Sunday, December 28, 2008

UM HOMEM BOM



Até onde um homem pode ser ingênuo e não ver o que acontece ao seu redor? Em Um Homem Bom (Good, do brasileiro Vicente Amorim), Viggo Mortensen, de O senhor dos Anéis, é o professor John Halder, cooptado pelo Partido Nazista na década de 1930 após escrever um livro sobre a eutanásia. Sua vida progride, ao mesmo tempo que sua família entra em degradação e seu melhor amigo, o psiquiatra judeu Maurice (Jason Isaacs, em excelente atuação) é perseguido devido a sua origem religiosa e livros são queimados no pátio da universidade.
Halder, no entanto, é aquela pessoa que não quer ver ou não consegue notar que o mundo a sua volta está aos pedaços, apesar de muitas pessoas na Alemanha parecerem tão felizes. Em determinada hora, sua amante pergunta a ele: "Como algo pode ser tão ruim, se estão todos felizes?". O professor troca de esposa, vê a mãe definhar e tentar o suicídio e o grande entusiasmo da nova mulher, Hellen (Anastasia Hille) pelo sucesso do regime hitlerista. Halder só se dará conta da realidade monstruosa quando verificar o que os nazistas estão fazendo com aquelas pessoas que desapareciam na calada da noite.

O GAROTO DO PIJAMA LISTRADO



O Garoto do Pijama Listrado, de Mark Herman, retrata em como a infância é uma idade das mais inocentes, por mais que estejamos cercados de podridão. O pequeno Bruno (Asa Butterfield) tem de acompanhar a família para um novo local, afastado da cidade, pois o seu pai, David Thewlis (de Sete Anos no Tibete), oficial nazista, vai comandar um campo de concentração. Bruno nem imagina o que se passa além dos limites do pátio de sua nova casa.
Ao longe, ele vê pessoas com roupas listradas, que acredita serem fazendeiros. Com o espírito de explorador, ele consegue burlar a segurança e se aproximar da cerca do campo, onde fará amizade com um pequeno judeu, Shmuel (Jack Scalon). Os dois não entendem o que se passa no mundo e porque têm de ficar afastados por uma cerca eletrificada. Em suas pequenas cabeças, inocentes, há algo errado, mas o quê? Os garotos se transformam em amigos, mesmo sem imaginar o destino que é reservado aos judeus, apesar da fétida fumaça que sai da tal "fazenda".
O filme, em determinado momento se torna previsível, mas não perde a sua força e o impacto de lembrar o que os nazistas fizeram com milhões de pessoas há mais de meio século atrás.

GOMORRA



Baseado no romance-reportagem Camorra, do jornalista italiano Roberto Saviano, jurado de morte pela máfia napolitana, Comorra, de Matteo Garrone, não é melhor do que o nosso aclamado Cidade de Deus. Talvez tenha tanto impacto por se situar na Europa, berço da civilização ocidental e que se acha tão organizada. Gomorra, pelo contrário, em suas duas horas e pouco, se arrasta, mostrando o lado ilegal da cidfade do sul da Itália, pela ótica de vários personagens. São garotos que querem entrar para a máfia, a falsificação de roupas de marcas por trabalhadores estrangeiros, a venda e compra de drogas. Sendo um filme sob o submundo, cenas fortes não são esquecidas. Uma forte é quando garotos se submetem a um teste de coragem para entrar numa gangue: para tanto, recebem tiros no peito protegidos apenas por um velho colete a prova de balas. Porém, o filme não consegue ultrapassar os nossos similares nacionais.

CREPÚSCULO



Os vampiros não são mais os mesmos. Conde Drácula, Nosferatu e o criador Bram Stocker devem estar se revirando em seus caixões, tudo graças a Crepúsculo (Twilight, de Catherine Hardwick). Aqui, os vampiros são bonzinhos e abdicaram do sangue humano. O que querem é ter uma vida normal e até saem à luz do dia. Um deles, preso na adolescência há mais de sete décadas, Edward Cullen (Robert Pattinson, da cinesérie Harry Potter) sente uma atração mais do que sexual pela jovem Bella (Kristen Stewart). Ele tenta se manter longe da garota o máximo que pode, mas seu desejo é mais forte. Ela, por sua vez, se apaixona perdidamente por ele. A dupla, no entanto, não pode consumar o fato, o que torna interessante a trama, que lembra e muito um Romeu e Julieta moderno. O filme é baseado em romance de mesmo nome, da escritora Stephenie Meyer, e já está sendo preparada uma sequencia, saída do segundo livro de uma série de quatro, Lua Nova.

