Sunday, June 12, 2011

Namorados para Sempre



Esqueça o lamentável título nacional, que sugere uma história choramingas e previsível. Namorados para Semrpe ou no original Blue Valentine (algo como namoro triste), de Derek Cianfrance, vemos a relação do casal formado por Dean (Ryan Gosling, de A Garota Ideal e Tolerância Zero) e Cindy (Michelle Williams, de Dawson's Creek e Brokeback Mountain). Só que a história não é contada de forma convencional. Ela vai e volta no tempo, sem que em nenhum momento a gente perca o fio da meada.
Em Namorados para Sempre, começamos a acompanhar tudo no momento em que o relacionamento entre Dean e Cindy parece se dirigir para o término, quando a morte do cão da filha deles mostra a fragilidade do casamento. Dean é um cara que não pretendia casar ou muito menos ter filhos. Sua vida era simples, trabalhando numa empresa de mudanças. E isso parecia lhe ser o suficiente. Até dar de cara com a doce Cindy, que tem um namorado extremamente egoista e violento. Ela sonhava em ser médica, mas teve de se contentar no emprego de enfermeira, onde é descaradamente cantada pelo chefe.
O momento em que Dean e Cindy ficam juntos pela primeira vez é um dos mais cativantes dos últimos tempos no cinema. Cindy dança sob a luz da entrada de uma loja, enquanto que Dean toca uma pequena viola. Gosling e Williams, que concorreu ao Oscar de melhor atriz, têm atuações impecáveis e mostram grande química, num filme onde a esperança e sua antítese, a desesperança, andam de mãos dadas.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Homens e Deuses



Em 1992, ocorreram eleições gerais na Argélia. E os radicais islâmicos acabaram vencendo, para desespero dos americanos e franceses. Os militares, apoiados por essas forças ocidentais, acabaram então por aplicar um golpe. Desde então o país, antiga colônia da França e independente desde 1962, vive uma guerra civil não declarada.
Os muçulmanos refugiaram-se no interior do país, e dali fazem incursões terroristas à capital Argel, ou assassinam os estrangeiros que inadvertidamente penetram seu território. Então imagine você ser estrangeiro e ainda por cima um monge católico? Inimigo duplamente.
Eset é Homens e Deuses, belo filme dirigido por Xavier Beauvois. Nele, oito monges franceses, dois deles vividos pelos veteranos Lambert Wilson (The Matrix Reloaded) e Michael Lonsdale (de O Dia do Chacal) vivem numa miserável aldeia argelina, onde trabalham como médicos para a pobre população local. Até que suas vidas começam a correr perigo com as ameaças dos mujahedin (ou guerreiro santo). E a questão passa a ser...eles abandonam seus ideais e salvam suas vidas ou permanecem no vilarejo e acabam sendo mortos pelos terroristas? Além disso, recusam a proteção do exército local.
O suspense é crescente e ficamos torcendo para que eles arranquem daquele lugar inóspito. A cena em que os monges celebram o Ano Novo ao som de Tchaikovsky e refletem sobre o futuro é fantástica. Aliás, Homens e Deuses não é fácil de se assistir. Pois assim como a vida desses religiosos é de reflexão, as tomadas são longas, por vezes paralisante. Silenciosas.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Friday, June 10, 2011

Deixe-me Entrar



Qual o propósito de se refazer um filme sem ao menos mudar uma vírgula ou aqui seria um fotograma? Deixe-me Entrar, de Matt Reeves, é a versão do ótimo filme sueco Deixe Ela Entrar, sucesso de 2008 e dirigido por Tomas Alfredson.
A resposta seria aquela tradicional: o público gringo não é chegado a ver filmes com legenda. Por isso a refilmagem ipsis literis da bela história do menino solitário que apaixona-se pela garotinha Abby.
Abby (Chloë Grace Moretz) na realidade aparenta 12 anos, mas tem muitas décadas, pois é uma vampira. Quando sofreu a transformação, era uma adolescente e assim ficou eternizada. Owen (Kodi Smit-McPhee) é solitário e vítima de bullying na escola e Abby surge para ele como um alento. O garoto até cria um pouco de coragem para enfrentar os valentões.
Deixew-me Entrar troca a fria Estocolmo pelo também gélido Novo México em 1983, com Let's Dance, de David Bowie como trilha de fundo.
Como já disse, a versão americana é semelhante, então não fica nada a dever ao original. Nem mesmo a atuação dos atores, que estão excelentes, principalmente Chloë Grace Moretz, que também pode ser vista em Kick-Ass, e demonstra ter um futuro extremamente promissor.
Cotação: bom
Chico Izidro

