Friday, September 28, 2012

"My Way - O Mito Além da Música"

Claude François foi um dos mais populares cantores franceses de todos os tempos. Porém sua fama pouco ultrapassou as fronteiras gaulesas, e quando ele teria o reconhecimento periférico, teve uma morte estúpida aos 39 anos de idade. Só que ele entrou para a história universal ao compor aquela que é a música mais famosa de todos os tempos, Comme D'Habitude, conhecida mundialmente na voz de Frank Sinatra como My Way.

O registro desta vida prolífica e efêmera é mostrado no belo "My Way", dirigido por Florent Emilio Siri, e interpretado com maestria e vigor por Jérémie Renier (de O Garoto da Bicicleta) e que ficou extremamente parecido com o cantor. A história é contada de forma linear e didática, mas isso não o diminui. Ela começa no nascimento de Claude na egípcia Ismailia em 1939, filho de um funcionário alfandegário. Passa pela fuga da família do Egito quando da nacionalização do Canal de Suez nos anos 1950 e a adaptação à França. O pai de Claude era metódico, rigoroso e conservador e nunca aceitou a escolha do filho pela vida artítistica - para Aimé François (vivido magistralmente por Marc Barbé), Claude deveria seguir a carreira de bancário. E este conflito entre pai e filho permeia todo o filme - os dois nunca fariam as pazes.

Claude François ou Cloclo para os franceses, era um artista que absorvia de tudo dos outros artistas. Ao ver um show do americano Otis Redding em Londres, uniu o pop francês ao swing americano, e ainda colocou dançarinas negras ao seu lado no palco e também na tevê francesa. Era inovador. E assim criou Comme D'Habitude, que seria adaptada pelo cantor canadense Paul Anka e virar My Way na voz de Sinatra (aliás, um dos momentos chaves da vida de Cloclo foi quando ele esteve a três passos de The Voice e não teve coragem de interpelar o ídolo e dizer: eu sou o autor de My Way). A cena em que Claude e seus parceiros pegam uma sugestão musical e criam Comme D'Habitude é arrepiante. E vendo o filme e prestando atenção nas peças musicais, poderá se ver que muita canção conhecida no Brasil nas décadas de 1970 e 80 foram tiradas da obra de François.

O filme não endeusa Cloclo. Pelo contrário, mostra seu lado podre, tirano com as suas mulheres, familiares e empregados. Porém atento para o lado cultural, financeiro - mesmo que à certa altura da vida tenha ido à falência -, e as fãs, ao ponto de saber o nome e o que faziam as mais ardorosas. "My Way" também destaca-se pela exuberante e cuidadosa reconstituição de época. Claude François morreria de forma estúpida, enquanto tomava banho e tentou consertar uma lâmpada que piscava incessantemente. Ele foi eletrocudado aos 39 anos, quando preparava-se para tomar de assalto a América, após fazer sucesso estrondoso em Londres. Sua morte convulsionou a França, onde até hoje é reverenciado.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Os Infiéis"

Em sete contos curtos, Jean Dujardin, Gilles Lellouche e outros atores e diretores franceses em alta no momento mostram a vida atribulada daqueles homens que traem suas esposas em "Os Infiéis". O resultado acaba sendo irregular. Dujardin, ganhador do Oscar 2012 de melhor ator, e Lellouche vivem personagens diferentes nos esquetes, sempre embalados com muito humor, ironia e sacanagem.

Num dos contos, por exemplo, um cara casado e com uim filho pequeno, prefere curtir a noite parisiense ao lado do amigo solteiro, pegando todas as menininhas, enquanto a mulher fica em casa cuidando da criança. Em outra história, um homem vai a uma convenção de sua empresa em outra cidade. E com inveja de um colega paraplégico, que se dá bem com o sexo oposto, tenta de maneira infrutífera, também transar com alguém. E sua mulher, em casa, fica esperando sua ligação.

A melhor história, no entanto, é aquela onde dois casais conversam após um jantar, e um dos maridos confessa ao outro casal que trai a mulher - que neste momento está em outra parte da casa, lavando a louça. Na saída do encontro, o casal que ouviu a confissão conversa sobre o fato, e a mulher tenta saber se já foi traída pelo marido. Esse nega e ela insiste. Irritado, o cara inventa um caso para agradar o seu par, trazendo consequências traumáticas para a relação.

As histórias são curtas, não deixam o espectador entediado. O problema é a irregularidade entre elas. Uma, de um marido tentando arrumar a casa, apagando os traços da amante, enquanto que a mulher e as crianças sobem as escadas, é muito boba, que se mostra indispensável. Porém, Dujardin e Lellouche são ótimos atores e mostram versatilidade nos diversos papéis que interpretam.

