, os parceiros serão incentivados a enviar um relato simplificado após cada sessão, com dados de público, fotos e informações que ajudem a contar a história daquele encontro.
“A ideia do Circuito Embaúba surge de uma inquietação nossa em relação aos limites do circuito exibidor. Lançamos vários filmes que fazem muito sucesso em festivais, com enorme repercussão crítica, mas que encontram um espaço restrito nos cinemas convencionais. Ao mesmo tempo, temos observado um crescimento dos cineclubes e exibidores alternativos, com grande interesse pela produção brasileira. Com esse projeto, acreditamos que poderemos encontrar novos caminhos para a ampliação do público, que é o que mais nos interessa - mesmo que esse público não seja contabilizado oficialmente”, afirma Daniel Queiroz, fundador da Embaúba.
Para participar, instituições e exibidores devem se cadastrar exclusivamente por meio do formulário: https://forms.gle/AyYw7iVmve5zS1Mm7.

“SERRA DAS ALMAS”

Foto: Imagem Filmes
“SERRA DAS ALMAS”, do diretor pernambucano Lírio Ferreira, chega aos cinemas em 24 de abril. O filme, que é uma coprodução entre Carnaval Filmes e Urso Filmes e conta com distribuição da Imagem Filmes, mergulha no universo de conflitos existenciais e desafios pessoais, contando com um elenco de peso, que inclui os talentos Mariana Oliveira, Julia Stockler e Ravel Andrade.
“Serra das Almas” tem sua trama ambientada em uma cidade do interior de Pernambuco e mistura ação, drama e terror. A narrativa segue uma emboscada envolvendo bandidos, uma investigação jornalística e políticos corruptos, em torno de um roubo de joias que desencadeia uma série de eventos catastróficos. Em meio a um golpe e um sequestro, dois grupos de pessoas – incluindo jornalistas, um casal e criminosos – se veem presos em uma casa, forçados a confrontar o tempo e seus próprios passados. Com toques de humor, o thriller promete surpresas e um desfecho inesperado.
Mariana Oliveira, atriz conhecida por seu talento e versatilidade, vive uma das personagens centrais do filme. Com uma carreira marcada por papéis de grande intensidade emocional, ela traz para “Serra das Almas” uma interpretação envolvente e cheia de nuances. A atriz já entregou performances marcantes no teatro e na TV, como em “Elas por Elas” e “Nanã.
Julia Stockler, que já se destacou em importantes produções como a recente novela “Beleza Fatal”, e o filme escolhido para representar o Brasil no Oscar® “A Vida Invisível”, dá vida a uma personagem que oscila entre a fragilidade e a força. Sua capacidade de transitar entre diferentes estados emocionais a torna uma das atrizes mais talentosas de sua geração. Em sua atuação, Stockler incorpora com maestria a complexidade de sua personagem, criando um contraste entre a delicadeza e os conflitos internos que a trama propõe.
“A minha experiência de fazer Serra das Almas foi uma experiência muito bonita, porque trabalhar com Lírio Ferreira é muito especial, ele é um diretor muito sensível, muito generoso, muito atencioso, um diretor que privilegia a improvisação. A minha personagem é a Samantha, ela é uma jornalista que se vê diante de uma falcatrua, de um processo corrupto e decide investigar pelos próprios caminhos e acaba acontecendo uma tragédia. É um filme que traz a força e a potência do feminino, porque acontece através do feminino. Através dessas mulheres que o filme pode se transformar. Então foi uma experiência muito feliz pra mim.”, revela Stockler.
Ravel Andrade, conhecido por seu trabalho no cinema e na TV, completa o elenco com uma atuação intensa e cheia de carisma. O ator, que já impressionou o público com sua habilidade de entregar personagens multifacetados, como Raul Seixas em “Raul Seixas: Eu Sou”, brilha em Serra das Almas em uma personagem que vive intensos conflitos.
Sob a direção de Lírio Ferreira, “Serra das Almas” se apresenta como um filme tenso e sensível, capaz de tocar nas emoções mais profundas do espectador. Com um olhar único, o cineasta pernambucano cria uma atmosfera que prende a atenção do público, ao mesmo tempo em que oferece uma reflexão sobre a vida, as escolhas e as consequências dessas escolhas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ptGo_NRcdxU

"MEMÓRIAS DE UM CARACOL" (Memoir of a Snail)

Foto: Mares Filmes
A ANIMAÇÃO AUSTRALIANA EM STOP-MOTION "MEMÓRIAS DE UM CARACOL" (Memoir of a Snail) chegará aos cinemas brasileiros no dia 1º de maio de 2025.
Com direção e roteiro de Adam Elliot (vencedor do Oscar de melhor curta-metragem de animação por “Harvie” e diretor do premiado e aclamado “Mary e Max: Uma Amizade Diferente”), o animado coleciona mais de 70 prêmios internacionais, entre eles o de Melhor Direção na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e Melhor Filme no Festival de Annecy, uma das maiores premiações dedicadas ao cinema de animação.
Na trama vamos conhecer Grace Pudel, uma garota solitária que coleciona caracóis ornamentais e tem um enorme amor pelos livros. Ainda muito jovem, Grace foi separada do irmão gêmeo, o pirofagista Gilbert, e a partir daí, entrou em uma espiral contínua de ansiedade e angústia.
Apesar dessas inúmeras dificuldades, a menina volta a encontrar inspiração e esperança quando inicia uma amizade duradoura com uma idosa excêntrica chamada Pinky, repleta de coragem e desejo de viver.
Duração: 94 min
Trailer: https://youtu.be/vffb57YG2Tw

“CIDADE DOS SONHOS” (Mulholland Drive) RESTAURADO EM 4K VOLTA AOS CINEMAS

Foto: Retrato Filmes
Em 17 de abril, "CIDADE DOS SONHOS", um dos filmes mais emblemáticos de David Lynch, retorna aos cinemas brasileiros com uma nova versão restaurada em 4K. O relançamento, que chega às telas com distribuição da Retrato Filmes, oferece uma rara oportunidade para os cinéfilos de revisitar esse marco do cinema contemporâneo em toda sua complexidade visual e sonora, agora em altíssima definição.
Lançado originalmente em 2001, o longa-metragem se tornou uma das obras mais aclamadas de Lynch, consolidando sua posição como um dos maiores cineastas da História do cinema. A trama, que segue a história de Betty (Naomi Watts), uma jovem atriz que chega a Los Angeles com grandes sonhos de fama, e Rita (Laura Harring), uma mulher que perde a memória após um acidente, se desenrola em uma espiral de mistério, surrealismo e introspecção psicológica.
A restauração em 4K não se limita a uma simples atualização tecnológica, mas é um trabalho minucioso que recupera cada detalhe da cinematografia e das cores de Lynch. A profundidade visual, agora mais vibrante e precisa, dá nova vida aos aspectos mais sombrios e sublimes do filme, enquanto a tensão crescente e o suspense psicológico ganham um impacto ainda maior.
Para aqueles que já conhecem a obra, essa versão oferece a chance de redescobrir minuciosos detalhes que passaram despercebidos por muitos. "A restauração em 4K de Cidade dos Sonhos permite a experiência cinematográfica que a obra-prima merece! A cópia está linda e a Retrato está muito feliz em poder dar esse presente para os cinéfilos poderem redescobrir a obra e novos públicos tenham contato com a genialidade de David Lynch", relatam Daniel Pech e Felipe Lopes, fundadores da Retrato Filmes.
Além da ousada e enigmática narrativa, CIDADE DOS SONHOS também se destaca por sua crítica à indústria cinematográfica de Hollywood. Através de uma abordagem irônica e muitas vezes perturbadora, Lynch revela os bastidores sombrios de Los Angeles, a “cidade dos sonhos”, e os enganos e desilusões que cercam aqueles que buscam o estrelato. Em uma época em que o glamour e o sucesso são frequentemente vendidos como promessas inalcançáveis, o filme serve como um lembrete pungente sobre as desventuras de quem se arrisca nesse jogo de ilusões.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=adCEuXANKbc

