Sunday, October 29, 2006

Clássico - Cortina Rasgada


Eu poderia ser previsível ao extremo em escrever sobre Alfred Hitchcock e analisar um de seus filmes mais conhecidos. O prolífico cineasta, nascido em 1899 e morto em 1980, deixou dezenas de obras, entre as quais as mais famosas do público brasileiro Os Pássaros, Ladrão de Casaca, Psicose, Janela Indiscreta, Um Corpo que Cai e Disque M para Matar. Porém para mim o melhor filme do cineasta inglês foi o político e direitista Cortina Rasgada, de 1966.
Hitchcock marcou, também, por suas pegadinhas com o público. Ele costumava aparecer de surpresa em alguma cena de seus filmes e o espectador tinha de descobrir quando ele faria a sua aparição. Às vezes surgia somente a sua gorda silueta, outras Hitchcock estava sentado em algum banco ou lendo um jornal. Era algo muito divertido e que M. Night Shyamalan tenta imitar, sem conseguir o mínimo do charme de um dos grandes gênios do cinema. Além disso, Hitchcock costumava se apaixonar, platonicamente, por suas atrizes, sempre loiras fa ntásticas, como Grace Kelly, Kim Novak e Janet Leigh.
Em Cortina Rasgada (Turn Curtain), Paul Newman é o cientista Michael Armstrong, que cooptado pelo serviço secreto britânico, tem de se infiltrar na comunista Berlim Oriental e descobrir a fórmula secreta de um projeto que pode mudar o destino da Guerra Fria. Porém para entrar na Alemanha Oriental, ele tem de se passar por desertor.
Só que não contava com a noiva Sarah Sherman, interpretada por Julie Andrews (a atriz principal de A Noviça Rebelde e sósia de uma amiga minha, a jornalista Karla Spotorno, hoje trabalhando na revista Exame, em São Paulo). A mulher é um grude e vai atrás do noivo, atrapalhando o plano do cientista, que além de tentar obter a tal fórmula, tem de cuidar da noiva, para qual Michael tem de revelar o propósito de sua "deserção."
Cortina Rasgada deixa o espectador tenso durante os seus quase 130 minutos de duração. Uma das melhores cenas é a do ônibus falso, onde o cientista e Sarah tentam fugir e que acaba escoltado pela polícia, que não suspeita de nada, até que há poucos metros surge o ônibus oficial, para desespero dos passageiros do similar. Ou a cena da ópera, em que uma dançarina reconhece Michael e Sarah entre os espectadores e os denuncia à polícia secreta - a Stasi.
O filme teve uma de suas principais cenas censuradas no Brasil durante anos. É quando dois policiais são assassinados na cozinha de uma casa na região rural de Berlim por Michael e um outro espião ocidental. A cena foi considerada muito forte para a época - em plena ditadura militar no Brasil.

CRÔNICA DE UMA FUGA


Esqueçam O Exorcista, O Iluminado, O Grito, O Chamado, O Albergue e outros filmes de terror. Terror mesmo está em Crônica de uma Fuga, do argentino Israel Adrián Caetano. Desde o seu começo, com uma trilha sonora apavorante até a prisão de um jovem goleiro do pequeno time da Grande Buenos Aires Almagro (que tem o uniforme semelhante ao do Grêmio e hoje milita na Série B argentina), Claudio Tamburrini, tudo é apavorante neste excepcional filme.
Que retrata uma das piores ditaduras recentes da América Latina - a Argentina, que durou de 1976 até 1983, mas foi muito mais cruel do que a brasileira, com mais de 20 anos de arbitrariedade por parte dos militares.
Tamburrini (Rodrigo de la Serna) era completamente inocente, mas teve o nome entregue de bandeja por um amigo, esse sim envolvido com a luta armada contra os militares. O objetivo do alcagüete foi de que os guerrilheiros tivessem tempo de fugir do país. Tamburrini, que voltava de um jogo do Almagro, acabou preso e passou seis meses sofrendo as piores torturas ao lado de outros jovens argentinos.
O excelente filme de Adrián Caetano é baseado nas memórias do próprio Tamburrini, que numa noite, ao lado de mais três parceiros de infortúnio, decide fugir da prisão. Os torturados sabiam que não teriam pior destino do que a morte se não arriscassem fugir. Hoje, Tamburrini mora na Suécia. Um filme que dói, que faz a gente pensar como os seres humanos podem ser tão cruéis com os seus semelhantes.