Ah, a última história tira sarro total de dois homens que vão farrear em Las Vegas, e ficam deslumbrados com a riqueza da cidade da jogatina, que acabam ultrapassando os limites de sua amizade.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Dredd"

Muita violência, corpos dilacerados, sangue jorrando na tela. Tudo isso pode ser visto no frenético filme de ação "Dredd", de Pete Travis. O personagem dos quadrinhos já foi visto na telona na década de 1990 com Silvester Stallone no papel do policial que tem o poder da vida e da morte sobre os malfeitores. Uma das características do juiz Dredd era o de nunca mostrar o rosto sob o capacete - sendo Stallone o superastro que é, esse tabu foi quebrado.

Agora, vivido por Karl Urban (de Star Trek e A Supremacia Bourne), o rosto do herói nunca é mostrado, no máximo o queixo e a boca. A trama, passada num futuro apocalíptico, com as cidades superpovoadas, mostra o juiz Dredd em um prédio, na realidade uma favela vertical, ao lado de uma novata mediúnica, combatendo uma gangue de traficantes liderados pela ex-prostituta Madeline "Ma-Ma" Madrigal (Lena Headey, do seriado As Crônicas de Sara Connor), e conhecida por seu sadismo. O roteiro é mínimo. Dredd e sua parceira Cassandra Anderson (Cassandra Anderson, de Juno) vão investigar um assassinato e se vêm cercados pelos vilões no cortiço, sendo caçados e caçando pelos corredores imundos do prédio, onde habitam quase 70 mil pessoas.

Dredd tem o título de juiz por ser um policial que ao prender um bandido, no ato já decide a sentença do indivíduo, se a prisão ou a morte. Ele é uma espécie de Robocop, mas sem o mesmo glamour. Sendo só um ser humano, ao contrário do outro, que era um híbrido, não demonstra nunca sentimentos, e mata sem piedade. Se você quiser pensar pouco, ou aliás, nada, "Dredd" é um prato feito.

Cotação: regular
Chico Izidro

Saturday, September 22, 2012

"Ted"

Sabe aquela hora em que você deve deixar a infância para trás e crescer? Em formato de fábula moderna, "Ted", de Seth MacFarlane (criador do iconoclasta seriado Family Guy), explicita bem isso. Sem amigos, o pária social John Bennett (Mark Wahlberg), com oito anos ganha um ursinho de pelúcia, de seus pais no Natal. Então ele pede que o brinquedo ganhe vida e isso acaba acontecendo, e os dois acabam tornando-se amigos inseparáveis. Até demais.

Duas décadas depois e meia depois, os dois continuam tão ligados, que passam o dia a fumar maconha e ver velhos filmes na tevê, como o famigerado "Flash", de 1980. John não evoluiu como homem. Por dentro continua uma criança, não aprofundando o seu relacionamento com a bela Lori (Mila Kunis, de Cisne Negro) e com um emprego chimfrim numa locadora de carros. John só começará a ver as coisas diferentes quando correr o risco de perder a namorada. E isso remete a deixar Ted e seus vícios de lado.

Ted, aliás, não tem nada de fofinho. É um urso machista, drogado, dono de um palavreado chulo e totalmente arrivista. A sua voz é feita pelo próprio diretor, Seth MacFarlane, que interpreta ainda o chefe mau-caráter e assediador de Lori. O modo como Ted conquista a sua namorada, a caixa de supermercado Tami-Lynn (Jessica Barth) é hilário e beirando o pornográfico. Sim, o urso age como um ser humano qualquer. "Ted" mostra, em forma de comédia, que a vida não é brincadeira, estando na mesma linhagem de outros filmes sobre o amadurecimento masculino, como "O Grande Garoto" e "O Último Beijo".

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Poder Paranormal"

O diretor espanhol Rodrigo Cortés havia acertado a mão no claustrofóbico "Enterrado Vivo", com Ryan Reynolds. Em sua segunda incursão hollywoodiana na área de terror, ele escorregou no fraco "Poder Paranormal". O filme trata sobre a tentativa de dois professores universitários, Margareth (Sigourney Weaver, de Alien, o Oitavo Passageiro) e Tom (Cillian Murphy, de A Origem e O Preço do Amanhã), de desmascararem pessoas que se passam por paranormais, tirando proveito dos desavisados.

Isso é um modo de vida para os dois, mas Tom é obcecado pelo médium cego Simon Silver (Robert de Niro), que ele culpa pela morte de sua mãe. Ela tinha câncer, porém o médium diagnosticou apenas uma gastrite, com isso a mãe de Tom não procurou ajuda médica, acabando por morrer. O protagonista terá a oportunidade de tentar desmascarar Simon, quando este, milionário, sai de sua aposentadoria para uma série de apresentações e também para se submeter a testes na universidade onde Tom e Margareth trabalham.