“JUNE E JOHN”

Foto: Diamond Films
“JUNE E JOHN” é o novo longa-metragem do cineasta Luc Besson. O filme traz uma história sobre um homem ordinário que encontra em um romance o propósito que transforma sua vida.
Protagonizado por Matilda Price e Luke Stanton Eddy, a obra chega aos cinemas dia 24 de abril.
A trama de “June e John” segue John (Eddy), um homem comum cuja vida é marcada pela monotonia. Tudo muda quando ele conhece June (Price), uma mulher enigmática que rouba sua atenção. Fascinado por ela, John se vê imerso em um romance intenso, que o arrasta para uma jornada imprevisível, repleta de reviravoltas e surpresas. A cada dia, ele se vê diante de novas situações e desafios, e começa a descobrir um lado de si mesmo que jamais imaginou que existisse.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=U-Bfsbs5XKo

quarta-feira, março 19, 2025

“THE ALTO KNIGHTS – MÁFIA E PODER” (Alto Knights)

Foto: Warner Bros.
“THE ALTO KNIGHTS – MÁFIA E PODER” (Alto Knights), dirigido por Barry Levinson, é praticamente uma homenagem a obras do imaginário norte-americano que falam sobre as famílias americanas que se dedicam ao crime, os mafiosos, tão bem retratados nas telonas através de diretores como Martin Scorsese, Brian De Palma e Francis Ford Coppola. E como protagonista, o ator que talvez seja a síntese dos filmes de máfia e suspense, Robert de Niro, aqui encarnando os dois personagens principais.
Invocando clássicos como “O Poderoso Chefão 2”, “Era uma Vez na América” e “Os Bons Companheiros”, entre outros, “The Alto Knights” acompanha a trajetória dos amigos de infância Frank Costello e Vito Genovese (dois grandes nomes da máfia ítalo-americana de meados dos anos 1950), vividos por Robert de Niro, que construíram um grande império em Nova Iorque – eles tinham em mente não viver como seus pais, pobres e explorados imigrantes italianos na América dos anos 1910, e decidiram se embrenhar no mundo do crime. E assim prosperaram.
Porém, Genovese em determinado período dos anos 1940, se refugiou na Itália, deixando tudo nas mãos de Costello. Ao voltar para os Estados Unidos na década de 1950, o mundo havia mudado e ele havia perdido a relevância. Porém, não aceitou isso e entrou em uma guerra com o outrora melhor amigo, que praticamente só queria viver em paz com a esposa Bobbie (Debra Messing, do seriado Will & Grace) em sua luxuosa cobertura.
De Niro apresenta um ótimo trabalho ao encarnar os dois protagonistas, se metamorfoseando, utilizando próteses faciais. O engraçado é a voz de seu Genovese, por vezes, parece uma homenagem ao amigo Joe Pesci e seu icônico psicopata Tommy DeVito, de “Os Bons Companheiros”.
“The Alto Knights - Máfia e Poder” vale muito pelas ótimas atuações e pela reconstituição de época. Mas não apresenta nenhuma novidade, porém é uma bela homenagem aos mestres do gênero. Então tá valendo.
Cotação: bom
Duração: 2h03
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=bzXpoHskuNQ

“CÓDIGO PRETO” (Black Bag)

Foto: Universal Pictures
“CÓDIGO PRETO” (Black Bag) tem direção de Steven Soderbergh, e trata sobre espionagem, com a trama focando no bem-sucedido casal de espiões Kathryn St. Jean (Cate Blanchett) e George Woodhouse (Michael Fassbender). Eles trabalham na Inteligência Britânica, e mantém um relacionamento baseado na total dedicação um com o outro, com ela fazendo mais trabalho de campo, e ele mais nos bastidores.
Só que a relação deles é abalada quando George é comunicado por seus superiores que o projeto “Severus”, uma arma cibernética com potencial de controlar códigos nucleares, teve dados vazados. E Kathryn é uma das suspeitas. Qual a missão de George? Ele deve descobrir qual foi o espião que traiu a agência e eliminá-lo.
Então George começa a sua missão, analisando cada fato, cada colega...também são suspeitos os agentes Freddie (Tom Burke, de Furiosa!) e Clarissa (Marisa Abela, a Amy Winehouse de Back to black), que formam um casal, e James (Regé-Jean Page, de Dungeons & Dragons) e sua namorada, a psicóloga Zoe Vaughan (Naomie Harris).
No detalhado roteiro de David Koepp, muitos diálogos, jantares luxuosos, encontros furtivos na calada da noite e, muita, muita traição e ódio entre os casais vindo à tona.
Eu até pensei que em determinado momento, “Código Preto” iria partir para cenas de violência de “Sr. & Sra. Smith”. Mas não, praticamente não existe ação em cena. Este filme é daqueles à moda antiga, com mais papo do que correria. O que não será fácil para o público preguiçoso de hoje em dia aguentar.
Cotação: ótimo
Duração: 1h33
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=DrPJTMLvYB0

“MILTON BITUCA NASCIMENTO”