O albergue, por Carol Witczak


Paxton (Jay Hernandez) e Josh (Derek Richardson) são dois jovens americanos buscando fortes emoções em viagens sem-rumo pelo mundo afora. O objetivo, além de encontrar experiências totalmente extasiantes, era fazer Paxton esquecer sua ex-namorada. O que posso fazer senão criticar essa produção, que tem apresentação de nada mais nada menos do que Quentin Tarantino? O público estava esperando mais, muito mais. O filme tem um tempo enorme de "introdução", mas essa parte da filmagem não introduz enredo algum, é apenas uma enrolação: não pode-se dizer que há diálogos interessantes; a história não consegue provocar identificação nenhuma do expectador.
Cinéfilos de carteirinha e estudiosos de cinema fizeram essas mesmas declarações expostas acima! Ainda nesse início desestimulante da narrativa, Oli ( Eythor Godjohnsson), aparece e vira um (um tanto quanto desconexo) novo amigo que acaba juntando-se à essa aventura. À procura de mulheres bonitas e fáceis, os três acabam indo parar em um albergue da Eslováquia. Lá, os telespectadores, já quase pegando no sono, assistem ao sumiço de Paxton. Uma tomada já mostra sua cabeça em cima de uma cadeira e uma mensagem com essa parte do seu corpo e a mensagem "estou indo embora". Daí para frente são serras elétricas, furadeiras, dedos estirpados, vômitos... Pavor e nojo. Difícil de se assistir.
A crítica sentenciou como "violência gratuita", e o que poderia valer a pena na trama, que seria o mistério, não ocorre. É claro que há a temática de horrores existentes, como o tráfico de órgãos e o tráfico sexual embora, mesmo assim, falte profundidade na essência e no conteúdo dessa história. Para finalizar, algo de positivo e que chamou muito à atenção dos expectadores mais atentos foram os cenários, obscuros, antigos e variados, totalmente adequados a atmosfera bizarra das cenas de horror. Direção de Eli Roth.

Monday, October 23, 2006

Grenal do Correio do Povo

Quem quiser olhar o massacre do Grêmio sobre aquele time de vermelho no domingo, dia 22 de outubro, no Passo D'Areia, por 8 a 2, pode clicar no endereço http://www.youtube.com/watch?v=Rbo2FvPN2yo.
Abraço
Chico Izidro

Sunday, October 22, 2006

Canibal Holocausto


Canibal Holocausto

Finalmente consegui realizar um dos sonhos de criança, sim, assisti Canibal Holocausto (Holocaust Cannibal), de Ruggero Deodato, um dos clássicos do cinema de terror do começo dos anos 1980. Na época de seu lançamento, fui proibido por meu pai de ver o filme. Ele o viu umas três vezes. Era um cinéfilo. Curtia tudo. Amava os faroestes com John Wayne, os policiais com Clint Eastwood, os de guerra, qualquer um, e os de terror. Mas filme de amor não era com ele. Ah, e era fanático pelos filmes de Drácula, com Christopher Lee, da produtora inglesa Hammer. E era um leitor voraz e polioglota: falava fluentemente seis línguas sem nunca ter tirado os pés do Rio Grande do Sul em cinco décadas de vida.
Mas o que tudo isso tem com Canibal Holocausto? Bem, talvez venha do gosto de meu pai a minha paixão por literatura, cinema, escrever, desenhar...E o desejo maluco de ver essa pérola do cinema trash.
Porém Canibal Holocausto não é tão trash como eu imaginei todos estes anos. Esperava um Fred Krüeger, um Jason, facões, degolamentos. Mas não. Canibal Holocausto é o pai de A Bruxa de Blair - alguém dos meus 22 leitores se tocou disso?
Um grupo de quatro amigos documentaristas vai até a Floresta Amazônica, onde sabe ter três aldeias índigenas que ainda vivem na Idade da Pedra. E são canibais.
Um ano depois do desaparecimento do grupo, um professor de antropologia vai em busca dos documentaristas e encontra os filmes e os restos mortais da trupe, além de entrar em contato com os canibais. Sai ileso, mas volta à Nova York abalado e leva os filmes a uma emissora de tevê, que pretende levar o documentário ao ar. Até verificarem o horror das fitas, com canibalismo, assassinatos de animais, estripações, amputações. E também o porque de os jovens terem sido mortos.
Assim como o homem branco chegou da Europa na América nos idos de 1500, eles ofenderam a cultura local, agindo como vândalos. Resultado: acabaram sendo mortos e devorados.
O filme tem cenas chocantes, como tripas expostas, estrupos e claro, desculpe a redundância, canibalismo. Mas nada é gratuito.
O único problema que acheri no filme foi o semi-amadorismo dos atores. Fracos, alguns quase caricaturais.
E um ponto a favor: na época de seu lançamento surgiu a informação de que os jovens documentaristas haviam sido mesmo devorados. Os atores tiveram de ir à público mostrar a cara e dizer: "é apenas um filme de ficção". Alguma semelhança com A Bruxa de Blair, que sorveu a idéia ponto à ponto e fez muito mais sucesso. Veja o original e se apavore de verdade.