CORAÇÃO DE TINTA



Como já escrevi neste espaço, Brendan Fraser achou seu caminho, que é o de protagonizar aventuras fantásticas. Em 2008, o ator esteve à frente de A Múmia 3 e Viagem ao Fundo da Terra. Agora encarna o mundo mágico dos livros em Coração de Tintas (Inkheart, de Iain Softley). Fraser é o restaurador de livros Mortimer, que tem o poder de, ao ler em voz alta, trazer ao mundo real personagens fictícios, mas em compensação manda para o mundo da fantasia um ser humano. Com isso, acaba trazendo ao mundo dos humanos personagens malignos, ao mesmo tempo que transporta para dentro de um livro a sua esposa, Resa (Sienna Guilory). E um problema maior ainda surge, quando ele não consegue mais encontrar um exemplar do livro em que sua mulher está aprisionada. Então durante sete anos, ele e a filha, Elza Bennet, tentam achar o livro e resgatar Resa. O filme é divertido e tem uma atuação engraçada da veterana Hellen Mirren (de A Rainha) como a tia ranzinza de Mortimer e aficionada em livros.

QUEIME DEPOIS DE LER




Os irmãos Coen (Ethan e Joel) acertaram a mão depois do superestimado Onde Os Fracos Não Têm Vez, que não merecia todo o cartaz que teve. Em Queime depois de Ler temos uma divertida comédia de humor negro onde todos os atores estão bem afiados. O riso do espectador, às vezes sai mesmo em situações exdrúxulas, como o assassinato de um personagem que não revelarei aqui para não tirar a graça da coisa,
Tudo começa quando um empregado da CIA, interpretado por John Malkovitch se demite do órgão, irritado por ser criticado devido ao seu gosto exagerado pelas bebidas alcoólicas. Ele decide, então, escrever suas memórias, mas perde os arquivos, que são encontrados por dois apatetados funcionário de uma academia de ginástica (Francis McDormand e Brad Pitt), que passam a suborná-lo. Pois a dupla imagina que os escritos, colocados num cd tem informações sigilogissimas e tentam até repassar o materal para os russos, que com o final da Guerra Fria não estão mais interessados em segredos dos americanos.
Ao mesmo tempo, as trapalhadas dos dois se confunde com outro agente do governo, George Clooney, que tem um caso com a mulher de John Malkovitch, e que é um verdadeiro frustrado e que em mais de 20 anos de serviço, nunca conseguiu disparar sua arma. Imaginem o que pode acontecer. Hilário.

CARGA EXPLOSIVA 3



Em Carga Explosiva 3 (Transporter 3, de Olivier Megaton), Jason Statham está mais 007 do que nunca. Aliás, o filme se parece mais com uma aventura do famoso espião do que o próprio em seu mais recente filme - Quantum of Solace. Statham é Frank Martin, especializado em transportar cargas ilegais pela Europa dentro de seu possante carro. Até que recebe uma missão desagradável, bem...quando trabalhar para traficantes é agradável? Depois que um amigo falha numa missão, Frank tem a obrigação de levar a filha de um ministro ucraniano de Marselha até Budapeste. O ministro está sendo chantageado para assinar um acordo antiecológico e se não o fizer, a garota Valentina
(Natalya Rudakova) será morta. E Frank não pode sair do trajeto determinado pelo vilão, Johnson (o excelente Robert Knepper). E dê-lhe pancadaria, corridas acrobáticas e explosões fantásticas. Tudo para agradar quem quer somente curtir um bom filme de ação, sem pensar muito ou nada.

REDE DE MENTIRAS



Em Rede de Mentiras (Body of Lies, de Ridle y Scott), Leonardo di Caprio é o jovem espião Roger Ferris. Sua missão é capturar um líder terrorista no conturbado Oriente Médio. Para tanto, necessita trabalhar em conjunto com o serviço secreto dos países em que se infiltra. Ridley Scott sabe e muito bem costurar a trama, que só perde um pouco de sua força devido a um romance um tanto forçado entre o espião Ferris e uma bela enfermeira árabe, Aisha (Goishifthe Farahani). E uma perguntinha: como Ferris, com seu perfil completamente ocidental consegue se esquivar pelas ruas de cidades árabes sem ser notado? Tudo bem. Licença poética.
O destaque, porém, é Russel Crowe como o chefe de Ferris. 20 quilos mais gordo, ele comanda o seu espião desde os Estados Unidos fazendo as coisas mais simples, como cozinhar ou levar os filhos ao colégio. Ou seja, não suja as mãos e dorme mais do que tranquilamente, enquanto o trabalho porco fica a cargo de seus subordinados.