Foto: Gullane+
“MILTON BITUCA NASCIMENTO”, dirigido por Flavia Moraes, é um road movie que celebra a turnê de despedida de um dos maiores artistas da Música Brasileira de todos os tempos.
Flavia acompanhou Milton de perto durante cerca de dois anos, revelando a conexão profunda do ídolo com seus fãs, entre os quais personalidades relevantes do Brasil e do mundo, enquanto propõe reflexões sobre potência, legado e finitude. Hoje o cantor e compositor, aos 83 anos, está aposentado dos palcos.
O documentário traz depoimentos de mais de 40 personalidades musicais, como Gil, Caetano, Ivan Lins, Mano Brown, Spike Lee, Quincy Jones e Djamila Ribeiro, mostrando a influência da obra de Bituca sobre diversos artistas.
O filme também resgata a vida do carioca nascido em 1942, no bairro da Tijuca, porém criado por pais adotivos em Minas Gerais. Racismo, orfandade, seus grandes shows pelo mundo, como Nova Iorque, Londres e até mesmo no Mineirão, em Belo Horizonte. Tudo isto é esmiuçado nas quase duas horas do documentário, que pergunta para o próprio espectador: o que explica a mística por trás do autor de faixas como “Travessia”, “Maria, Maria” e “Cais”? E mais: o que o artista tem de tão especial, que torna suas canções tão significativas para o público, mas também vira objeto de estudo em renomadas universidades?
“Milton Bituca Nascimento” reúne um material ímpar, capaz não só de reconhecer a grandiosidade do ídolo, mas também revelar a identificação humana que ele criou com suas dezenas de álbuns. Tudo embalado pelos grandes clássicos da discografia do Bituca.
"Meu sentimento em relação ao filme é de muita felicidade, principalmente quando penso nos tantos amigos preciosos que a vida me deu e que estão ali presentes”, afirmou Milton Nascimento. “Sou grato por todo o carinho e amor que recebo de tanta gente. Durante toda a minha trajetória, fui guiado pelas amizades e pela música e isso é o que realmente importa na minha vida", completou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h55
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3huY2AiSH9c

“O BOM PROFESSOR” (Pas des Vagues)

Foto: Mares Filmes
“O BOM PROFESSOR” (Pas des Vagues), é baseado em uma experiência pessoal do próprio diretor e roteirista Teddy Lussi-Modeste, co-escrito ao lado de Audrey Diwan. A trama mostra como um simples mal-entendido em sala de aula pode se transformar em uma espiral de condenação social, transformando a vida de um professor num verdadeiro inferno.
Julien (François Civil) é um dedicado professor de francês, que trabalha sempre tentando criar um vínculo bem forte com os seus alunos – claramente jovens adolescentes carentes de um melhor estudo e muitos vindos de famílias mal estruturadas. Como prêmio, ele leva os melhores para lanchar. Isso cria certo ressentimento entre os outros.
Mesmo assim, Julien é muito querido pela turma. Porém, em um determinado dia, o professor resolve explicar uma situação usando os alunos como exemplo, e acaba elogiando a tímida Leslie (Toscane Duquesne). O efeito: os jovens começam a zoar a situação, dizendo que Julien está interessado na garota.
Pronto, o pavio foi acesso...dias depois, a menina denuncia o professor para a diretoria da escola, alegando ter sofrido assédio sexual do mestre. Afinal, ele é um adulto e Leslie é uma menina de apenas 13 anos. Ou seja, pedofilia. A partir deste evento, Julien começa a sofrer represálias e até ameaças de familiares da garota, e perde o respeito dos alunos, tornando suas aulas quase inviáveis.
“O Bom Professor” mostra como nos dias atuais qualquer gesto, qualquer palavra, podem ser interpretados de forma equivocada, com o acusado, mesmo sendo gay e ter um relacionamento estável, ter sua vida destruída, praticamente sem direito a defesa. O longa-metragem é muito realista, com atuações seguras e fortes, incomodando muito. Afinal, ninguém está livre de ser acusado de algo que não cometeu, e ver sua reputação ir direto pro ralo.
Cotação: bom
Duração: 1h31
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1kRsZBYpTD4

terça-feira, março 18, 2025

“SOBREVIVENTES DO PAMPA"

Foto: Bretz Filmes
“SOBREVIVENTES DO PAMPA”, dirigido por Rogério Rodrigues, investiga as origens do diretor no bioma que conecta os países do Cone Sul da América Latina.
No Brasil, o Pampa está presente apenas no Rio Grande do Sul, cobrindo 63% do estado e 2 % do território nacional. O bioma apresenta paisagens diversas, como serras, planícies e coxilhas, com campos nativos predominantes, além de matas ciliares, butiazais, banhados e afloramentos rochosos.
O documentário retrata os povos e comunidades tradicionais do Pampa, destacando sua sociobiodiversidade e as ameaças enfrentadas devido à degradação acelerada. O longa-metragem foi rodado em 13 municípios gaúchos: Alegrete, Bagé, Barra do Ribeiro, Dom Pedrito, Eldorado do Sul, Porto Alegre, Quaraí, Santa Maria, Sant’Ana do Livramento, São Borja, São Miguel das Missões, Tapes e Uruguaiana.
Com 35 entrevistas, o filme apresenta diferentes perspectivas sobre essas identidades sociais. Entre os entrevistados estão pecuaristas familiares, comunidades quilombolas, povos indígenas e agricultores de assentamentos da reforma agrária, que, por meio de seus modos de vida, preservam os ecossistemas do bioma.
Com direção de fotografia de Lívia Pasqual, “Sobreviventes do Pampa” teve sua estreia no 51º Festival de Cinema de Gramado, onde ganhou o Kikito de Melhor Longa-Metragem Gaúcho pelo Júri Popular, e seguiu para o circuito internacional. Foi o filme de encerramento do 14º Festival Internacional de Cinema da Fronteira e estreou na Europa pelo London Director Awards 2024. Além disso, integrou a seleção oficial do Rome Prisma Film Awards 2024 e do 32º Ecocine – Festival Internacional de Cinema Ambiental e Direitos Humanos.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=bE67WgGvFng

quarta-feira, março 12, 2025

“BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS” (Better Man)

Foto: Diamond Films
“BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS” (Better Man), direção deMichael Gracey (“O Rei do Show”) realmente me pegou de surpresa. Eu confesso que desconhecia totalmente a carreira do cantor e ídolo Pop britânico Robbie Williams, e até brincava só conhecer o ator Robin Williams (1951-2014).
Pois bem, o filme sobre a vida do cantor foge totalmente do convencional. É um musical e ao mesmo tempo o personagem principal é mostrado como um macaco – feito em CGI, com o ator Jonno Davies fazendo a captura de performance, enquanto o próprio Robbie Williams empresta sua voz para sua versão símia. A ideia é mostrar que Williams sempre foi diferente, desde criança, que sofria nas partidas de futebol em Stoke-On-Trent dos anos 1980.
Michael Gracey explicou que o filme queria fugir do formato das cinebiografias lançadas recentemente. "Houve muitos filmes biográficos musicais", detalhou o diretor. "Eu queria abordar isso com uma lente diferente". O cineasta contou ainda que Williams costuma afirmar que se sente como um "macaco performático". Como resultado, surgiu a ideia de criar um longa "não da perspectiva de como vemos Rob, mas de como ele se vê".
O pai de Robbie era um carteiro sonhador e fã de Frank Sinatra e passou esta paixão para o filho, que desde cedo começou a sonhar com a fama, até que ainda adolescente conseguiu entrar para a famosa boy band Take That, e obtendo fama, mas não fortuna, e sim conhecendo o álcool e as drogas.
Ele acabou expulso da banda, por causa de seu comportamento nada adequado, e foi tentar a carreira solo, e ser envolvendo com a cantora Nicole Appleton, da girl band All Saints, que o trocaria por Liam Gallagher, do grupo Oasis, anos depois.
O longa-metragem se encerra quando ele se apresenta no Royal Albert Hall no começo dos anos 2000, para um grande público e até gerando um DVD – no filme ele é mostrado cantando ao lado do pai a canção “My Way”, porém esta é uma licença poética. Mas é um momento emocionante.
“Better Man” é um filme que não passa o pano para a vida e carreira de Robbie Williams, mostrando todos os seus erros e acertos. E isto é edificante. “Robbie é mais que um popstar, mais do que a persona que ele apresenta para o mundo. O filme revela suas imperfeições, contradições e o esplendor que fazem dele o homem que é", declarou o diretor.
Cotação: excelente
Duração: 2h15
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ji4EQCAKBWI

