sexta-feira, maio 31, 2019

"Rocketman"




A vida e a carreira do músico pop Elton John é destrinchada em "Rocketman", direção de Dexter Fletcher, e que é apresentado em forma de musical. E a história não tem rodeios, mostrando abertamente cenas de sexo gay e uso de drogas pelo cantor de pérolas como "Empty Garden", "Goodbye Yellow Brick Road", "Daniel", "Nikita" e "Tiny Dancer", entre outros clássicos.
O longa é um musical clássico, com os atores cantando e dançando com belas coreografias - as músicas de Elton John embalam a trilha sonora e contam a história, quase todas na voz do ator Taron Egerton, que apresenta uma performance espetacular interpretando o cantor e soltando a própria voz, sem apelar para a dublagem. Nada foi vetado na trama, que destaca o vício em bebidas e drogas do cantor, assim como sua jornada de recuperação.

É realçada também a difícil relação que ele teve com o pai frio e distante e que o privou de carinho - o pai é vivido por Steven Mackintosh, ótimo. E na pele da mãe a também excelente Bryce Dallas Howard, que faz uma genitora muito pouco preocupada em criar o seu rebento, mais preocupada com seus vestidos e namorados. Mas é mostrada também a amizade e parceria com seu parceiro de mais de 50 anos, Bernie Taupin, interpretado com perfeição por Jamie Bell, e que é o letrista das músicas de Elton John. O filme, que tem o próprio artista entre os produtores, também não censura nada, mostrando uma cena de sexo gay e uma orgia.

É difícil não cair em comparações com outras cinebiografias do meio musical, principalmente com o recente e equivocado "Bohemian Rhapsody", que errou feio ao tentar contar a vida de outro ícone musical, Freddie Mercury. "Rocketman" acertou em cheio, entregando um filmaço musical que havia muito não ocorria.

Duração: 2h02
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Godzilla II: Rei dos Monstros" (Godzilla: King of the Monsters)



"Godzilla II: Rei dos Monstros" (Godzilla: King of the Monsters), dirigido por Michael Dougherty, parte de onde finalizou o bom filme de 2014, após a batalha que destruiu São Francisco. Escrito pelo próprio Michael Dougherty e Zach Shields, mostra um mundo que tenta se reerguer depois das destruições anteriores e lidar com a presença do gigantesco lagarto no planeta.

Agora outros monstros, chamados de Titãs, despertaram e saíram das profundezas da Terra, entre eles a ameaça chamada Ghidorah, que fará com que Godzilla apareça para tentar manter seu domínio. Porém, o filme consegue trazer uma penca de personagens chatos, envolvidos em momentos que não fazem nenhum sentido para a história, com reviravoltas ridículas.

Os personagens vividos por Vera Farmiga, Ken Watanabe, Charles Dance e Kyle Chandler são completamente incompreensíveis, mal desenvolvidos. Nem mesmo a garotinha Millie Bobby Brown, em seu primeiro grande papel no cinema após o sucesso na série Stranger Things, consegue se salvar. Ela vive Madson, filha dos cientistas interpretados por Vera e Chandler, e não sabe o que faz em cena. Lamentável.

"Godzilla II: Rei dos Monstros" é um filme excessivamente longo, cansativo, com imagens escuras - para talvez não realçar os efeitos especiais ruins. O jeito é esperar para que acertem a mão em "Godzilla vs Kong", que está programado para o início de 2020. Quem viver, verá.

Duração: 2h12
Cotação: ruim

Chico Izidro

"Rindo à Toa - Humor sem Limites"




Ao assistir "Rindo à Toa - Humor sem Limites", documentário do trio Cláudio Manoel, Álvaro Campos e Alê Braga, fiz uma verdadeira viagem no tempo, regressando aos anos 1980, onde comecei a me formar culturalmente e musicalmente. Este trabalho é parte da trilogia que estuda o humor e comédia no Brasil, sendo continuação de Tá Rindo de Que?, que analisou o humor feito na época da ditadura no país.

