domingo, dezembro 27, 2020

"Um Detetive em Chinatown" (Detective Chinatown 2)

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b>O começo de Um Detetive em Chinatown (Detective Chinatown 2), direção de Sicheng Chen, me lembrou o filme “Assassinato Por Morte”, de 1976, um de meus preferidos na infância, onde vários detetives são reunidos em uma mansão para desvendar um crime. Mas foi apenas uma impressão inicial. Pois nesta nova obra, detetives são reunidos no bairro chinês de Nova Iorque por um chefão local. Ele oferece uma recompensa de 5 milhões de dólares para quem descobrir o assassino do seu neto.
Então a dupla formada por Chin Fong, que chega em Nova Iorque vindo da China, a convite do seu primo Tang Ren, que já havia protagonizado um filme de 2015, parte para desvendar o crime e tentar a recompensa. Os dois são extremos. Fong é inteligente, esperto, enquanto que Ren é serelepe, mas meio burro, porém bom de briga. E claro que os dois acabam sendo acusados do crime e têm de fugir dos demais captores, em cenas de pura correria pelas ruas de Nova Iorque. E dê-lhe festival de piadas estilo “Zorra Total”, personagens caricatos, tudo sem a mínima graça nos dias de hoje – o estilo de humor utilizado serviria talvez lá nos anos 1960 e 1970. Hoje não faz o mínimo sentido.
E para piorar, nos créditos, os produtores decidiram imitar os filmes de Bollywood, com um número de dança e música com os atores do filme. Fuja. “Um Detetive em Chinatown” está disponível nas seguintes plataformas digitais NOW, Looke, Microsoft, Vivo Play, Google Play e Apple TV.
Cotação: ruim
Duração: 121min
Chico Izidro

quarta-feira, dezembro 16, 2020

“Freaky: No Corpo de Um Assassino”

Nas décadas passadas, foram lançados vários filmes onde ocorria a troca de corpos, entre eles “Vice & Versa”, com Fred Savage, de “Anos Incríveis”, “Sexta-Feira Muito Louca”, com Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan, até os nacionais, como “Se Eu Fosse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires. Todos eles tinham algo em comum, que era serem comédias escrachadas. Agora o cinema de terror dá as caras com “Freaky: No Corpo de um Assassino” (Freaky), direção de Christopher Landon, misturando adolescentes em perigo, um serial killer, e uma leve pitada de humor. O resultado acaba sendo positivo, muito graças as interpretações de seus protagonistas.
A premissa é simples: uma jovem colegial tem seu corpo trocado por o do de um assassino serial através de uma adaga mágica, que o matador havia pegado em uma casa, após eliminar todos os moradores, entre eles um colecionador de antiguidades. E ao tentar matar a jovem Millie (Kathryn Newton), Blissfield Butcher (Vince Vaughn) usa a adaga, e apenas fere a jovem. E isso resulta na troca dos corpos dos dois.
Então Millie tem apenas 24 horas para encontrar o serial killer e feri-lo com a mesma arma. O problema é que agora ela está no corpo de um homem de quase 2 metros, procurado pela polícia, com o rosto estampado em cartazes espalhados pela cidade e na TV. E Blissfield Butcher está no corpo dela, tendo todo um colégio cheio de adolescentes prontinhos para serem mortos.
A graça está em ver as atuações de Kathryn Newton, novata que consegue passar toda a maldade e sadismo em seus olhares, soltando pura perversidade. E Vince Vaughn tendo de imitar os trejeitos de uma garota assustada é outro achado do filme. “Freaky” é um ótimo filme, que usa com muita criatividade os clichês e fazendo uma excepcional ponte entre os filmes de adolescentes com filmes de terror.
Cotação: ótimo
Duração: 1h43min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 10, 2020

“Mank”

Assisti “Cidadão Kane” (1941) em VHS lá em meados dos anos 1980 e fiquei maravilhado com a obra de Orson Welles. Vi e revi inúmeras vezes. Sim, talvez seja o melhor filme de todos os tempos. Pois agora David Fincher, mestre do cinema, diretor de clássicos como “Seven”, “Clube da Luta”, “Zodiaco”, “O Curioso Caso de Benjamin Button” decidiu contar a tumultuosa história do roteirista Herman J. Mankiewicz da obra-prima icônica de Orson Welles, em “Mank”, que traz a Hollywood em seus tempos gloriosos, entre os anos 1920 e 1950, apresentando ainda o cenário político-social daquela época, sofrendo os efeitos da Grande Depressão.
“Cidadão Kane” é uma das obras mais celebradas do cinema, mas sempre foi cercada de polêmicas e dificuldades para ser feito. Ele retrata a vida do magnata da mídia sensacionalista William Randolph Hearst, que decidiu boicotar o longa. E “Mank” mostra a briga do roteirista sua luta com o autor Orson Welles pelo crédito do script da obra (os dois acabaram ganhando o Oscar pelo trabalho).
Welles era o queridinho da mídia, com apenas 24 anos, sendo era o garoto-prodígio do rádio e do teatro que havia ficado famoso ao assustar os Estados Unidos com a sua apresentação de “Guerra dos Mundos”, de H.G. Wells em 1938. Mas o filme também retrata a vida tumultuosa de Mankiewicz, vivido esplendorosamente por Gary Oldman, e que na visão de Fincher é o verdadeiro pai da matéria.
Porém o protagonista é mostrado de forma dura, quase cruel. Seu talento é reconhecido, participando da Era de Ouro de Hollywood entre 1926 e 1952, e entre outras obras, não foi creditado em outro clássico, “O Mágico de Oz”. Mank era um homem genial, mas também inconsequente, adúltero e alcóolatra – ele morreu cedo, com apenas 55 anos, vitimado pelo vício. A sua fonte para escrever o roteiro de “Cidadão Kane” era a amiga, a atriz Marion Davies, interpretada por Amanda Seyfried, amante por trinta anos de William Randolph Hearst. O encontro da atriz com Mankiewicz foi fundamental para ele escrever o roteiro.
“Mank” foi todo ele filmado em câmeras digitais e as cenas foram tratadas para parecerem película envelhecida. O som foi gravado em apenas um único canal, sim, o velho sistema mono, o mesmo foi feito para a trilha sonora. E o que pode incomodar as gerações mais novas é que o longa de Fincher é todo em preto e branco, assim como “Cidadão Kane” (a galera tem preguiça de ver filmes que não sejam coloridos e pior, que não sejam dublados). “Mank” é tecnicamente brilhante e uma ode à indústria do cinema que é Hollywood.
O filme está disponível na plataforma Netflix.
Cotação: excelente
Duração: 2h11min
Chico Izidro