Leituras


Leitura:
Três boas dicas de leitura para esta semana.
A revista Rollling Stone finalmente retoma sua edição nacional após mais de três décadas. Belas matérias e um preço legal: só R$ 8,90. Na capa a übermodel Gisele Bündchen. A outra revista é a Piauí, o nome é um achado e bancado pelo cineasta João Moreira Salles. Textos maravilhosos de Ivan Lessa, Mário Sérgio Conti, Rubem Fonseca e Danuza Leão, entre outros. Por fim, um livro engraçadíssimo e uma bela sacada: Conhece o Mário, de Santiago. O nome diz tudo: São aquelas piadas sacanas que a gauchada costuma pregar nos seus amigos. Custa só nove pilas e vale por mil.

A frase da semana

A Frase da semana:
"Como diz o fanho, quando as coisas não podem piorar, aí é que Podem mesmo."

Futebol invade o espaço do cinema


Este blog é exclusivamente sobre cinema. Mas hoje tenho de abrir espaço para outra paixão nacional: o futebol.
Futebol 1
No Grenal anual da empresa Caldas Júnior, na qual estou há 12 anos - completo 13 no dia 8 de fevereiro próximo - depois de só ocorrerem empates entre gremistas e colorados, desta vez a superioridade tricolor, comigo no gol, foi acachapante: uma goleada incontestável de 8 a 2, apesar de o árbitro ter truncado muito o jogo e ter assinalado dois pênaltis inexistentes para os vermelhos (um deles foi chutado para fora, sendo feita a Justiça). A partida foi realizada no domingo, dia 22 de outubro, no estádio Passo d'Areia, do tradicional São José, o Zequinha.

Futebol 2

Após o empate por 1 a 1 do Grêmio com o São Paulo, ontem, não há mais dúvida. O tricolor paulista será campeão brasileiro. Porém, apesar de levar duas bolas na trave, o Grêmio deixou escapar a vitória na etapa final quando foi superior. E aqui faço um apelo aos dirigentes gremistas: façam um contrato vitalício com o técnico Mano Menezes, assim como o Manchester United é comandado desde 1986 por Sir Alex Ferguson e o Auxerre, da França, foi dirigido durante 35 anos por Guy Roux.

Vencedores

Os vencedores do concurso anterior para as peças Hamlet Sincrético e Larvárias foram
Adriano de Oliveira e
Magda de Oliveira Guimarães

As respostas:
1- Bruno era persoangem de Pacto Sinistro.
2- O Chris Walken era irmão da Diane Keaton em Annie Hall.
3- Bruno Ganz é suíço.

Sunday, October 15, 2006

QUIZ SALA-ESCURA

Para ganhar um ingresso para assistir a peça HAMLET SINCRÉTICO, em Cartaz até o dia 29 deste mês, responda a esta pergunta:
* Qual filme de Alfred Hitchcock um dos personagens principais se chama Bruno?
Para outro ingresso da mesma peça:
* Em que filme o ator Christopher Walken faz uma ponta como o irmão mais novo de Diane Keaton?
Para ganhar o ingresso para a peça Larvárias, em cartaz até o dia 29, responda esta questão:
* Qual a nacionalidade do ator Bruno Ganz, que interpreta Hitler em A Queda?