EU SOU JUANI




Uma Espanha que foge ao convencional em Meu Nome é Juani, de Bigas Lunas. Aqui não temos aquelas músicas tradicionais do país. O diretor preferiu embalar a película com o som do hip-hop cantado em espanhol e cok um visual muito moderno, que por vezes remete a Velozes e Furiosos. Juani (a bonita Verônica Echequi e que lembra e muito Natalie Portman) sonha em ser atriz, mas seu cotidiano é na caixa de um supermercado e à noite festas com os amigos e muito sexo com o namorado sanguessuga Jonah (Dani Martín). Ainda tem o desânimo da mãe que um dia sonhou ser cantora e passa o dia cozinhando para o marido bêbado.
Sua vida vai mudar drasticamente quando se descobre traída pelo namorado. Então a garota parte para Madri para tentar realizar seu principal sonho, o de ser atriz. Mas na capital espanhola, Juani verá que as coisas não são tão cor-de-rosa como ela pintava.Enfim, Lunas nos retrata a vida dos jovens espanhóis sem nenhum glamour.

MAX PAYNE



Max Payne (direção de Jonh Moore) é daqueles filmes policiais onde o protagonista - no caso Mark Walhberg (de Os Infiltrados e Boogie Nights) vive traumatizado pela perda da família e do parceiro de profissão, assassinados. Ele é visto com restrições pelos colegas, por trabalhar sozinho e não seguir regras para tentar descobrir os culpados pela sua vida trágica. Wahlbergh há muito se constituiu num dos bons atores hollywoodianos e não deixa a desejar, mesmo que a história nada tenha de original.

Thursday, November 20, 2008

VICKY CRISTINA BARCELONA



Em seu quarto filme europeu na seqüência (não esquecer que em 1996 Woody Allen filmou em Paris o musical Todos Sabem que eu te Amo), o genial diretor sai de Londres, onde dirigiu Match Point, Scoop e O Sonho de Cassandra e vai para Barcelona, onde retrata o mundo dos ricos e neuróticos norte-americanos em Vicky Cristina Barcelona. Desta vez, o cineasta não aparece na trama, só dirigindo as férias de verão de duas lindas amigas pela cidade catalã - Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson). Elas acabam se envolvendo com o artista plástico e garanhão Juan Antonio (Javier Bardén, de Mar Adentro). O problema é que ele tem um conturbado relacionamento com a ex-esposa, Maria Elena (Penélope Cruz, que tem mais uma atuação exemplar, a exemplo de Fatal e Volver e, deixando de ser antipática aos meus olhos). Com todo o seu olhar especial, Allen vai mostrando o que Barcelona tem de melhor e belo, assim como consegue fazer com Nova Iorque. Mas desta vez, o diretor septuagenário deixa de lado o humor característico e enfoca mais as neuras, decepções e esperanças de gente rica e sem preocupação com a conta bancária. Mas sim com o coração.

007- QUANTUM OF SOLACE



OO7 não é mais o mesmo. Em Quantum of Solace, de Marc Forster, o 22º longa da franquia, para começar, o famoso espião não repete seu famoso bordão "My name is Bond, James Bond". E o filme já começa com pura adrenalina, numa furiosa perseguição de carros, lembrando em muito Velocidade Máxima, 20 minutos aonde terminou a trama anterior - Cassino Royale, com Bond querendo se vingar dos assassinos do grande amor de sua vida, Vésper. E Bond não perdoa nenhum de seus inimigos, apesar dos protestos de sua chefe M (Judi Dench).
Outra cena que remete a um filme recente é a fuga sobre os prédios históricos da medieval Siena, na Itália (remetendo a Ultimato Bourne, na cena em que Bourne escala pelos prédios marroquinos). E pasmén, a mocinha Camille (Olga Kurylenko) escapa ilesa das mãos e do charme do espião.
Com uma "cara de pedra", Daniel Craig foge ao estereótipo criado para o personagem, que teve em suas fileiras Pierce Brosnan, Roger Moore e o melhor de todos, Sean Connery.
Em Quantum of Solace, OO7 vive o insólito de combater uma organização, dirigida pelo vilão Dominic Greene (Mathieu Amalric, de O Escafandro e a Borboleta) que..quer roubar toda a água da Bolívia e assim controlar o governo do país sul-americano. Absurdo. Mas quem disse que 007 é para ser levado a sério?