"Rindo à Toa - Humor sem Limites" tem como ponto de partida a abertura política do Governo Militar em meados dos anos 1980, e a saída dos milicos do poder. Estão aqui depoimentos do pessoal do Planeta Diário, que só existiu graças ao semanário Pasquim, e que foi o embrião do televisivo Casseta e Planeta. E que antes da TV foi uma revista de humor engraçadíssima e polêmica.

O filme mostra ainda o trabalho de Marcelo Tas e Fernando Meirelles, que culminaria na criação do repórter Ernesto Varela, que costumava tirar sarro e irritar os políticos, como por exemplo Paulo Maluf muito antes do pessoal do CQC, comandado coincidentemente por Tas.

Também é aberto espaço para o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, que revelou Regina Casé, Luis Fernando Guimarães e Evandro Mesquita, que faria sucesso ainda com a banda de rock seminal Blitz. E ainda se fala de Armação Ilimitada, TV Pirata, que revolucionaram a linguagem televisiva à época, Programa Legal. Os quadrinhos são recordados com a turma do Chiclete com Banana - Angeli, Laerte e Glauco.

E o rock de humor com bandas como Ultraje a Rigor, onde aparece uma entrevista no mínimo curiosa com seu líder Roger Moreira, hoje em dia com pensamentos de direita radical. Já os anos 1990 são lembrados principalmente com a turma de humoristas Hermes e Renato, grupo de Petrópolis (RJ) e que bombou na MTV com seu humor tosco e quase artesanal.

O documentário é muito bem realizado, com depoimentos bem dosados, na medida certa e com equilíbrio dos entrevistados. Ainda chama a atenção as imagens da época, dos programas de TV, dos jornais e revistas. Enfim, uma imersão no tempo.

Duração: 1h42
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Ma"




A excepcional atriz Octavia Spencer resolveu sair de sua zona de conforto e protagoniza o thriller "Ma", direção de Tate Taylor. Se Octavia costuma interpretar mulheres fortes e sempre voltadas para fazer o bem, desta vez ela vive Sue Ann, funcionária de uma pet shop e que aparentemente vive uma vida solitária e sofrida. Até que um dia conhece um grupo de adolescentes que pede sua ajuda para comprar bebida. Assim, Sue Ann vê a chance de fazer novos amigos.

Deslumbrados com a mulher, os jovens vão caindo em seus encantos. Até receberem uma proposta irrecusável, ao verem que não acham um lugar seguro na pequena cidadezinha para fazerem as suas festas. Sue Ann cede o porão de sua casa, contanto que seguissem algumas regras básicas. Mas aos poucos, Ma, apelido que recebe da garotada - diminutivo de Mammy ou mamãezinha, começa a mostrar comportamentos um pouco estranhos: carência, stalking, agressividade. Até chegar ao ponto que demonstra não ser aquilo que aparentava.

O passado de Sue Ann vai sendo mostrado em flashes - ela sofreu bullying dos pais de alguns dos garotos na época da escola. E tem a vingança como meta. A história até a sua metade vinha sendo bem conduzida, mas de repente a diretora perde a mão, e manda um filme onde os clichês do terror psicológico estão todos ali, presentes. E sem fazer spoiler, o final poderia ser diferente de tudo o que se faz, mas acaba sendo o mais do mesmo.

Duração: 1h40
Cotação: regular

Chico Izidro

"Anos 90" (Mid90s)




Dirigido e escrito pelo ator Jonah Hill, que embarca na direção e no roteiro pela primeira vez, "Anos 90" (Mid90s), é uma obra que trata de amadurecimento e conhecimento, através do adolescente Stevie, de 13 anos, que chega à idade com problemas em casa. Sua mãe é um pouco ausente e o irmão é violento seja verbalmente ou fisicamente com ele. O pai não existe.