"Poder Paranormal" não foi feito para provocar sustos. Tem cenas interessantes, como as que explicam como alguns golpes são aplicados nos incautos fiéis. A história é contada de forma vagarosa e detalhada, e tropeça ao mostrar os personagens de forma quase superficial. E em seu final, para explicar tudo o que se sucedeu nas suas duas horas anteriores, Cortés apelou para as pegadinhas ao estilo criado por M. Night Shiamalan em "Sexto Sentido", "Corpo Fechado" e "A Vila".

Cilliian Murphy segura bem o protagonismo do filme, tendo ao seu lado a ótima Sigourney Weaver, que infelizmente sai de cena rapidamente. Porém Robert de Niro mostra mais uma vez ser um ator careteiro, parado no tempo. E pensar que um dia ousaram tentar fazer uma disputa para saber quem era melhor ator, se de Niro ou Al Pacino. Al Pacino até hoje deve achar graça.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Paranorman"

Em outras oportunidades, escrevi que muitas animações, a maioria delas, não são mais produzidas visando o público infantil ou adolescente. E ao assistir "Paranorman", direção de Chris Butler e Sam Fell, a constatação é completa. O desenho é puro terror, contando a vida do pequeno e solitário Norman, garoto com poderes paranormais: ele pode ver e falar com os mortos.

Claro que ninguém acredita no garoto, visto apenas como um esquisito e vítima de bullying na escola. Até mesmo os seus pais desconfiam de sua sanidade. As coisas mudam quando Norman se vê na obrigação de salvar a cidade de uma maldição rogada por uma bruxa à época da perseguição as feiticeiras no Século XVII. E não bastasse isso, zumbis saem das profundezas da terra para aterrorizar a cidade. Bruxas e zumbis, sério, as crianças no cinema entram em pânico. E os adultos se deleitam com a animação, a trilha sonora vigorosa e tétrica.

Aliás, o climax de "Paranorman" é um dos melhores já realizados em termos de animação, quando Norman e a tal bruxa entram num embate. Mas nada de socos, explosões, monstros. Nada disso. Numa cena assustadora e emotiva, Norman e a feiticeira filosofam sobre solidão, injustiça, amor e carinho.

Cotação: excelente
Chico Izidro

"Referendo"

O ano de 2005 foi meio nebuloso para mim devido a uma violenta depressão. Então o que me recordo daquele período é o que anotei em cadernos e blocos. Tudo o mais se perdeu na poeira do tempo. E foi o ano em que o povo brasileiro foi às urnas para votar pelo "sim" ou "não" em relação ao desarmamento. Não recordo no que votei, mas devo ter votado pelo desarmamento por não gostar de armas. Só que não recordo se até mesmo cheguei a votar.

Feitas as considerações inicias, vamos a "Referendo", de Jaime Lerner, homônimo do político paranaense, analisa aquele período, colhendo depoimentos de pessoas que por um motivo ou outro engajaram-se naquela questão: "O comércio de armas e munição deve ser proibido no Brasil?". O diretor o faz de forma instigante, com os depoimentos intercalados, espaçados e aos poucos vamos entendendo a motivação de cada entrevistado, focando principalmente nos gaúchos. Aqui, afinal existe uma forte tradição armamentista, guerreira e, lembrado bem, fazemos fronteira com outros povos belicosos.

Temos o depoimento de um ex-secretário de segurança do Rio Grande do Sul, de uma professora, de um artista plástico, de um assaltante de bancos, de um estancieiro e também de donos de indústrias armamentistas. Um dos personagens entrevistados, por si só, daria um outro excepcional documentário, por causa de sua história singular e surpreendente. Não cabe aqui contar qual a história dessa pessoa, pois a surpresa é chocante. E nos faz refletir se é certo ou errado possuir armas. Mas uma coisa é certa, apenas o cidadão comum usa armas, muitas obsoletas. Os marginais possuem equipamentos, que por vezes, são de uso restrito das Forças Armadas e policiais.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Resident Evil 5 - Retribuição"

Essa cinesérie é baseada nos tradicionais jogos de videogame. E cá para mim não faz a mínima diferença, pois não sou entusiasta, aliás, nunca joguei videogame na vida, mas conheço os seus meandros. E o quinto filme, "Resident Evil 5 - Retribuição" é o mais perfeito exemplo de como transpor para a tela o jogo. Cada sequência é como se o jogador estivesse tentanto passar de fase.