[REC]



Uma câmera nas mãos, seguindo a protagonista. Lembra A Bruxa de Blair e Cloverfield. Mas é [Rec], de Record, ou gravação, excelente filme dirigido por Jaume Balagueró e Paco Plaza.
A trama segue uma equipe de tevê que vai cobrir o trabalho de um grupo de bombeiros numa noite em Barcelona. Nunca vemos o câmera, Pablo (Pablo Rosso). Só a repórter Manuela (Ángela Vidal, em ótima atuação). Eles, ao lado dos bombeiros, entram em um prédio onde uma senhora teve um ataque histérico. Lá dentro, a equipe é atacada pela idosa e de repente todos os moradores, bombeiros e os jornalistas são trancafiados no local pela vigilância sanitária da cidade, já que um terrível vírus ataca as pessoas, deixando-as raivosas. Este é um daqueles filmes que fazem o espectador se segurar na cadeira. Um dos melhores de terror dos últimos tempos, talvez só superado nesta temporada por O Nevoeiro.

LEMON TREE




A bíblica batalha de David contra Golias ou se você quiser, a guerra milenar entre judeus e árabes. Tudo isso no desesperançoso Lemon Tree, de Eran Riklis. Uma viúva palestina, Salma Zidane, a excelente atriz Hiam Abbass, tem como única fonte de renda um enorme limoeiro, propriedade da família por mais de 50 anos. Só que da noite para o dia, o ministro da defesa de Israel (Doron Tavory) se muda para o lado da casa da palestina, que fica bem na fronteira entre o estado judeu e a Cisjordânia. O local passa a ser visto como um local de risco - pois do limoeiro, terroristas poderiam tentar um ataque contra a casa do político. Então a ordem do serviço secreto israelense é clara: derrubar as árvores, mesmo que isso custe o sustento de Salma Zidane. Só que ela não aceita calada a injustiça e decide ir aos tribunais lutar contra todos para manter sua fonte de renda. O filme é fantástico e baseado em fatos reais, mas claro, as notícias não chegam até nós, pois como diz o político: o que importa um limoeiro em relação à segurança de um país?

FATAL



Depois de Volver, Penélope Cruz tem, talvez, sua melhor interpretação no cinema no bom Fatal (Elegy, de Isabel Coixet), baseado em romance do ótimo Phillipe Roth. Ela é a jovem estudante cubana Consuela, que se apaixona pelo professor de literatura David Kepesh. Sessentão, solitário e mal-humorado, Kepesh (Ben Kingsley, de Gandhi, mais uma vez excelente), não consegue imaginar que a garota se apaixone por ele e fa zo possível para mantê-la afastada. Em Fatal, a diferença de idade é um impecilho para que o romance vingue. Observe bem. Nas chamadas do filme, equivocadamente Fatal é vendido como se o professor "morresse" dee ciúmes de Consuela e passa-se a persegui-la até que ocorra um final trágico. Nada mais mentiroso.

JOGOS MORTAIS V




O assassino Jig Saw (Tobin Bell) já está morto em Jogos Mortais V (Saw V, de David Hackl). Mas seu legado continua, agora com um seguidor...não, não é Amanda (Shawnee Smith), que também morreu na parte 4 da série de terror sado-masoquista dos anos 2000. Mas esta seqüência perde muito de sua força, pois não tem mais o que explicar o porque de Jig Saw punir suas vítimas (que em algum momento de suas vidas fizeram algo que o assassino considerou errado). Nem mesmo as engenhocas desta vez metem medo no espectador. Enfim, a parte cinco é a mais fraca da franquia. É de se esperar que pare por aqui, sob pena de ficar cada vez mais risível, como aconteceu com Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo, em que muitas das continuações não tem muito mais a dizer.

AMIGOS, AMIGOS, MULHERES À PARTE




Comediazinha fraca em que um cara metido a galã ajuda rapazes que perderam suas namoradas a recuperá-las. Essa é a premissa de Amigos, Amigos, Mulheres À Parte, de Howard Deutch. O método de Tank (Dane Cook) é simples. Ele sai com as garotas após elas terem terminado o namoro e age tão "porcamente" que as meninas pensam: "pô, como era legal o meu ex e decidem voltar para ele. Até que evidente, Tank tem de ajudar o melhor amigo, Dustin (Jason Biggs, de American Pie). Evidente que Tank vai se apaixonar pela garota, Alexis (Kate Hudson). Mas como ele é um canalha incorrigível, vai passar por um processo de purificação. Nada de novo, a não ser que o filme é um pouco pesado para crianças e até para pessoas de terceira idade um pouco puritanas - em certo momento, elas começam a abandonar a sessão, incomodadas com os pênis de borrachas e os palavrões.