Thursday, October 12, 2006

AS TORRES GÊMEAS



Podem me cobrar em março. O filme que levará o Oscar de 2006 será As Torres Gêmeas (World Trade Center, de Oliver Stone). Sim, o filme recria com perfeição documental a tragédia que se abateu sobre os Estados Unidos, mais propriamente em Nova Iorque em 11 de setembro de 2001. Já escrevi na análise do filme United 93 que ninguém esquece o que estava fazendo naquele dia fatídico, que não mudou só o jeito de os norte-americanos verem o mundo, como o mundo mudou completamente. Entrou em paranóia.
Mas vamos ao filme de Stone (Salvador Martírio de Um Povo, Platoon e JFK). Ele é centrado basicamente em dois policiais que sobreviveram nos escombros do World Trade Center, quando este foi abaixo momentos depois de os aviões seqüestrados se chocarem nos prédios. Os policiais são Will Jimeno e John MacLaughlin, o primeiro interpretado pelo quase desconhecido Michael Pena, que teve o seu primeiro papel de destaque em Crash - No Limite (para quem viu, ele era o chaveiro latino) e MacLaughlin tem como intérprete Nicolas Cage, que dispensa maiores apresentações.
Os dois estão bem em seus papéis - aliás, eles passam quase boa parte do filme soterrados, ajudando um ao outro a não desistir da vida. Enquanto isso, lá fora Stone mostra o desespero das famílias dos dois policiais e o que está ocorrendo em Nova Iorque e também pelo mundo.
Em minhas lembranças, ainda vejo imagens da CNN mostrando a comemoração em vários países árabes, como se um dos países muçulmanos houvesse conquistado uma Copa do Mundo. Chocante. Em Torres Gêmeas, ele descartou essas imagens e mostrou só a apreensão em países aliados dos norte-americanos.
A reconstituição dos prédios destruídos é excepcional e Pena deverá também levar o seu Oscar. Claro que o filme tem seus deslizes sentimentais. Porém seria pedir demais um filme hollywoodiano, apesar de ser feito por um semi-esquerdista notório como Oliver Stone, não tivesse escorregões sentimentalóides. Por isso acho que leva o prêmio maior da Academia.

Muito Gelo e Dois Dedos d'Água


Sabe aqueles filmes em que você fica constrangido, não por ter ido assistir, mas pelos atores? Pois é, Muito Gelo e Dois Dedos d'Água é um belo exemplo. Daniel Filho, o diretor, mais uma vez escorrega, assim como já havia feito com o lamentável Se eu fosse você no começo deste ano. Ele até tenta ser moderninho, inserindo desenhos - numa clara imitação de Tarantino em Kill Bill - para contar o trauma das irmãs interpretadas por Mariana Ximenes (Roberta) e Paloma Duarte (Suzana).
As duas tiram um final de semana para se vingar da avó, que as atormentou quando elas eram crianças nas temporadas passadas na praia. Laura Cardoso, a avó, passa quase o tempo todo "dopada" e mesmo assim tem mais vida do que todo o elenco junto. Ela é a única graça nesta pretensa comédia.
Chega a ser triste ver Tiago Lacerda com visual a lá Clark Kent - com direito a musiquinha do Superman - correndo pela praia, fugindo de um cachorro. E o sempre ótimo Aílton Graça está cada vez mais a cara do falecido Mussum. Ele até dá uma certa, pô, eu iria escrever "graça" ao filme - que trocadilho infame...uma certa melhora no filme.
Mariana Ximenes, que afirmou ser uma camaleoa como atriz, não mostra a mesma beleza de outros filmes, mesmo assim continua uma gracinha. E Paloma Duarte está linda, mas deu uma leve engordadinha. O coadjuvante Ângelo Paes Leme, assim como Lacerda, chega a doer de tão ruim como o advogado careta. Tem certos filmes que não precisavam ser feitos, apesar de ter sido escrito pela boa dupla Alexandre Machado e Fernanda Young, a mesma de Os Normais.

Tuesday, October 10, 2006

Elsa e Fred



O Amor, assim mesmo, com A maiúsculo, não tem idade para acontecer. Pode surgir aos 10 anos, como em Melody (Quando Brota o Amor, de 1970), aos 20 anos em Love Story, do mesmo ano, aos 30 e poucos em Feitos Um Para o Outro (When Harry meet Sally). E aos 80, com Elsa e Fred, um Amor de Paixão (que sub-título horrível, o responsável deveria ser fuzilado!), de Marcos Carnevale. Um dos melhores filmes dos últimos tempos, Elsa e Fred mostra o namoro de um casal no ocaso da vida.
Ela, argentina, cheia de vida, bem-humorada, travessa, parece uma menina de 12 anos; ele, Alfredo, um espanhol recém viúvo, contido, quase um militar, que só está esperando a morte chegar. Até que descobrem que podem amar e têm muito amor ainda em seus corações. Os dois não se importam com o que pensam sobre eles, a intromissão dos filhos, dos amigos. Querem mais é se curtir, depois de um começo meio conflituoso.
E o filme tem excepcionais piadas pelo lado de Elsa, que sonha em repetir o banho de Anita Ekberg na Fontana di Trevi, em Roma (citação mais do que bem sacada de La Dolce Vita - A Doce Vida -, do mestre Federico Fellini). Este é um daqueles dramas que não dá para perder se você gosta mesmo de cinema.