Dirigido por Paul S. W. Anderson e protagonizado mais uma vez pela ucraniana Milla Jovovic (pronuncia-se iovoviti), presente desde o início como a heroína Alice, "Resident Evil 5 - Retribuição", tem tudo o que pode se esperar de um bom filme de ação. Violência extrema e bem filmada, reviravoltas inteligentes e um final apoteótico. Detalhe: se o espectador não viu os outros filmes, não há problema, pois o começo traz um belo resumo dos quatro filmes anteriores. Agora Alice encontra-se nos subterrâneos da empresa Umbrella, que quase provocou o final da raça humana ao perder o controle sob um vírus que transformou as vítimas em zumbis. E eles surgem aos borbotões em cada nível do "jogo", repleto ainda de clones. Só a personagem da atriz Michelle Rodrigues, que quase sempre morre nos filmes, e´eliminada três vezes.

E Milla Jovovic foi feita para representar Alice - bonita, curvilínea, o tempo todo séria, quase como um robô. "Resident Evil 5 - Retribuição" surpreende.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Tropicália"


Nunca fui fã de Gil e Caetano Veloso, mas é impossível negar a importância dos dois baianos para a história da música, mesmo universalmente. E ambos foram os criadores de um dos maiores movimentos musicais do Brasil, a "Tropicália", que vira revelador documentário dirigido por Marcelo Machado.

Nele vemos pela primeira vez imagens da segunda metade dos anos 1960. E o documentário em quase sua totalidade é calcado nessas imagens raras, com a voz de seus protagonistas em off. Gil, Caetano, Tom Zé, entre outros, tentam explicar o que foi a Tropicália, que sucedeu a Bossa Nova junto à juventude brasileira. O movimento não restringia-se somente a música, agregando também elementos teatrais e da cultura pop do Brasil e do exterior. E a Tropicália chegou em momento crítico no país, onde a Ditadura Militar entrava em seus mais rigorosos anos. Onde a juventude tentava respirar um pouco de liberdade, tentava extravasar suas ideias e ideais, e eram fortemente reprimidos pela censuar imposta pelos milicos. Tanto que em determinado momento, o jeito foi sair do Brasil, seja forçado ou por decisão própria.

E é aí o ponto de partida em "Tropicália", com Gil e Caetano apresentando-se na televisão portuguesa, tentanto explicar o que era o movimento aos patrícios. O difícil é compreender os dois músicos, que se na música faziam letras geniais - um exemplo é Baby, interpretada por Gal, "Você precisa saber da margarina, da Carolina, da gasolina", parecendo ser uma rima fácil e boba, mas criticando a dura realidade brasileira -, na sua maneira de falar, são confusos e dispersos.

A Tropicália foi tão significativa por mesclar rock com música brasileira, trazer um som eletrificado, e unir astros da MPB, como Nara Leão, e revelar astros como Os Mutantes, dos irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista e da então linda Rita Lee. O encerramento de "Tropicália" é tocante e nos faz querer remexer o baú, com Gil e Caetano, hoje em dia, já setentões, vendo trechos de um carnaval na Bahia em 1972, quando então eles voltavam ao país e davam o movimento como encerrado.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Saturday, September 15, 2012

"Vizinhos Imediatos de 3º Grau"

"Vizinhos Imediatos de 3º Grau", direção de Akiva Schaffer, pretende-se uma comédia de ficção científica. Até tem ficção científica, mas o humor pretendido é constrangedor. Capitaneada por Ben Stiller, mostra um grupo de vizinhos de um subúrbio americano que une-se para tentar encontrar o assassino de um vigia de um supermercado. A turma é composta por homens solitários e perdedores.

Stiller é Evan Troutwig, que estéril, teme perder a mulher se contar a verdade. E centralizador, costuma criar grupos para tentar abafar sua frustação. Vince Vaughn vive Bob, falastrão, beberrão e que sofre com as impertinências da filha adolescente e fervendo de hormônios. O gordinho Jonah Hill, de "Superbad - É Hoje", interpreta Franklin, mais um de seus tipos loosers, morando com a mãe, desprezado pelas mulheres e fanático por armas. O último personagem é o estrangeiro da tropa, Jamarcus, vivido pelo inglês Richard Ayoade, do extinto seriado "The It Crowd", que tenta se enturmar no novo país.

Os quatro têm diferenças gritantes e isso acaba os unindo. Para o bem e o mal. Com o seu grupo de vigilantes, são motivo de chacota da comunidade e da própria polícia, que não leva a sério aquele grupo de marmanjos. E na vigília que fazem para tentar encontrar o assassino, acabam descobrindo que os Estados Unidos foi invadido por aliens, que aos poucos preparam uma invasão no melhor estilo "Invasores de Corpos". O problema é a previsibilidade do roteiro, a inclusão daquela tradicional e irritante cena em que os personagens andam em grupo e em câmera lenta. Os efeitos especiais são bons, mas isso não ajuda nesta fraca produção.

