domingo, maio 28, 2006
Caché - Poderia ser melhor
Caché em francês significa escondido. E escondida ficou a trama do austríaco Michael Haneke. A premissa é para lá de interessante. Uma família francesa, formada pela excepcional dupla de atores Daniel Auteuil e Juliete Binoche começa a receber fitas onde são mostrados fato de seu cotidiano. Pavor. Um belo drama psicológico é para o que se encaminha. Aos poucos, Auteuil começa a juntar os cacos da 'brincadeira" e suspeitar de quem seria o autor das fitas, que aterrorizam sua família e começa a desintegrá-la: um garoto que seria adotado por sua família no começo dos anos 1960, um órfão pied-noir (pés-negros, como eram conhecidos os imigrantes argelinos na França. Só que ele, aos seis anos, impediu a adoção por puro egoismo e um certo pavor do desconhecido.
O tema dos pied-noir é até atual demais, pois a França vive hoje em convulsão por causa do problema dos filhos dos imigrantes, que vivem a situação do desemprego e a incerteza do futuro.
O problema é que o filme lembra o pior de Godard. Ou seja, quase nada acontece. O filme vai de lugar nenhum para nenhum lugar. Nada se explica e sobra uma cena para chocar, quando um dos personagens principais da trama comete suicídio. É isso o que fica na memória do telespectador, depois de tanta expectativa e de o filme ter conquistado vários prêmios importantes na Europa. Devo estar ficando com o coração endurecido.
Um crime ferpecto
Um Crime Ferpecto
O trocadilho não é gratuito. O diretor trash Alex de la Iglesias (O dia da Besta) brinca com o título do clássico de Alfred Hitchcock - Disque M para Matar, que em espanhol ganhou o nome de Crime Perfeito (não perca a cena em que é explicado o trocadilho). A comédia se passa dentro de um shopping center de Madrid, onde o vendedor e galã Rafael González (Guillermo Toledo) almeja a gerência do setor de roupas femininas. Mas tem como rival o feio e careca Don Antonio (Luis Varela). Acidentalmente, Don Antonio acaba morrendo após uma briga com Rafael. Ninguém vê a cena, a não ser a feia e carente Lourdes (Mônica Cervera), que passa a chantagear sexualmente Rafael. A única saída do anti-herói de se livrar do tormento em que se tornou sua vida é se livrar da mulher. Mas nada dá certo e ele ainda é assombrado pelo fantasma de Don Antonio. O filme tem altos e baixos, mais altos e em algumas partes lembra o colorido dos filmes de Almodóvar na sua fase Mulheres à beira de um ataque de nervos. Pena que o final deixe um pouco a desejar. Mas dá para rir um pouco.
X-MEN III - O Confronto Final
Cinema Pipoca. Tá, é o óbvio. Podem baixar a lenha. Mas não achei nada demais na terceira e anunciada final da cinesérie milionária da gama de heróis mutantes. Desta vez, o governo consegue uma vacina para acabar com os mutantes - que continuam divididos. Os maus, liderados por Magneto, e os bons pelo Professor Xavier. Muita explosão, efeitos especiais, correrias. O que se salva? A beleza estonteante de Halle Berry como Tempestade, a beleza juvenil de Anna Paquin como Vampira e Hugh Jackman, definitivamente o Wolverine e que vai ganhar filme-solo. No mais, uma chatice. A gente fica torcendo para que as duas horas do filme passem logo. Nada de novo. Nada de inovador. Mesmo para um fã de quadrinhos como eu. Ah, detalhe, note como ficou o ex-jogador de futebol Vinnie Jones (Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes). O cara tomou tanta bomba para interpretar o maldoso Fanático, que ficou irreconhecível. Pelo menos uma das coisas divertidas do filme. Que tão logo você sai da sala de cinema já esqueceu. Direção de Brett Rattner.
No So Vos, So Yo (Não é Você, Sou Eu)
Se no futebol somos penta, com sonhos de chegar ao hexa, no cinema os argentinos continuam nos dando um banho de bola ou de tela. Eternamente românticos em quase tudo o que fazem, no melâncólico Não Sou Eu, É você, de Juan Taratuto, o sofrimento de um médico ao ser abandonado pela mulher dias após o casamento. O cara passa pelas piores agruras e quem não passou? Entra em depressão, enche o saco dos amigos, tenta reconquistar a mulher amada, que se mandou para Miami, freqüenta o psiquiatra, compra um cachorro para espantar a solidão, volta para a casa dos pais. Até tentar recomeçar de novo. Quem já passou por isso vai se identificar muito. Hilária a cena em que Javier (Diego Peretti) se prepara para uma cirurgia e esquece que o paciente não foi anestesiado.