DÁLIA NEGRA


Dália Negra (The Black Dahlia), a transposição para a telona de mais uma obra-prima da literatura policial do escritor James Ellroy (Meus Lugares Escuros e L.A. Cidade Proibida) não é o melhor de Brian de Palma (Os Intocáveis). Porém não é tão ruim como andam dizendo por aí.
Dois policiais e ex-boxeadores, Josh Hartnett (Xeque-Mate e Pearl Harbour) e Aaron Eckhart (Obrigado por Fumar), quase vão à loucura ao tentar descobrir o assassino de uma garota de 15 anos que sonhava em ser atriz na Hollywood dos anos 1940. Brian de Palma peca por não conseguir reproduzir as cores da época - talvez se tivesse filmado em P&B o efeito fosse melhor, mas muita gente não iria ao cinema...o que conheço de gente que foge de filmes monocromáticos -, mas pode agradar aos fãs dos policiais noir, apesar de tudo.
A forma como é contada a história é boa, lenta e confusa como deve ser um filme do gênero, o que obriga o espectador a ficar atento a cada cena, a cada detalhe (alguém aí assistiu O Falcão Maltês, de John Huston, com Humprey Bogart? Uma das histórias mais confusas de todos os tempos e um clássico insuperável, mas totalmente incompriensível à primeira vista).
A bicampeã do Oscar Hillary Swank (Menina de Ouro e Meninos não Choram) é uma atrizona - e pensar que um dia ela foi garçonete e mãe solteira em Barrados no Baile...). E Dália Negra tem ainda Scarlett Johansson, cada vez mais linda e sensual. E aqueles lábios....

The Office


Geralmente as versões americanas de seriados inglerses acabam em desastre. Recentemente aconteceu com um excelente seriado: The Coupling. Não durou uma temporada. A transposição das piadas inglesas não atingiram o alvo nos Estados Unidos, que têm um humor diferentíssimo de seus ex-colonizadores.
Porém agora o original The Office (O Escritório), criado por Ricky Gervais, ganhou uma versão USA. E a criatura ficou melhor do que o criador. O seriado inglês era excelente e o norte-americano é muito, muito melhor. Com o hilário ator Steve Carell, de O Virgem de 40 Anos encabeçando o elenco, os episódios são excepcionais.
Oito horas muito difíceis diz a chamada do Canal FX. São 15 pessoas convivendo num escritório de vendas de papel. Tem todo o tipo que conhecemos na vida real. O puxa-saco e mala Dwight, o brincalhão Jim, que nutre uma paixão platônica pela bela Pam, a recepcionista e noiva de um carregador; Angela, a séria. Enfim, uma gama de tipos hilários. Não tem como a gente não ver e não se identificar num daqueles personagens. Vale a pena dar uma conferida. Domingos às 21h30min e segundas às 22h30min.

O Tempo Que Resta (Le Temps qui Rest)


Quando começa O Tempo que Resta (Le Temps qui Rest), de François Ozon, já sabemos uma coisa. Romain (Melvil Poupad) vai morrer, pois tem um câncer terminal. Aos 32 anos, homossexual e fotógrafo de moda, ele é um poço de rancor. Não se dá com a irmã, que com dois filhos, foi abandonada pelo marido, e quer dar um pontapé no namorado, que vive às custas dele. A sua língua é ferina.
Quando revela para a única pessoa que confia de que irá morrer, a sua avó, interpretada pela inesquecível Jeanne Moreau (Jules & Jim, de François Truffaut) ele diz: estou contando a você porque você também irá morrer logo. Assim, seco, cruel. Quando conhece um casal que pretende ter filhos, mas cujo marido é estéril, ele dispara: odeio crianças.
Romain é tão amargurado, que nem quimioterapia quer fazer. Para quê? A vida é uma bosta mesmo e o tratamento só vai adiar a morte. A interpretação de Poupad mereceria um Oscar. Não por fazer um doente (a Academia hollywoodiana adora dar o prêmio para atores que interpretam doentes), mas por sua transformação, sua frieza. A gente sente raiva dele, não consegue sentir pena de uma pessoa tão crua. E é o típico filme, e isso é um elogio, que você pensa ao sair da sessão: o que faria se tivesse apenas um mês de vida? Se deixaria esvair ou iria curtir os últimos momentos. Ah, o filme pode chocar alguns espectadores mais conservadores, pois mostra cenas quase explicitas de homossexualismo. Na sessão em que fui, um senhor simplesmente se retirou da sala. Lamentável a cabeça fechada de algumas criaturas.