A história se passa em Los Angeles em meados dos anos 1990, e é um belo retrato de época. Passeando pelas ruas da cidade, ele conhece um grupo de skatistas, que o atraem pela liberdade com que parecem se locomover. Stevie (Sunny Suljic) é introduzido no grupo por Ruben (Gio Galicia).

A turma é formada por Ray (Na-kel Smith, em excepcional atuação), o líder do grupo e uma espécie de mentor para Stevie, com bons conselhos para o garoto. Porra-Louca (Olan Prenatt) já é um pouco irresponsável, usuário de drogas e o jovem com certo poder aquisitivo. Há ainda o "Quarta Série" (Ryder McLaughlin), pobre, pouco inteligente e calado, mas que vai surpreender. E Ruben, aos poucos, vai se sentindo ameaçado pela presença de Stevie, começando a demosntrar ódio e inveja pelo garoto, que apesar dos 13 anos, aparenta ter bem menos idade. E ele, ao lado dos novos companheiros, terá as primeiras experiências com alcool, drogas e sexo e o primeiro tombo de skate.

O novato Sunny Suljic carrega muito bem o filme. Ele transmite com convicção o olhar de um garoto perdido, mas que tenta se encontrar. "Anos 90" fala ainda do que é mais importante para um jovem nesta idade: a amizade e ser aceito por um grupo. Emocionante.

Duração: 1h25
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Dias Vazios"




Baseado no romance "Hoje Está Um Dia Morto", o livro de André de Leones, "Dias Vazios", do diretor Bruno Almeida, é um drama existencial sobre jovens que vivem em cidades interioranas do Brasil, onde não existe muita perspectiva de futuro. A trama segue dois casais de adolescentes, em dois períodos - passado e presente.

No primeiro, Jean (Vinícius Queiroz) e Fabiana (Nayara Tavares) estavam no último ano do ensino-médio e tinham um dilema que os incomodava: sair da pequena cidade pequena ou continuar no local e reviver a história fracassada dos pais. Então Jean se suicida e Fabiana desaparece.

Dois anos depois, um outro casal de estudantes formado por Daniel (Arthur Ávila) e Alanis (Natália Dantas) buscam entender o que aconteceu com o casal anterior, tentando entender o que aconteceu com Jean e descobrir para onde foi Fabiana. Além disso, Daniel está tentando escrever um livro sobre os fatos passados, e se mostra aos poucos isolado e com pensamentos nada tranquilos, como entrar na escola e matar os colegas a tiros. E a diretora que ouve as confissões do jovem, uma freira, só escuta e manda o garoto rezar - ops, o que é isso? O sinal de alerta toca, o cara pensa em um massacre, e a mulher pensa em oração?

O título do filme vem bem calhar, pois é uma obra que retrata o vazio de pessoas que vivem sem muitas perspectivas em suas vidas. Ele é depressivo e por vezes, opressivo. O diretor e roteirista Robney Almeida trabalhou por oito anos no longa, e revelou a importância do projeto para a juventude: "O filme lança um olhar sobre jovens que vivem em pequenas cidades onde não se tem perspectivas de vida. O que fazem estes jovens? Quais os seus sonhos? Certamente a maioria optam em abandonar o local e vão tentar a sorte nas cidades grandes. Mas e aqueles que, por alguma razão, ficam? Qual a sorte que o destino lhes reserva? Sem querer apontar culpados ou soluções, o quis fazer do filme uma reflexão sobre esse tema."

Duração: 1h43
Cotação: bom

Chico Izidro

"Compra-me Um Revólver" (Cómprame un Revolver)





"Compra-me Um Revólver" (Cómprame un Revolver), dirigido e roteirizado por Julio Hernández Cordón, começa com a seguinte premissa: “Em um México sem lei, a população diminui porque estão desaparecendo as mulheres”. Ou seja, parece que vemos um mundo pós-apocalíptico, onde as mulheres praticamente sumiram e só restaram os homens. Assim, a heroína da história e a narradora é Huck (Matilde Hernandez), uma garota que vive com seu pai cuidando de um campo de beisebol de propriedade de traficantes.