“O MACACO” (The Monkey)

Foto: Paris Filmes
INSPIRADO NO CONTO “THE MONKEY”, DO MESTRE DO TERROR STEPHEN KING, O FILME “O MACACO” (The Monkey), com direção de Oz Perkins, acompanha a história de dois irmãos gêmeos adolescentes, Hal e Bill, ambos interpretados por Theo James, que vivem com a mãe solteira, após o pai ter saído de casa e nunca mais ter voltado.
Um dia, revirando os pertences dele no porão, acabam encontrando um macaco de brinquedo, e curiosos, dão corda nele. O gesto vai desencadear uma série de mortes brutais com as pessoas próximas deles, inclusive a mãe deles.
Os dois irmãos nunca se deram bem e decidem se separar. E passados mais de duas décadas depois, o brinquedo volta a assombrar a vida deles, que se obrigam a se juntar para tentar acabar com a maldição.
“O Macaco” tem muito terror psicológico, mas também abre muito espaço para toques de humor, com cenas de mortes de certa forma engraçadas, de tão ridículas, que deixam a coisa leve – muitas até lembrando muito as mortes da cinessérie “Premonição”. O filme não reinventa o cinema de terror, mas consegue fugir do convencional. E isto é um baita trunfo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h38
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ZWdhgGTAelE

“MÁQUINA DO TEMPO” (Lola)

Foto: Pandora Filmes
EM “MÁQUINA DO TEMPO” (Lola), direção de Andrew Legge, a trama se passa durante a Batalha da Inglaterra, evento da Segunda Guerra Mundial, no começo dos anos 1940. As irmãs Thomasina Hanbury (Emma Appleton) e Martha Hanbury (Stefanie Martini) criam uma máquina batizada de Lola, um aparelho capaz de captar transmissões de rádio e televisão vindas do futuro, tanto que viram fãs de David Bowie e outros artistas dos anos 1970.
A invenção abre caminho para descobertas culturais, como a antecipação do Movimento Punk. E começa a ser usada para fins táticos pelos britânicos para combater os nazistas. Porém, a invenção acaba trazendo efeitos colaterais trágicos ao longo do tempo, alterando o rumo da história – por exemplo, a Inglaterra acaba sendo invadida pela Alemanha, fato que nunca ocorreu na realidade, e ainda bem!
As irmãs são vistas como traidoras pelos conterrâneos e passam a fugir, tanto dos alemães quanto dos ingleses, numa trama tensa e assustadora. “A Máquina do Tempo” foi produzido com câmeras e lentes originais dos anos 1930 e revelado em um tanque soviético de 16mm, o filme adota o estilo found-footage – termo que designa obras que simulam imagens gravadas pelos próprios personagens – conferindo ao público a sensação de estar diante de registros reais da época. Ou seja, o filme é todo ele em preto & branco.
A trilha sonora assinada por Neil Hannon (líder da banda The Divine Comedy) traz faixas de David Bowie, The Kinks e composições clássicas do britânico Edward Elgar.
Cotação: excelente
Duração: 1h19
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vqhVZeViRIs

“O MELHOR AMIGO”

Foto: Deberton Filmes
“O MELHOR AMIGO” tem direção do cearense Allan Deberton (“Pacarrete”), e é um filme LGBTQIAPN+ , e conta a vida do jovem Lucas (Vinicius Teixeira), que se descobriu gay há pouco tempo, e tem inúmeros números musicais, com hits dos anos 1980 e 1990, como por exemplo Blitz, mas numa roupagem modernosa.
O jovem arquiteto Lucas está cansado do namoro com o grudento Martin (Léo Bahia), que adora grandes declarações de amor, e decide fazer uma viagem sozinho para Canoa Quebrada, no Ceará, com o objetivo de descansar e repensar sua vida amorosa.
Só que na paradisíaca praia, Lucas acaba reencontrando uma antiga paixão de faculdade, o bonitão Felipe (Gabriel Fuentes), com quem o jovem acabou saindo do armário. A paixão volta com todo o vigor, porém Felipe é um bom vivant, que ataca qualquer coisa que se mexa, deixando Lucas frustrado e mais perdido.
O arquiteto acaba então conhecendo a comunidade gay da localidade, liderada pela drag queen Deydianne Piaf (Dênis Lacerda), que está de mudança para a Itália, pois foi pedida em casamento por um italiano. Mas antes de viajar, quer deixar tudo arrumado para suas colegas de uma boate onde ocorrem performances musicais. E vai mostrar a Lucas que, às vezes, é bom ficar sozinho para conseguir se encontar e saber o que realmente se quer
Além dos protagonistas, “O Melhor Amigo” inclui um elenco formado por grandes atores e atrizes cearenses como Dênis Lacerda (Deydianne Piaf), Souma, Muriel Cruz, Rodrigo Ferrera (Mulher Barbada), Solange Teixeira, Patrícia Dawson, Walmick de Holanda, Gabriel Arthur e Adna Oliveira. Junto com um corpo de baile, todos se entregam de corpo e alma para os divertidos números musicais, coreografados por Rômulo Vlad.
Mas, se tratando de um filme com muita memória pelos anos 1980, artistas emblemáticas dessa época também fazem participações especiais, como Cláudia Ohana, que interpreta a mística Estrela D’Alva, enquanto Mateus Carrieri é um hóspede no mesmo hotel de Lucas. E Gretchen interpreta a si mesma, cantando dois dos seus grandes sucessos, “Melô do Piripipi” e “Conga Conga”, acompanhada de Esdras de Souza.
Nestes tempos de muito ódio e preconceito, “O Melhor Amigo” é um filme para a comunidade LGBTQIAPN+ e pessoas de mente aberta, que não veem problema nenhum em enxergar apenas amor nestas pessoas que trazem muita alegria e diversidade para o mundo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h36
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=sJQqMa04msY

“AMIZADE”

