Wednesday, April 27, 2016

“O Dono do Jogo”(Pawn Sacrifice)



Em “O Dono do Jogo” (Pawn Sacrifice), dirigido por Edward Zwick, é mostrada a história verídica do enxadrista norte-americano Bob Fischer, que teve o seu auge entre os anos 1960 e 1970, antes de se isolar do mundo. Ele é interpretado por Tobey Maguire. O filme começa nos anos 1950, quando Fischer, ainda garoto, descobre seu enorme potencial para jogar xadrez, logo traçando uma meta de desafiar todos os grandes jogadores da época, culminando com o embate com os soviéticos, os mestres da época, que vivia o auge da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

Fischer é mostrado como um neurótico, cheio de tiques e confiante de que era vítima de teorias conspiratórias. Afinal, o período era de paranoia em todo o mundo, ainda mais com os americanos acreditando que os soviéticos estavam se infiltrando em tudo. O clímax do filme é a disputa pelo título mundial de xadrez disputado no começo dos anos setenta na Islândia. Ali Fischer mostrou toda a sua paranoia, reclamando de qualquer barulho, espirro, exigindo que as partidas fossem disputadas em uma sala vazia.

Apesar da boa reconstituição de época, ao assistir “O Dono do Jogo”temos a impressão de que as pessoas curtiam xadrez como curtem um jogo de futebol ou basquete, lendo tudo sobre o jogo e comentando as partidas como se discutissem o resultado da final da Copa do Mundo. Tudo bem, EUA e URSS estavam em uma tremenda disputa ideológica, mas fica meio fora do normal mostrar hoje os soviéticos como quase robôs, sem coração. Uma imagem muito retrógrada.

Mas as atuações são boas. Tobey Maguire, mesmo com sua cara de bebê, consegue retratar um homem paranoico, que abdicou da vida social para se aprofundar no xadrez. Liv Schreiber vive Boris Spassky, o jogador russo que era o oponente mais árduo de Fischer, também se mostra competente. E o diretor Edward Zwick consegue transformar as partidas de xadrez interessantes, dinâmicas, mesmo que elas sejam emotivas apenas para quem joga.

Duração: 1h55min

Cotação: bom
Chico Izidro

“Mogli – O Menino Lobo”(The Jungle Book)



“Mogli – O Menino Lobo” (The Jungle Book) é uma típica produção da Disney, com os heróis e vilões bem definidos. Dirigido por Jon Favreu (Homem de Ferro), tem efeitos especiais excelentes, sendo que o único ator de carne e osso é o menino Neel Sethi, que vive Mogli. O garoto foi criado por lobos numa selva na Índia, e que tem como grandes amigos um urso e uma pantera negra.

A ação começa quando o tigre Shere Khan descobre que existe um humano vivendo entre os animais. Então ele dá um ultimato aos lobos: ou eles se livram de Mogli ou sofreram a ira dele. Afinal, Khan afirma que o menino está fadado a crescer e se tornar um predador como todos os humanos.

O filme apresenta uma história simples, sem muitos floreios. Mas o que atrai é o trabalho digital. A floresta digital é muito, muito realista. A fotografia, por sua vez, é o diferencial das produções Disney, pois deixa de lado o colorido exagerado, focando mais em tons sombrios. E note bem, os animais são tão perfeitos digitalmente, que parecem ser de carne e osso. Enfim, Mogli funciona muito bem, não trazendo muito humor, aliás, quase inexistente. É até meio assustador. E as cenas impressionam o tempo todo.

Duração: 1h46min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

DEZ ANOS



Há exatos 10 anos entrava na rede o www.sala-escura.blogspot.com. Uma década dedicada à sétima arte, com críticas cinematográficas disponíveis todas as semanas.

Wednesday, April 20, 2016

“A Segunda Esposa” (Kuma)



A exemplo do espetacular “Cinco Graças” (Mustang), o cinema turco mostra como a religião, pode ser nociva, principalmente para as mulheres, vivendo numa sociedade regida por costumes muçulmanos, totalmente retrógrados.