Sunday, October 01, 2006

O Diabo Veste Prada (The Devil wears Prada)


Existem certos filmes em que a gente fica pensando: por que saí de casa? Porque esse filme deveria ser visto, pois está todo mundo comentando, está todo mundo gostando. E tem Meryl Streep, sempre tão bem, ótima, desde que vi o primeiro filme com esta atriz, Kramer vs. Kramer e o inesquecível e genial A Escolha de Sofia. Claro que ela teve escorregões, como O Rio Selvagem ou Ela é o Diabo, mas ninguém é perfeito. Mas sua carreira é quase 100%. E é ela e a quase novata Anne Hathaway (O Segredo de Brokeback Mountain e que participava do finado e bom seriado Caia na Real, da Fox, entre 1999 e 2000) que salvam O Diabo Veste Prada do fracasso total. Nem o veterano Stanley Tucci convence com seu personagem afetado. Tá, podem malhar. Mas este filme, tirado do romance autobiográfico de mesmo nome de Lauren Weisberger (que foi assistente da diretora da Vogue norte-americana Anna Wintour), é um saco. Entupido de clichês, mostra a trajetória da recém formada em jornalismo Andrea Sachs como assistente da megera Miranda Pr iestley (Streep) na revista Runway - que numa tradução literal significa Passarela ou até mesmo Fugitiva.
O sonho de Andrea é trabalhar num jornal ou revista séria, mas enquanto não encontra esta vaguinha, ela encara o emprego de quase escrava de Miranda, que insiste em chamá-la de Emily, assim como o faz com todas as suas assistentes. Andrea se veste mal, e isso no mundo do jornalismo o que importa? O brabo é aguentar a piadinha fraca quando o telefone toca e do outro lado da linha a voz diz: aqui é da Dolce Gabana...e a jornalista não saber de quem se trata. Alô, só se ela vivesse no mundo da lua. Poderia não se interessar por moda, mas nunca ter ouvido falar??? Tenham dó.
E segue a onda de "isso já foi explorado" por trocentos filmes. A personagem principal começa a se envolver mais com o trabalho, tem a vida pessoal detonada, perde o namorado, os amigos não a reconhecem mais...blá, blá, blá...
A única sacada legal no filme talvez seja na cena em que Streep mo stra o lado fraco de seu personagem. Sem maquiagem, abatida, Miranda sofre ao saber que o marido pediu o divórcio. Que sua vulnerabilidade fora derrubada. Só que isso é muito pouco para um filme de quase duas horas...
Ah, Giselle Bündchen faz uma pontinha como uma das assistentes de Priestley. E daí????

A Casa do Lago (The Lake House)


Podem dizer que ando ficando com o coração mole, mas gostei desta comediazinha romântica A Casa do Lago (The Lake House, de Alejandro Agresti), com os quarentões Keanu Reeves e Sandra Bullock, que não estão conseguindo mais esconder a idade na tela grande.
Eles são dois solitários que começam a se corresponder depois que a médica Kate Foster (Bullock) se muda da tal Casa do Lago e a deixa para o arquiteto Alex Wyler (Reeves). Eles acabam se apaixonando através das cartas, até descobrirem que estão vivendo em anos diferentes. Wyler está em 2004 e Kate em 2006. Ou seja, a história é sobre aqueles casais que se formam, mas ainda não era para ser. Enquanto um estava conectado, o outro estava desligadão.
O filme tem um "ar" do horrível Ghost, alguém ainda se lembra desta porcaria (é isso mesmo), que encheu a paciência de muita gente no começo dos anos 1990. Porém não pode ser analisado a seco, pois caso contrário começam a aparecer os furos de roteiro. E não são poucos. Apenas relaxe e curta o filme, que dá belas dicas de leitura, principalmente Persuação, de Jane Austen (Orgulho e Preconceito), mas também Dostoiévski, com Crime e Castigo. Se não leram ainda nenhum dos dois, vão atrás.
Com participação do veteranissimo Christopher Plumer (A Noviça Rebelde).