Foto: Embaúba Filmes
O DOCUMENTÁRIO “AMIZADE”, DE CAO GUIMARÃES, é uma coletânea de momentos íntimos reunidos ao longo de 30 anos que se transformam em experiências plurais e complexas.
“Já que eu não podia trazer os amigos comigo para o Uruguai, eu os trouxe através de sons e imagens”, afirmou o diretor. A frase sintetiza a essência do filme: uma coletânea de momentos reais, registros espontâneos e memórias acumuladas ao longo de três décadas.
Filmado em diversos formatos – de filmes Super8 e 16mm a telas de computador, fitas cassete e gravações de secretária eletrônica –, o longa reúne pequenos gestos e encontros que, juntos, formam um retrato íntimo e afetivo sobre amizade, tempo e partilha.
A amizade, assim como o cinema, é feita de encontros, distâncias e reencontros. E é a partir dessas costuras que Cao constrói um filme que oscila entre a memória e a invenção, o pessoal e o universal. No centro dessa construção está a relação do diretor com seus amigos, entre eles Beto Magalhães, produtor de muitos dos seus filmes, cuja mudança de Belo Horizonte para Montevidéu foi registrada em três dias de filmagem.
Ao revisitar décadas de registros pessoais, Cao transforma sobras, rastros e restos em matéria-prima para um filme que dialoga com sua própria trajetória. "A gente vai mudando com o tempo, e o tempo é a matéria que o cinema (e a vida) esculpe", afirma o diretor. Amizade é, acima de tudo, um gesto de resistência contra o esquecimento – um convite para olhar com mais atenção para os momentos que, muitas vezes, passam despercebidos.
“Decidi fazer um filme com meu arquivo pessoal. E dentre os vários temas que surgiam ao revisitar essas imagens, escolhi a amizade. Porque, para mim, a amizade sempre foi o exercício por excelência da alteridade e, além disso, também é, como o cinema, uma escultura no tempo”, refletiu Cao.
O filme “Amizade” acaba sendo um produto feito apenas para o diretor e seus conhecidos. O espectador comum acaba se perdendo naquele monte de imagens e falas, que por vezes, parecem desconexas e sem sentido para quem não é próximo ao cineasta. O pouco mais de uma hora do filme se transforma numa tortura interminável.
Cotação: ruim
Duração: 1h25
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_shpURsTiCo

quarta-feira, março 05, 2025

“MICKEY 17”

Foto: Warner Bros Pictures
“MICKEY 17”, NOVO FILME DO DIRETOR SUL-COREANO BONG JOON-HO, O MESMO DO OSCARIZADO “PARASITA” (2019) é baseado no romance Mickey 7, escrito por Edward Ashton em 2022.
No filme, acompanhamos o jovem Mickey Barnes (Robert Pattinson), que ao lado de seu parceiro Timo (Steven Yeun, o Glenn de The Walking Dead) tem um negócio de doces na Terra, mas para manter a firma, acabam se endividando com um perigoso agiota. Temendo serem mortos, ambos decidem encarar uma viagem espacial patrocinada pelo magnata e político Kenneth Marshall (Mark Ruffalo).
Marshall pretende iniciar uma colonização em outros planetas, e divide os inscritos no programa em vários setores. Mickey, não se sentindo útil, alista-se no programa de “humanos descartáveis”, para ser enviado em missões suicidas em outros planetas. E sempre que cumpre uma tarefa, ele morre, e o upload de sua mente é introduzido em seu mesmo corpo, que é reimpresso, em uma nova versão. Mais exatamente um clone.
Então, um dia em uma missão em um planeta gelado, Mickey fica preso numa caverna junto com animais alienígenas e dado como morto. Porém, ele sobrevive e ao voltar para a nave, constata que um “outro seu” foi reimpresso, e Mickey é forçado a conviver com seu duplo, o Mickey 18, trazendo situações inusitadas.
Sendo um filme do politizado Bong Joon-Ho, o filme é cheio de críticas sociais, de como o ser humano pode ser dispensável, até mesmo como as pessoas são suscetíveis a acreditar em políticos mentirosos e aproveitadores, no caso o personagem de Ruffalo.
O outrora criticado Robert Pattinson mostra ter evoluído com o tempo, desde seu insonso vampiro da cinessérie “Crepúsculo”, chegando ao ótimo “The Batman” (2022), de Matt Reeves. Ele consegue passar características diferentes para os seus diferentes Mickeys, tanto com humor, quanto com agonia e desespero. Já o quase sempre excelente Mark Ruffalo tropeça, apresentando um personagem caricato e exagerado.
Talvez fosse mais curto, e muita coisa poderia ter sido cortada, que não faria falta e “Mickey 17” poderia acertar. Porém, se torna um filme muito pretensioso, ao tentar misturar vários gêneros e errando o alvo em quase todos.
Cotação: regular
Duração: 2h17
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=GQUAxORWmqc

“A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO” (The Seed of the Sacred Fig)

Foto: Mares Filmes
“A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO” (The Seed of the Sacred Fig), dirigido pelo cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, é um longa-metragem em colaboração entre Irã, Alemanha e França. E que enfureceu o governo teocrata do país da Ásia.
A trama se desenrola em Teerã e segue a história de Iman (Misagh Zare), um juiz de instrução recém promovido casado com Najmeh (Soheila Golestani) e pai de Rezvan (Mahsa Rostami) e Sana (Setareh Maleki). Ele vive para o regime, acreditando fielmente em Alá, e parece não notar que os jovens no Irã cansaram do rigoroso regime ditatorial dos aiatolás, que impedem a liberdade das pessoas – as mulheres, principalmente, não possuem vozes ativas e são obrigadas a tapar os cabelos com o hijab.
Vários protestos estão ocorrendo pelo país, e suas filhas querem participar. Mas dentro de casa vivem a mesma repressão das ruas, principalmente através da mãe, que não acredita nos desejos da juventude, afinal foi criada para ser servil.
As coisas pioram quando uma colega de Rezvan é presa depois de ter sido pega no dormitório da faculdade, machucada pelas agressões sofridas pela polícia. E a arma de Iman some da casa, com ele acreditando que uma das filhas roubou. O pai e juiz do regime então mostra dentro das paredes de seu lar o que ele faz para aqueles que protestam contra o governo – passa a impor medidas severas que abalam os laços familiares e as meninas chegam a passar por uma sessão de interrogatório para confessarem o crime.
“A Semente do Fruto Sagrado” é um excepcional filme, provavelmente gravado às escondidas, e que mostra como os 45 anos de ditadura teocrática deixaram as novas gerações cansadas de rigor religioso, principalmente questões delicadas relacionadas à obrigatoriedade do uso do véu (hijab) para as mulheres no Irã e a repressão contra as pessoas que desafiam as normas do regime islâmico. Nos últimos anos, muitas jovens estão sendo presas e mortas por se negarem a usar o hijab. Religião mata.
Cotação: excelente
Duração: 2h47min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=IAXWFIY0S4Y

“ÚLTIMO ALVO” (Absolution)

