sexta-feira, agosto 27, 2021

"Homem Onça"

"Homem Onça", dirigido por Vinicius Reis, está cheio de boas intenções, porém com sua estrutura um pouco confusa - tentativa de fazer uma obra diferente -, acaba se perdendo por propor duas linhas de tempo. A trama traz como personagem principal o funcionário de uma estatal imaginária, a Gás do Brasil, e se passa no final dos anos 1990. Pedro (Chico Díaz) é o chefe do setor de planejamento e pesquisa da estatal, que está para ser privatizada, e casado com sua mulher Sônia, interpretada por Silvia Buarque.
E ele e sua equipe ganham um prêmio internacional devido a um projeto de sustentabilidade, mas é, então, pressionado a demitir sua equipe e antecipar a sua aposentadoria, contra a vontade. E Pedro acaba sofrendo estresse, vendo o corpo reagir e desenvolver vitiligo.
Mas ao mesmo tempo, a história mostra um outro Pedro, que vive com outra família em uma pequena cidade do interior carioca, em um futuro não longínquo, com uma outra companheira, Lola (Bianca Byington). E o personagem tem visões com uma onça pintada que habitava a floresta ao redor de Barbosa, no tempo da sua infância. Coisas sem pé nem cabeça. O que salva o filme é a ótima atuação de Chico Diaz, muito à vontade na pele de seu personagem atormentado.
"Homem Onça" tenta fazer uma análise do processo de privatização de estatais, no final dos anos de 1990, que ressoou na vida dos empregados daquelas empresas. A perda da estabilidade e segurança emocional e econômica de Pedro é um reflexo da situação do Brasil. Assim, ao falar do passado, é um filme que também medita sobre o presente do país, sempre ameaçado de passar por uma nova onda de privatizações.
O diretor Vinicius Reis usou uma experiência pessoal como inspiração para o roteiro do longa: “meu pai era gerente numa das maiores mineradoras do mundo, a Vale do Rio Doce. E em 1996, a empresa passou por uma reestruturação radical, que culminaria na sua privatização no ano seguinte. Depois de duas décadas trabalhando para essa companhia, meu pai não podia ser demitido e foi forçado a se aposentar. Antes disso, foi obrigado a demitir sua equipe... tudo isso teve o efeito de um tsunami em sua vida”, contou.
Cotação: ruim
Duração: 90 min
Chico Izidro

"Lamento"

"Lamento", direção de Claudio Bitencourt e Diego Lopes, mostra a vida atribulada de Elder (Marco Ricca, excelente), dono de um hotel falido em Curitiba. Pouco frequentado e cheio de dívidas, quase impagáveis, ele recebe uma oferta para passar o negócio adiante. Porém apegado às raízes, afinal ele herdou o negócio de seu pai, e sem ter noção do que faria sem o local, Elder se agarra em projetos que sabe, nunca darão certo.
O proprietário mantém o hotel funcionando com apenas outros dois funcionários, que nunca enxergam a cor de seus salários, mas se mantêm fiéis ao seu patrão.
As coisas começam a afundar ainda mais quando um jovem se hospeda no hotel junto com uma bela garota, vivida por Thaila Ayala. Os dois entram em um frenesi de álcool, drogas e muitas brigas, e se negam a abandonar o quarto. Elder tenta ajeitar a situação, enquanto também se droga, e tenta solucionar seu casamento, que está em ruínas e sem perspectivas de melhoria.
"Lamento" chega a ser um título irônico, pois em nenhum momento, apesar dos problemas que se acumulam, vão aparecendo, Elder reclama de algo. Nunca. Ele quer se salvar, salvar seu negócio e sua vida, mesmo não enxergando uma luz no final do túnel. E a atuação de Marco Ricca é espetacular. Filmaço.
Cotação: ótimo
Duração: 105 min
Chico Izidro

"A Lenda de Candyman" (Candyman)

"A Lenda de Candyman" (Candyman), direção de Nia DaCosta, mas como tem produção de Jordan Peele, é um filme de terror, mas com referências questionando o racismo existente nos Estados Unidos, a exemplo de "Corra" e "Nós". A trama relembra ainda os longas lançados nos anos 1990, sobre a lenda urbana de um espírito assassino conhecido como Candyman (Tony Todd), que surge para as suas vítimas após elas repetirem seu nome cinco vezes enquanto olham para o espelho.
O eixo da obra acontece no complexo habitacional de Cabrini Green, bairro pobre de maioria negra em Chicago nos anos 1970. Mas após 40 anos, ele foi remodelado e agora abriga pessoas de classe alta. E o artista Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen III) e sua namorada, diretora de uma galeria, Brianna Cartwright (Teyona Parris), se mudam para Cabrini, onde Anthony encontra uma nova fonte de inspiração, ao descobrir sobre a lenda do Candyman, um assassino que tinha um gancho no braço direito, ao invés da mão, e aos poucos começa a ser afetado por sua pesquisa em relação à lenda.
E as pessoas ao seu redor e tomando conhecimento de suas obras de arte, claramente obcecadas por Candyman, começam a ser mortas. E ele mesmo vai se degradando, sem entender exatamente o que está acontecendo.
"A Lenda de Candyman" (Candyman) não deixa de ser uma espécie de Freedy Kruger - mas este assassino aparecia quando as suas vítimas estavam dormindo. Porém, as referências são claras. Enfim, é um bom filme de terror, e confesso que nunca assisti aos três longas anteriores do assassino, mas já separei aqui para ver nos próximos dias.
Cotação: bom
Duração: 90 min
Chico Izidro

segunda-feira, agosto 23, 2021

"Caminhos da Memória" (Reminiscence)

