quinta-feira, janeiro 30, 2025

“ALMA DO DESERTO” (Alma del desierto)

Foto: Retrato Filmes
“ALMA DO DESERTO” (Alma del desierto), é uma coprodução Brasil-Colômbia, com direção da cineasta colombiana Mónica Taboada-Tapia. O documentário mostra a luta de Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu. Ela enfrenta dificuldades para obter o direito fundamental de ter sua identidade de gênero reconhecida em um contexto marcado por obstáculos sociais e culturais profundos.
Georgina perdeu seus documentos em um incêndio criminoso, provocado pelos próprios vizinhos que não aceitavam sua presença.
Então, ela passa a percorrer órgãos governamentais para poder recuperar seus documentos. E por muitas vezes, os registros mostram a sua identidade como foi registrada quando ainda não havia feito a transição de gênero.
“Alma do Deserto” explora os desafios de Georgina Epiayu, já septuagenária, que conta as aventuras e desventuras, como por exemplo, quando se apaixonou e teve um grande momento com o amor de sua vida, que depois a abandonou.
A obra é um relato sensível sobre as dificuldades enfrentadas por Georgina, uma figura que luta por visibilidade e por um futuro em que sua identidade seja respeitada. “Alma do Deserto” escancara as barreiras enfrentadas por pessoas trans na sociedade, trazendo também as complexas questões da identidade, do pertencimento e do amor próprio, dentro de um contexto social e geográfico único.
Cotação: ótimo
Duração: 1h27
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1NG1jklbv98

“KASA BRANCA”

Foto: Vitrine Filmes
INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL, “KASA BRANCA”, dirigido por Luciano Vidigal, é um filme de subúrbio carioca, com atores predominantemente negros, e que acompanha a trajetória sofrida do jovem Dé (Big Jaum). Ele passa a viver com a sua avó Dona Almerinda (Teca Pereira) no bairro da Chatuba. A idosa foi diagnosticada com Alzheimer e tem pouco tempo de vida.
Desempregado, Dé tem de se virar para conseguir os remédios para a sua avó, que não reage a nada, passando os dias sentada em sua cadeira de rodas, olhando para o vazio. Além disso, o garoto tem de enganar a proprietária da casa, que volta e meia aparece para cobrar o aluguel.
Dé tem dois amigos inseparáveis, Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), que tentam ajudá-lo nos percalços do dia a dia, gerando até cenas tensas, quando, por exemplo, invadem uma farmácia para roubar remédios, enquanto milicianos passam de carro pela vizinhança, ameaçadores, prontinhos para mandar ao outro mundo qualquer infrator.
Ator de filmes como “Tropa de Elite 2”, "Cidade dos Homens" e “Três Verões”, Luciano Vidigal já coleciona créditos como diretor, de longas como “5x Favela: Agora por Nós Mesmos” e o documentário “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”, todos em parceria com outros cineastas.
Mas agora estreia na direção solo, explicando que “Kasa Branca” é a realização de um sonho, porque sempre quis contar essa história tão comovente. “É um filme que tem um protagonismo negro no lugar do objeto, que são os atores, no lugar do sujeito, eu como diretor. Então, você tem a figura preta ali como protagonista no elenco e também na criação. E a gente que faz cinema independente, cinema preto, busca essa relação horizontal com o audiovisual brasileiro. E sempre no objetivo de somar, de trazer essa diversidade potente e cultural que tem o nosso país”, afirmou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h35
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Ac5fp_7Be9I

“O HOMEM DO SACO” (Bagman)