Assassino a Preço Fixo



Jason Statham é um ator que ficou preso no papel. Seus personagens andam sempre de terninho preto, camisa branca e gravatinha, são lutadores exímios, atiradores excepcionais e solitários.
Em Assassino a Preço Fixo, de Simon West, ele repete-se sem o mínimo constrangimento. Agora Jason é Arthur Bishop, um matador de aluguel que vive em New Orleans, e recebe mais um trabalho: matar seu melhor amigo, o paraplégico Harry (o veterano Donald Sutherland), que trabalha para a agência de criminosos e suspeito de ter traído a organização. Após realizar o trabalho, Arthur descobre que tudo não passou de armação e passa a ser perseguido pelos conspiradores.
Nada original. E Jason Statham ainda ter o pecado de não conseguir uma expressão facial diferente nunca - seja feliz, triste, transando. Igualzinho a outro canastrão de filmes de ação, um tal de Vin Diesel.
cotação: ruim
Chico Izidro

X-Men - Primeira Classe



Com a crise dos mísseis em Cuba em 1962 como pano de fundo, X-Men - Primeira Classe é provavelmente o melhor filme de toda a série sobre os seres mutantes. Temos aqui a origem da trupe comandada pelo paraplégico Professor Charles Xavier (James McAvoy), com o poder de ler a mente das pessoas e que tem explicado no filme como ele foi parar na carreira de rodas.
A história, dirigida por Matthew Vaughn, também mostra o início da amizade de Xavier com o judeu sobrevivente do Holocausto Erik Lehnsherr (Michael Fassbender, uma grata surpresa e que tem a melhor atuação entre todos e que pode ser visto ainda em Bastardos Inglórios), mutante que viria a se tornar seu inimigo mortal Magneto.
Porém em X-Men - Primeira Classe eles ainda estão unidos e têm de evitar o início da 3ª Guerra Mundial, objetivo do ex-nazista e assassino da mãe de Erik, o dr. Sebastian Shaw (o veterano Kevin Bacon, extremamente canastrão).
Foi muito bem sacada a ideia de situar a trama na verídica crise entre americanos e soviéticos em 1962, quando os comunistas instalaram mísseis em Cuba, usando ainda imagens de arquivo do ex-presidente J.F. Kennedy, assassinado um ano depois.
Os diálogos também estão afiados, sendo a melhor piada aquele em que Xavier e Erik encontram o mal-humorado Wolverine num pub. A gatinha Jennifer Lawrence, destaque do ótimo Inverno da Alma, também chama a atenção em sua atuação como Mistíca, que não aceita sua condição de mutante, apesar de ser desejo dos homens na história.
cotação: bom
Chico Izidro

O Homem ao Lado



Você, em algum momento de sua vida, já teve aquele vizinho inconveniente que lhe tirou o sossego? Todo mundo teve. Na divertida comédia argentina de humor negro O Homem ao Lado, de Mariano Cohn e Gastón Duprat, o arquiteto Leonardo (Rafael Spregelburd) vive com sua família na única casa construída por Le Corbusier na América Latina - em La Plata, capital da Província de Buenos Aires. Modelo arquitetônico, a casa é visitada frequentemente por estudantes e turistas.
Isso não incomoda Leonardo, um homem arrogante, com uma família que não foge muito ao seu estilo. O sossego dele acaba quando o vizinho, o descolado e grosseiro cinquentão Victor (Daniel Aráoz) abre uma janela na parede do prédio do lado para iluminar um ambiente de sua casa. Só que o projeto vai contra as normas arquitetônicas do lugar.
Inicia-se então uma batalha verbal e de paciência entre os dois vizinhos, que terá consequências desagradáveis. O espectador também é convidado, quase que inconscientemente, a tomar partido por um dos contendores neste filme diferente e inteligente.
Cotação: bom
Chico Izidro