domingo, novembro 29, 2020

“Trolls 2 – World Tour”

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A sequência de “Trolls” (2016) chega aos cinema em “Trolls 2 – World Tour”, direção de Walt Dohrn, é uma verdadeira viagem musical. A animação apresenta os pequenos seres, que vivem felizes, cantando em seu mundo mágico. A protagonista é a Rainha Poppi, com seu fiel escudeiro Tronco, apaixonado por ela, mas incapaz de abrir o coração para a amada. Um dia uma ameaça paira nas diversas nações dos trolls – eles são divididos em reinos conforme seu estilo musical, o pop, o funk, aqui no caso o americano e não esta porcaria que se faz no Brasil, cujos líderes são a Rainha Essence e o Rei Quincy (homenagem ao maestro Quincy Jones), o reino country, que na versão nacional virou sertanejo e o reino da música clássica.
Poppi mantém uma inocência incomum, e acredita que possa unir os vários reinos musicais. Porém, ela não sabe das intenções da Rainha Barb, que quer acabar com todos os ritmos musicais e fazer com que todos os reinos só escutem Rock pesado. Claro que para um roqueiro isso pode soar ofensivo, afinal nós que sofremos com a falta de espaço na mídia, e considerados loucos por gostarmos de um som fora do convencional. Poppi sai ao lado de Tronco para tentar evitar o fim das outras músicas.
A ideia do filme é de, no entanto, passar uma mensagem sobre diversidade e saber reconhecer as diferenças e ser mais democrático. Então “Trolls 2 – World Tour” acaba agradando tanto os pequenos, com seus bichinhos fofinhos e alegres, quanto os adultos, pois é repleto de piadas e referências musicais. A trilha sonora é um achado, e vai de “One More Time", do Daft Punk, “Rock You Like a Hurricane", do Scorpions, “Trolls Just Want to Have Fun", parodiando Cindy Lauper, “Crazy Train”, de Ozzy Osborne, o medley com “Wannabe”, das Spice Girls/“Who Let The Dogs Out”, Baha Men/Good Vibrations”, Marky Mark and the Funky Bunch /"Gangham Style", de Psy /"Party Rock Anthem" – LMFAO, e “Barracuda”, do Heart, entre outras.
Cotação: ótimo
Duração: 1h30min
Chico Izidro

segunda-feira, novembro 23, 2020

“O Caso Collini” (The Collini Case)

Baseado no romance homônimo de 2011 de Ferdinand von Schirach, “O Caso Collini” (The Collini Case), mostra como o nazismo ainda é um pesadelo para a sociedade alemã, além de criticar a velha história que os criminosos usavam como desculpa para tentar não serem responsabilizados por seus crimes: “ah, eu apenas seguia ordens”. Balela.
Com direção de Marco Kreuzpaintner, é um filme de tribunal, mostrando o jovem advogado de descendência turca Caspar Leinen (Elyas M'Barek), que recebe a incumbência de tentar defender o italiano Fabrizio Collini (Franco Nero), que vivia na Alemanha há 30 anos, e num dia matou o respeitado industrial Hans Meyer (Manfred Zapatka) em Berlim. O homem se mantém em silêncio e dificulta sua defesa, não explicando o por que de ter cometido o assassinato.
Caspar, então decide investigar o crime e o passado de vítima e réu, deparando com eventos ocorridos na II Guerra Mundial numa Itália ocupada pelas forças de Hitler. Mas ao tentar trazer isso para o julgamento, vai verificando como o regime ditatorial que vigorou na Alemanha entre 1933 e 1945 ainda assombrava – o filme se passa entre 2001 e 2002, quando as pessoas que nasceram nos anos 1930 se encontravam com cerca de sessenta anos.
E não bastasse isso, Caspar, filho de imigrantes pobres turcos, pode estudar e se formar pois foi praticamente adotado pelo industrial assassinado, a quem agora ele tem de defender o criminoso. E isso pesa e muito. A sua ex-namorada, neta de Hans Meyer, chega a jogar na sua cara, de forma racista, quando ele faz conexão entre os nazistas e o padrinho: “não fosse por ele você estaria hoje vendendo kebab no meio da rua”...
É um filme forte, pesado, e que deixa bem claro como aquele regime vil marcou e marca diversas gerações de uma sociedade que quase sempre primou pela cultura e sabedoria, mas que viveu 12 anos nas sombras.
Cotação: ótimo
Duração: 123 min
Chico Izidro

“Samy e Eu”