Foto: Paris Filmes
“O HOMEM DO SACO” (Bagman), dirigido por Colm McCarthy, trata de uma lenda urbana, o tal ser maligno que rapta crianças, as colocando em um saco e sumindo com elas. Na trama, Patrick McKee (Sam Claflin), casado com Karina (Antonia Thomas), é pai do pequeno Jake (Caréll Rhoden).
Cheio de dívidas, seus projetos não vão adiante e ele é obrigado a trabalhar na madeireira do irmão, e morar na casa da mãe, que se mudou para outro estado.
Ele cresceu escutando o pai enchendo a sua cabeça sobre uma lenda de uma criatura mitológica maligna, o tal Homem do Saco, que levava crianças inocentes numa sacola e as devorava. Patrick ainda lembrava o dia em que escapou de um encontro com o monstro na adolescência, mas conseguiu escapar. E agora, adulto, o tal ser retorna para assombrar a sua família, tendo seu filho Jake como alvo.
O problema é que o filme não leva a lugar nenhum. Sem imaginação, tentativas frustradas de susto, um protagonista fraco, “O Homem do Saco” é apenas decepção, falhando em tudo.
Aliás, tem uma cena no mínimo engraçada, quando o casal vai a uma psicóloga. A mulher atira para a esposa de Patrick a ficha médica dele, mostrando que o cara era um poço de traumas – a psicóloga foi antiética, esquecendo o sigilo médico-paciente, e ainda tentando dizer para Karina: “olha, você é casada com um doido”.
Cotação: ruim
Duração: 1h32
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1pYFYB4OAPk

“TRILHA SONORA PARA UM GOLPE DE ESTADO” (Soundtrack to a Coup d'État)

Foto: Pandora Filmes
“TRILHA SONORA PARA UM GOLPE DE ESTADO” (Soundtrack to a Coup d'État), diridido por Johan Grimonprez, é um documentário que ostra os estragos do colonialismo europeu na África, focando nos últimos meses antes de Patrice Lumumba, primeiro-ministro do Congo, assassinado em 1961.
O Congo foi uma colônia belga que sofreu um verdadeiro genocídio praticado pelo rei da Bélgica, Leopoldo II, com mais de dez milhões de pessoas mortas nos primeiros anos do Século XX. O país obteve a independência em 1960, e se viu no meio da Guerra Fria entre Estados Unidos e a União Soviética, que levou a uma sangrenta guerra civil. Os americanos não queriam que o país caísse nas mãos dos comunistas, porque uma de suas regiões, Katanga, era rica em urânio, matéria-prima da produção das bombas atômicas usadas pelos EUA para a destruição de Hiroshima e Nagasaki.
O documentário parte de um protesto dos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, que invadiram o Conselho de Segurança da ONU para denunciarem o assassinato do primeiro primeiro-ministro congolês Patrice Lumumba, em 1961. Ele era anti-imperialista e defensor do pan-africanismo, e apoiado pela União Soviética. Seu assassinato foi praticado por apoiadores de Mobuto Sese Seko, com o auxílio da CIA. Mobuto depois renomeou o país para Zaire e o governou com mão-de-ferro por mais de duas décadas.
“Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado” conta com depoimentos de astros do jazz, como Louis Armstrong, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, John Coltrane, Abbey Lincoln, Max Roach, Nina Simone. Esses músicos negros não sabiam, mas eram usados pelo governo dos EUA para fazerem turnês por diversos países, como parte de um processo de expansão cultural americana durante a Guerra Fria – em suas equipes, eram infiltrados agentes para espionar o que se passava nos países visitados.
O fenomenal documentário é um dos melhores dos últimos anos, e une com perfeição colonialismo, Guerra Fria, jazz, racismo. Para se entender o mundo em meados do século passado.
Cotação: excelente
Duração: 150 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=S_8DSSG4Bmg

domingo, janeiro 26, 2025

“AMEAÇA NO AR” (Flight Risk)

