sexta-feira, abril 26, 2019

"Vingadores: Ultimato" (Avengers: Endgame)




É difícil escrever sobre este filme de super-heróis, pois tem de haver o cuidado em evitar spoilers. "Vingadores: Ultimato" (Avengers: Endgame), comandado novamente pelos irmãos Joe Russo e Anthony Russo (de "Soldado Invernal", "Guerra Civil" e "Guerra Infinita"), encerra uma saga de mais de 20 filmes da Marvel, e explica os eventos ocorridos em "Vingadores: Guerra Infinita", onde metade da população mundial e centenas de heróis acabaram morrendo por obra do vilão Thanos (Josh Brolin).

Agora, os vingadores sobreviventes, entre eles Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) e Viúva Negra (Scarlett Johanson) tentam trazer os amigos de volta à vida. Para tanto, tem de ir atrás de Thanos e também recorrer a um estratagema de ficção científica (mas a história dos heróis já é FC) para obter resultados: ou seja, eles devem voltar no tempo. Então a trama vai de 2019 para 2011, 2014 e até mesmo 1970, quando Tony Stark tem a oportunidade de reencontrar o seu pai, Howard (John Slattery, de Mad Men) em uma instalação militar. Mais não posso falar.

O filme não deixa de ser um bom encerramento para a história toda. Mesmo que em sua parte final, em um longa de 3 horas de duração!, ocorra a tradicional batalha entre vilões e mocinhos, onde estes apanham muito, mas muito mesmo - porém de repente acabam ganhando um reforço especial. E o encerramento me lembrou da parte derradeira de "O Senhor dos Anéis", onde nada simplesmente acontece, com os personagens quase entrando em sono profundo. Interminável e cansativo.

Porém o pior de tudo é aguentar o esterismo da plateia, que age como estivesse nos antigos coliseus romanos ou estádios de futebol. Gritam, urram, batem palmas, sapateiam...gente, vergonha alheia.

Duração: 3h01
Cotação: bom

Chico Izidro

segunda-feira, abril 22, 2019

"O Anjo" (El Angel)




Carlos Robledo Puch foi um serial killer que tocou o terror na Buenos Aires no início da década de 1970. Cometeu aos 19 anos, 12 homicídios, 17 assaltos a mão armada e 2 estupros. Ainda está vivo, aos 67 anos, cumpre pena de prisão perpétua já há 40 anos. Seu sonho era que Leonardo DiCaprio o interpretasse nas telas e que Quentin Tarantino dirigisse o filme.

Mas coube ao novato Lorenzo Ferro viver o criminoso nas telas, em "O Anjo" (El Angel), dirigido por Luis Ortega. A trama foi baseada no livro “O Anjo Negro”, de Rodolfo Palácios, que remete ao apelido dado pela imprensa a Puch à época de quando foi capturado - a pouca idade e a beleza do assassinato surpreendeu a todos, numa Argentina que vivia uma ditadura militar comandada por Alejandro Agustín Lanusse, e é pontuada por vários clássicos roqueiros do período, como a canção “El Extraño Del Pelo Largo”, da banda La Joven Guardia.

Puch era um rapaz de classe média, podendo ter tudo o que queria. Mas apenas os roubos o satisfaziam. E seu impulso assassino veio à tona quando se envolveu com Jorge Ibáñez, que no filme foi rebatizado de Ramón, é é vivido por Chino Darín, filho do astro Ricardo Darín. Os dois se conhecem na escola, e logo passam a praticar crimes e assasinatos. Ibáñez morreu num acidente de automóvel em agosto de 1971, e no longa a morte é jogada para Puch.

Que depois se uniu a Héctor Somoza, com quem cometeu mais dois homicídios. Em 1972, depois do assassinato de um funcionário de uma loja de ferragens, Robledo Puch matou Somoza com um tiro e ateou fogo no corpo para dificultar a identificação do cadáver. Mas a polícia encontrou em meio às roupas de Somoza a carteira de identidade do Anjo da Morte e o prendeu.

O filme relembra com extremo cuidado aquela época, com registro impecável de figurinos. E atuações seguras do novato Ferro, de Darín - que chegam a ensaiar quase um romance homossexual, que nunca se concretiza. Mas por vezes os personagens se olham, se aproximam e em uma sequência chegam a dançar entrelaçados. Um filmaço de nossos hermanos. Imperdível.

Duração: 2h06
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"O Gênio e o Louco" (The Professor And The Madman)




"O Gênio e o Louco" (The Professor And The Madman), direção de Farhad Safinia (Apocalypto), é baseado em fatos verídicos relatados no livro de Simon Winchester, e mostra como surgiu um dos projetos mais ambiciosos e complexos da história: o Dicionário Oxford, na segunda metade do Século XIX, na Inglaterra. E foca em dois personagens centrais para a produção da obra, o médico William Chester Minor, e o professor James Murray.

Os dois ganham interpretação poderosa e apaixonada dos ícones Sean Penn e Mel Gibson, respectivamente. Minor serviu na Guerra Civil Americana e sofria de esquizofrenia, doença à época ainda não diagnosticada. Em Londres, ele mata um pai de família, que em seus surtos, achava o estar perseguindo e acaba condenado, sendo internado no Hospício para Lunáticos Criminosos de Broadmoor.