Com quase 20 anos de atraso chega ao Brasil a comédia argentina “Samy e Eu” (Un Tipo Corriente, de 2002), direção de Eduardo Milewicz, com protagonismo de Rocardo Darín, que ainda não era conhecido e febre por aqui. Filme claramente baseado nas obras de Woody Allen, traz o roteirista de TV e que sonha em ser escritor Samy (Darín). Aos 40 anos, ele escreve o programa de TV para um comediante em Buenos Aires, tem uma namorada, Laura (Christina Banegas), que praticamente o ignora e todos os anos tenta escrever um romance, mas não consegue.
Certo dia decide largar tudo para tentar virar o escritor que tanto deseja, mas ninguém o leva a sério. Além de tudo, Samy é um sujeito tímido, desajeitado e sem traquejo social – puro Woody Allen. Até que conhece, por engano uma jovem colombiana, Laura (a bela Christina Banegas), que sonha em trabalhar na TV. E se mostra uma entusiasta do trabalho e do jeito de ser de Samy, e faz com que a direção da emissora aposte em fazer um programa solo dele. Que o faz a contragosto, mas acaba virando um sucesso.
Porém Samy nunca consegue aceitar o sucesso, se sentindo sempre incômodo. E dê-lhe piadas de situação, num mundo muito woodyalleano – muitas das situações remetem direto ao clássico “Hannah e Suas Irmãs”, de 1986. E isto não é um demérito, pelo contrário. As piadas funcionam e o papel de Darín estranha um pouco, pois nos acostumamos a vê-lo interpretando homens fortes e sedutores. E aqui ele beira o patético. Mas a química com Cepeda é fenomenal.
Cotação: bom
Duração: 85 min
Chico Izidro

“Possessão: O Último Estágio” (The Assent)

Filmes de exorcismo são recorrentes no cinema, desde o fenomenal “O Exorcista”, passando por “O Exorcismo de Emily Rose” e “A Invocação do Mal”. Porém se a produção errar e é o mais comum disso acontecer, o filme vira um pastiche, não provocando medo e, muitas vezes, sendo apenas uma cópia mal-feita dos citados acima. E é o que acontece com “Possessão: O Último Estágio” (The Assent), escrito e dirigido por Pearry Reginald Teo.
A trama mostra o traumatizado Joel Clarke (Robert Kazinsky), que ficou viúvo e cria o filho pequeno Mason (Caden Dragomer), sob a supervisão da assistência social, pois não consegue um trabalho fixo, trabalhando como mecânico e sonhando em viver de sus obras de arte que cria nas horas vagas. O garoto passa a maior parte do tempo sob os cuidados de uma babá, que se prepara para abandoná-los, pois irá para a faculdade.
E não bastasse as situações financeira e emocional estarem em frangalhos, Mason começa a começa a apresentar comportamentos agressivos, com o corpo se modificando, olheiras, vômitos – passa a haver a suspeita de que está sendo possuído por uma força demoníaca. Temendo por sua saúde mental e do filho, Joel resolve aceitar a ajuda de um padre, Lambert (Peter Jason), que saiu da prisão há pouco depois de oito anos preso por ter realizado um exorcismo em um menino, que acabou morrendo.
Joel, a princípio, fica receoso, mas decide ir em frente com a piora de Mason. E o filme descamba para uma cópia piorada de “O Exorcista”, sem a mínima originalidade, e abusando de clichês de filmes de terror. Esquecível. Nem perca o seu tempo – eu já fiz isso para você.
Cotação: ruim
Duração: 88 min
Chico Izidro

“Destruição Final: O Último Refúgio” (Greenland)

Neste filme-catástrofe, “Destruição Final: O Último Refúgio” (Greenland), direção de Ric Roman Waugh, o mundo está ameaçado de ser destruído por um cometa, batizado de Clarke, e desta vez não existe a turma de heróis de “Armaggedon”, de 1998, para salvar o planeta. Resta apenas a John Garrity (Gerard Butler) tentar levar a sua família, formada por Allison (Morena Baccarin) e Nathan (Roger Dale Floyd) a um bunker do governo, para tentar escapar da morte inevitável.
John é um arquiteto que tem problemas com a bela mulher e está separado, mas quer voltar. E o retorno se dará do modo mais difícil: a Terra está sendo ameaçada de extermínio quando um cometa aparece nos radares caindo, e com potencial de dizimar toda a vida no planeta, mais destrutivo do que o meteoro que liquidou com os dinossauros a bilhões de anos. Porém, devido a seu currículo, ele e sua família são escolhidos pelo governo dos Estados Unidos a ser acolhido em um abrigo, apenas disponibilizado para pessoas que no futuro serão essenciais para a reconstrução da Terra.
Só que ao se encaminharem para o abrigo, o garoto Nathan, que é diabético, perde o kit de insulina, e John se separa do filho e da mulher para tentar recuperar o remédio. E então começam os desencontros – como possui uma doença, Nathan não se enquadra na nova ordem que será construída no futuro, e ele e Allison acabam não sendo aceitos. E a família passa a correr contra o tempo para se reunir de novo e achar um novo abrigo, que fica exatamente na Groenlândia – o nome original do filme.
Butler é um ator talhado para protagonizar filmes de ação e aqui mais uma vez não decepciona – e não falta uma cena de socos, pois a força bruta é uma de suas marcas registradas. E ele sempre é o homem de família, amoroso.
“Destruição Final: O Último Refúgio” tem ainda ótimas cenas de destruição e suspense. Claro que sabemos que a família vai escapar da tragédia, mas o final é surpreendente e quase, quase diferente do convencional.
Cotação: bom
Duração: 119 min
Chico Izidro

“Convenção das Bruxas” (Roald Dahl’s The Witches)

