Thursday, September 11, 2008

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA



Adaptado do romance homônimo do escritor português e prêmio Nobel José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira (Blindness), de Fernando Meirelles (Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel) é excepcional. Trata da perda de visão física e moral. Na história, as pessoas vão ficando cegas, numa epidemia que se alastra por uma cidade cujo nome nunca é mencionado (parte do filme foi gravado em São Paulo). E a medida em que elas vão sendo afetadas, são internadas em locais mais parecidos com presídios do que hospitais. Lá dentro, divididas em grupos, mostram como podem facilmente perder a humanidade. Numa cena fortíssima e chocante, várias mulheres são estupradas coletivamente. Mas não se vê quase nada, a não ser gemidos e choros desesperados.
O principal destaque de Ensaio sobre a Cegueira é Juliane Moore (de Filhos da Esperança e Hannibal) no papel da esposa de um oftalmologista que também fica cego (Mark Ruffalo, de Zodíaco). Ela é a única personagem a não perder a visão e que serve de elo entre os vários grupos que se digladiam pela sobrevivência. Mas também se destacam o próprio Ruffalo, Gael Garcia Bernal - este no papel de um cego psicopata -, e Alice Braga, atriz sobrinha de Sônia Braga que está se tornando frequente em várias obras recentes, como Eu Sou a Lenda e Cinturão Vermelho. Enfim, um filme para ser visto e ser pensado.

PERIGO EM BANGKOK




Nicolas Cage é um assassino profissional em Perigo em Bangkok (Time to Kill, de Oxide e Danny Pang). O ator de O Motoqueiro Fantasma e O Vidente está mais uma vez canastrão. Há algum tempo ele deixou de lado os filmes mais sérios e parece estar participando daqueles em que se diverte, sem se esforçar muito com a atuação, e com perucas que alguém lembrou parecer um guaxinim.
O seu personagem é um homem solitário, contratado para realizar quatro assassinatos em Bangkok. E ele segue regras para não ter problemas em suas ações, como o de não se envolver com ninguém e saber a hora de quando pular fora. Mas claro que ele vai cair de amores por uma tailandesa, além de ter o coração amolecido por um garoto de recados que vira seu pupilo.
Perigo em Bangkok é daqueles filmes feitos para não se pensar muito. Ou como explicar que um ocidental de quase 1,90cm possa desfilar por uma cidade cheia de gente baixinha sem ser notado? Ou ainda entrar em guerra contra um exército e sair incólume? Se não vingar no cinema, vai fazer muito sucesso nas locadoras. Podem apostar.

Thursday, September 04, 2008

Hellboy II - O Exército Dourado



Sempre digo que para este tipo de filme você tem de relaxar e esquecer que ele foi tirado das páginas dos quadrinhos. Ou seja, curta porque é pura fantasia. Hellboy II - O Exército Dourado, dirigido por Guillermo del Toro (Labirinto do Fauno e A Espinha do Diabo), então, é um filme extremamente pipoca, em que vale são as cenas de ação, recheadas de efeitos especiais. O herói mal-humorado, vivido pelo ótimo ator Ron Perlman (de O Nome da Rosa), ao lado de sua namorada Liz (Selma Blair) e de outros estranhos seres vai combater o principe Nuala (Luke Gross) que pretende destruir a humanidade (e não é isso que todos os vilões das histórias fantásticas pretendem?). Não pense muito e apenas se deixe levar.

AINDA ORANGOTANGOS



Quando Alfred Hitchcock filmou Festim Diabólico (The Rope, em 1948), nunca poderia imaginar que sua idéia de fazer um filme sem cortes, chamado plano-seqüência, viria à tona 60 anos depois em Porto Alegre. A idéia do plano-seqüência, porém, foi de mentirinha. O inglês era obrigado a trocar o rolo de filme há cada 10 minutos (pois era o máximo que um rolo comportava na época). Em Ainda Orangotangos, o porto-alegrense Gustavo Spolidoro conseguiu a façanha em 81 minutos sem trocar a fita, num dia quente de dezembro de 2006, contando várias histórias sobre cidadãos da capital gaúcha, começando no Trensurb e acabando num clube social na Avenida João Pessoa. Se o plano funciona a contento, as histórias se mostram por vezes desencontradas. A melhor talvez seja a das garotas lésbicas e o papai noel no ônibus. Já o filme perde o seu ritmo e irrita o espectador na festinha particular de um casal e seu porre de perfume dentro de um apartamento na Venâncio Aires. Não é por ser um filme gaúcho e mais, de Porto Alegre, que devemos mostrar complacência. Enfim, não é um filme ruim. Mas deixa a desejar.

O NEVOEIRO



Eu venho reclamando de que não se faz mais filme de terror. O que temos visto são obras - que desculpem o termo - que lidam mais com cenas para deixar o público enojado do que com medo. Por isso, O Nevoeiro (The Mist, de Frank Darabont e baseado em conto de Stephen King) é diferente. Ele faz o espectador tremer na poltrona, ao contrário do desperdiçado Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan. Um nevoeiro cai sobre uma pequena cidade após uma tempestade. Então um grupo de pessoas fica preso em um supermercado local, onde lá fora, um ser desconhecido caça quem tenta escapar. E dentro da loja, a selvageria também vai tomando conta dos sobreviventes, um sob o controle da fanática religiosa Senhora Carmody (interpretada pela ótima Marcia Gay Harden, de Pollock), e outro sob as ações de um artista local, Davidf Drayton (Thomas Jane, de Magnólia e O Justiceiro). O Nevoeiro lembra, por vezes, Guerra dos Mundos outras Invasores de Corpos ou ainda o trash O Ataque dos Vermes Malditos. O certo é que The Mist é daqueles filmes em que não damos nada e que acaba nos surpreendendo, ainda mais com um final fugindo totalmente ao convencional.

