sábado, maio 26, 2018

“Tropykaos”



“Tropykaos”, do diretor baiano Daniel Lisboa, pode ser classificado como uma viagem lisérgica e beirando o realismo fantástico, principalmente em sua parte final, na qual não irei adiantar aqui (seria demais dar este spoiler!). A trama se passa numa quente e sufocante Salvador à véspera de um carnaval, onde o poeta Guima (Gabriel Pardal) deve entregar um livro para a sua editora. O problema é que sofrendo com o calor asfixiante da cidade, ele não consegue produzir nada. Ele fracassa ao tentar renegociar o contrato.

E a situação vai piorando aos poucos, quando por falta de pagamento, vê a energia de seu modesto apartamento ser cortada. Após negociar com os funcionários da empresa de energia elétrica, o ar-condicionado passa a ser o problema, quando estraga. Guima se desespera, tem de conseguir a grana para pagar o conserto do aparelho – então conhecemos a origem do poeta, que apesar de viver à beira da pobreza, é um rapaz de classe média, que deixou a segurança do lar dos pais para viver de sua arte. Ele busca o auxílio da mãe, uma senhora trancada em um belo apartamento, mas que se vê impossibilitada de ajudar o filho.

Por vezes “Tropykaos” perde o ritmo, se mostrando cansativo, mas é uma obra em que ficamos angustiados em querer saber o que acontecerá com Guima e sua busca para se safar do calor. Quase em sua parte final, o filme se perde em um momento onde tenta brincar com a influência das igrejas na vida das pessoas, mas o seu término é poético, digno das obras fantásticas criadas nos anos 1960. O novato Gabriel Pardal se destaca, com uma atuação extasiante, desesperada, conseguindo transmitir todo o terror vivido por seu personagem.

Duração: 1h22
Cotação: bom

Chico Izidro

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