Ao mesmo tempo, o escocês James Murray conquista junto a acadêmicos o direito de formular o dicionário mais completo da época: o dicionário da língua inglesa de Oxford. Para isso, ele terá que reunir todas as palavras – até mesmo as que já não são usadas há décadas – e seus significados, num único livro. Tarefa que poderia levar décadas. Mas de acordo com Murray, pode ser completada em até uma década, desde que ele tenha ajuda. E então começa a montar uma equipe de colaboradores.

A confusão aparece quando Murray aceita a ajuda de Minor, pois é um assassino confesso e cumprindo pena, mesmo numa instituição médica. E o seu nome entre os colaboradores quase põe todo o trabalho a ruir. O filme mostra este embate e também a luta de Minor com sua doença, e com a aproximação com a viúva do homem que matou.

As interpretações de Penn e Gibson são intensas. E mostra como estes dois atores sempre foram subestimados. O primeiro sempre fez obras fortes, consistentes, mas seu estilo iconoclasta sempre o deixou em planos menores. E Gibson viveu cercado de polêmicas, mas desde sempre foi um excepcional ator. Filme 10.

Duração: 2h05
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Vidas Duplas" (Doubles Vies)




Vidas Duplas (Doubles Vies), do diretor francês Olivier Assayas, começa de forma meio morna, com uma conversa entre um editor de livros e um escritor, que apresentou sua nova obra, mas que não agrada ao primeiro. Logo a questão passa a ser este novo mundo onde vivemos, onde o papel - livros, jornais e revistas - tem sido substituído implacavelmente pela digitalização.

Mas "Vidas Duplas" é mais sobre as relações humanas. E como diz explicitamente o título, a outra vida dos personagens. Todos traem todos o tempo todo. Alain (Guillaume Canet), o editor, é casado com a atriz Selena (Juliette Binoche). Ela desconfia que ele tenha uma amante. E ele até tem.

Mas o que ela não diz é que também tem um amante, exatamente o escritor Léonard (Vincent Macaigne), que em suas obras utiliza a própria vida e seus relacionamentos para fazer sucesso e também atrair a ira dos leitores. E o autor é casado com Valérie (Nora Hamzawi), esta sim que não possui um amante. Porém é assessora de um político e passa muito tempo viajando, sem dar atenção ao marido.

Então o filme discute, de forma inteligente, esses relacionamentos escapatórios, de pessoas se aproximando da meia idade com dúvidas. Este novo mundo onde o digital se sobressai ao analógico. A obra é qualificada como comédia, mas em seus quase 100 minutos o que menos vemos são piadas ou até mesmo rimos, pois nos enxergamos naqueles personagens perdidos.

Duração: 1h48
Cotação: ótimo

Chico Izidro

quinta-feira, abril 18, 2019

"A Maldição da Chorona" (The Curse of La Llorona)





"A Maldição da Chorona" (The Curse of La Llorona) marca a estreia na direção de Michael Chaves, pupilo e braço direito de James Wan, que comandou os outros filmes do ‘Universo Invocação do Mal’, da qual este faz parte. Apesar disso, o longa faz poucas referências aos outros filmes já lançados, como por exemplo uma rápida aparição da boneca Anabelle.

A Chorona é uma lenda do folclore mexicana muito famosa, do século XVII, onde uma bela mulher que descobre a traição do marido e acaba afogando os dois filhos, como uma forma de puni-lo. Arrependida, ela se joga no mesmo rio e passa a assombrar a vida de outras famílias com crianças para substituir seus filhos.

Então chegamos aos anos 1970, mais exatamente 1973, em Los Angeles, onde a viúva Anna (Linda Cardelini) vive com os dois filhos pré-adolescentes e trabalha como assistente social. Ao ver a situação de outra família, liderada por Patricia (Patricia Velásquez), ela manda os filhos desta para um orfanato. E as crianças eram perseguidas pela Chorona, que após matar os dois rebentos de Patricia, decide ir atrás dos de Anna.

A família, que mora em um casarão, passa então a ser assombrada e perseguida pela Chorona. Vai entrar na história a igreja católica e um ex-padre, que virou uma espécie de exorcista.

"A Maldição da Chorona” até é uma obra interessante, pois traz alguns momentos de tensão e medo. Mas irrita a burrice de certos personagens, porém que se não praticassem alguns atos falhos, não haveria filme. A aparição do fantasma da Chorona também é bem sacada, deixando o espectador ligado.

Linda Cardellini está bem em seu papel, demonstrando muito bem o pavor que cerca seus filhos. As duas crianças que interpretam seus filhos, Sam (Sierra Heurmann) e Chris (Roman Christou) se destacam também, com olhares espantados e assustados, parecendo estar vivendo aqueles momentos tensos também. Pena que o roteiro seja cercado de clichês, diminuindo o impacto da trama.

Duração: 1h34
Cotação: regular

Chico Izidro