Foto: Imagem Filmes
HÁ UM TEMPO, LIAM NEESON DISSE QUE NÃO TINHA MAIS IDADE PARA FILMES DE AÇÃO (o ator está com 72 anos). Mas ele não consegue se desassociar do gênero, e agora chega “ÚLTIMO ALVO” (Absolution), dirigido por Hans Petter Moland.
Eu estaria mentindo se dissesse que não curto os filmes com o ator norte-irlandês. Porém, a fórmula segue praticamente a mesma – um homem solitário, distante da família e que decide salvar alguma pessoa em situação de risco.
Aqui, Neeson interpreta Murtagh, um ex-boxeador que trabalha como segurança para um chefão mafioso em Boston, Charlie (Ron Perlmann) há três décadas, vive sozinho e tentando se reconectar com a filha e o neto. Então descobre ter uma doença degenerativa, com poucos meses de vida. Assim, decide tentar deixar um bom legado, se aproximando do neto, dando a oportunidade de amar novamente com uma falante garota, vivida por Yolonda Ross, talvez o melhor personagem do filme.
E claro, Murtaugh tem como missão fundamental libertar uma garota obrigada a se prostituir pelo cafetão Armando (Omar Moustafa Ghonim), propiciando na parte final aquelas cenas clássicas de filmes de Liam Neeson, com muitos tiros, facadas.
O “Último Alvo”, pelo menos, tem menos correria e um pouco mais de reflexão entre os filmes do gênero. Porém, os clichês estão todos lá. E o final é igual a “Na Mira do Perigo” (The Marksman), também protagonizado por Liam Neeson, em 2021.
Cotação: regular
Duração: 112min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=nnKQGkDn7xk

quarta-feira, fevereiro 26, 2025

“OS RADLEY” (The Radley)

Foto: Paris Filmes
“OS RADLEY” (The Radley), dirigido por Euros Lyn, é baseado no romance de Matt Haig, "Os Radleys", e é uma comédia sobre vampiros modernos.
Os Radley vivem em uma bela cidade litorânea na Inglaterra, e aparentam ser uma família normal, daquelas dos antigos comerciais de margarina. Helen (Kelly Macdonald) e Peter (Damian Lewis) criam seus filhos adolescentes, Stuart (Freddie Wise) e Clara (Bo Bragason),com amor e liberdade, fazem festas para os vizinhos e têm bons empregos.
Porém, certo dia Clara vai a uma festa e sofre a tentativa de um estupro. Para se defender da agressão, ela acaba descobrindo algo que nem sonhava – força sobre-humana e desejo por sangue, matando o seu agressor.
Assustada, busca a ajuda dos pais, que acabam abrindo o jogo para os filhos. Eles são vampiros, mas são classificados como “abstêmios”, vampiros que escolheram não beber sangue e nem matar ninguém, apesar de seus instintos e desejos.
Para ajudar a esconder o corpo do agressor de Clara, eles chamam o irmão gêmeo de Peter, o agressivo tio Will, também interpretado por Damian Lewis, e de forma completamente canastrona. Que também estimula os sobrinhos, principalmente Stuart, a aceitarem sua condição – e o garoto está se descobrindo sexualmente, tendo uma paixão platônica por por Evan (Jay Licurgo), o melhor amigo da irmã, e filho de um ex-policial, o curioso e desconfiado Jared (Shaun Parkes), talvez um dos personagens mais insignificante dos últimos tempos, que entra em cena mudo e sai calado.
Os Radleys são vampiros que não se escondem nas trevas, saindo durante o dia, comem e bebem normalmente. E seus instintos só vêm à tona quando experimentam sangue. Ou seja, vampiros nutella.
O filme tem muitos altos e baixos, mais baixos, com muito furo de roteiro e soluções fáceis demais para os personagens. Quem vibrou com um Drácula vivido por Christopher Lee nos anos 1960, ou com o Drácula de Bram Stocker, vai se decepcionar com estes vampiros modernos.
Cotação: regular
Duração: 1h55min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=fh8-qTXIHY4

“UM COMPLETO DESCONHECIDO” (A Complete Unknown)

Foto: 20th Century Studios
“UM COMPLETO DESCONHECIDO” (A Complete Unknown), direção de James Mangold, dedica suas mais de duas horas de duração ao mestre da Música Folk Bob Dylan, nascido Robert Zimmerman em 24 de maio de 1941. E único músico até hoje a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, devido a excelência de suas letras, em 2016. Considerado arrogante, não fez questão de comparecer ao evento de premiação.
Mas vamos ao filme, que foca nos primeiros anos de sua carreira, iniciada nos anos 1960. O bardo é interpretado pelo queridinho atual da indústria, Timothée Chalamet, e tem como base o livro "Dylan Goes Electric!", de Elijah Wald, sem tradução para o Brasil. O músico chega em Nova Iorque vindo de Minnesota, ansioso por mostrar a sua arte e conhecer seus ídolos, como Woody Guthrie (1912-1967), e é acolhido pelo cantor Peter Seeger (Edward Norton), conhece a namorada Sylvie Russo (Elle Fanning), com quem manteve um relacionamento de idas e vindas, e sua relação com a musa Folk Joan Baez, (vivida por Monica Barbaro), criadora do clássico “Diamond and Rust”, que teve até versão Heavy Metal através do Judas Priest.
Na época, Bob Dylan, ainda uma estrela em ascensão, focava na música acústica, mas faria uma revolução no gênero ao introduzir a guitarra elétrica no Festival Folclórico de Newport em 1965, em um dos momentos mais transformadores da música popular no Século XX.
O filme é um deleite para os fãs, com várias de suas canções tocadas na tela, e com direito a legendas, o que facilita o entendimento da obra do astro.
E Timothé Chalamet tem atuação destacada, com muita semelhança aos trejeitos de Dylan. Sendo que o ator ainda fez questão de ele mesmo cantar as canções do menestrel, dispensando o uso do play back, emulando Val Kilmer, que em 1991 fez questão de em “The Doors” cantar as músicas consagradas pelo ídolo pop Jim Morrison (1943-1971).
Mesmo quem não tenha simpatia por Bob Dylan, afinal de contas, ele nunca fez questão de ser agradável. E que há alguns anos decepciona os fãs ao fazer shows frívolos, onde muda totalmente a roupagem de suas músicas, deve dar uma chance e conhecer o período mais fértil de sua carreira.
Cotação: Ótimo
Duração: 2h20min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Ttf3qmxGOhE

