quinta-feira, abril 11, 2024

"Evidências do Amor"

"Evidências do Amor", direção de Pedro Antônio Paes, é uma comédia romântica inspirada na música Evidências, composta por José Augusto e Paulo Sérgio Valle e lançada pela dupla Chitãozinho & Xororó no final dos anos 1980. E ao contrário de obras cinematográficas como "Faroeste Caboclo" e "Eduardo e Mônica", onde as músicas contam uma história, aqui como não existe essa possibilidade narrativa, o jeito foi mostrar em como ela afeta a vida de um casal.
A história gira em torno de Marco Antônio, um desenvolvedor de aplicativos (Fábio Porchat) e a estudante de medicina Laura (Sandy), que se apaixonam após cantarem juntos a música Evidências em um karaokê: "e nessa loucura, de dizer que não te quero...". Os dois então embarcam em um relacionamento que parece ser o perfeito, mas com o passar do tempo, a união dos dois vai se desgastando, até que Laura decide colocar um ponto final, às vésperas do casamento com Marco Antônio.
Ele fica arrasado com a ruptura, caindo em uma depressão terrível. Até que cerca de um ano depois do término, Marco começa a viver um fenômeno curioso: toda vez que ouve Evidências, é transportado para o passado, revivendo memórias ruins do namoro. Então, Marco se dá conta que precisa refletir - será que a relação com Laura era mesmo tão perfeita quanto ele imaginava, e se deveria mesmo ter ficado tão surpreso com o término.
Essa parte do roteiro é forte mesmo. Geralmente quando terminamos uma relação, temos a tendência de imaginar apenas as coisas boas que vivemos ao lado do (a) parceira (o). Então apesar de chata e ruim, a música traz em seu título a questão: as evidências estão todas lá, nós que não enxergamos.
Porchat e Sandy mostram química em cena, sendo que o ator, um dos pilares do Porta dos Fundos está contido, segurando o máximo que pode seus histerismos. Sandy, que não atuava havia dez anos, tem mais a provar, ainda mais que a sua escalação tenha e muito haver com a sua relação de parentesco com os cantores do hit - ela é filha de Xororó e sobriha de Chitãozinho. E segue com a carinha de guriazinha. A melhor personagem do filme, no entanto, é Evelyn Castro, que vive a síndica e faz tudo do prédio onde mora Marco. Eu só mudaria o final do filme.
Duração: 1h45min
Cotação: bom
Chico Izidro

segunda-feira, abril 08, 2024

"A Primeira Profecia" (The Last Omen)

Em 1976, estreava nos cinemas um dos filmes um clássico do cinema de terror: "A Profecia" (The Omen), dirigido por Richard Donner, baseado em romance homônimo de David Seltzer. Ele contava a história do garoto Damien, adotado ainda recém-nascido pelo embaixador dos EUA em Roma, interpretado por Gregory Peck, e que se mostrava ser o verdadeiro filho do capeta. Cenas horripilantes marcaram a obra, como a babá que se enforcava na janela, ou o fotógrafo degolado por uma lâmina de vidro. Um filme memorável e realmente assustador. E a história de Damien ganhou sequências, remake e até mesmo uma série de TV, que teve apenas uma temporada.
Pois agora, decidiram fazer um prequel, mostrando como Damien foi gerado. "A Primeira Profecia" (The Last Omen), direção de Arkasha Stevenson, pretende contar a história de como foi feita a concepção da criança e toda a conspiração para que ela, de fato, viesse à tona.
Assim, a trama se passa no começo dos anos 1970, quando a jovem noviça norte-americana Margaret Daino (Nell Tiger Free) é convocada para trabalhar em um orfanato católico apenas para meninas em Roma, sob à supervisão do Cardeal Lawrence (Bill Nighy), antes de realizar seus votos para sagrar-se freira. O orfanato é controlado pela Irmã Silvia (vivida pela nossa musa cinematográfica Sônia Braga).
Aos poucos, Margareth começa a tomar contato com segredos da Igreja Católica, e que um grupo dentro dela está tramando para lutar contra a revolução cultural que se alastra entre a geração mais jovem. Por isso, a ideia de colocar no mundo um bebê-demônio e depois a Igreja entraria em ação, para tentar mostrar a sua força - claro que as coisas saíriam do controle. E Margareth, tarde demais, vai acabar se deparando com o papel que é esperado dela na conspiração.
Esse é o primeiro trabalho de Arkasha Stevenson como diretora de um longa metragem. E como eu disse antes, o filme é um prelúdio do grande "A Profecia", como também é um bom filme de terror. A história é boa, as atuações estão legais, e momentos realmente assustadores - e pensar que em 2023 tentaram fazer o mesmo com "O Exorcista", e erraram profundamente.
Cotação: bom
Duração: 2h
Chico Izidro

terça-feira, abril 02, 2024

"A Matriarca" (Juniper)

Filmes onde duas pessoas completamente diferentes que aos poucos vão encontrando afinidades não é incomum no cinema. E "A Matriarca", direção de Matthew J. Saville, está nesta linha. Porém, devido a atuação de seus intérpretes, principalmente a magistral atriz inglesa Charlotte Rampling, a obra consegue escapar de armadilhas e clichês.
Charlotte interpreta Ruth, uma antiga correspondente de guerra, que está aposentada, vivendo praticamente reclusa no interior da Inglaterra. E ela sofre um acidente, que a impede de se locomover. E ela só encontra refúgio em suas bebidas. Até que seu neto, Sam (George Ferrier), é expulso da escola e é levado pelo pai para a residência da família, onde se depara com aquela velha mandona e rabugenta. E a missão do garoto é cuidar de Ruth. No começo, muita animosidade entre ambos.
Porém, aos poucos o jovem rebelde e a velha ranzinza vão se entendendo, e passando a compreender um ao outro. As suas vidas acabam se transformando. "A Matriarca" acaba sendo um filme muito terno, e quem teve uma avó ou tia com quem não se identificava, até passar a conviver com ela, vai se ver ali.
O diretor e também roteirista Saville, conta que partiu de experiências pessoais para criar esse seu primeiro longa. “Quando eu tinha 17 anos, minha avó alcoólatra quebrou a perna e se mudou da Europa para morar na Nova Zelândia, na casa de sua família", recordou. "Ela viveu uma vida incrível, esteve na Espanha durante a Guerra Civil Espanhola, enfrentou a África e bebeu gim suficiente para conservar um elefante. Na verdade, quando a conheci, ela bebia dois terços de uma garrafa de gim todos os dias. Ela era afiada, charmosa, engraçada e rude. Ela levou todos nós às lágrimas, mas também às gargalhadas”, contou.
Ruth é, em tese, a sua própria avó transposta para a telona. Saville acrescenta que partiu dessas experiências e de seu relacionamento com a avó para criar um filme que “trata de alguns dos temas mais fortes a que somos confrontados como humanos: vida, amor, morte, tristeza, vergonha e nossa própria mortalidade. Este é um filme sobre a escolha que fazemos como humanos de viver e morrer, como lidamos com a dor e como aceitamos vida. Embora os temas sejam sombrios, seu tom é cômico e o drama não tem nada de sentimentalismo”, completou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h35min
Chico Izidro