quarta-feira, abril 20, 2016
“A Segunda Esposa” (Kuma)
A exemplo do espetacular “Cinco Graças” (Mustang), o cinema turco mostra como a religião, pode ser nociva, principalmente para as mulheres, vivendo numa sociedade regida por costumes muçulmanos, totalmente retrógrados.
No caso de “A Segunda Esposa” (Kuma), direção de Umut Dag, é mostrado o drama da jovem Ayse (Begüm Akkaya). O filme começa com seu casamento no interior da Turquia com o jovem Hasan, que vive como imigrante na austríaca Viena. Após o enlace, eles irão viver na cidade europeia. Mas não acontece o que ela imaginava, pois ao chegar à Áustria, a garota descobre que na realidade ela será a segunda esposa de Mustafá, o pai de Hassan, e que já tem outros filhos, que a recebem com desconfiança, até mesmo antipatia e desprezo.
Mustafá já é casado com Fatma (Nihal Koldas), que está com câncer, aparentemente não tendo muito tempo de vida. Ou seja, Ayse foi levada para Viena para ser preparada para cuidar dos filhos do casal. E não tendo voz ativa na casa. Ela é humilhada, xingada, e tendo de cumprir com as obrigações de esposa com Mustafá, quase 40 anos mais velho do que ela.
O filme quase todo se passa no apertado apartamento da família turca em Viena, com seus corredores estreitos e paredes finas, onde parece que todos cuidam da vida um do outro, não havendo espaço para individualidades. O diretor, que é austríaco filho de curdos, dispensa os conflitos dos imigrantes na xenófoba Europa, se preocupando mais em mostrar o atraso da cultura muçulmana, que põe a mulher como um ser secundário, coadjuvante, obrigada sempre a andar com lenços tapando os cabelos, mesmo vivendo em uma cidade cosmopolita.
Duração: 1h33
Cotação: ótimo
Chico Izidro
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