Foto: Paris Filmes
“AMEAÇA NO AR” É DIRIGIDO POR MEL GIBSON e se passa quase todo o tempo dentro de um avião, que sobrevoa o Alasca. Na trama, a agente do FBI Madolyn (Michelle Dockery, de ‘Downton Abbey’) tem a missão de levar o ex-contador de uma família mafiosa, Winston (Topher Grace, de ‘That ’70s Show’) para depor contra seu ex-patrão, em Nova Iorque, em troca de proteção. A viagem intermediária até Anchorage, onde Winston será entregue às autoridades, será feita em um pequeno avião, comandado pelo piloto Daryl (Mark Wahlberg), e levará cerca de noventa minutos.
Porém, durante o trajeto, os passageiros descobrem que o piloto é um assassino contratado para matar Winston. Então a viagem até a pista mais próxima se torna uma verdadeira luta pela sobrevivência, com o contador e a agente lutando contra o verdadeiro psicopata que se mostra Daryl.
O assassino vivido por Mark Wahlberg é um pouco caricato, e o que é aquela careca do ator? Já Topher Grace incomoda com seu personagem verborrágico, pseudo-engraçadinho...
Por se passar em praticamente apenas um ambiente, o filme se mostra tenso, com boas cenas de ação. Porém, o roteiro por vezes se mostra preguiçoso, e com os personagens fazendo escolhas estúpidas - por exemplo, Madolyn tem diversas chances de eliminar o vilão, mas não o faz, e em outros momentos, deixa o indivíduo solto dentro da nave, apenas desacordado. Mas a curta duração se mostra propícia, sem muita enrolação.
Cotação: regular
Duração: 1h31
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=P3GdwcKS7Tc

quinta-feira, janeiro 16, 2025

“MARIA CALLAS” (Maria)

Foto: Diamond Filmes
O DIRETOR CHILENO PABLO LARRAÍN gosta de “cinebiografar” divas. Depois de “Jackie” (2016), sobre Jacqueline Kennedy-Onassis e “Spencer” (2021), em que retratou Lady Diana, agora é a vez de “Maria Callas” (Maria), uma das maiores sopranos de ópera de todos os tempos, vivida por Angelina Jolie. O roteiro é de Steven Knight (o mesmo de Spencer).
O filme mostra a última semana de vida da diva greco-americana, em setembro de 1977 – ela nasceu em Nova Iorque em 1923, e faleceu jovem, com apenas 53 anos, em Paris. Depois de nascer nos Estados Unidos, nos anos 1930, devido a crise econômica por causa da Grande Depressão, sua mãe decidiu retornar para a Grécia. Lá, Maria começou a cantar, mas também a se prostituir para os invasores nazistas durante a II Guerra Mundial.
Tudo isso é mostrado em flash-backs, enquanto Maria percorre Paris, alucinando e concedendo uma entrevista para o repórter Mandrax (Kodi Smit-McPhee), que na realidade está apenas na imaginação dela. Mandrax é o nome de um dos comprimidos que ela toma compulsivamente. Maria sonhava em voltar aos palcos, sem perceber que seu tempo havia passado.
Maria Callas também relembra o romance que teve com o milionário Aristóteles Onassis (Haluk Bilginer), considerado o amor de sua vida, mas também um dos fatores pela decadência de sua carreira. Eles se conheceram em 1957, e ela deixou o marido para ficar com o armador grego, que praticamente a castrou e depois a largou para casar com Jaqueline Kennedy.
Maria também é mostrada em seu dia a dia em seu enorme apartamento parisiense, cuidada pelo mordomo Ferrucio (Pierfrancesco Favino) e da governanta (Alba Rohrwacher). Ambos completamente dedicados a ela, apesar de seu estrelismo acima da conta.
Angelina Jolie está muito bem no papel, apesar de alguns escorregões – por exemplo, ficam gritantes, quase constrangedores, os momentos em que a atriz dubla a cantora cantando suas óperas.
Cotação: Bom
Duração: 2h03
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=gOO9qtVzvuM

“LOBISOMEM” (Wolf Man)