Ah, a nota final: O nome do filme no Brasil brinca com o filme de Steven Spielberg de 1976, "Contatos Imediatos do 3º Grau". No original, o filme de Akiva Schaffer foi batizado de "The Watch".

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Cosmópolis"

Robert Pattinson afirmou ao se ver em "Cosmópolis", que pela primeira vez na carreira não sentiu vergonha de si mesmo na tela. Em relação a produções anteriores, o ator britânico teve uma melhora. Mas trabalhar com o diretor David Cronenberg ainda não lhe trouxe a redenção. Mesmo porque "Cosmópolis", baseado em romance do escritor americano Don DeLillo não é de fácil assimilação.

Mostra o bilionário excêntrico Eric Packer (Pattinson) acordando num dia tumultuado em Nova Iorque, que está para receber o presidente dos Estados Unidos, o trânsito tumultuado e protestos anticapitalistas de um grupo onde o símbolo é uma ratazana - animal que é uma verdadeira praga na cidade que nunca dorme. Só que as únicas preocupações do playboy são o de atravessar Nova Iorque para cortar o cabelo em seu barbeiro preferido e a crescente valorização da moeda chinesa, o yuan, que pode lhe trazer dissabores financeiros. E toda a história transcorre praticamente dentro da limusine de Eric, onde faz seus negócios, discute seus relacionamentos, transa e é atendido por um médico particular, com direito a exame da próstata.

A trama até causa curiosidade, estranhamento. Porém é monótono e os diálogos, que se por acaso funcionam no livro, no filme causa confusão e desconforto. Não existe profundidade nos personagens - que entram e saem rapidamente de cena. Entra as aparições, Juliette Binoche, num raro momento em que não se mostra depressiva, Samantha Morton, de "Minority Reporter", cada vez mais rechonchudinha, e Paul Giamatti com mais um de seus personagens estranhos e raivosos, e protagonizando um dos diálogos mais sem noção dos últimos tempos com Pattinson. Que já havia estragado o filme de época "Bel-Ami". E aqui não conseguindo mais uma vez a versatilidade em suas feições. O ator tem sempre aquele olhar enfastiado, seja triste, seja feliz. E com isso consegue soterrar "Cosmópolis", de um diretor que por tradição, não costuma fazer filmes fáceis.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"O Gato do Rabino"

Primeiramente essa animação francesa não é para crianças e muito menos adolescentes. Que o considerarão tedioso. "O Gato do Rabino", de Joann Sfar, é pura filosofia, tratando de religião, sionismo e racismo.

Passados em meados dos anos 1930 em Argel, na Argélia, então colônia francesa, um gato devora um papagaio e começa a falar sem parar, expondo as suas ideias e sentimentos para o rabino e a filha dele. A bela Zlabya é objeto de adoração do bichano e o rabino Sfar (note bem, o mesmo nome da diretora), não concorda com a aproximação dos dois, decidindo por afastá-los. Para não ficar longe de sua musa, o gato pede para converter-se ao judaísmo, o que é visto como uma afronta. Em certo momento, porém, ao se ver numa encruzilhada, o rabino terá de ceder aos apelos do gato.

No decorrer do longa, os dois irão promover ainda uma jornada pela África colonial, em busca de uma tribo de judeus negros, os etíopes falachas, que então acreditava-se serem uma lenda. "O Gato do Rabino" é fascinante, hipnotizante e os desenhos não são um primor, mas isto não importa. São feitos de traços simples, mas detalhados. Pois o que conta aqui é o roteiro, forte, por vezes engraçado. E note a homenagem de Joann Sfar a um personagem célebre dos quadrinhos, que surge em certo momento na jornada do rabino e seu gato no meio da selva, o repórter Tin-Tin, do belga Hergé, e que tinha uma forte influência colonialista.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Thursday, September 06, 2012

"O Legado Bourne"

A trilogia Bourne, com Matt Damon vivendo o espião desmemoriado foi sensacional. Agora a cinesérie volta com um novo protagoniosta, Jeremy Renner, de "Guerra ao Terror" e o sucessor de Tom Cruise em outra série cinematográfica, "Missão Impossível".
Renner é Aaron Cross, espião que está sendo testado em uma experiência da CIA em "O Legado Bourne", de Tony Gilroy, a mesma que aparentemente envolveu Jason Bourne. Fragmentos do passado de Cross surge, enquanto ele tenta descobrir o que se passa com ele e porque estão tentando matá-lo. E em sua fuga, Cross conta com a ajuda da cientista Marta (Rachel Weisz, de O Jardineiro Fiel).

