Thursday, June 25, 2009

INTRIGAS DE ESTADO



Neste filme de Kevin MacDonald, tenta-se resgatar aquele tempo do jornalismo romântico, em que um jornalista tem todo o tempo do mundo para levantar uma matéria - para os mais velhos um exemplo é Todos os Homens do Presidente, de Alan J. Pakula, em que o caso Watergate é esmiuçado, com matérias históricas do The Washington Post.
Pois em Intriga de Estado (State of Play), o desleixado mais apaixonado repórter Cal McCaffrey (Russel Crowe, de Gladiador e O Informante) começa a investigar o assassinato de dois rapazes em um beco imundo de Washington. Ao mesmo tempo, a novata repórter Della Frye (Rachel McAdams), que trabalha na parte de internet do mesmo jornal, o fictício The Washington Globe, como blogueira, escreve uma matéria sobre a morte de uma assessora de um congressista (Ben Affleck, em sua melhor atuação em anos, depois de muita patacoada). De repente, os dois jornalistas descobrem que suas informações colidem e eles começam um trabalho conjunto, sob pressão da editora-chefe (a sempre excelente Hellen Mirren, de A Rainha), já que os donos do jornal querem mais saber de vendas e lucros do que propriamente na qualidade das matérias.
Apesar de seus 127 minutos, Intrigas de Estado deixa o espectador tenso, vidrado na tela, tais reviravoltas que a trama apresenta. E a cena que encerra o filme, com o jornal sendo impresso e saindo da gráfica deixa os olhinhos dos jornalistas brilhando.

Sunday, June 21, 2009

1983 - O ANO AZUL



Esperava me emocionar com 1983 - O Ano Azul, de Carlos Gerbase, que trata da conquista do Mundial e da Libertadores pelo Grêmio naquele ano. Porém, Inacreditável, de Beto Souza, e que lembra a volta do Tricolor à Série A do Brasileiro em 2005, é muito mais cativante, e que pode levar o espectador às lágrimas. 1983 é simplista demais. Depoimentos de Renato Gaúcho, que diz a lenda teria cobrado R$ 30 mil para participar do documentário, Tarciso, Hugo de León (o capitão da equipe), o massagista Banha, o presidente da época Fábio Koff e o volante China (com uma cara inchada, que você não sabe se é choro ou é álcool). E eles não revelam nada de novo sobre as conquistas mais importantes do Grêmio. E as imagens dos jogos da Libertadores são de péssima qualidade. A parte final, do jogo com o Hamburgo em Tóquio, também deixa a desejar, por mais que os espectadores comemorem no escurinho do cinema os dois golaços de Renato Gaúcho.

Saturday, June 20, 2009

A MULHER INVISÍVEL



Se eu disser que vi semelhanças entre o ótimo A Mulher Invisível, do diretor Claúdio Torres, com a minha vida, vão me tachar de louco. Afinal, vão perguntar aonde está a Luana Piovani no meu caminho? Olha, não tive nenhuma Luana na minha trajetória, porém namorei ou fiquei com garotas muito lindas. Tá, e o filme? Bem, Selton Mello, excelente como sempre (quando é que ele vai entrar numa furada? Romance, Meu Nome Não é Johnny, O Cheiro do Ralo são para ver e rever), é Pedro, que leva um pontapé da namorada, uma rápida aparição de Maria Luísa Mendonça. Ele, então, entra em deprê e fica trancado no apê durante meses, largando o emprego de supervisor de tráfego. Um dia uma linda mulher bate à sua porta pedindo uma xícara de açucar - Luana Piovani, estonteante.
Os dois iniciam um ardente romance, mas com um porém. Amanda só existe na imaginação de Pedro. E por mais que o amigo Carlos (Vladimir Brichita, que nasceu para fazer papel de canalha) tenta devolver Pedro à realidade, que este não aceita. Ao mesmo tempo, uma vizinha, Vitória (Maria Manoela), nutre uma paixão platônica pelo vizinho esquizofrênico. Aliás, são excelentes as cenas em que Pedro dança numa danceteria, passeia pela rua ou vai ao cinema achando estar acompanhado de Amanda.
Tá, e o que isso tem a ver comigo? Bem, levei um pontapé na bunda, entrei em deprê e só renasci meses depois, namorando muito e escrevendo um livro. A arte imita a vida...