E Huck não deveria estar ali, pois apesar de ser uma garota de pouco mais de dez anos, é mulher, tornando-se uma espécie de atração para os homens. Sua mãe e sua irmã foram levadas pelos traficantes e não se sabe se estão vivas e escravizadas ou mortas. O pai, Rogelio (Rogelio Sosa), é um viciado que se vê obrigado a tomar algumas medidas radicais para proteger a menina. Ela usa o cabelo curto, só veste roupas masculinas e uma máscara do Hulk. Além disso, vive acorrentada e tem de se esconder sempre quando os membros do cartel surgem no campo de beisebol.

Huck só encontra um pouco de paz quando consegue usufruir de pequenos momentos de aventura ao lado de Rafa (Ángel Rafael Yanez), Tom (Wallace Pereyda) e Ángel (Ángel Leonel Corral), trio de garotos órfãos que vivem nas cercanias, e que desejam recuperar o braço de um deles, arrancado como punição por roubo.

O filme é pesado, e apesar do bom desempenho da pequena Matilde Hernández, Huck não é cativante. Pelo contrário, a garotinha por vezes é extremamente irritante, fazendo com que nos irritemos com ela. E é frequente isso em filmes: um adulto chega para uma criança e diz - fulano, não saia daqui de jeito nenhum. O que faz a criança na cena seguinte? Abandona o local, colocando todos e ela própria em risco. E isso Huck faz o tempo todo no longa, mostrando extrema estupidez e teimosia, sendo incrível que consiga sobreviver à presença dos traficantes.

Duração: 1h30
Cotação: regular


Chico Izidro

quinta-feira, maio 23, 2019

"Brightburn: O Filho das Trevas" (Brightburn)




Em um universo paralelo, o que aconteceria se o Super-Homem não fosse do bem e sim do lado do mal? Este exercício de imaginação é feito em "Brightburn: O Filho das Trevas" (Brightburn), direção de David Yarovesky. Todos os elementos conhecidos do homem de aço estão ali no personagem do garoto Jackson Dunn, que interpreta o garoto Brandon. Ele vem do espaço e cai na fazenda de um casal de fazendeiros no Kansas, formado por Tori Breyer (Elizabeth Banks) e Kyle Breyer (David Denman), que há anos desejavam ter um filho.

O garoto é criado pelos dois, mas quando completa 12 anos, o jovem Brandon começa a descobrir que possui super-poderes. O problema que o garoto nota que eles não são para fazer boas ações, mas sim com o objetivo de dominar o mundo, e se possível trazer o caos à Terra. Então dá para dizer que Brandon é uma mistura de Super-Homem com o encapetado Damien. Ele começa praticando assassinatos enquanto vai conhecendo mais os seus poderes. Aliás, o sub-título nacional é equivocado, já que o menino não veio das trevas, mas sim do espaço!

"Brightburn: O Filho das Trevas" (Brightburn) é um filme aterrorizante mesmo. Tem suspense, muitas cenas perturbadoras - os assassinatos praticados por Brandon são de uma crueldade e de uma selvageria impactantes. E o personagem de Elizabeth Banks é o melhor do filme. A mãe que não consegue ver maldade no filho, querendo defendê-lo de tudo e de todos, até ver que seu julgamento foi equivocado. Forte.

Duração: 1h31
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"A Espiã Vermelha" (Red Joan)




Ao assistir ao thriller "A Espiã Vermelha" (Red Joan), direção de Trevor Nunn, sou obrigado a escrever o óbvio: que excepcional atriz é a veterana, já octagenária Judi Dench. Ela que salva o filme, que é um emaranhado de clichês, mesmo que baseado em fatos reais. O roteiro se baseou na história real de uma cidadã britânica que agiu como espiã para a Rússia na II Guerra Mundial, e descoberta pelas autoridades na década de 1990.