Mas não espere muita compreensão e coerência da trama - que começa confusa, mostrando idas e vindas no tempo, muito papo furado e planos mirabolantes, dando um nó no espectador. Passado o estupor inicial, "O Legado Bourne" torna-se delicioso, mas nada original. Cross pega Marta pela mão e os dois saem fugindo por aí, matando todos que tentem eliminá-los.

As cenas de ação, muito bem filmadas e coreografadas, sucedem-se vertiginosamente. Uma delas ocorre pelos telhados de uma cidade asiática, onde Cross escala os prédios fugindo da polícia e de um assassino (remetendo exatamente ao terceiro filme, O Ultimato Bourne). Em outro espetacular momento, Cross e Marta participam de uma perseguição de moto, com as inevitáveis e assustadoras trombadas e derrapadas.
Jeremy Renner mostra-se talhado para pegar a coroa de Matt Damon e Cruise em filmes de ação. E tem um visual mais bruto, semelhante ao do inglês Daniel Craig, o atual 007 e por coincidência marido da bela Rachel Weisz. E apesar da química com ela em "O Legado Bourne", nada rola entre eles - aparentemente. E Edward Norton, como um agente da CIA, e também outro novato da série, é subaproveitado, passando o tempo todo em escritórios tramando algo.

"O Legado Bourne" é um ótimi filme de ação, pena que o diretor Tony Gilroy, querendo explicar muita coisa, acaba por explicar quase nada. Entenderam? Não tire os olhos da telona.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Cara ou Coroa"

Ugo Giorgetti, que já dirigiu os ótimos e divertidos "Boleiros 1 e 2" e Festa, mexe nas lembranças e feridas da ditadura militar (1964-1985) no Brasil em Cara ou Coroa. Deste período, ele mirou exatamente em alguns meses de 1971, um dos mais rigorosos daquela época negra.

Narrado por Paulo Betti em primeira pessoa, é como se o estudante Getúlio (o fraco Geraldo Rodrigues) fosse o alterego de Giorgetti relembrando o seu começo no meio cultural. Ele ainda não sabe do que pretende da vida, enquanto secretamente trabalha numa peça de teatro, que pode ser dirigida pelo irmão e diretor teatral João Pedro (Emilio de Mello, de Cazuza, o Tempo Não Para). Este é um fracassado no casamento, arruinado financeiramente, viciado em jogatina e militante do PCB. E o Partidão está em busca de abrigo para dois de seus correligionários, perseguidos intensamente pelos milicos. E existe apenas um lugar onde eles nunca procurariam os fugitivos: num pequeno e mofado porão na casa do avô da namorada de Getúlio, Lilian (Júlia Ianina). O detalhe é que o avô é um general aposentado e reacionário, vivido por Walmor Chagas.

"Cara e Coroa" tem uma cuidadosa e excelente reconstituição de época, diálogos trabalhados, mas a fotografia, por vezes, é demasiadamente escura - talvez seja intencional, para lembrar aquele perído terrível da história do Brasil. A melhor presença é do veterano ator Otávio Augusto, taxista reacionário e tio de Getúlio e João Pedro. Logo no começo do filme, ele expulsa de seu táxi um homem com cabelos longos, após constatar não ser uma mulher. "Saia logo de meu carro, seu viado", dispara, mostrando como eram aqueles anos, onde ser diferente era uma ofensa a pessoas atrasadas.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Totalmente Inocentes"

Certos filmes nunca deveriam ir para as telas. É o caso do constrangedor "Totalmente Inocentes", de Rodrigo Bittencourt. O longa pretende ser uma comédia como aquelas que satirizam diversos tipos de filmes, como "Todo Mundo em Pânico", Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu" e "Top Secret". Aqui o deboche cairia sobre dois dos maiores sucessos do Brasil em todos os tempos, "Tropa de Elite" e "Cidade de Deus". Tanto que o barraco dos protagonistas ostenta um cartaz de "Cidade..." na porta, e dois dos atores-símbolos dos dois filmes, Leandro Firmino da Hora, o Zé Pequeno, e Fábio Lago, o Baiano.
 
"Totalmente Inocentes" conta a história de Da Fé (Lucas D'Jesus), apaixonado por Gidinha, irmã mais velha de seu melhor amigo, Bracinho. O menino de 15 anos é todo certinho, cria sozinho o irmão mais novo na fictícia favela DDC, no Rio de Janeiro. Porém, o garoto acredita que somente tornando-se um bandido, ganhará o amor de Gidinha, que ele acha ser apaixonada pelo bandido Do Morro (um histérico Fábio Porchat). Por isso, tenta de todos os modos, sempre estupidamente, praticar crimes, acabando por provocar a ira do chefão da favela, Do Morro, que está em guerra com o antigo dono do pedaço, o travesti Diaba Loira.