Baseado no livro infantil “The Witches”, de Roald Dahl, “Convenção das Bruxas” (Roald Dahl’s The Witches), dirigido por Robert Zemeckis, vale a pena pelos efeitos especiais. Mas o diretor de “De Volta Para o Futuro” parece ter perdido a mão. A comédia é um remake do filme dos anos 1990, que tinha como protagonista Anjelica Huston e com direção de Nicholas Roeg. E se passava na Inglaterra.
Agora a trama narrada por Chris Rock, ocorre nos Estados Unidos, no Alabama dos anos 1960 – e aí a coisa já começa a degringolar, pois o estado era um dos mais racistas da nação norte-americana. Explico daqui a pouco. O jovem Hero Boy (Jahzir Bruno) perdeu os pais em um acidente de automóvel e foi acolhido pela avó vivida por Octavia Spencer. E ela pressente estarem sendo observados por bruxas e decidem se esconder em um hotel de luxo – e estamos no sul dos Estados Unidos, anos 1960, e eles são aceitos no local sem nenhum problema. Mas eles são negros!!! Naquela época isso era impossível de ocorrer. Mas estamos numa obra de ficção.
Bom, no hotel o garoto acaba descobrindo que ele e a avó foram parar bem no meio do furacão, pois as bruxas, lideradas por uma interpretada por Anne Hathaway (os personagens não são nomeados), estão fazendo uma convenção, onde pretendem colocar em ação um plano de transformar todas as crianças do mundo em ratos. E Hero Boy acaba sendo transformado com outras crianças em ratos, mas tentam evitar que o plano tenha sucesso no resto do mundo.
O filme não traz grandes novidades, apenas se destacando por ter um visual mais elaborado do que o original, claro, devido a evolução da tecnologia nestes 30 anos. E também, apesar de subverter a história, trazer protagonistas negros, que no entanto desconhecem o racismo. A elogiar a narração repleta de ironia de Chris Rock e as atuações de Octavia Spencer e Anne Hathaway. Porém é um filme para crianças. Adultos devem passar longe.
Cotação: regular
Duração: 106 min
Chico Izidro

domingo, novembro 22, 2020

“Enquanto Estivermos Juntos” (I Still Believe)

Sempre tento fugir de filmes com temática religiosa, pois os considero apelativos e exagerados. Mas decidi assistir a “Enquanto Estivermos Juntos” (I Still Believe), direção de Andrew Erwin e Jon Erwin, que fala sobre a vida real do cantor norte-americano de Rock cristão Jeremy Camp, seu começo de carreira e junto uma tragédia pessoal. O músico é interpretado por KJ Apa, do seriado Riverdale.
Camp é filho de um pastor, vivido no filme por Gary Sinise (do finado seriado CSI New York), e é um bom músico e aos 20 anos sai de sua cidadezinha para estudar numa universidade na Califórnia, onde conhece a jovem Melissa Henning (Britt Robertson, de O Domo), quase uma fanática religiosa. Os dois se apaixonam, e é quando surge a tragédia, pois a garota é acometida por um câncer agressivo, e passa a ter pouco tempo de vida, já que os tratamentos são ineficazes, e a metástase toma conta de seu corpo, Então Jerome decide casar com Melissa, mesmo que os dois tenham pouco mais de 20 anos. Sendo os dois religiosos, passam a acreditar que deus vai curá-la.
E dê-lhe drama com cenas de rezas coletivas, famílias de comercial de margarina. Todo mundo é bonzinho, compreensivo. Para pessoas religiosas, até pode funcionar. Mas aviso: rezar não adianta...em determinado momento, pai e filho conversam e o primeiro diz: “deus não me ouve, eu rezo, peço as coisas e não sou atendido”. Aviso para o músico: “olha aí, deus não existe, não tem como ele te ouvir”.
Cotação: ruim
Duração: 118min.
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 18, 2020

“Bill e Ted: Encare a Música” (Bill & Ted: Face The Music)

“Bill & Ted - Uma Aventura Fantástica” é de 1989, e “Bill & Ted - Dois Loucos no Tempo” é de 1991, e mostram dois amigos idiotas que gostam de música viajando pelo tempo. Agora, quase 30 anos depois, chega a terceira parte, intitulado “Bill & Ted: Encare a Música” e trazendo novamente os astros Keanu Reeves e Alex Winter como os protagonistas. A direção é de Dean Parisot.
Desta vez os amigos já estão na meia idade, mas ainda são fracassados, sem nunca terem conseguido o sucesso musical que esperavam. Suas únicas fãs são suas filhas, Billie (Brigette Lundy-Paine) e Thea (Samara Weaving), igualmente abobalhadas. Então a dupla recebe a visita de uma viajante do futuro, dizendo que uma música que eles ainda vão compor será a chave para salvação da humanidade. Então os dois têm de embarcar numa jornada para recuperar a canção, ao mesmo tempo que suas filhas vão ao passado para ajudar na mesma missão e tentar ajudá-los.
Não é spoiler, mas sabe-se que no final sempre tudo dá certo, e a música que eles apresentam é uma grande porcaria. Se dependesse dela, que viesse logo um meteoro.
O humor do filme é ultrapassado, e é difícil assistir Keanu Reeves, intérprete de ícones como Neo ou John Wick viver o papel de um personagem beirando o retardado. Enfim, “Bill & Ted: Encare a Música” perdeu o trem da história. Defasado. Fuja.
Cotação: ruim
Duração: 95min
Chico Izidro

segunda-feira, novembro 16, 2020

“3º Andar – Terror na Rua Malasaña” (Malasaña)