Judi Dench vive a espiã em sua fase final de vida, presa e passando por interrogatórios. E ela vive Joan Stanley relembra ao longo do filme quando entrou para a faculdade de física em Cambridge, em 1938. A fraquinha Sophie Cookson interpreta Joan àquela época, quando com pensamento pacifista, decidiu ajudar colegas comunistas a roubarem segredos atômicos e enviá-los para Moscou. A garota acreditava que assim poderia evitar que as potências viessem a se destruir.

Ao longo da trama, muito romance, muitas decepções. Se salva Judi Dench e a reconstituição de época. Mas o restante...nem os romances da jovem Joan são convincentes. Parece tudo fake, forçado.

Duração: 1h42
Cotação: ruim

Chico Izidro

"Inferninho"




"Inferninho", dirigido por Guto Parente e Pedro Diógenes, se refere a um bar em uma cidadezinha do interior do país. Tem cara de Nordeste, mas pode ser qualquer outro local. Toda a trama se passa lá dentro, entre suas paredes carcomidas e seus frequentadoresz bizarros, fantasiados de Wolverine, Homem Aranha e até o Coringa. O garçom (Rafael Martins) se veste de coelho e tem a língua presa.

O local pertence a uma mulher trans, Deusimar (Yuri Yakamoto), sonhadora e que tem planos de um dia sair daquele lugar, mas falta-lhe coragem. Um dia recebe no bar Jarbas (Demick Lopes), um marinheiro que ela acha parecido com Sean Penn. A empatia entre ambas é imediata e logo passam a viver um romance tórrido. Até que um dia um homem surge no Inferninho querendo comprá-lo, pois ele está em meio a um lugar onde haverá obras.

De repente, tudo se transforma. Pode ser fantasia, realidade. Tudo confuso nesta alegoria, que não consegue compactuar muito bem com o espectador. Cenários toscos, atuações primárias, quase teatrais. Perdido.

Duração: 1h22
Cotação: ruim

Chico Izidro

"Hellboy"



Saiu Ron Perlman e entrou David Harbour (Stranger Things) no papel de "Hellboy", direção de Neil Marshall, no terceiro filme da franquia. Os anteriores foram para a telona em 2004 e 2008, respectivamente, e mesmo dirigidos por Guillermo del Toro, mas afundaram. Agora, o personagem criado pelo quadrinista Mike Mignola ganha nova chance, mas o filme não funciona, de novo.

A trama é baseada em uma longa história dos quadrinhos, iniciada em Clamor das Trevas, passando por Caçada Selvagem e concluindo em Tormenta e Fúria, e mostra o retorno de Nimue (Milla Jovovich), conhecida como Rainha do Sangue, presa desde os tempos do Rei Arthur, e que liberta, pretende dominar o mundo - e como? Ora, destruindo tudo. Naquele sistema que tenho bronca e volto a perguntar: por que o vilão quer ser o dono do planeta, mas destruindo tudo. O que ele vai controlar?

Então Hellboy, agora vivido por um outro ator, é convocado pelo professor Trevor Bruttenholm (Ian David McShane) para auxiliar os agentes do BPDP na missão de impedir que a bruxa extermine a vida na Terra. E o herói acaba descobrindo que é Anung Un Rama, a besta que libertará o apocalipse sobre a Terra, e tem de lutar contra o seu destino.

A história, porém, não decola. Deve ser a idade, mas muito fantasiosa para o meu gosto, com monstrinhos e cenas excessivas de lutas. Nem as piadas agradam, neste desperdício de dinheiro e tempo.