A tentativa de comédia fica somente no papel. As piadas não funcionam, as atuações são constrangedoras. O espectador fica esperando a tirada genial, um pingo de inteligência - aqueles que não se retiraram da sala, claro. Seriamente candidato ao título de pior filme do ano, superando ruindades do quilate de "Agamenon" e "Billi Pig".

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Projeto Dinossauro"

"Projeto Dinossauro" sofre daquele mal iniciado em "A Bruxa de Blair", e que nos últimos tempos tem infestado o cinema, seja com inventividade, como "Projeto X" e alguns dos "Atividade Paranormal", ou errando grosseiramente como "Zumbi Diaries" ou "Rec 2". Dirigido por Sid Bennet, mostra uma expedição aos confins da África, onde surgiram pistas de que os dinossauros não se extinguiram. Um grupo de expedicionários vai em busca dessas evidências e desaparece misteriosamente.

Tempos depois, são encontrados vídeos, onde se constata o que ocorreu com os expedicionários. Com aquela câmeras nas mãos, conhecida como subetiva, os expedicionários mostram um vale perdido, onde habitam animais que acreditava-se desaparecidos há milhões de anos. Alguns deles sedentos por carne humana.
 
"Projeto Dinossauro" é uma mistura de "Parque dos Dinossauros" com "Cloverfield - Monstro", "Viagem ao Fundo da Terra", e claramente inspirado no filme que deu origem a tudo - até o roteiro é semelhante, grupo se perde em lugar hostil e as imagens do que ocorreu são enconttradas e trazidas ao público: "Canibal Holocausto", clássico do terror de 1980, do italiano Ruggero Deodato.
 
Cotação: ruim
Chico Izidro

"Os Mercenários 2 - De Volta à Ação"

No primeiro filme, de 2010, os velhinhos arrebentavam tudo numa pequena republiqueta fictícia na América do Sul. Agora, o quebra-quebra é ampliado pelos musculosos e enrugados heróis dos anos 1980 em "Os Mercenários 2 - De Volta à Ação", dirigido por Simon West.

Comandados por um sessentão Sylvester Stallone, nomes como Arnold Scwharzenegger, Bruce Willis, Dolph Lundgren e Chuck Norris vão em busca de vingança. Um dos integrantes do grupo, e não é o personagem de Mickey Rourke, que nem dá as caras no filme, é assassinado depois de uma missão na China. Os velhinhos partem, então, em busca do vilão, vivido por Jean-Claude van Damme. Não bastasse, batizado convenientemente de Villain, ainda escravizou os moradores de um pequeno vilarejo nos Balcãs.

O roteiro é mínimo. O que conta aqui é o número de mortos empilhados pelos mercenários, seja por tiros, socos, facadas, granadas. O toque feminino fica por conta da modelo chinesa Nan Yu e seus grossos lábios. E também as piadas disparadas a cada minuto, principalmente fazendo referências a personagens de seus anos de ouro. Scwharzenegger, por exemplo, dispara várias vezes o seu "eu voltarei", bordão de "O Exterminador do Futuro". Ou Norris citando alguns de seus facts, que bombam na internet. O próprio Stallone não deixa de lembrar aos seus parceiros de que eles fazem parte de um museu.

"Os Mercenários 2 - De Volta à Ação" tira sarro de si mesmo, por isso é divertido de se assistir, pois quem conhece os heróis e suas características certamente irá rir muito.

Cotação: bom
Chico Izidro

"A Febre do Rato"

"A Febre do Rato" é um termo recifense para designar algo fora do controle. No filme homônimo de Claudio Assis, também dá nome ao jornaleco, na realidade um pasquim, onde o poeta Zizo põe para fora toda a sua verborragia romântica e proletária. Ele sai pelas ruas modorrentas de Recife, vendendo o seu produto, em sua velha camionete e com a ajuda de um megafone. A vida de Zizo é assim, sobrevivendo gfraças ao jornalzinho, trepando com velhas obesas e bêbadas, e bebendo em botecos fétidos com o amigo coveiro, apelidado de Pazinho, que vai e volta em seu casamento com a manicure Vanessa, que não sabemos nunca se é mesmo uma voluptuosa mulher ou um travesti.

A serenidade de Zizo acaba quando ele se apaixona perdidamente por uma jovem estudante, a bonitinha Eneida. Todas as mulheres costumam cair na lábia do poeta, o que não é o caso de Eneida, e como na Odisseia, Zizo tentará enlouquecidamente conquistar o coração da garota. "A Febre do Rato" é filmado em preto e branco, e isso dá mais força visual a uma Recife suja, pobre e subterrânea. Claudio Assis não poupa no roteiro, recheado de sexo, palavrões e pobreza. Em determinado momento, uma garota transa com três rapazes, e o diretor não se furta em filmar, num plano aéreo, os quatro corpos rolando na cama, com os atores tocando nos órgãos sexuais de seus colegas sem pudor.