A exemplo da cinesérie “Invocação do Mal”, que alega se basear em fatos reais, chega “3º Andar – Terror na Rua Malasaña” (Malasaña), direção de Albert Pintó, que garante sua obra também seguir acontecimentos registrados em Madri na primeira parte dos anos 1970. E o filme foi todo ele filmado no bairro de Malasaña, local de vários assassinatos e mistérios, principalmente na Calle Antonio Grillo, rua com mais mortes por metro quadrado da capital espanhola.
A história se passa em 1976, primeiro ano depois da morte do ditador Francisco Franco, e a Espanha ainda é um país pobre, mas começando a respirar novos ares. Então a família Olmedo, formada por Manolo e Candela, três filhos e o pai dele, Fermín, trocam sua pequena cidade no interior por Madri e conseguem comprar um apartamento gigantesco. Mal sabem eles que o local é “assombrado”. Ali, há três anos sua proprietária morreu solitária e em silêncio, mas seu fantasma segue na casa.
E então o diretor não tem o mínimo constrangimento em chupar cenas inteiras de “Poltergeist”, de “Invocação do Mal”, “Sobrenatural” e outras tramas de terror. Quem viu estes filmes vai lembrar de determinadas cenas. E “3º Andar – Terror na Rua Malasaña” carece de originalidade. Talvez o que se salve seja a ótima reconstituição de época, com figurinos, cortes de cabelo, sapatos. Tudo muito brega, bem ao estilo exagerado dos anos 1970. No mais, o longa não traz sustos e os momentos de suspense são previsíveis. Porém quem tem medo de escuro talvez se assuste e fique com medo de ficar em casa sozinho à noite.
Cotação: ruim
Duração: 105min
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 29, 2020

"Tenet"

O filme começa com uma espetacular cena de um atentado terrorista sendo interrompido em Kiev, na Ucrânia. Então o agente interpretado por John David Washington, filho de Denzel e protagonista de “Infiltrado na Klan” é recrutado para a “Tenet”, direção de Christopher Nolan. O nome da agência e do filme se refere uma entidade internacional que está estudando o fenômeno da “inversão”, ou seja, a reversão da entropia de objetos ou pessoas que faz com que elas pareçam estar voltando no tempo.
E aí que a coisa começa a desandar. Recebendo a parceria de outro agente, vivido por Robert Pattinson, partem por várias partes da Europa, com o objetivo de impedir um plano de destruição do planeta por um bilionário russo, papel de Kenneth Branagh, marido cruel da elegante Elizabeth Debicki – sim, os personagens não são nominados no filme. Ela sabe segredos do vilão, mas está presa a ele por causa do filho pequeno, motivo pelo qual sofre chantagens e não pode fazer muito, sob o risco de perder o garoto.
Mas assistir “Tenet” é uma missão das mais difíceis, devido a sua trama confusa, de dobras no tempo, misturando espionagem com ficção científica, e outras viagens de Nolan, que já havia provocado desconforto com “A Origem”, de 2010.
O elenco principal, apesar da história complicada, se sobressai – principalmente Washington, Pattinson, que cada vez me surpreende como ator, depois daquelas bobagens vampirescas de “Crepúsculo” e Debicki. Já Branagh é a decepção, com seu vilão careteiro e estereotipado. “Tenet”, no final acaba sendo um filme vazio, beirando o interminável e insuportável, com suas quase 3 horas de duração.
Cotação: ruim
Duração: 2h30min

terça-feira, março 17, 2020

"Bloodshot"


Sim, Vin Diesel é um péssimo ator e a coisa fica mais e mais evidente na ficção científica "Bloodshot", baseada em HQ surgida nos anos 1990, e dirigida por Dave Wilson II. O filme é uma mistura de "Exterminador do Futuro", "Deadpool", "Cyborg", "Capitão América", "Westworld" e por aí vai.

Vin Diesel é Ray Garrison, um soldado que após uma missão na África, acaba sendo morto ao lado da esposa. Seu corpo é doado para uma corporação dirigida pelo cientista Emil Harting (Guy Pearce), que o transforma em um super-soldado, com capacidades de regeneração e de se metamorfosear. Porém sua mente é controlada pela empresa e as suas memórias. Garrison, no entanto, foge e tem como único objetivo matar o homem que assassinou a ele e a esposa.

Sim, Vin Diesel tem sempre as mesmas feições, com incrível dificuldade de interpretar uma fala. E o personagem interpretado por Guy Pearce é o clichê do cientista mal-intencionado e megalômaniaco. No entanto, "Bloodshot" é um filme que recicla várias outras obras, porém se sobressai pelas suas reviravoltas inteligentes e surpreendentes.

Cotação: bom
Duração: 1h49
Chico Izidro

"As Primeiras Férias Não Se Esquece Jamais" (Premières Vacances)


Opostos se atraem é o que pretende mostrar a comédia francesa, "As Primeiras Férias Não Se Esquece Jamais" (Premières Vacances), dirigido por Patrick Cassir. Os parisienses Marion (Camille Chamoux) e Ben (Jonathan Cohen) se conhecem através do aplicativo de namoros Tinder.

Ela é uma mulher com mente livre, afeita a aventuras, e trabalha como desenhista de HQs. Já ele é um empresário hipocondríaco e que não curte muito as novidades. Mas após uma noite de encontro, Ben acaba num rompente, convidando Marion para passar as férias na Bulgária. Os dois acham que um passeio pelo país do Leste Europeu pode estreitar o relacionamento novíssimo.

Mas o passeio vai mostrar como as diferenças podem ser cruéis, ainda mais em um país que beira o Terceiro Mundo. Falta infra-estrutura em tudo, a sujeira impera. Para Marion, as coisas podem ser divertidas, mas para Ben, que não consegue nem fazer cocô em um banheiro separado do quarto por uma simples cortina, é o fim do mundo.

A trama acaba em determinado momento ficando repetitiva com as manias de Ben e a mente aberta de Marion. Enfim, é uma comédia leve e despretensiosa sobre o amor - e não querendo dar spoiler, mas o final não poderia ser mais conservador.

Cotação: regular
Duração: 1h42
Chico Izidro

"A Maldição do Espelho" (Pikovaya dama: Zazerkalye)



Ainda não foi desta vez que o diretor russo Aleksandr Domogarov acertou a mão. Após ter lançado os péssimos "A Noiva” e "A Sereia”, ele segue explorando figuras do misticismo russo em "A Maldição do Espelho" (Pikovaya dama: Zazerkalye). E segue errando.