Breakfast on Pluto (Café da Manhã em Plutão)


Imagine ser homossexual e católico numa conturbada Irlanda na virada dos anos 1960 para os 70? É o que acontece com Patrick "Kitten" Bred (o excelente Cillian Murphy, o vilão de Batman Returns), que adora andar travestido na pequena e provinciana Cavan. Órfão, ele provoca a irritação da mãe adotiva e dos professores da escola em que estuda devido ao seu temperamento e sexualidade diferenciada. Seu sonho é encontrar a mãe, que o abandonou ainda benê na casa do padre interpretado por Liam Neeson.
Já amadurecido, Kitten decide ir para Londres em busca da mãe. Lá, vai parar no submundo, se prostituindo, se apaixonando e sendo assediado por homens que, por fora são heterossexuais, mas que no escuro das ruas londrinas, se soltam sem temor.
Mesmo numa Londres que vivia uma forte revolução cultural no começo da década de 1970, ele consegue provocar desconforto quando descobrem ser ele um homem e não uma mulher.
Além de tratar do tema do homossexualismo, Breakfast não esquece de outro problemão britânico: a eterna briga entre cristãos (com os militantes do IRA - Exército Repúblicano Irlandês) e protestantes, apoiados pelo governo de Londres.
O filme é genial e tem uma trilha sonora que vale a pena ser curtida e ouvida milhares de vezes. Neil Jordan, o diretor, que já tratara do tema do homossexualismo e do IRA em Traídos pelo Desejo, de 1992, acerta o pé num belo filme.

Xeque-Mate (Lucky Number Slevin)


Alguns filmes pegam a gente de surpresa. Um crítico da Folha de S. Paulo afirmou que o filme era previsível demais. Eu já não achei o mesmo. Falo de Xeque-Mate, que apesar de Bruce Willis e sua mesma interpretação de sempre - ele não consegue fazer outra cara a não ser aquela de segurando o sorriso?
Slevin Kelevra (Josh Hartnett, de Pearl Harbour e o ainda inédito Dália Negra) é um cara que, traído pela namorada, decide mudar de ares e vai visitar um amigo em Nova Iorque. Só que o amigo sumiu e duas gangues procuram o cara e Hartnett é confundido com a figura - no filme até é lembrado o clássico Intriga Internacional, de Alfred Hitchcock, com Cary Grant e a clássica troca de identidades.
Slevin passa a correr risco de morte se não pagar uma dívida deixada pelo amigo desaparecido ou se não matar o filho de um dos gângster - um deles é Morgan Freeman e o outro Sir Ben Kingsley (os personagens dos dois eram amigos, mas por razões que o orgulho explica, acabam se tornando inimigos de morte). Só que o personagem de Hartnett tem uma doença que o faz não ter preocupações. Ele apanha de todas as formas dos asseclas dos mafiosos e tudo dá errado em sua vida, a não ser se envolver com a bela Lucy Liu, a vizinha curiosa.
Lá pela metade da trama, ocorre uma virada que pegará muita gente de calça curta. Não vou contar aqui para não estragar a surpresa, mas é surpreendente. Só um detalhe: não tire os olhos da tela por nenhum momento, para não se perder no filme
inteligente e divertido. O problema, repito, é Bruce Willis. Mas Xeque-Mate passa por cima.

Serpentes a Bordo (Snakes on a Plane)


Seria um dos piores filmes de todos os tempos se não fosse tão hilário. Sim, estou falando de Serpentes a bordo (Snakes on a Plane), de David Ellis (Premonição 2). É um dos filmes mais ridículos dos últimos tempos e a platéia brasileira, acho, não caiu no truque, pois na sessão em que estive apenas 5 pessoas estavam presentes e olha que era um domingo à noite.
A trama é simples: um policial, Samuel L. Jackson, que gosta de entrar em algumas roubadas de vez em quando, tem de levar a testemunha de um crime do Havaí para Los Angeles. Só que o criminoso, depois de soltar a ridícula frase: "Já tentei de tudo para matar a testemunha"...decide colocar no avião centenas de cobras venenosas, que no meio da viagem vão passar a atacar os passageiros. E passa a acontecer um massacre hilário. Num deles, a vítima tem o pênis mordido enquanto está urinando.
Além de Samuel L. Jackson, quem também decidiu entrar na fria foi Juliane Margullies, de E.R. E ela faz o par romântico do herói, mas detalhe: com o é um casal inter-racial, não ocorre nenhum beijinho entre os dois. Ah, Hollywood e seus velhos preconceitos. O filme é uma piada, mas talvez faça muito sucesso em DVD. Ah, se você tem pavor de cobras, passe longe, pois depois ficará com medo até de olhar embaixo do sofá. Simplesmente ridículo.