No caso de “A Segunda Esposa” (Kuma), direção de Umut Dag, é mostrado o drama da jovem Ayse (Begüm Akkaya). O filme começa com seu casamento no interior da Turquia com o jovem Hasan, que vive como imigrante na austríaca Viena. Após o enlace, eles irão viver na cidade europeia. Mas não acontece o que ela imaginava, pois ao chegar à Áustria, a garota descobre que na realidade ela será a segunda esposa de Mustafá, o pai de Hassan, e que já tem outros filhos, que a recebem com desconfiança, até mesmo antipatia e desprezo.

Mustafá já é casado com Fatma (Nihal Koldas), que está com câncer, aparentemente não tendo muito tempo de vida. Ou seja, Ayse foi levada para Viena para ser preparada para cuidar dos filhos do casal. E não tendo voz ativa na casa. Ela é humilhada, xingada, e tendo de cumprir com as obrigações de esposa com Mustafá, quase 40 anos mais velho do que ela.

O filme quase todo se passa no apertado apartamento da família turca em Viena, com seus corredores estreitos e paredes finas, onde parece que todos cuidam da vida um do outro, não havendo espaço para individualidades. O diretor, que é austríaco filho de curdos, dispensa os conflitos dos imigrantes na xenófoba Europa, se preocupando mais em mostrar o atraso da cultura muçulmana, que põe a mulher como um ser secundário, coadjuvante, obrigada sempre a andar com lenços tapando os cabelos, mesmo vivendo em uma cidade cosmopolita.

Duração: 1h33
Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Em Nome da Lei”



“Em Nome da Lei”, dirigido por Sérgio Rezende, se passa na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, e mostra a história – baseada em fatos reais – de um juiz, Vitor (Mateus Solano), que chega numa cidadezinha fronteiriça no Mato Grosso, corrupta e com a economia quase toda baseada no tráfico de drogas.

Ao lado da procuradora Alice (Paolla Oliveira), e do policial Elton (Eduardo Galvão) decide acaba com o todo-poderoso do local, o empresário de fachada Gomez (Chico Dias), também conhecido como El Hombre. Ele controla todo o tráfico na fronteira e não hesita quando tem de matar quem o contraria.

“Em Nome da Lei” é uma produção eficiente, com boas cenas de ação e muitos personagens interessantes e até assustadores, como o capanga Hermano (Emilio Dantas), que parece ter saído daqueles filmes de cientistas malucos dos anos 1930 e 40, e o próprio Gomez, numa atuação ótima de Chico Dias. A obra, porém, peca em alguns diálogos forçados, principalmente alguns saídos da boca de Vitor (Mateus Solano está bem, mas por vezes parece tão forçado e exagerado). E seu romance com a procuradora Alice não funciona. Ele é mal explorado e sem sentido.

Duração: 1h55min

Cotação: bom
Chico Izidro

“No Mundo da Lua” (Atrapa La Bandera)



Esta produção espanhola, dos estúdios Telecinco, em termos de animação, não deixa nada a dever a Pixar e a Dreamworks. Mas para por aí. “No Mundo da Lua”, dirigido por Enrique Gato, naufraga e muito.

A história é centrada em Michael, um garoto de 12 anos, que faz parte de uma família de astronautas, que se verá as voltas contra um ganancioso empresário, que pretende desmentir que o homem tenha estado na Lua, para poder utilizar elementos naturais do satélite natural da Terra. Para impedir que o vilão chegue a Lua, a presidente dos Estados Unidos ordena que a NASA organize uma nova viagem ao satélite, mas como a corrida espacial está paralisada, os americanos têm de reaproveitar um antigo foguete. Para ativá-lo, a NASA terá de recorrer a veteranos astronautas, que sabem como operá-lo.

É a chance que Michael tem de reunir o seu pai e o avô, ambos sem se falar a 40 anos, por motivos que são explicados ao longo do filme. E por facilidades do roteiro, Michael e o avô acabam indo parar no espaço para combater o vilão. Ah, e a NASA já faz uniformes de astronautas para crianças e os deixa dentro das naves.