A intemção de Domogarov é apresentar uma obra de terror. Porém o terror acaba sendo o que passam os espectadores, torturados durante os minutos intermináveis do filme. A trama acompanha a jovem Olya (Angelina Strechina), que após perder a mãe em um acidente de carro, e com o pai no exterior, é obrigada a ir para um internato ao lado do irmão mais novo, Artyom (Daniil Izotov).

A garota, no entanto, despreza o menino, em fato não explorado pelo diretor. E no internato, Olya se envolve com a turma dos rebeldes, que em certa noite vasculham os corredores do prédio e se deparam com um depósito, onde há um espelho com uma inscrição invocando um espírito, o da Rainha de Espadas. Claro que os idiotas fazem a invocação, fazendo ainda um pedido.

E logo a alma liberta começa a cumprir os desejos, mas todos voltados contra os jovens. Simplesmente não existe terror, as atuações são horríveis. E o pior, a distribuidora preferiu suprimir o idioma original - russo -, dublando as cópias em inglês. E a emenda ficou terrível, com falta de sincronia. Recordam aquelas dublagens em que o personagem falava algo e não aparecia o som, e no momento em que ele fechyava a boca, surgia a voz? É por aí. Fuja.

Cotação: ruim
Duração: 1h30
Chico Izidro

“Nóis por Nóis”


“Nóis por Nóis” é um filme do diretor Aly Muritiba, que o codirige com Jandir Santin, e trata sobre a vida de jovens da periferia de Curitiba. A trama foca em quatro amigos, que em uma noite terão suas vidas viradas do avesso. É uma obra realista, que mostra ainda a presença e influência da música RAP na vida destas pessoas.

Os amigos Mari, Japa, Café e Gui sofrem com as agruras de serem jovens pobres, morando na periferia de uma grande cidade. E em suas vidas, repressão policial, tráfico de drogas, gravidez indesejada - um dos personagens engravida a namorada e age como um canalha, ao não querer assumir a paternidade. Já outro some misteriosamente, após ter se envolvido em uma briga numa festa.

“Nóis por Nóis” se aperesenta por vezes estereotipada. Algumas cenas se mostram forçadas demais e o roteiro apresenta alguns erros primários. Mas mostra uma realidade cruel.

Cotação: bom
Duração: 1h36
Chico Izidro

quarta-feira, fevereiro 26, 2020

“Meu Nome é Sara” (My Name is Sara)


A II Guerra Mundial é uma fonte inesgotável de histórias, principalmente o Holocausto judeu praticado pelos nazistas. Em “Meu Nome é Sara” (My Name is Sara), direção de Steven Oritt, a produção norte-americana, mas podendo se passar tranquilamente por um filme europeu, é mostrada a trajetória da jovem Sara Góralnik Shapiro (1930-2018), nascida na Polônia, e que durante o conflito foi obrigada a esconder suas origens para escapar da morte.

Entre 1942 e 1945, Sara, vivida por Zuzanna Surowy, se abrigou em uma fazenda ucraniana, trabalhando como babá, e sendo obrigada a se passar por católica. Os seus empregadores, os fazendeiros Pavlo (Eryk Lubos) e Nadia (Michalina Olszanska), passavam o tempo tentando surpreendendo-a, como por exemplo, pedindo que ela terminasse uma oração ou fizesse o sinal da cruz, e até a obrigando a comer carne de porco.

A personagem sabia que não podia vacilar, sob risco de morte. E até mesmo provocar a morte de seus empregadores – aqueles que socorriam judeus eram sumariamente executados. E por mais que os fazendeiros tivessem traços anti-semitas, o que era comum na população católica, a estavam ajudando.

O filme tem tensão – os nazistas pouco aparecem. Numa cena forte, Sara e seu empregador passam de carroça no meio de uma floresta, poucos segundos antes de um grupo de judeus estarem se despidos e serem fuzilados pela SS. Mas a ação transcorre mais na fazenda, onde a cada momento, o disfarce de Sara pode ser descoberto. Os olhares de temor da protagonista são perfeitos. E mais uma obra sobre o Holocausto nunca é demais. A história, afinal, não pode ser esquecida para não ser repetida.

Cotação: ótimo
Duração: 1h51
Chico Izidro

“O Chamado da Floresta” (Call of the Wild)


Com direção de Chris Sanders, “O Chamado da Floresta” (Call of the Wild) é baseado no romance clássico de Jack London, publicado em 1903, e falando da amizade de um homem e um cão durante a Corrida do Ouro no Alasca nos anos 1890. A trama mostra a trajetória do desajeitado cão Buck, que era o animal de estimação de um juiz em Nova Iorque. Bagunceiro e descumpridor das regras, o cão acaba sendo roubado por homens que acredita,, que seu tamanho pode ser importante e levado para o norte, o Alasca.

Esperto, ele foge e acaba sendo adotado pelos carteiros Perrault (Omar Sy) e Françoise (Cara Gee), que fazem a entrega de correspondência para os sofridos mineiros. Neste ponto, Buck notará que terá de começar a assumir atitudes, ao ser confrontado pelo cão líder da matilha. É o primeiro sinal de seu crescimento. Quando a rota de mensagens é extinta, Buck passa as mãos do solitário John Thorton (Harrison Ford), uma pessoa amargurada pela perda de um filho, tragédia que teve como consequência a separação de sua esposa.

Ambos isolados numa distante e afastada floresta no Alasca, criam fortes laços, até que surge o tal chamado da floresta para Buck. Que vai encontrar o significado para a sua vida. “O Chamado da Floresta” fala de amizade, solidão, solidariedade, mas também de ganância – afinal, se vive na época da busca pelo ouro, o tal vil metal. A obra é muito bonita de se ver, um visual enternecedor.