Zizo é interpretado pelo ótimo Irandhir Soares (Tropa de Elite), verborrágico e desavergonhado, enquanto a musa Eneida tem Nanda Costa como intérprete. E ela é a cara descarragada de Maria Schneider, atriz do também despudorado "O Último Tango em Paris".

A câmera em "A Febre do Rato" é trêmula, mas sem nunca perder o foco, com certas passagens remetendo a filmes psicodélicos dos anos 1960.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo"

Steve Carell viveu durante sete anos o sem noção, misógino e racista Michael Scott no genial seriado "The Office". O sucesso o levou ao cinema, mas em seus filmes na telona, mostrou muitos cacoetes histriônicos, irritantes. Pois no drama romântico "Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo", de Lorene Scafaria, Carell acerta no tom e faz emocionar.

A trama é meio assustadora e tem a premissa dos filmes-catástrofes: um enorme asteroide vai se chocar com a Terra em três semanas. O planeta será destruído, acabando com a raça humana. Todas as tentativas de destruir o asteroide se mostraram infrutíferas. O que resta aos humanos? Curtir os últimos momentos fazendo tudo o que lhes der na telha. Orgias, bebedeiras, drogas. Até mesmo as crianças são estimuladas a tomar seus porres.

Porém Dodge (Carell) é um inconformado. Foi abandonado pela mulher, está sozinho e não quer morrer assim. Chega a ouvir de um amigo que não morrerá só: "Vamos todos morrer juntos, ao mesmo tempo", escuta. Isso, porém, não lhe conforta. E Dodge decide procurar uma namorada da época do colégio, e que ele acredita ser o amor de sua vida. Nesta jornada, ele conhece a romântica e desafortunada Penny (Keira Knightley), que deseja ver os pais pela última vez.

Os dois saem pelas estradas, encontrando pelo caminho todo o tipo de pessoas, como um cara que contratou alguém para matá-lo - participação hilária de William Petersen, o Greeson, de C.S.I., fuzileiros navais que montaram um abrigo subterrâneo, com viveres e armas, e cuja ideia é repovoar a Terra após o apocalipse, se sobreviverem. E Penny serviria como uma das fêmeas que geraria humanos fortes. Dodge, bem, ele não pertence aos eleitos, decide um dos soldados.

"Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo" tem falhas, algumas gritantes. Como por exemplo Dodge nunca fazer a barba, mas ela estar sempre bem aparada. Ou os telefones mudos...só que em determinado momento, Penny liga de um aparelho e consegue falar com seus pais...detalhes.
A trilha sonora é primorosa, sendo de suprema importância para o filme. Dodge e Penny são amantes de música, e a garota não se desgruda de jeito nenhum de alguns vinis que marcaram momentos importantes de sua vida. O final é tocante, com os dois conversando, sabendo desesperançosamente que talvez não aja o amanhã.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Marighella"

Carlos Marighella, lembra sua última companheira, Clara Charf, que quando ela contou do namoro dos dois para o seu pai, judeu, esse não aprovou o relacionamento. Afinal, o ativista político era, nas palavras do velho, "goy, roten e schwarz", ou seja, não-judeu, comunista e negro. Ou seja, tinha tudo para dar errado, na visão simplista de um reacionário. Marighella foi um dos principais guerrilheiros que lutou contra a ditadura militar no Brasil dos anos 1960, acabando por ser assassinado numa emboscada do DOPS, em uma ação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

No documentário "Marighella", narrado pelo ator Lázaro Ramos, a diretora Isa Grispum Ferraz e sobrinha do militante comunista, refaz a trajetória dele desde o nascimento em Salvador, em 1911, até a morte. Carlos Marighella era filho de um imigrante italiano com uma negra baiana. Esta mistura criou um homem culto, politizado, ciente de que deveria lutar em prol dos desfavorecidos. Entrou no PCB e militou ao lado de Luis Carlos Prestes e desde sempre foi perseguido. Era também sedutor, poeta, ideólogo - escreveu o famoso Manual do Guerrilheiro Urbano, que serviu de guia para a luta armada contra os militares.

A diretora obteve depoimentos de antigos parceiros de Marighella, de parentes, da companheira de quase toda a vida. Também conseguiu imagens sensacionais de quase toda a vida do guerrilheiro. Ela falha, no entanto, por se mostrar por demais parcial. Marighella acaba virando um santo, quase um homem perfeito. Não são feitas críticas a ele e isso é uma falha grave. Sabemos que os guerrilheiros não desejavam apenas combater os militares. Também queriam instalar no país uma ditadura socialista, nos moldes soviéticos.

Cotação: bom
Chico Izidro