OS FALSÁRIOS



Os Falsários, de Stefan Ruzowitzky, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007. Mas só agora aporta no Brasil. E a história até passa - indiretamente - por Porto Alegre. Durante a 2ª Guerra Mundial, o falsificador judeu Salomon "Sally" Sorowitsch (Karl Markovics, ótimo) é enviado a um campo de concentração, onde obrigado pelos nazistas, vai comandar um grupo de artistas e falsários como ele a fabricar libras esterlinas e depois dólares. O objetivo alemão é colocar o dinheiro falso no mercado e detonar a economia dos aliados, que estavam ganhando a guerra.
Os judeus sabem que estão numa berlinda: ou obedecem e ajudam aos seus algozes e vão sobrevivendo, mesmo que sabendo que se estes vencessem a guerra, eles seriam executados, ou se negam e são eliminados instantaneamente.
Ah, o que Porto Alegre tem a ver com isso? Sally, após a Guerra, veio para a América do Sul, e depois de um período na Argentina, instalou-se em Porto Alegre, onde viria a falecer nos anos 1970.

KATYN



O octagenário cineasta polonês
Andrzej Wajda buscou as memórias de infância e a perda do pai a inspiração para filmar o excepcional Katyn. Já no seu início, é mostrado o esmagamento da Polônia, quando dois grupos de poloneses se encontram numa ponte. Um foge dos invasores alemães e outro dos invasores soviéticos. Em seguida, milhares de militares polacos são presos e têm o destino incerto - depois saberia-se: eles seriam executados pelos soviéticos. Mas por muitos anos, a culpa seria atribuida aos nazistas.
Os militares, assim como grande parte da inteligência polonesa (cerca de 15 mil pessoas), foram executados nas florestas de Katyn, pois assim acreditava-se, seria difícil para a Polônia se reerguer novamente. O pai de Andrzej Wajda foi um dos executados. No filme, é mostrada a busca de Anna (Maja Ostaszewska) em busca do marido, Andrzej (Artur Zmijewski), e a sua própria fuga, ao lado da filha, Agnieszka ( Magdalena Cielecka). Afinal, os parentes dos militares também estavam na lista dos que estavam marcados para morrer. Uma ótima obra, que devido à idade, pode ser o testamento definitivo do cineasta.

O MILAGRE EM SANTA ANA



Logo no começo do filme, um dos personagens assiste na televisão ao clássico O Mais Longo dos Dias, com John Wayne. E exclama: "Nós também estávamos lá!". Ele reclama de os filmes e livros sobre a Segunda Guerra Mundial não citarem a presença de soldados negros na batalha contra os nazistas. Logo em seguida, o mesmo personagem é mostrado em seu serviço, nos correios, assassinando um cliente...
É aí que começa O Milagre em Santa Ana, do cineasta e ativista Spike Lee, de Faça a Coisa Certa e Mamcolm X, registra a participação de um batalhão de soldados negros que se perde atrás das linhas alemãs no sul da Itália em 1944. E eles serviam como "bucha de canhão", comandados por um tenente branco que não confiava em seus próprios soldados - por serem eles negros ou "de cor", como era costume na época.
O batalhão acaba entrando no vilarejo de Santa Ana, onde acaba se apegando aos seus moradores - e se sentindo seres humanos pela primeira vez. Pois nos Estados Unidos eram considerados cidadãos de segunda classe e ali, naquela pequena vila, as pessoas não olhavam para a cor de suas peles. Um dos soldados, o mais lento deles e que carrega um busto, acaba se apegando a um garotinho que escapou de um massacre perpetrado pelos alemães.
Uma cena marcante é quando o grupo, ainda em terras americanas, vai a uma sorveteria, mas o dono se nega a serví-los, ao mesmo tempo que um grupo de prisioneiros alemães comem tranquilamente seus sorvetes numa mesa próxima. De revoltar o estômago.