ROCKNROLLA - A GRANDE ROUBADA




Guy Ritchie ficou conhecido pelos bons Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch - Porcos e Diamantes, mas também por ser o ex-marido da cantora Madonna. Seu mais recente filme, Rocknrolla - A Grande Roubada, mais uma vez trata do submundo criminoso de Londres, ond e gangues tentam passar o pé em outras gangues por causa de um quadro e de 7 milhões de libras. Mas desta vez Ritchie pega pesado com os russos, que desde a dissolução da União Soviética, ganharam bilionários da noite para o dia (o mais famoso deles é Roman Abramovich, dono do clube de futebol Chelsea). E agora os russos querem dominar Londres sob a figura de Uri Omovich (Karel Roden), mas para isso tem de passar por cima de um chefão da velha guarda, Lenny Cole (o ótimo Tom Wilkinson, de O Sonho de Cassandra). E no meio disso tudo, ladrões pé-rapados liderados por One Two (Gerard Butler, de 300 e P.S. Eu Te Amo, em atuação engraçadissima). Só não dá para tirar o olho da tela, para não perder nenhum detalhe da trama esperta e divertida.

ESPELHOS DO MEDO



Kiefer Sutherland deu um tempo no seu personagem Jack Bauer, de 24 Horas, para se envolver em um filme que se pretende de terror. Espelhos do Medo (Mirrors, de Alexandre Aja). E a história até começa interessante, com um antigo prédio abandonado devido a um incêndio e que costuma levar à loucura os seguranças que ali trabalham. Ben Carson (Sutherland) é um policial traumatizado pela perda de um colega, alcoólatra e separado, que aceita a missão de ser guarda noturno no local. E ali passa a ter visões fantasmagóricas através dos espelhos, que por trás escondem criaturas aterrorizantes. E que perseguirão o policial e seus familiares. Alguns sustos aqui e ali e uma solução para mais de inconsistente determinam o fracasso do filme. Mas os minutos finais são interessantes, lembrando a antiga série Além da Imaginação. É a única sacada boa de Espelho do Medo, que claro, não revelarei aqui.

BRANCA DE NEVE DEPOIS DO CASAMENTO



Os contos de fada sempre deram motivo para que a sacanagem tirasse uma casquinha. Até mesmo o cinema nacional nos anos 1970 apelou para a "ignorância" com o clássico Histórias que Nossas Babás Não Contavam. No desenho animado, Branca de Neve - Depois do Casamento, de Jean-Paul Picha, é mostrada a personagem ingênua (talvez a única da história), mas com coadjuvantes nem tão puros assim. Para começar, o principe encantado é um polígamo por força de um encanto. Ele é obrigado a casar cim toda aquela mocinha que ele acordar com um beijo. Já os Sete Anões são seres verdes, repugnantes, que só pensam em traçar Branca de Neve. E a Bruxa Má, bem, a Bruxa Má sempre foi um dos personagens mais eróticos dos contos de fada, mesmo que aqui ela seja uma velha caidaça. Sacanagem pura, para ficar bem longe da criançada.

MISSÃO BABILÔNIA



Os filmes de Vin Diesel vem piorando cada vez mais. Não que ele já tenha estrelado alguma obra-prima, com exceção para O Resgate do Soldado Ryan, sim, ele estava lá. Mas Velozes e Furiosos era até divertido e Triple X fazia lembrar um pouco os mais recentes 007. Só que em Missão Babilônia, direção de Mathieu Kassovitz (que entre outros dirigiu O Ódio) conseguiu realizar um dos mais fracos filmes de ficção científica dos últimos tempos. Se você quiser uma referência, puxe pela memória pelo bom Filhos da Esperança, com Clive Owen. Em Missão Babilônia, num futuro próximo, o mercenário Toorop (Diesel) tem de levar uma garota, Aurora (Mélanie Thierry) da Mongólia até Nova Iorque, enquanto que uma seita os persegue, já que a menina tem poderes que podem mudar o destino da humanidade.