O REINO PROIBIDO



Se você é fã de artes marciais ou um dia curtiu Bruce Lee, esqueça o roteiro, que aliás praticamente inexiste. O que vale em O Reino Proibido (The Forbidden Kingdom), filme infanto-juvenil dirigido por Rob Minkoff, é o confronto dos atores e mestres do kung fu Jack Chan e Jet Li. Seus embates são, não resistindo ao clichê, de maravilhar os olhos. Os fãs de Bruce Lee, certamente não ficarão decepcionados. E desde quando neste tipo de filme se pediu coerência? A história? Jovem americano, o fraquinho Michael Angarano, vai parar num mundo alternativo na China, com a missão de devolver um bastão mágico a um guerreiro enfeitiçado 500 anos antes e que se liberto, acabará com a ditadura de um ditador. Esqueça isso.

O PROCURADO



Balas que fazem curvas impossíveis, pistoleiros que conseguem acertar um alvo a mais de cinco quilômetros de distância podem ser encontrados em O Procurado, direção de Timur Bekmambetov (de xxxxx). Assasssinos especialmente ensinados por uma agência, a Fraternidade, liderada por Sloan (Morgan Freeman, sempre ótimo e num papel dúbio) e que tem como principal pupila Fox (Angelina Jolie, linda, mas puro osso e toda tatuada). Os dois têm de transformar o looser Wesley Gibson (James McAvoy, de O Último Rei da Escócia) num assassino profissional e vingar a morte. Ao mesmo tempo, ele é alvo de outro atirador desconhecido, que com a morte do garoto, pretende acabar com uma linhagem especial de assassinos. O Procurado (Wanted), depois de xxxx, deve ser um dos filmes mais sangrentos dos últimos anos. Não sáo desperdiçados cérebros explodindo e peitos sendo abertos por balaços mortais. Para quem gosta de sangue, uma boa pedida.

A Múmia - A Tumba do Imperador Dragão



Se o último Indiana Jones foi um desperdício quase absoluto, o que dizer de A Múmia - A Tumba do Imperador Dragão, de Rob Cohen, terceira parte da série estrelada por Brendan Fraser? Dizer que não precisavam ter feito esse filme, cópia descarada das aventuras com Harrison Ford. A múmia, desta vez, tem seu cenário deslocado do Egito para a China, onde o exército dos soldados de terracota, liderados pelo imperador Dragão, interpretado por Jet Li, libertado de sua prisão após milhares de anos, tem como objetivo o de 10 entre 10 vilões: dominar o mundo. E o professor Rick O'Connel (Brenda Fraser) tem como missão evitar a perdição da humanidade. O filme ainda sofreu com duas perdas. Jet Li não pode participar de todas as cenas, por estar envolvido em outros projetos, então em seu lugar usou-se imagens digitais. E a bela Rachel Weiz ficou de fora da trama - não sei por qual motivo -, sendo substituída por Maria Belo, que não tem o mesmo charme da atriz original da série. Enfim, um filme desnecessário.

Zohan - O Agente Bom de Corte



Adam Sandler volta a fazer uma bobagem monumental, mostrando que sua carreira, apesar do sucesso estrondoso em terras ianques, é para lá de irregular na escolha de roteiros. Em Zohan - O Agente Bom de Corte, de Dennis Dugan, de novo ele pega no pesado contra o politicamente correto, como já o fizera no homofóbico Eu os Declaro Marido e ...Larry. Aqui, porém, ele decide mexer no vespeiro que é o conflito israelense-palestino. Zohan é um agente do Mossad que sonha mesmo em ser cabelereiro e para isso forja a própria morte, viajando em seguida para os Estados Unidos. Onde, claro que vai se apaixonar por Dalia (Emmanuelle Chriqui), uma cabelereira palestina. E dê-lhe piadas sobre as duas etnias, que são piadas fracas, no popular, sem a mínima graça. Sandler poderia ter nos poupado dessa.

Viagem ao Centro da Terra



Talvez Brendan Fraser queira se tornar o novo Harrison Ford. Está no caminho certo - o problema são os roteiros dos filmes que encara. Bem que os filmes são quase cópias dos estrelados pelo veterano ator de Guerra nas Estrelas e Indiana Jones. Em Viagem ao Centro da Terra, de Eric Brevig, Fraser vira arqueólogo. E ele vai em busca do irmão, que sumiu durante expedição na Islândia, quando procurava chegar a um mundo no centro da terra. Claro que Fraser não faz a empreitada sozinho. Vai acompanhado do sobrinho e a filha de um professor desacreditado e que era fascinado pela obra do francês Julio Verne, autor do célebre livro. O filme foi feito para ser assistido em 3D. Sem a tecnologia, vira um filmezinho comum, onde imperam as incoerências de roteiro. Com a tecnologia, já disponível em Porto Alegre, nos cinema Unibanco Arteplex, dá para curtir "com outros olhos" e levar belos sustos.