16 Quadras
Um envelhecido Bruce Willis (Jack Mosley, oh nomezinho sem originalidade do personagem), policial alcóolatra e desiludido, recebe a função de levar uma testemunha-chave para o Tribunal....que fica a apenas 16 quadras do distrito policial. E ele tem 90 minutos para chegar lá - exatamente o tempo do filme...O que Mosley não sabe é que em seu caminho vão surgir policiais corruptos que não desejam que a testemunha, o rapper Mos Def, chegue no local. Nada de novo. Nem a voz chata do tal rapper, que desconheço qualquer música. Nem a cara desanimada de Willis, que trabalhou em 16 quadras por uns trocados a mais. Tem coisa mais sem originalidade do que policiais caçando outro policial e uma testemunha nas movimentadas ruas de Nova Ioque. Com certeza, tem. Mas estes 90 minutos são chatos de doer e com um final mais improvável ainda.
segunda-feira, maio 08, 2006
Uma Mulher Contra Hilter
Uma MUlher contra Hitler (Sophie Scholl - Die Letzten Tage, de Marc Rothemund, Alemanha, 2005, 117min) não é um filme fácil de se ver. Se você gosta de correria, pancadaria, adrenalina, nem chegue perto. Se você gosta de um drama mais denso, com um certo suspense - mesmo sabendo que a heroína vai morrer no final- , vá logo assistir esta produção alemã que retrata os quatro últimso dias da vida de Sophie Magdalena Scholl, uma das integrantes do Movimento Rosa Branca. Era um grupo de jovens alemães espalhados pelo país, mas com sede em Munique, que durante a Segunda Guerra Mundial distribuia panfletos apócrifos tentando alertar das atrocidades cometidas pelos nazistas Europa à fora. Ela e o irmão acabam sendo presos na manhã de 19 de fevereiro de 1943 no Campus da Universidade de Munique, na Bavária, e são enviados para a sede da Gestapo (a polícia secreta, um tipo de DOI-CODI da época da ditadura brasileira). Ali serão torturados psicologicamente pelos nazistas.
Porém Sophie (em bela atuação de Julia Jentsch) se nega a dedurar os parceiros, sendo condenado à morte pela guilhotinha. É quase teatro, com as cenas se passando em interiores, num clima quase claustofóbico. Porém mostra que nem todos os alemães foram favoráveis ao fanatismo de Hitler. Imperdível. **** (quatro estrelas)
sexta-feira, maio 05, 2006
A Missão de Missão Impossível 3: Entreter e isso acontece!
Adrenalina pura. Com uma pitadinha de romance. É Missão Impossível 3, do diretor J.J. Abrams (das séries televisivas Lost, Alias e Felicity) e com um endoidecido Tom Cruise, que dispensou o dublê na maioria das cenas, muitas completamente inverossíveis. Na terceira aventura da série, Ethan Hunt (Cruise) pretende levar uma vida normal ao lado da namorada, Julia, (Michelle Monaghan, de Terra Vazia), que não sabe sobre a verdadeira profissão de seu amado, a de agente secreto. E ele é convocado para mais uma missão, que não vai dar muito certo e trará problemas para sua vida normal. Aí começam duas horas de muita correria e explosões pelas ruas de Napoles (se passando pelo Vaticano), Berlim, Xangai e por aí vai.
O filme já começa pegando o espectador de sobreaviso. Pois o seu início é quase o final da trama, com Hunt e Julia sendo torturados pelo vilão Owen Davian (Philip Seymou Hoffman, de Capote). "Você tem 10 segundos para contar onde está o Pé de Coelho, caso contrário vou matá-la", ameaça Davian, que logo em seguida puxa o gatilho. O que acontece? Bem, volta para o começo, como num flash-back na cabeça do herói de MI:3.
E nesta trama, sobrou correria e faltou alguns detalhes: para que afinal serve o Pé de Coelho? Como Hunt salta de um arranha-céus e não se esborracha no asfalto lá embaixo? Por que o vilão tem uma das mortes mais ridículas dos últimos tempos (bem, assista para conferir)? E os colegas de Hunt são sub-aproveitados na trama, que se alguém puxar pela memória vai recordar que ela tem muito de True Lies, com Arnold Shwarzenegger e Jamie Lee Curtis (o marido é espião e a esposa não sabe, tem perseguição e explosões numa ponte, a mocinha, ingênua, de repente se transforma numa verdadeira expert em tiros...bem, True Lies não se levava a sério). Mas também não podemos levar Missão Impossível 3 para discussões filosóficas. É apenas um filme para divertir, fazer a gente pular da poltrona e saber que o mocinho vai salvar a mocinha e o vilão se dará mal. Aliás, Seymour Hoffman tinha tudo para ser um dos melhore vilões dos últimos tempos, mas algo escapou e o personagem ficou no meio do caminho - literalmente.
Se você é fã de carteirinha das séries televisivas, preste atenção na espiã que é tortudada pelos asseclas de Davian no começo do filme, Lindsey. Simplesmente ela é Kery Russell, a inesquecível Felicity (alguém aí se recorda daquela série da universitária que ia atrás de um amor platônico em Nova Iorque?). É, ela cresceu e bem.
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“QUEER”
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