Duração: 2h01
Cotação: ruim

Chico Izidro

"Mormaço"




"Mormaço", direção de Marina Meliande, foi filmado nos preparativos para as Olimpíadas do Rio 2016 bem próximo de uma comunidade da cidade, a Vila Autódromo, onde ocorreram algumas ações governamentais de desapropriação de casas. Então a trama real entra na ficção, acompanhando a protagonista Ana (Marina Provenzzano). Ela é uma assistente social que tenta auxiliar os moradores a escaparem dos estratagemas do governo, que pretende desalojá-los.

Ao mesmo tempo, Ana vive situação idêntica, pois o prédio onde mora está sendo esvaziado por uma construtora, que pretende construir residências mais modernas no local. Assim, todos os moradores estão recebendo indenizações para se mudarem. Mas ela, ao lado de outras pessoas, resiste a especulação. E diante de tanto estresse, Ana vai ficando doente, com manchas que aparecem em seu corpo. Os médicos não conseguem descobrir se é uma micose, uma infecção. O certo é que seu apetite sexual vao aflorando e ela começa a se transformar.

A trama, passa, então, de drama urbano para um drama de horror. O final fica em aberto, e claro, não posso dar spoiler aqui do que acontece com a protagonista. Mas "Mormaço" surpreende, pois prende o espectador, deixando-o curioso do que virá cena após cena.

Duração: 1h36
Cotação: bom

Chico Izidro

"John Wick 3: Parabellum"




O assassino profissional John Wick (Keanu Reeves) retorna para a sua terceira aventura. Em “John Wick 3: Parabellum” , direção de Chad Stahelski, nada é para ser levado a sério. O filme não chega a ser uma comédia, mas tem seus momentos engraçados, porém podem ser contabilizadas mais de uma centena de mortes. Só para lembrar, nos longas anteriores, o personagem título está aposentado, curtindo a vida ao lado da esposa Hellen e de seu cachorro de estimação, e seu carro. Pois mafiosos matam a sua mulher e roubam seu cachorro e o seu carro. Ele fica mais furioso por causa destes dois últimos detalhes e vai em busca de vingança.

Mas acaba quebrando o código dos assassinos, ao matar um inimigo no Hotel Continental, local de refúgio dos criminosos. Agora, sua morte passa a valer 14 milhões de dólares e vários assassinos partem em busca de sua cabeça. Wick foge por uma chuvosa Nova Iorque, e mesmo ferido, vai abatendo um a um aqueles que tentam eliminá-lo. A ação passa para o Marrocos, onde aparece uma assassina interpretada por Halle Berry, que parece nunca envelhecer. E dê-lhe mais mortes.

Depois, os movimentos retornam para Nova Iorque. E o engraçado da coisa é que Wick parece indestrutível. É esfaqueado, baleado, socado. Mas permanece de pé. E as mortes de seus caçadores são as mais impressionantes possíveis. Mas lembrem-se, é um filme de ficção que não se pretende sério, e uma franquia que parece que continuará...a cena final deixa em aberto uma possível quarta parte. Ah, note um dos caçadores de Wick, Zero (o ator Mark Dacascos, que fez muito sucesso nos filmes de ação dos anos 1990 e depois sumiu do mapa). Seu vilão é muito engraçado e daqueles personagens que se negam a morrer, infernizando até não poder mais o herói.


Duração: 2h11
Cotação: ótimo

Chico Izidro

quinta-feira, maio 02, 2019

"A Sombra do Pai"



"A Sombra do Pai", escrito e dirigido por Gabriela Amaral Almeida (O Animal Cordial), é um filme de narração realista, mas com toques de horror e fantasia, marcas registradas da diretora brasileira. A trama lembra, ainda, de certa forma o clássico oitentista "Cemitério Maldito" - aliás, um dos personagens do longa é visto em determinado momento assistindo na tv a obra baseada em livro de Stephen King, que na próxima semana retorna repaginado aos cinemas, numa nova versão.