Terra Prometida


Vamos combinar...quanto dinheiro desperdiçado neste curta que fez tanto alarde em Gramado: Terra Prometida, de Guilherme Castro...Lamentável mesmo. Um pequeno agricultor morre e durante o seu velório, a família recebe a visita de um grande agricultor e sua esposa. Ele deseja adquirir as terras do morto e conversa com o irmão, que estava ocupado construindo o caixão. E de repente...bem, de tão curta, o filme acaba...sem sentido! Talvez o humor negro da situação pudesse ter sido melhor explorado...mas até isso o diretor deixou escapar. Fica pra próxima, mesmo com seus seis prêmios em Gramado. Com participação de Araci Esteves (Anahy De Las Misiones).

Em Segredo (Grbravica)


Um filme de guerra sem guerra. Este é o mote do excelente Em Segredo (no original Grbavica - pronuncia-se Gribavitiza -, o bairro em Sarajevo onde houve muitos conflitos e mortes entre bósnios e sérvios em meados dos anos 1990). É um filme de desolação, de solidão, é um filme feminino, pois se os homens vão para a guerra, as mulheres ficam em casa cuidando dos filhos e expostas aos inimigos, correndo o risco de estupros e todo o tipo de tirania vindo do lado contrário.
Esma (Mirjana Karanovic) é uma dessas mulheres, que tem de cuidar da rebelde filha Sara (Luna Mijovic), que está entrando na adolescência, descobrindo a sexualidade e querendo saber o que houve com o seu pai, uma possível vítima e herói da guerra racial na ex-Iugoslávia.
Esma tem de se virar em vários empregos, procurar um novo amor para não se sentir tão só e ainda por cima arranjar 200 euros para que a filha possa viajar com os coleguinhas numa viagem de final de semana. Além disso, se recusa a falar para a filha o segredo: o que houve com o pai de Sara?
Em Segredo mostra uma Sarajevo ainda tentando se reestruturar depois da guerra genocida. Prédios destruídos, pessoas trabalhando em funções para que não se prepararam, como professores universitários se virando como leões-de-chácara. E o filme mostra ainda um frio incessante, muita neve, pois tudo em Sarajevo é gelado, diistante, triste. Alguns tentam se ajudar...mas a maioria pensa: cada um por si. Enfim, um filme de guerra sem a guerra.

Carol Witczak mete o pau em Miami Vice


Bom, já que este blog não é só para acordos, desta vez haverá aqui duas críticas para o mesmo filme. Talvez isso também represente uma divisão de opiniões entre o público que vai assistir ou já assistiu o filme, não é mesmo? Miami Vice é um blockbuster diferente.Além de partir de um seriado oitentista ovacionado por muitos, teve os rumos que o próprio diretor da série original, Michael Mann, desejou dar. Mas não é diferente por isso, e sim porque tem áurea própria e autenticidade.
A reclamação de muitos críticos é de que ele não foi fiel a pontos marcantes, como o ar ensolarado de Miami que dominava as filmagens na versão seriada, dentre figurinos e até mesmo os atores principais (Don Johnson e Philip Michael Thomas), que são acusados de serem muito mais sérios e violentos.
Bem, mesmo assim acho que a trama se enrola demais e esfria em alguns momentos para dar lugar a enrolações desnecessárias, embora fique nítido que haverá uma solução conveniente. Para uma expectadora que, como eu, não assistiu ao seriado original, posso dizer que considerei o filme um tanto quanto "sem sal", mesmo com o mundo caindo, as cargas de contrabando sendo transportadas, uma certa calma, algumas vezes, fica no ar...Falta uma inquietude total, um stress a flor da pele.
James "Sonny" Crockett (Colin Farrell) não demonstrou o menor desespero por sua mulher estar quase morrendo por sua "culpa" (de sua profissão). Bem, já meu "editor", ao contrário, adorou os novos traços da história no filme. Uma fotografia mais obscura, com tomadas feitas à noite, o figurino também muito mais "street" e em cores escuras... Bom, de alguma forma, Miami Vice teve considerável fracasso nas bilheterias norte-americanas (mercado que realmente importa em Hollywood): tendo custado 135 milhões de dólares, o filme rendeu somente 25 milhões de dólares no primeiro fim de semana em cartaz nos EUA. Abaixo do esperado.