Thursday, October 23, 2008

AS DUAS FACES DA LEI



Um dia Roberto de Niro e Al Pacino foram considerados os melhores atores americanos. Com o tempo, transformaram-se nos senhores careteiros, principalmente De Niro, e isso fica evidente no novo As Duas Faces da Lei, direção de Jon Avnet. A história é complicada, mal-contada e com um final que deixa muito a desejar. Um serial-killer está matando vários bandidos e a suspeita recai sobre o policial Thomar Cowan (De Niro), que não tem álibis a não ser o tempo passado com a amante, a legista Karen (Carla Gugino) e os 30 anos de serviços prestados à polícia nova-iorquina. Depois de quase duas horas, fica a pergunta: o que pensavam os roteiristas?

mulheres - o sexo forte



Um filme onde não aparece um homem em cena. Mulheres, o Sexo Forte (The Women, de Diane English) fala de quatro amigas nova-iorquinhas – alguém aí lembrou de Sex and the City? –, que vivem problemas como separações, a preocupação com a manutenção do emprego, gavidez, as roupas da moda...E tudo girando em torno Mary (Meg Ryan, linda), que se descobre traída pelo marido. E como escrevi no começo, os personagens masculinos são citados, mas nunca aparecem em cena. Mulheres é engraçadinho, mas nada original.

MANDELA - A LUTA PELA LIBERDADE



Nelson Mandela passou 27 anos preso pelo regime racista do apartheid na África do Sul, entre 1963 e 1990. Mas nunca desistiu de seus ideais. Sua força de vontade, a separação da família, os insultos sofridos por policiais preconceituosos. Nada disso o dobrou. Aliás, ganhou uma enormidade de seguidores pelo mundo, inclusive o carcereiro branco, completamente racista, interpretado por Joseph Fiennes (irmão de Ralph Fiennes).
Ele foi colocado para cuidar de Mandela (Dennis Haysbert) pois conhecia a língua xhosa (pronuncia-se Côsa). Com o tempo, o convívio com o líder negro o faz mudar seus conceitos e até passa a sofrer perseguição por aqueles que um dia defendeu. Os dois homens acabam se tornando, se não amigos, pelo menos admiradores no ótimo Mandela - A Luta pela Liberdade, de Bille August. O filme é baseado na biografia do próprio carcereiro, James Gregory, que morreu de câncer em 2004. E em nenhum momento cai nas facilidades de um dramalhão, mesmo na cena em que a filha do guarda vê um grupo de negros ser espancado por policiais brancos. Pelo contrário, o filme faz pensar em como as coisas podem ser injustas. Um erro do filme, talvez seja o de os personagens, com excessão de Mandela ganhar cabelos brancos, é o de nunca envelhecerem. A bela alemã Diane Kruger, que interpreta a esposa do carcereiro, permanece com as mesmas feições e sem rugas ao longo de mais de 20 anos...

ÚLTIMA PARADA 174



Última Parada 174 não pretende ser fiel a história do menino de rua Sandro Nascimento, que em 12 de junho de 2000 raptou um ônibus e parou o Rio de Janeiro. Porém Bruno Barreto mostra bem o destino de crianças sem esperança e que vivem perdidas pelas ruas das grandes cidades, tentando sobreviver no dia a dia.
A história é baseada em fatos reais, cruzando a vida do verdadeiro Sandro, um dos sobreviventes da chacina da Candelária, no centro do Rio, em 1993, com um possível quase homônimo, orfão de pai e filho de Marisa, uma ex-drogada e que virou evângélica (Cris Viana).
Sandro (atuação destacada do garoto Michel Gomes) assume a identidade de Alessandro (Marcelo Mello Jr., que também dá uma aula de como ser um excepcional vilão no cinema), e poderia ter uma vida diferente, caso não tivesse fugido da casa dos tios com o sonho de conhecer Copacabana. Sem ter como voltar para casa, ele se junta a um grupo de meninos de rua. Ali ele selaria o seu destino. Sobrevivente da chacina, e sonhando em ser um cantor de rap, Sandro não consegue se adaptar ao mundo, pois é um rebelde, viciado em crogas e iletra do. Nem mesmo encontrando o carinho da mãe, que ele sabe não ser sua, e da representante de uma ONG, Walquíria (Anna Cotrim), ele se ajeita.
O espectador já sabe que tudo culminará na tragédia do ônibus 174, quando sequestra o veículo, causando a morte de uma das reféns e sendo morto pela polícia. Ultima Parada 174 deixa claro que não existe solução para o problema dos menores de ruas. As coisas só tendem a piorar.