A história foca na pequena Dalva (Nina Medeiros), uma menina de nove anos, introspectiva, que vive com o pai Jorge (Julio Machado) e a irmã Cristina (Luciana Paes). A mãe morreu e a garotinha, sem entender muito como funciona a morte, sonha com o retorno dela. Jorge ficou um homem retraído e sua situação piora quando perde o melhor amigo em um acidente. Ainda por cima, Cristina, que cuidava de pai e filha, se casa e se muda. Assim, Jorge e Dalva precisam enfrentar as perdas em suas vidas, mas sem saber muito como fazer.

Dalva é fã de filmes de terror e passa a acreditar ter poderes sobrenaturais e ser capaz de trazer a mãe de volta à vida. Deste ponto o filme passa da naturalidade para a fantasia e um certo terror, mas nunca de forma assustadora. É um trama eficiente, que prega o espectador na poltrona, curioso para saber onde tudo vai parar.

Duração: 1h32
Cotação: bom

Chico Izidro

"Tudo o que Tivemos" (What They Had)




"Tudo o que Tivemos" (What They Had), escrito e dirigido por Elizabeth Chomko, não traz nenhuma novidade. É aquele filme doença-família-crise. A história foca em Bridget (Hilary Swank), que precisa retornar para a casa dos pais, depois que sua mãe, Ruth (Blythe Danner), acordar de madrugada e sair caminhando durante uma tempestade de neve devido ao Alzheimer, deixando todos preocupados.

Na volta ao lar, ao lado da filha adolescente Emma (Taissa Farmiga), Bridge precisa lidar com o teimoso pai Burt (Robert Forster) e o irmão Nicky (Michael Shannon). Os dois irmãos acreditam que o melhor para Ruth é uma internação numa clínica. E durante as longas conversas, começam a surgir velhas rusgas. E até mesmo a vida pessoal de Bridge entra em pauta, sendo que seu casamento está em crise.

Ou seja, nada de novo. Muito blá, blá, blá, arrastado. Apesar de Hillary Swank e Michael Shannon confirmarem o quanto são ótimos atores, o clima depressivo e opressivo do filme o torna cansativo e ficamos torcendo para que termine logo.

Duração: 1h41
Cotação: regular

Chico Izidro

"Sobibor"



"Sobibor", dirigido pelo ator e cineasta estreante Konstantin Khabenskiy, é uma produção russa que lembra os 75 anos da rebelião no campo de extermínio nazista do sudeste da Polônia durante a II Guerra Mundial. Já houve outro filme sobre o mesmo campo em 1987, "Fuga de Sobibor", dirigido por Jack Gold e protagonizado por Alan Arkin e Rutger Hauer.

A obra russa se propõe a reproduzir o terrível período dos campos de concentração nazistas, onde milhares de judeus foram covardemente torturados e massacrados. Neste filme não são poupadas cenas fortes, como por exemplo o gaseamento de dezenas de mulheres - lembrem-se que em "A Lista de Schindler" houve cena semelhante, mas lá não saiu gás dos chuveiros e sim água.

Sobibor mostra desde a chegada dos judeus ao campo, onde eram enganados, achando que estavam chegando a uma área onde iriam trabalhar. E os protagonistas são mostrados pouco a pouco. Uns irão sobreviver e outros perecerão.

A obra, em determinado ponto, começa a focar nos planos de fuga, quando os cativos se dão conta que não podem mais agir como carneiros, aceitando pacificamente a morte, ou barganhando para prolongar em mais alguns dias ou meses as suas vidas. "Sobibor" é mais um drama do que um filme de ação. A primeira hora de filme é um pouco cansativa, mas depois engrena.

Bem, como é um filme histórico, no final mais de 450 judeus conseguiram escapar, após massacrarem seus algozes. Porém, cerca de 150 foram recapturados após serem denunciados pelos camponeses locais - note-se que o antisemitismo sempre foi muito forte na católica Polônia. O campo, por causa da fuga, acabou sendo destruído pelas autoridades alemãs. Enfim, um documento histórico em forma de ficção.

Duração: 1h52
Cotação: bom


Chico Izidro