Foto: Blumhouse
A LENDA DO “LOBISOMEM” (WOLF MAN) É REVISITADA PELO DIRETOR AUSTRALIANO LEIGH WHANNELL. Mas como está sendo comum no cinema atual, as obras ficam mudando a mitologia que conhecemos.
Na trama, o escritor Blake (Christopher Abbott, um sósia do ator brasileiro Paulo Betti), 30 anos depois de ter passado uma experiência assustadora com o pai, decide voltar para o Oregon. Ele recebeu a certidão de óbito de seu pai, que sumiu sem deixar rastros. Vivendo uma crise no casamento com Charlotte (Julia Garner, do seriado Ozark) e sempre preocupado com a filha Ginger (Matilda Firth), Blake sugere para a esposa passarem um tempo na antiga propriedade do pai, no meio de uma floresta.
E logo na chegada, Blake atropela algo na estrada, e a família sofre um grave acidente com a caminhonete. Um ser começa a perseguir os três, que se refugiam na antiga cabana onde ele passou a sua infância. E aos poucos, o escritor começa a passar mal – ele foi arranhado pela criatura que os cercou, e vai se transformando num monstro, para desespero da mulher e da filha.
“Lobisomem” apresenta personagens cujas atitudes são geralmente estúpidas. Além do que os roteiristas esqueceram completamente a mitologia da criatura noturna, pois em nenhum momento as fases da lua interferem na transformação de um humano para um lobo. E não bastasse, a mutação parece ser eterna, e não apenas temporária, com o amaldiçoado voltando à condição humana depois de algumas horas. E o monstro não era morto somente com uma bala de prata?
Apesar destas mudanças na mitologia que conhecemos, o filme dá bons sustos e a maquiagem é muito bem feita. Ah, 90% do filme acontece em apenas uma noite, então por vezes, não conseguimos ver nada o que acontece na tela...e isso incomoda.
Cotação: regular
Duração: 1h30
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ovhjDSeUaw8

“ANORA”

Foto: FilmNation
“ANORA”, DIREÇÃO DE SEAN BAKER, PODE SER CONSIDERADO UMA comédia romântica de final infeliz? No longa-metragem vemos a jovem Anora (a linda Mikey Madison, de Era Uma Vez em Hollywood), que trabalha como prostituta no Brooklyn, em Nova Iorque.
Descendente de russos, certa noite recebe a incumbência de atender um jovem milionário russo, pois conhece o idioma. E acaba tendo uma grande química com Ivan (Mark Eidelshtein), que passa a procurá-la com frequência. Então, decidem casar em Las Vegas, com Ivan pensando também em não retornar para a Rússia. Ele é o típico garoto mimado, que só pensa em aproveitar a vida, usufruindo da fortuna dos pais.
E ela acreditando ter tirado a sorte grande, podendo deixar sua pequena casa, que fica bem em frente a linha do trem, e o emprego na boate – ele tem 21 anos e Anora, que gosta de ser chamada Ani, 23 anos.
Porém, logo a notícia do casamento dos dois chega ao conhecimento dos pais do garoto. E eles, enquanto embarcam para Nova Iorque, exigem que seus capangas na América procurem o casal, para que eles anulem o matrimônio. Aí que a confusão começa, pois Ivan e Anora não querem se separar. Porém, o jovem foge, deixando a garota sozinha, sofrendo forte pressão dos capangas russos, mas resistindo o quanto pode.
A trama, porém, aos poucos vai perdendo fôlego, com uma cansativa parte onde Anora e os capangas vagam pela noite de Nova Iorque atrás do garoto. Aliás, os personagens russos são mostrados estereotipados, violentos, sem o mínimo respeito pelas leis americanas – em determinado momento, vandalizam uma sorveteria e fica por isso mesmo, ninguém chama a polícia, nem nada.
Cotação: Regular
Duração: 2h19
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=HBsM5-G-Wco

“O SOL DE INVERNO” (Boku No Ohisama)