A diretora, roteirista e produtora Lisa Joy seguiu a cartilha de Quentin Tarantino em "Caminhos da Memória" (Reminiscence), apresentando um filme com pegada noir, com várias referências ao cinema de suspense, ficção científica e ação. Na trama, passada em um futuro onde Miami sofreu severas consequências com o aquecimento global e tornou-se praticamente submersa, quase uma Veneza, o investigador particular Nick Bannister (Hugh Jackman) mantém uma clínica ao lado da amiga Watts (Thandiwe Newton), onde atendem uma clientela que deseja reviver momentos marcantes de seu passado, através de uma máquina de leitura da mente.
A vida de Nick começa a mudar, quando ele decide atender uma cliente, a cantora Mae (Rebecca Ferguson), que perdeu as chaves da casa, e deseja recuperá-las. Porém, o simples sumiço das chaves transforma-se em uma enorme paixão dele pela garota, que de repente desaparece. Então o investigador, obcecado por reencontrar a amada, se embrenha em uma missão envolvendo tráfico de drogas, a herança de um milionário corrupto e uma conspiração política na alagada Miami.
A trama tem saltos temporais, indo e voltando no tempo. E dê-lhe referências, desde os filmes policiais Noir dos anos 1940 e 1950, como por exemplo "Relíquia Macabra", "Blade Runner", "A Origem", "Em Um Lugar do Passado", "Contra o Tempo", "Minority Report", entre outros.
A história é interessante, prega o espectador na poltrona, porém se arrasta demais em sua parte final, que aliás, se mostra desnecessária, e com um baita furo de roteiro. Mas tirando isso, dá para curtir, e o casal Hugh Jackman e Rebecca Ferguson (da franquia “Missão: Impossível” e "Dr. Sono") tem uma baita química.
Cotação: bom
Duração: 116 min
Chico Izidro

"Free Guy - Assumindo o Controle" (Free Guy)

"Em Free Guy - Assumindo o Controle", direção de Shawn Levy, temos a história de um caixa de banco, Guy (Ryan Reynolds), que vive uma vida entediante e rotineira. Os seus dias se repetem indefinidamente, como se estivesse preso em um loop - lembra muito o personagem de Bill Murray em "Feitiço do Tempo"(1993), cujos os dias se repetem também. Mas aqui a pegada é diferente. Um dia ele vê uma garota, Molotov Girl (Jodie Comer, a assassina do seriado Killing Eve), e se apaixona por ela. Então, Guy descobre que na realidade ele é um personagem de um brutal videogame.
Porém ele não é o protagonista do jogo, e um simples NPC (Non-Player Character, em inglês), ou seja, aquele personagem nos jogos que serve como mero figurante, levando uma vida pacata e sem muitos acontecimentos importantes em suas ações. Só que com o seu desejo de ficar com a garota, que na realidade é um avatar de uma jogadora. E Guy precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único que pode salvar o mundo.
O filme é claramente inspirado em um videogame, com cenas rápidas, cheias de efeitos especiais e muitos easter eggs. "Free Guy" tem momentos engraçados e muitas referências a quem joga videogame - e nesse quesito sou um zero à esquerda, pois nunca joguei na minha vida. Ah, outra referência: Guy descobre viver em um jogo, assim como acontece com Jim Carrey em "O Show de Truman", que se descobre a certa altura viver em um reality show e querendo mudar seu destino.
Cotação: bom
Duração: 1h55min
Chico Izidro

sexta-feira, agosto 06, 2021

"O Esquadrão Suicida" (Suicide Squad)

Gritante a diferença entre o primeiro "Esquadrão Suicida", de 2016, e sua nova versão, "O Esquadrão Suicida", que ao contrário de seu antecessor, é um filmaço dirigido por James Gunn. O novo filme tem de tudo, muita violência, humor, ação, além de trazer Apesar de trazer de volta alguns nomes do filme de 2016, como Arlequina (Margot Robbie) e Rick Flag (Joel Kinnaman), apresentou novos personagens e uma participação pra lá de especial de Taika Waititi (diretor e o Hitler de Jojo Rabbit).
Em "O Esquadrão Suicida", um grupo de supervilões é recrutado pelo governo para uma missão em uma ilha remota da América do Sul. O objetivo, informado pela comandante Amanda Waller (Viola Davis) é desmantelar um projeto ultrassecreto, que ameaça a segurança do mundo e, em troca, os prisioneiros têm a pena diminuída. A premissa é a mesma do filme de 2016, mas as semelhanças param por aí.
O novo filme deixa de lado qualquer tentativa de ser levado a sério. Logo no começo, a equipe de vilões que chega na ilha é completamente devastada, mas existe outra turma, entrando pelo outro lado. Comandada pelo Sanguinário (Idris Elba), a trupe conta com o Pacificador (John Cena), Bolinha (David Dastmalchian), Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior) e o tubarão Nanaue (com a voz de Sylvester Stallone), todos com superpoderes tão esdrúxulos e engraçados. O resultado é muita bizarrice, com habilidades como jogar bolinhas coloridas ou atacar os inimigos com ratos. Ou seja, a turma vai massacrando todo mundo pelo caminho.
E por pouco Margot Robbie não rouba o filme para sim, como a Arlequina, que já havia ganhado um filme-solo. Aqui mostra um carisma sensacional, protagonizando cenas de ação espetaculares. Mas prestem atenção num personagem secundário, Milton (Julio Cesar Ruiz), que entra mudo e sai calado, mas é um dos personagens mais engraçados do longa. "O Esquadrão Suicida" é para ser visto e revisto, tantas as referências, inclusive com o monstro no ataque final, que lembra muito o boneco gigante de "Ghostbuster", e easter eggs presentes.
Cotação: excelente
Duração: 2h12
Chico Izidro