terça-feira, fevereiro 25, 2025

INSTITUTO LING FARÁ QUATRO SESSÕES MUSICADAS COMO AQUECIMENTO PARA O FANTASPOA 2025

Foto: Amália Gonçalves
O INSTITUTO LING, EM PORTO ALEGRE, SERÁ SEDE, MAIS UMA VEZ, da programação de aquecimento para o Fantaspoa, recebendo quatro sessões musicadas que antecedem a 21ª edição do festival dedicado aos gêneros de ficção científica, fantasia e horror mais importante da América Latina.
As exibições especiais combinam filmes clássicos do cinema mudo com performances musicais ao vivo, antecipando o clima do grande evento que, neste ano, acontecerá entre 9 e 27 de abril.
As primeiras sessões acontecem nesta quarta e quinta-feira, dias 26 e 27 de fevereiro, às 20h, com apresentação do longa-metragem “A Trindade Maldita”, que completa cem anos de lançamento em 2025. A obra, dirigida por Tod Browning, contará com trilha sonora criada e executada pelo trio instrumental Quarto Sensorial, que tem Carlos Ferreira na guitarra e programações, Bruno Vargas no baixo e Martin Estevez na bateria.
Considerado um precursor do gênero policial com toques de bizarrice e tragédia, o filme “A Trindade Maldita” mistura crime, mistério e humor sombrio.
A trama gira em torno de três artistas de circo que se unem para formar uma gangue criminosa, formada por um ventríloquo interpretado por Lon Chaney, além de um forte homem do circo e um anão disfarçado de bebê. Juntos, eles criam um plano ousado: abrir uma loja de animais exóticos que serve como fachada para seus roubos. Enquanto o crime prospera, conflitos internos surgem, e a trama se desenrola em um misto de suspense e ironia, com personagens complexos e reviravoltas surpreendentes.
Já em março, nos dias 26 e 27, às 20h, as sessões musicadas vão unir o longa “Maciste no Inferno”, também de 1925, com música ao vivo composta pelos músicos Fu_k The Zeitgeist, Brenno Di Napoli, Carlinhos Carneiro e Paola Kirst. O filme, com direção de Guido Brignone, combina fantasia e efeitos inovadores para a época, sendo um marco do cinema mudo italiano e uma influência duradoura no gênero de aventura mitológica.
A obra apresenta o herói Maciste sendo arrastado ao inferno por forças demoníacas após tentar salvar uma mulher inocente acusada de bruxaria. No submundo, ele enfrenta tormentos e criaturas malignas, desafiando o próprio Satanás em uma luta épica pela liberdade.
Os ingressos para cada sessão custam R$ 50,00 no valor inteiro e R$ 25,00 para quem tem direito a meia-entrada. As entradas podem ser adquiridas no site www.institutoling.org.br e na recepção do centro cultural, na Rua João Caetano, 440, no bairro Três Figueiras.
SERVIÇO - PROGRAMAÇÃO DE AQUECIMENTO PARA O FANTASPOA NO INSTITUTO LING
Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 - Três Figueiras - Porto Alegre)
Sessões musicadas do filme “A Trindade Maldita” (1925), com trilha sonora ao vivo criada pelo trio instrumental Quarto Sensorial
Datas: 26 e 27 de fevereiro, quarta e quinta-feira Horário: 20h
Sessões musicadas do filme “Maciste no Inferno”, com trilha sonora ao vivo criada pelos músicos Fu_k The Zeitgeist, Brenno Di Napoli, Carlinhos Carneiro e Paola Kirst.
Datas: 26 e 27 de março, quarta e quinta-feira
Horário: 20h
Ingressos para cada sessão
R$ 25,00 meia-entrada
R$ 50,00 inteiro
Pontos de venda
Site: www.institutoling.org.br
Recepção do Instituto Ling: de segunda a sábado, das 10h30 às 20h
Veja o trailer de “A Trindade Maldita” no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=_0ae6KXew_A

sexta-feira, fevereiro 21, 2025

“O BRUTALISTA” (The Brutalist)

Foto: Universal Pictures
O BRUTALISTA (THE BRUTALIST), DIRIGIDO POR BRADY CORBET, é um filme impressionante, tanto por sua história, quanto pelo visual, espetacular, e de atuações densas, nervosas. Enfim, algo quase brutal aos olhos dos espectadores.
A trama, que se inicia em 1947, vai até 1980, seguindo os passos do arquiteto judeu húngaro László Tóth (vivido espetacularmente por Adrien Brody). Ele sobreviveu aos campos de concentração nazista e vai para os Estados Unidos em busca de recomeçar a sua vida. Porém, deixou na Europa a Erzsébet (Felicity Jones) e sua sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy), que não conseguiram o visto para viajar e seguem numa destruída Viena, passando por extremas necessidades.
No novo país, László inicialmente é recebido na Filadélfia pelo primo Átila (Alessandro Nivola), empreendedor e dono de uma loja de móveis. No entanto, a convivência entre eles acaba se tornando problemática e depois de ser acusado de dar em cima da mulher do primo, László é expulso...e a cena mostra o quanto o arquiteto virou uma pessoa temerosa, sem condições de se defender – provavelmente trauma pelas agressões sofridas pelos nazistas em seu tempo de prisioneiro nos KZ.
O húngaro, então, conhece o pior da América, ao virar um morador de rua e ver o sofrimento das pessoas. Os Estados Unidos, apesar da prosperidade advinda da vitória na Segunda Guerra Mundial, ainda tinha muitos resquícios da Grande Depressão dos anos 1930. Nessa jornada, ele irá se afeiçoar do negro Gordon (Isaach de Bankolé), que vive nas ruas cuidando do filho pequeno.
Como a vida de László é uma eterna montanha-russa, ele acaba conhecendo o milionário Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), que inicialmente o trata com extrema brutalidade. Mas depois o magnata vai pesquisar sobre aquele homem franzino e narigudo, e descobre que László era um profissional extremamente conceituado na Europa pré-guerra, tendo criado obras icônicas, e acaba virando o mecenas do húngaro, ainda lhe fazendo uma proposta ambiciosa: o projeto de um espaço cultural em homenagem à sua falecida mãe.
Só que a relação entre estes dois homens não é das mais fáceis, sendo que Van Buren sempre fazendo questão de mostrar o “verdadeiro lugar” do arquiteto, num jogo violento jogo de poder e posses.
E em todas as suas andanças por uma América dos sonhos para ele, mesmo que o país se mostre quase sempre hostil, László tem como meta trazer do devastado Velho Continente a esposa e a sobrinha. Até irá conseguir, mas com uma surpresa desagradável.
Adrien Brody, que foi oscarizado pela sensacional atuação em “O Pianista”, onde vive um judeu sobrevivendo aos horrores da Segunda Guerra na Polônia, agora vive outro judeu resistente, entregando mais uma vez uma excepcional atuação. Seus gestos, olhares, tudo ali mostra a fragilidade de um homem que perdeu tudo apenas por causa da perseguição de homens que se achavam superiores, seja por ideologia, como os nazistas, seja por dinheiro, como Van Buren.
Aliás, o por muitas vezes criticado Guy Pearce, talvez por suas escolhas cinematográficas questionáveis, mostra um monstruoso milionário, cruel, pois afinal dizem que dinheiro é tudo, então ele é o tudo, e tudo pode.
Um filmaço, que mesmo com suas mais de 3 horas de duração, vale muito.
Cotação: excelente
Duração: 3h34min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3E7Gn_ADhd0

quarta-feira, fevereiro 12, 2025

“BRIDGET JONES: LOUCA PELO GAROTO” (Bridget Jones: Mad About the Boy)