Foto: Michiko Filmes
“O SOL DE INVERNO” (BOKU NO OHISAMA), DIREÇÃO do japonês Hiroshi Okuyama, mostra uma trama sensível, falando sobre descobertas e amizade, que acabam sendo afetados pelo preconceito.
A história se passa em uma ilha japonesa, onde a vida gira em torno da mudança das estações. No verão, os garotos jogam beisebol e no inverno é a época do hóquei no gelo. Porém, o garoto Takuya (Keitatsu Koshiyama), de apenas 9 anos, que não consegue sentir atração por estes esportes.
Ele mostra interesse na patinação artística e admira a menina Sakura (Kiara Nakanishi), estrela em ascensão com os patins. A atração de Takuya pela prática na patinação não passa despercebida por Arakawa (Sôsuke Ikematsu), professor e ex-campeão no esporte, que decide treiná-lo como parceiro da sua aluna prodígio, Sakura, para a disputa de uma competição.
Aos poucos, as duas crianças começam a formar um forte vínculo esportivo e de amizade, mesmo que por vezes a menina sinta certo desconforto em relação a Takuya, que não paga as aulas de patinação. Mas ela tem o objetivo de seguir a carreira profissional e aceita o companheiro.
Porém, em determinado momento, tudo vai por água abaixo, quando Sakura descobre que Arakawa é gay. A garota mostra um preconceito muito forte e chega a dizer ao professor que a relação dele com Takuya é “nojenta”, pois acredita que o mestre privilegie o garoto, e abandona as aulas e faltando ao torneio que eles treinaram quase todo o inverno para participar.
O final é melancólico, pois é triste ver tanto ódio e preconceito em uma garotinha. O professor também não se defende, não fala nada, apenas aceita o destino. O sol de inverno chegou forte e derreteu a neve...
Cotação: ótimo
Duração: 1h30
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=XoUO7cJvYvQ

quarta-feira, janeiro 08, 2025

CHICO BENTO E A GOIABEIRA MARAVIÓSA

Fotos: Paris Filmes
CRESCI LENDO AS REVISTAS EM QUADRINHOS DA TURMA DA MÔNICA, entre outras, nos anos 1970. Quando saiu a primeira fornada em live-action dos personagens criados por Mauricio de Sousa, “Turma da Mônica: Laços”, em 2019, curti muito, principalmente a similaridade dos atores com Monica, Cebolinha, Cascão e Magali.
E “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”, dirigido por Fernando Fraiha, produtor de “Laços” e “Turma da Mônica: Lições”, também não decepciona. Pelo contrário, deixa tanto adultos quanto crianças encantados. O caipirinha mais amado do Brasil é interpretado com muito carisma por Isaac Amendoim, além de ter o sotaque característico do interior do país, que é a marca registrada de Chico. O influenciador mineiro de 10 anos foi escolhido pessoalmente por Mauricio de Sousa.
A trama mostra a paixão de Chico Bento pelas goiabas que rouba da goiabeira do vizinho resmungão Nhô Lau (Luis Lobianco, conhecido pelas esquetes do Porta dos Fundos). Só que o menino entra em desespero quando descobre que a árvore será derrubada, pois o coronel Dotô Agripino (Augusto Madeira) e seu filho, o mimado Genesinho (Enzo Enrique) vão comprar a propriedade, pois pretendem construir uma estrada bem no local, alegando estarem pensando na prosperidade da Vila da Abobrinha.
Então Chico convoca a sua turma, formada por sua grande paixão Rosinha (Anna Julia Dias), Zé Lelé (Pedro Dantas), Tábata (Lorena de Oliveira), Hiro (Davi Okabe) e Zé da Roça (Guilherme Tavares) para proteger a famosa goiabeira, transformando o filme numa grande luta ecológica pela preservação ambiental. Ah, destacando ainda que Débora Falabella está a cara da professora Marocas – talvez a melhor caracterização do longa-metragem.
“Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”, além de ser um filme divertido, é de grande valor principalmente para a criançada, que podem descobrir o mundo mágico dos quadrinhos através do filme. E lembrar aos adultos aqueles tempos mágicos em que íamos à banca de revistas comprar os HQs...bah, que tempo bom.
Cotação: excelente
Duração: 1h30
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=7M0fKoXuQxc

“BABYGIRL”

