Foto: Metro Goldwyn Meyer
“Novembro” (Noviembre), com roteiro e direção de Tomás Corredor, retrata um dos momentos mais trágicos dos anos 1980, na Colômbia, que vivia conturbada, fosse pelo narcotráfico ou pelas guerrilhas.
Em 6 de novembro de 1985, o grupo guerrilheiro M-19 invadiu o Palácio da Justiça, em Bogotá, e manteve vários juízes e civis como reféns. O objetivo era a realização de um julgamento contra o então presidente do país, Belisario Betancour. O grupo guerrilheiro se autodenominou "Companhia Iván Marino Ospina" em homenagem a um comandante do M-19 morto pelos militares colombianos em 28 de agosto daquele ano.
O filme recria, então, as 27 horas que os guerrilheiros e seus reféns ficaram acuados dentro do prédio, em um banheiro, enquanto o exército atacava impiedosamente o local, com bombas, granadas, tiros de metralhadoras e até ateando fogo no palácio.
No final, 98 pessoas morreram durante o ataque dos militares ao palácio. Os mortos foram reféns, entre eles doze magistrados, soldados e guerrilheiros, incluindo seu líder, Andrés Almarales, e quatro outros comandantes do M-19. Após a operação, outro juiz da Suprema Corte morreu em um hospital após sofrer um ataque cardíaco. Houve ainda desaparecidos durante a ação.
“Novembro” consegue captar em pouco mais de uma hora toda a tensão daquelas horas terríveis, onde ninguém queria morrer. As cenas no banheiro – único cenário do filme – são assustadoras. A produção utilizou ainda imagens reais da época, com o exército cercando o Palácio de Justiça, e desferindo seu ataque brutal, onde não poupou ninguém.
“Novembro é um filme nascido da necessidade de revisitar um momento-chave da nossa história recente, mas a partir de outra perspectiva. A obra não busca reconstruir os fatos, mas sim explorar o que não foi visto: o íntimo, o vulnerável, o humano”, explicou Thomás Corredor.
O diretor ressaltou ainda que o filme é um exercício de olhar novamente para a memória coletiva e suas lacunas, de olhar para a perda - de vidas, de certezas, de sentido: “O cinema nem sempre traz respostas, mas carrega algo ainda mais poderoso: a possibilidade de olhar de novo. Novembro é exatamente isso: uma reflexão sobre o que acontece conosco quando tudo se rompe. Não há heróis ou vilões, apenas pessoas diante de uma realidade que as esmaga. E essa realidade não faz parte apenas do passado. Pode acontecer de novo. Em qualquer país. A qualquer momento”.
Cotação: ótimo
Duração: 1h11
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=9OLDUneMyeU
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