quinta-feira, julho 11, 2024

“O SEQUESTRO DO PAPA” (Rapito)

Foto: Pandora Filmes
“O Sequestro do Papa” (Rapito) é a nova obra do mestre italiano Marco Bellocchio, atualmente com 84 anos, e baseado em uma história real, ocorrida no Século XIX. A trama tem ao centro o sequestro do menino judeu Edgardo Mortara por autoridades da Igreja Católica, pois foi feita a denúncia de que uma empregada o batizara quando ele estava gravemente enfermo. O motivo alegado para tal atitude era a existência de uma lei que proibia não-católicos de criar crianças católicas. Assim, o menino, ao ser batizado, deixara de ser judeu e roubado de sua família, originária de Bologna.
O incidente ocorreu em 1858, sendo ordenado pelo Papa Pio IX. Durante vários anos, os pais dedicaram seus esforços para recuperar seu filho, mas, apesar dos apelos desesperados da família e até da opinião pública, o Papa permaneceu irredutível. A estrutura do filme é sustentada por vários períodos que marcaram a então Itália, ainda não unificada, e acompanhando o crescimento de Edgardo, que aos poucos vai perdendo a sua identidade e se vendo como um católico.
A história revela um capítulo sombrio da tirania histórica na Igreja, tendo como pano de fundo um país que estava se unificando.
“Naturalmente, o que Edgardo Mortara viveu nunca poderia acontecer hoje, numa época de diálogo aberto e de um papa de mente extremamente aberta. Naquela época, havia de fato a sensação de que a fé católica não podia ser abalada. Este filme não busca colocar um lado contra o outro”, disse o diretor. “O destino deste homem falou comigo e me inspirou. Sua história me encheu de sentimento e tensão. Essas emoções abriram o caminho para moldar o filme. Minha empatia vai claramente para a criança que sofreu um ato de extrema violência”, completou Bellocchio.
Esteticamente, o diretor explica que se inspirou no Realismo e no Romantismo das pinturas do século XIX, no qual se situa a trama. “Esta foi a época em que a Itália se construiu e produziu muitas pinturas representando cenas militares e familiares. Em termos de cenários, figurinos, cores e contrastes, inspiramo-nos na grande tradição do pré-impressionismo na pintura italiana e francesa, como se vê na obra de Eugène Delacroix”.
“O Sequestro do Papa” é um filmaço, e reafirma como a Igreja Católica sempre foi inescrupulosa, podre mesmo, tentando ditar o destino do ser humano.
Cotação: ótimo
Duração: 134 min.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=2O2hJoTXcEw

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