"O Homem Cordial" é dirigido pelo brasiliense Iberê Sampaio, e traz uma história sobre fake news, cancelamento nas redes sociais e racismo. A trama foca em Aurélio Sá (Pauilo Miklos, dos Titãs), que é o vocalista de uma banda de rock dos anos 1990 que está tentando retornar à ativa. Porém, na noite em que o seu grupo está se apresentando novamente, viraliza na internet um vídeo que o envolve na morte de um policial. A plateia age furiosamente, atirando coisas no palco e gritando ofensas. Apesar de os fatos serem muito nebulosos, Aurélio passa a ser agredido por muitas pessoas na rua, e até mesmo em frente ao seu apartamento em São Paulo.
A trama transcorre durante praticamente uma única noite, onde Aurélio tentará descobrir a verdade, encontrando a jornalista Helena, determinada a descobrir a verdade dos fatos, e um antigo companheiro de banda, vivido pelo rapper Thaíde, agora dono de um bar.
O incidente que prejudicou a vida do roqueiro é pouco a pouco explicado ao longo do filme. Aurélio tentou defender um menino de 11 anos, acusado de roubar o celular de uma senhora em uma lanchonete, e que estava quase sendo linchado por populares. O músico interveio, o garoto escapou e foi perseguido pelo policial, que acabou sendo morto por marginais.
E toda a confusão teve início quando o garoto negro foi fazer a entrega de roupas para uma mulher em um bairro de classe média alta paulistano. E tudo está errado desde o princípio. O garoto precisa do dinheiro para pegar o ônibus e voltar para casa, na periferia, e a mulher diz não ter os valores no momento. O menino fica perdido pelas ruas da região, sem saber o que fazer, até ser confundido com um ladrão.
"As redes sociais são o ambiente perfeito para que ocorra o efeito manada, ou seja,quando um grupo de indivíduos segue a opinião ou ação de outros de forma irracional, sem analisar os fatos e fundamentos", conta o diretor Iberê Costa. "No filme vemos como cada comentário, cada postagem, cada curtida ou compartilhamento de uma fake news tem um impacto direto na vida de alguém no mundo real. E esse impacto se potencializa dependendo de que grupo social ou étnico você pertence", ressalta.
"O Homem Cordial tem como um de seus temas principais o racismo, a partir de um ponto de vista que busca discutir a branquitude como uma raça. Discutir a branquitude me parece fundamental dentro de uma postura antirracista. E a polícia, no Brasil, é a instituição criada para garantir, com o uso da força, o privilégio da branquitude", completa Iberê.
Cotação: ótimo
Duração: 84min
Chico Izidro
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