E os animais são todos virtuais, num trabalho primoroso, mesmo que por algumas vezes o cão protagonista tenha tamanhos variados, num erro muito perceptível, mas que não atrapalha a história. Mesmo para aqueles que detestem filmes de cachorrinhos, e este não é um filme sobre cachorrinhos.

Cotação: bom
Duração: 1h40
Chico Izidro

“Maria e João – O Conto das Bruxas” (Gretel and Hansel)


Os Irmãos Grimm escreveram vários contos, registrando tradições orais germânicas. E em sua essência, todas tinham finais trágicos. O cinema e as releituras amenizaram as histórias, como por exemplo “Rapunzel” e “Chapeuzinho Vermelho”, que foram mostradas às crianças e pessoas sensíveis em versões amenas, e mais palatáveis. Agora chega ao cinema “Maria e João – O Conto das Bruxas” (Gretel and Hansel), direção de Osgood Perkins, que mostra a fábula de forma mais fiel do que as versões infantilizadas.

O roteiro é bem sombrio, obra de terror mesmo, apresentando momentos grotescos mesmos. Maria (Sophia Lillis) e João (Samuel Leakey) são dois irmãos expulsos de casa pela mãe por causa da miséria em que viviam. No início do filme, a menina havia recusado
trabalho na casa de um homem rico – e a trama foca aí na pedofilia.

Depois de expulsos de casa, partem em busca de abrigo e comida pela floresta, e acabam parando na casa da bruxa, interpretada com perfeição por Alice Krige. Em sua casa, existe uma farta mesa coberta de comida. Então o tema passa a ser canibalismo.

Tudo é implícito, mas assustador, com imagens sombrias e fortes, por vezes confuso em seu desenvolvimento. O filme é esteticamente bem feito e conta com interpretações inspiradas. Enfim, “Maria e João – O Conto das Bruxas” é uma boa adaptação daquilo que os irmãos Grimm trouxeram à tona há mais de 300 anos.

Cotação: bom
Duração:
Chico Izidro

“Luta Por Justiça” (Just Mercy)


Assim como a II Guerra Mundial, o tema racismo é uma fonte inesgotável na indústria cinematográfica. São tantas as histórias, acontecimentos, mas nunca cansativo e sempre educativo. Em “Luta Por Justiça” (Just Mercy), dirigido por Destin Daniel Cretton, e baseado em livro do advogado Bryan Stevenson, que viveu os fatos relatados aqui e que colocaram um homem, negro e inocente, no corredor da morte no final dos anos 1980.

Na trama, Bryan Stevenson (Michael B. Jordan) é um advogado recém-formado em Harvard que abre mão de uma carreira lucrativa em escritórios no nordeste dos Estados Unidos. Ele se muda para o Alabama, no racista sul norte-americano, para se dedicar a defender prisioneiros condenados à morte e que jamais receberam assistência legal justa.

E é quando se depara com o caso de Walter McMillian, apelidado por seus amigos de Johnny D. (Jamie Foxx), um negro falsamente acusado de ter matado uma jovem branca. O advogado começa a estudar o processo e vai se deparando com vários erros jurídicos. O condenado encontrava à quilômetros de distância de onde ocorreu o crime, em uma festa familiar, a testemunha era um homem que nem conhecia Johnny D., o advogado de defesa nem deixou o réu depor, e o julgamento durou pouco mais de uma hora.

O advogado é auxiliado pela jovem branca Eva Ansley, interpretada por Brie Larson, e que passa a sofrer o desprezo de seus vizinhos e até mesmo sofrer ameaças de morte por ajudar um negro.

Larson é carismática, e utiliza um sotaque sulista carregado para destacar a sua personagem, que existe na vida real. Michael B. Jordan, por sua vez, parece um pouco engessado, mas se sai bem, principalmente em uma cena onde vai visitar seus clientes no presídio e é humilhado por um guarda, que o faz se despir para sofrer uma revista – o ato é ilegal, mas feito pelo policial para
tentar mostrar que quem manda naquela prisão é o homem branco.

E Jamie Foxx, pois Jamie Foxx é Jamie Foxx, sensacional. E claro, o espectador certamente não tem como não cair no choro em determinadas cenas – ainda mais quando se descobre a veracidade dos fatos e a perseguição racial muito forte num dos estados que foi um dos lares da Ku Klux Klan.

Ah, o filme é ambientado na cidade de Monroeville, no estado sulista do Alabama. Ali os moradores locais falam com orgulho do Museu Mockingbird. O local é a terra natal de Harper Lee, autora de “To Kill a Mockingbird” (“O Sol É Para Todos”, em português), que se tornou um filme com o mesmo nome, onde é mostrada a história de um advogado que busca dar um julgamento justo a um negro acusado de ter cometido um crime nos anos 1930.

Cotação: ótimo
Duração:
Chico Izidro

”Frankie”


O que dizer de Isabelle Hupert? Mais uma vez a atriz francesa entrega uma atuação magnífica, corporal no intimista “Frankie”, direção de Ira Sachs. Isabelle vive Frankie, uma atriz de cinema famosa, que decide reunir vários parentes na pequena e linda Sintra, em Portugal.

Seus familiares acreditam que estão ali para passar umas férias ao lado da matriarca, mas ela guarda um segredo. A intenção de Frankie de reunir marido, vivido por Brendan Gleeson, a filha, o filho, a neta e a amiga interpretada por Marisa Tomei, é acertar a vida de todos.

E todos eles vivem problemas, sejam financeiros, ou de relacionamento. A verdade é que ela está morrendo, e todos em volta sabem da sua doença terminal. Mas ninguém quer falar sobre o assunto. E Frankie deseja que o filho encontre um amor verdadeiro, entre outras soluções. Mas o filme, apesar de tocar no assunto despedida, não é pesado.

Trazendo momentos divertidos, como a cena em que Frankie passeia por uma floresta e acaba parando numa festa de aniversário duma octagenária. E todos na festa são seus fãs e fazem questão de demonstrar isso, mesmo que Frankie não se sinta confortável com tanta paparicação. E o visual é algo que encanta.