Foto: Diamond Films
“BABYGIRL”, DIRIGIDO PELA HOLANDESA HALINA REIJN, discute sobre o poder, e de como ele pode ser afetado quando o sexo surge no meio. A trama não é novidade, e até lembrei do filme de 1994, “Assédio Sexual”, com Demi Moore dando em cima do Michael Douglas.
Em “Babygirl”, a executiva de uma poderosa empresa, Romy (Nicole Kidman) é casada com o diretor de teatro Jacob (Antonio Banderas), mas sua vida sexual não é das melhores. E logo, ela começa a trocar olhares e encontrões com um dos novos estagiários de sua empresa, o jovem bonitão Samuel (Harris Dickinson). Depois de um começo onde a CEO tenta evitar o inevitável, logo os dois estão se pegando pelos corredores do prédio e em quartos de hotel, onde Samuel até consegue um certo controle pela mulher mais velha – a cena em que Samuel faz Romy se ajoelhar sobre seus pés é forte, e até pode ser considerada extremamente machista.
Porém, o romance ameaça acabar com tudo aquilo construído por Romy em mais de duas décadas, além de arruinar o seu casamento.
Nicole Kidman está muito bem em seu papel, porém Dickinson passa o tempo todo com um ar “blasé” – ninguém consegue acreditar que aquele rapaz com cara de panaca conseguiria conquistar um mulherão como Romy. Enfim, não rolou química entre eles, e isso é fatal.
"Para essa história, me perguntei: somos animais ou somos civilizados? Conseguimos fazer as pazes com o animal que habita em nós? É possível que diferentes partes de nós mesmos coexistam e, por sua vez, é possível nos amar por inteiro, sem nenhuma vergonha?", disse a diretora Halina Reijn.
Nicole Kidman, por sua vez, disse:“Já fiz vários filmes sexuais, mas este é diferente”, contou. “Quando você está trabalhando com uma mulher sobre esse tipo de assunto, você pode compartilhar tudo uma com a outra. De um jeito estranho, [Halina e eu] nos tornamos uma só, algo que eu nunca tinha passado com nenhum diretor antes”, completou.
Cotação: regular
Duração: 1h48
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=LBUHGOAUC8I

quarta-feira, janeiro 01, 2025

“ENCONTRO COM O DITADOR” (Rendez-Vous Avec Pol Pot)

Foto: Pandora Filmes
“ENCONTRO COM O DITADOR” (Rendez-Vous Avec Pol Pot), direção do cineasta cambojano Rithy Panh, e com roteiro de Pierre Erwan Guillaume e Rithy Panh, baseado no livro “When The War Was Over” de Elizabeth Becker, ocorre durante o cruel governo de Pol Pot no Camboja, em meado dos anos 1970.
Um dos meus filmes preferidos da vida é “Gritos do Silêncio – The Killing Fields”, dirigido por Roland Joffé em 1984, que mostra o começo do governo comunista, conhecido como Khmer Vermelho, de Pol Pot no Camboja e a consequência sobre o povo do país, vizinho do Vietnã. Há alguns anos, mais exatamente em 2017, Angelina Jolie dirigiu “Primeiro, Mataram o Meu Pai”, que também retrata aquele período trágico no país asiático. A ditadura durou entre 1975 e 1979, com a morte de mais de 2 milhões de cidadãos cambojanos.
Em “Encontro com o Ditador”, três jornalistas franceses, Lise Delbo (Irène Jacob), Paul Thomas (Cyril Guei) e Alain Cariou (Grégoire Colin), aceitam, em 1977, o convite do governo do Khmer Vermelho para visitar o país e entrevistar o líder Pol Pot. Eles acreditam na revolução comandada pelo comunista. Mas ao chegar no Camboja, começam a observar os estragos feitos pelo governo em tão pouco tempo.
O país está economicamente devastado e quase dois milhões de cambojanos morreram, a maioria assassinados – os comunistas tinham a política do ano zero, ou seja, começar tudo do nada. Assim, as populações das grandes cidades foram transferidas para os campos, e qualquer um que tivesse ligação com o estrangeiro, ou usasse óculos, ou soubesse ler, era fuzilado - num genocídio que permanecia desconhecido do resto do mundo.
Aos poucos, os três começam a tomar conta da realidade – em determinado momento são levados a um acampamento, onde tentam entrevistar os moradores...um deles acaba dando um depoimento forçado, mas mesmo assim, momentos depois é morto. Afinal, o regime procura culpados, realizando um genocídio em grande escala.
O filme mergulha, assim, de forma crua nas profundezas da tragédia cambojana e mostra um retrato perturbador dos horrores vividos pela população cambojana naquele período trágico e não tão distante no tempo assim – serão apenas 50 anos do começo do pesadelo em 2025.
Cotação: excelente
Duração: 1h52min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=q3Y-BPDoXEY