Foto: Universal Pictures
EM SUA QUARTA INCURSÃO NO CINEMA, A PERSONAGEM CRIADA POR HELEN FIELDING procura um novo amor, depois de uma viuvez inesperada. EM “BRIDGET JONES: LOUCA PELO GAROTO” (Bridget Jones: Mad About the Boy), dirigido por Michael Morris, Bridget (Renée Zellweger) agora é uma mãe solteira e viúva de Mark Darcy (Colin Firth), morto quatro anos atrás durante uma ação humanitária no Continente Africano.
Os dias dela se resumem a cuidando de seus dois filhos Billy (Casper Knopf) , de 9 anos, e Mabel (Mila Jankovic), de 4 anos.
Cercada pelos amigos e pelo ex-crush Daniel Cleaver (Hugh Grant), viciado em sair com garotas 30 anos mais novas, Bridget acaba entrando no Tinder, e tem um match com o estudante Roxster (Leo Woodall), quase 20 anos mais novo. A empatia é imediata e os dois começam um relacionamento, ao mesmo tempo que ela volta a trabalhar como produtora de TV.
Porém, a sua vida é uma avalanche de emoções, e Bridget também tem de lidar com as mães da escola de seus filhos. E como estamos numa comédia romântica, o roteiro não deixa de ser previsível, tanto que as câmeras nunca abandonam de acompanhar o professor de ciências das crianças, o certinho e rigoroso Mr. Wallaker (Chiwetel Ejiofor).
Enfim, o romance com o jovem Roxster serve mais para encher linguiça, um sub-título quase desnecessário para o filme – se o personagem não aparecesse em cena, não iria fazer a mínima falta.
Renée Zellweger, que foi uma das minhas musas nos anos 1990, parece ter nascido para o papel de Bridget Jones, agora conectada com os novos tempos. Porém, a atriz, infelizmente, fez tantas plásticas em seu rosto um dia belo, que mal consegue abrir os olhos – em determinado momento, o roteiro até brinca com isso, quando a personagem faz um preenchimento labial e vira alvo de zombaria de sua ginecologista, Dra. Rawlings (uma hilária Emma Thompson).
Cotação: regular
Duração: 2h04
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=job5JGQaYgY

“SING SING”

Foto: Diamond Films
APESAR DO NOME REMETER A UM MUSICAL, “SING SING” NÃO É. O nome do filme faz referência ao presídio de segurança máxima que fica localizado no Estado de Nova Iorque. Dirigido por Greg Kwedar, a trama conta a história real da transformação de presidiários através do teatro, e contou com muitos detentos vivendo a eles mesmos em cena.
“Sing Sing” tem no papel principal o ator Colman Domingo, de “Fear of the Walking Dead”, que interpreta John “Divine G” Whitfield, um presidiário real, que foi condenado por um crime que não cometeu. Já o também ator Paul Raci ("O Som do Silêncio") vive o dramaturgo e diretor de teatro Brent Buell.
Outra peça fundamental no filme é Clarence "Divine Eye" Maclin, um preso irascível que interpreta a si mesmo.
No centro de tudo está a entidade Rehabilitation Through the Arts (RTA ou Reabilitação Através das Artes), que existe de fato e tem ajudado há várias décadas os detentos a deixarem o crime para trás.
A ideia para o filme surgiu quando Kwedar conheceu o RTA por acaso, em 2016, quando foi ajudar um amigo que produzia um curta documental dentro de uma prisão de segurança máxima. Andado pelos corredores da penitenciária, o cineasta se deparou com um detento em sua cela, acompanhado de um cão resgatado. "Meu mundo virou de ponta-cabeça", lembra. Naquele instante, ele entendeu que se tratava de um programa de reabilitação tanto para o homem, quanto para o animal. Emocionado com a relação de companheirismo entre eles, Kwedar começou a pesquisar outras iniciativas diferentes nos presídios nos EUA, e foi assim que descobriu o programa que inspiraria “Sing Sing”.
A fagulha para a trama veio quando leu um artigo na Esquire, sobre uma das peças montadas pelo grupo, intitulada "Breakin' the Mummy's Code" – um musical original, centrado em uma viagem no tempo. "Tinha algo no tom [da obra], o drama inerente do ambiente difícil [da prisão] e a experiência humana transformadora, justapostos à leveza de uma comédia maluca", conta Kwedar. "Pensei que talvez este pudesse ser o pontapé para contar uma história que mostrasse para as pessoas a capacidade de alguns indivíduos, que são ou estereotipados, ou esquecidos”, completou.
A trama foca nos personagens John “Divine G” Whitfield e Clarence "Divine Eye" Maclin, ambos antigos membros do RTA. Divine G já tinha uma proximidade com as artes antes de conhecer o RTA. Na juventude, ele se inscrevera em uma escola especializada em atuação, dança e canto, mas o bullying que sofreu na sua vizinhança (as pessoas achavam que as atividades eram exclusivamente para gays) o fez desistir. Mas preso, ele reencontrou seu lado criativo, passando horas e horas na biblioteca: não só estudando maneiras de provar sua inocência, mas também escrevendo romances e peças.
Por sua vez, Divine Eye se aproximou da RTA quase por acidente. Com fama de mau e perigoso em Sing Sing, ele passava o tempo extorquindo outros detentos e vendia drogas na prisão, tendo muito pouco interesse em qualquer atividade artística. Contudo, num dia chuvoso, ele foi obrigado a "fazer negócios" na capela da prisão, onde o RTA apresentava uma de suas peças e, ali, viu presos expressando suas emoções livremente, sem serem considerados fracos.
"No palco, a história era outra. Era entretenimento", lembra Maclin, que interpreta a si mesmo no filme. "Não demorou muito para que eu percebesse que aqueles caras tinham filhos, como eu. Mães que se importavam com eles, como a minha. Fora do RTA, eu nunca pensaria nos relacionamentos dos outros", revelou.
"Divine G tem intensidade e foco, é uma pessoa que não perde um segundo da vida. Já Clarence tem um carisma irrefreável e uma sabedoria profunda, conquistada com lições duras da vida", afirmou Kwedar. "Os dois foram muito abertos e vulneráveis ao dividir suas histórias com a gente". Tanto que o roteiro de “Sing Sing” foi feito a oito mãos, com o roteirista Clint Bentley e Kwedar recebendo a colaboração de Divine G e Maclin.
“Sing Sing” mostra, de uma forma criativa e maravilhosa, de como a arte pode transformar a vida das pessoas, fazendo com que encarem o mundo de uma forma positiva.
Cotação: excelente
Duração: 1h47
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YWmRkDCKaJU

“DROP – AMEAÇA ANÔNIMA” (Drop)

Foto: Universal Pictures “DROP – AMEAÇA ANÔNIMA” (Drop), do diretor Christopher Landon, é daqueles filmes que entram na categoria de “como ...