UM ATO DE LIBERDADE



Um grupo de judeus sobrevive à perseguição dos nazistas nas florestas da Bielo-Rússia no começo dos anos 1940. Ao final da Guerra, sob a liderança de Túvia Bielski (Daniel Craig, o atual 007), 1200 pessoas haviam sobrevivido. A história é real e é relatada no livro Um Ato de Liberdade, da escritora Nechama Tec (pronuncia-se Nerrama Téti), ela própria sobrevivente do Holocausto. Um Ato de Liberdade (Defiance, direção de Edward Zwick) mostra como o grupo de Túvia e seus irmãos Zus (Liev Schreiber) e Asael (Jamie Bell) começa a ser montado. No início, eles querem apenas sobreviver na floresta. Aos poucos, porém começam a incorporar fugitivos ao grupo - entre eles a maioria mulheres, crianças e velhos -, que acaba se tornando uma otriad (ou destacamento militar subordinado aos soviéticos).
O filme é quase fiel ao livro, porém toma algumas liberdades que o descaracterizam um pouco, como no seu final, quando ocorre uma batalha entre o grupo de judeus e um batalhão de nazistas, que mostra um pouco do caráter hollywoodiano do filme. Não contarei aqui para estragar, mas esta cena é totalmente inconsistente. Mas não desmerece seus outros 150 minutos.

AS TESTEMUNHAS



As Testemunhas (Les Témoins, de André Téchiné) não chega a ser um mal filme. O problema é que ele está deslocado no tempo. Trata do surgimento da aids na primeira metade da década de 1980 - mostrando a devastação no corpo do jovem homossexual e promíscuo Manu (Johan Libéreau). Aliás, tirando o médico Adrien (Michel Blanc), ninguém é de ninguém em As Testemunhas, inclusive a escritora Sarah (Emanuelle Béart, que já foi uma das mulheres mais lindas do mundo. Mas, meu deus, o que ela fez nos lábios?), casada com o policial de origem argelina Mehdi (Sami Bouajila), que descobre sua bissexualidade e traz o perigo da aids para dentro de casa. As Testemunhas, no entanto, peca pela falta de ineditismo. Talvez se o roteiro seguisse por outra linha, mostrando o progresso da doença nestes 25 anos e o que aconteceu com aquelas pessoas que sobreviveram ao vírus. Sem contar que o filme é extremamente cansativo - você tem a impressão de que se passaram três horas, mas na realidade são apenas duas e longas intermináveis horas.

X-MEN ORIGENS: WOLVERINE



Hugh Jackman nasceu para ser Wolverine. Isto já ficou bem entendido nos três filmes de X-MEN, onde ele interpreta o personagem principal do grupo de mutantes da Marvel. Em Wolverine - Origens, de Gavin Hood, nos é mostrado desde os primeiros dias do herói das garras metálicas, ainda no século XIX - sim, ele é imortal e se descobre indestrutível, participando desde então dos principais acontecimentos bélicos da humanidade (Guerra da Secessão, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Vietnã), ao lado do irmão, o também imortal Dentes de Sabre (Liev Schreiber, de Um Ato de Liberdade). A história passa também por sua transformação em arma letal do governo americano até a passagem à clandestinidade e a descoberta de outros seres especiais como ele. Enfim, o filme é feito para fãs, mas também ajuda os neófitos a entrar neste mundo fantástico que é o universo Marvel.

STAR TREK



O criador de Lost,J. J. Abrams, decidiu meter a mão em um dos clássicos do cinema de ficção científica, Star Trek, de Gene Rodenberry, e que imortalizou Leonard Nimoy como o Sr. Spock e William Shatner como capitão Kirk. Esquecendo os outros volumes cinematográficos e do seriado, que durou duas temporadas (mas que no imaginário popular parece ter 40 anos de existência) no final da década de 1960, J. J. Abrams optou por contar como a trupe da nave U.S.S. Enterprise se conheceu.
O então jovem Kirk, interpretado por Chris Pine, era um rebelde, que tinha tudo para se dar mal na vida. Além de sofrer com a antipatia deo jovem Spock (Zachary Quinto, o Sylar, do seriado Heroes, que poderia ser o filho de Nimoy, tal semelhança). O vulcaniano tenta evitar emoções, vindas de seu lado humano, provenientes de sua mãe terráquea, e não tentar ser emotivo - o seu lado vulcano. Ah, Leonard Nimoy até faz uma ponta no filme!
A primeira parte de Star Trek é interessante, mesmo para aqueles que não se interessam pela mitologia (como eu), por mostrar exatamente o surgimento de tudo. Porém na parte final, onde o grupo combate o vilão Nero (Eric Bana, de Hulk, completamente irreconhecível), o filme cai na banalidade, com explosões, brigas e batalhas entre naves, que já foram vistas centenas de vezes no cinema ou na televisão. Tudo seguindo a cartilha dos blockbusters. E aí dá aquele soninho...