Cotação: ótimo
Duração: 1h40
Chico Izidro

“Quem Ama, Me Segue!” (Qui m'Aime Me Suive!)


Com direção do francês José Alcala, “Quem Ama, Me Segue!” (Qui m'Aime Me Suive!), é uma divertida comédia de um triângulo amoroso da terceira idade. No longa, temos a história do casal Simone (Catherine Frot), que está casada há 35 anos com o rabugento Gilbert (Daniel Auteil). Os dois estão afundados numa rotina chata, e ele conseguiu afastar todos próximos com seu jeito rude, inclusive a filha.

Simone acaba encontrando conforto e felicidade nos braços de Etienne (Bernard Le Coq), vizinho e melhor amigo de Gilbert. Os dois mantém um relacionamento às escondidas do marido chato.

Só que um dia Etienne vende a casa e decide mudar de cidade. O que faz Simone? Ora, larga tudo e vai atrás do amante.
Enquanto isso, Gilbert recebe o neto Térence, pré-adolescente que o detesta e interpretado por Solam Dejean-Lacréole. Às voltas com a rebeldia do garoto, Gilbert percebe o quanto ama Simone e parte para reconquistá-la. E se quiser sucesso em sua empreitada, terá de repensar muito as suas atitudes.

O trio de protagonistas está excelente, com destaque para Frost. E é legal ver que pessoas chegando à terceira idade ainda tem muito gás para gastar, deixando bem claro que todos merecem ser felizes.

Cotação: ótimo
Duração: 1h30
Chico Izidro

quinta-feira, fevereiro 13, 2020

"Sonic - O Filme" (Sonic)



Já escrevi outras vezes não ter a mínima familiaridade com vídeo-games, nunca joguei e sou completamente neófito em relação aos personagens. Assim, lá me fui para assistir "Sonic - O Filme" (Sonic), direção de Jeff Fowler, e que tem como protagonista um ouriço azul com supervelocidade. O filme mistura animação com atores reais, e me surpreendeu positivamente.

Na trama, o ouriço Sonic tem de deixar o seu mundo para fugir de uma ameaça, e vai parar na pequena cidade americana de Green Hill, em Montana. Lá, permanece incógnito, vivendo em uma caverna e acompanhando a vida de seus moradores, enquanto lida com a solidão.

Ele observa principalmente o policial Tom Wachowski (James Marsden), que apelida de Lord Donut. Apenas um velhinho fazendeiro já o viu e o apelidou de Demônio Azul, mas vira motivo de chacota dos demais moradores.

O anonimato de Sonic termina quando ele utiliza seus poderes de forma equivocada e provoca um blecaute, chamando a atenção do governo dos Estados Unidos. Que chamam o Dr. Ivo Robotnik (Jim Carrey) para tentar capturar a estranha criatura para dissecá-la. O jeito é Sonic se revelar e pedir a ajuda de Tom. Assim, os dois saem de Green Hill numa road trip para tentar chegar a São Francisco.

O longa se transforma numa caçada, com direito a briga em um bar de motoqueiros, até mesmo menção a terrorismo interno. Tudo recheado de muitas piadas e a verborragia de Sonic, que não para de falar e de se mexer um minuto sequer.

E Jim Carrey parece ter ficado totalmente liberado para atuar. Cheio de trejeitos, seu visual remete diretamente ao Dick Vigarista, da Corrida Maluca. "Sonic - O Filme" é uma obra inspirada, divertida, que vai agradar as pessoas de todas as idades, mesmo aqueles que nem sabe o que é um video-game, como eu.

Cotação: ótimo
Duração: 1h40
Chico Izidro

"Dark Waters – O Preço da Verdade" (Dark Waters)


"Dark Waters – Verdade Envenenada" (Dark Waters), direção de Todd Haynes, é baseado num artigo de Nathaniel Rich publicado em 2016 no The New York Times Magazine intitulado “The Lawyer Who Became DuPont’s Worst Nightmare”. Ele trata uma longa batalha do advogado Robert Bilott, vivido no filme por Mark Ruffalo, para expor os crimes ambientais de uma das maiores empresas químicas do mundo, a DuPont. O longa transcorre por quase 40 anos da vida americana.

O advogado Robert Bilott recebe das mãos de um fazendeiro, Wilbur Tennant (Bill Camp) provas de ligações entre as mortes de vários animais nas redondezas de sua fazenda e da fábrica de uma das gigantes químicas mundiais, a DuPont, na sua terra natal, em Parkersburg, na Virgínia Ocidental. O problema é que ele é um profissional que tem como trabalho defender grandes empresas do setor químico.

Mas aos poucos, ele vai estudando o caso e encontrando evidências que a empresa tem poluído as águas locais - causando a morte de animais, câncer nos moradores e em outros casos, má formação em bebês - uma das crianças reais até participa, já adulta, de uma cena em um posto de gasolina.

Billot começa então a rever seus conceitos, até ganhando o apoio do dono de sua empresa advocatícia, Tom Terp (Tim Robbins), que no início se mostrava cauteloso, com medo de perder a milionária clientela.

A trama percorre, então, 15 anos da vida do advogado, que vê o seu casamento com Sarah (Anne Hathaway) sofrer um forte abalo, devido a sua fixação em tentar resolver o caso. E até mesmo a sua saúde é afetada.

Mark Ruffalo está magnífico e assume as rédeas deste filme realista, minucioso - que apesar de ser uma obra do meio jurídico, não tem nada de lentidão. Pesado e tenso, com grandes atuações, expões os crimes de uma das maiores empresas químicas do mundo para o resto do mundo. Chocante.

Cotação: ótimo
Duração: 2h07
Chico Izidro