“NOSFERATU”

Foto: Universal
TODO MUNDO SABE QUE “NOSFERATU” é a versão não-autorizada de Drácula, lançada em 1922 por F.W. Murnau, depois de não conseguir os direitos da obra de Bram Stocker. Porém, a história é praticamente a mesma, alterando apenas os nomes dos personagens – afinal, Conde Drácula virou Conde Orloff...Em 1979, a refilmagem, agora colorizada, com “Nosferatu: O Vampiro da Noite, de Werner Herzog. Duas grandes obras.
Então por que mexer no que estava ótimo? Para Hollywood nunca é suficiente, então Robert Eggers, diretor de “A Bruxa” e “O Homem do Norte”, e que já havia dirigido duas versões teatrais de “Nosferatu”, resolveu trazer de volta a história do clássico de F.W. Murnau para os cinemas.
“Nosferatu” é um conto gótico sobre a obsessão de um vampiro romeno, Conde Orlok (Bill Skarsgård), por uma mulher, Ellen (Lily-Rose Depp), sósia de uma antiga paixão sua, e esposa de Thomas Hutter (Nicholas Hoult), o advogado contratado para realizar o contrato de sua nova residência na Alemanha – no original Drácula, o conde se muda para Londres.
Ellen é frequentemente perturbada por pesadelos que se conectam com o nobre que Thomas encontrará e que vive sozinho num castelo em ruínas nos Cárpatos. Então não preciso repetir aqui a trama, mas o conde aprisiona Thomas e parte em busca da mulher desejada, e depois o jovem tentará retornar e salvar a amada.
Desnecessário.
Cotação: regular
Duração: 2h12min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=moIrYMjS0nI

“CRÔNICA DE UMA RELAÇÃO PASSAGEIRA” (Chronique d'une liaison passagère)

Foto: Mares Filmes
“CRÔNICA DE UMA RELAÇÃO PASSAGEIRA” (Chronique d'une liaison passagère), direção de Emmanuel Mouret, tem uma pegada bem Woody Allen. A trama passada na bela e romântica Paris, mostra o relacionamento extraconjugal entre a mãe e solteira Charlotte (Sandrine Kiberlain) e o casado Simon (Vicenti Macaigne), cuja mulher está esperando um bebê, que se conhecem em uma festa.
Os dois se reencontram em um bar e viram amantes – os dias em que se encontram são mostrados na tela, geralmente uma vez por semana. Ambos garantem que aquele relacionamento não interfere em suas vidas, sendo apenas sexo.
Porém, aos poucos, as coisas começam a se complicar, quando sentimentos vão aparecendo na relação. Simon é mais tímido e retraído e em determinado momento se sente incomodado quando Charlotte aparece de surpresa em seu trabalho. Ela se sente rejeitada e pensa em terminar tudo, mas acaba voltando atrás. Ambos até experimentam um ménage a trois para apimentar mais o relacionamento.
A culpa em nenhum momento é vista pelo casal, principalmente com Simon, que tem uma família, mas não se sente incomodado em mentir para a esposa, a fim de ver a amante. Seu personagem, por vezes, incomoda por sua lerdeza.
O filme tem muito de Woody Allen, principalmente nas conversas entre o casal, os passeios contemplativos por Paris.
Cotação: bom
Duração: 1h41min
Trailer: https://youtu.be/dVZIRuM-AwQ

“DROP – AMEAÇA ANÔNIMA” (Drop)

Foto: Universal Pictures “DROP – AMEAÇA ANÔNIMA” (Drop), do diretor Christopher Landon, é daqueles filmes que entram na categoria de “como ...