“No Mundo da Lua” só funciona para o público infantil, não sendo nenhum pouco atraente para adultos – a única graça é encontrar nos personagens homenagens a personalidades do meio artístico, como por exemplo, um faxineiro que é a cara de Stanley Kubrick. No mais, as falas são fracas, os personagens são caricaturais – o gordinho nerd e atrapalhado, o surfista bonitão, loiro e convencido, a garota esperta e descolada, a mãe compreensiva e paciente. Para crianças de 7 a 11 anos, e olha lá.

Duração: 1h35min

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Amor Por Direito” (Freeheld)



“Amor Por Direito” (Freeheld), dirigido por Peter Sollett, é um filme para mentes abertas, pois traz como foco um casal de lésbicas lutando por seus direitos – não, elas não lutam pelo casamento gay, mas sim por igualdade. Julianne Moore quase repete sua personagem de Still Alice, onde ela é diagnosticada com Alzheimer. Aqui ela vive a policial Laurel Hester, que desenvolve um violento câncer nos pulmões. Laurel trabalha num pequeno condado de Nova Jérsei e acaba conhecendo a mecânica Stacie Andree (Ellen Page).

As duas logo engatam um relacionamento e acabam comprando uma casa. Vai tudo indo bem, as duas mantém o romance em segredo, afinal Laurel trabalha num ambiente extremamente machista e preconceituoso, até que acontece o pior. Laurel fica doente e é obrigada a se afastar para tratamento. Que não funciona. A policial, então, quer que quando morrer, Stacie seja beneficiária de sua pensão. Afinal compraram uma casa e esse seria o jeito de Stacie conseguir pagar as prestações, além de não ficar desassistida. O problema é que os vereadores locais, os tais freehelders do título original do filme, não querem apoiar a união homossexual e passam a negar as solicitações de Laurel.

Fica até um lugar comum elogiar a atuação de Julianne Moore, que vive com convicção a lésbica Laurel – o filme é baseado em fatos reais, ocorridos nos primeiros anos do Século XXI. Ellen Page está em seu habitat, ela é assumidamente homossexual e militante da causa LGBT, adotando aqui um gestual extremamente masculino. Também vale destacar o comediante Steve Carell como o advogado judeu e ativista gay Steven Goldstein, bastante afetado e trazendo muito humor a um filme de tema pesado. Já Michael Shannon vive o policial Dane Wells, parceiro de Laurel, sempre com uma cara desconfiada e mau humorada, que não esconde a tristeza pela policial ter escondido dele sua opção sexual e a apoiando desde o início, apesar de nadar contra a corrente.

“Amor Por Direito” acaba emocionando, por trazer uma história trágica, mas que ajuda a abrirmos mais nossas mentes e ver que todos somos iguais.

Duração: 1h44min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Sinfonia da Nécropole”



Um musical, uma comédia de humor negro, um romance passado num cemitério? São tantas as classificações de “Sinfonia da Necrópole”, dirigido pela diretora paulista Juliana Rojas. A trama tem como principal personagem o jovem Deodato (Eduardo Gomes), que veio do interior trabalhar como ajudante de coveiro num cemitério paulistano indicado pelo tio Jaca (Paulo Jordão). O problema é que Deodato tem medo dos mortos e vive desmaiando pelos cantos.

O jovem só vê as coisas melhorarem um pouco quando chega ao local Jaqueline (Luciana Paes), designada para realizar um levantamento sobre os túmulos abandonados e preparar a construção de um edifício para ampliar o número de covas no cemitério. Deodato cai de amores pela garota, que se mostra extremamente profissional e obcecada pelo trabalho, por isso fria, não querendo demonstrar seus sentimentos. Ela, por exemplo, não pensa duas vezes quando tem de tirar os corpos de seus jazigos e colocá-los em sacos plásticos. Afinal, o espaço ali é essencial.

“Sinfonia da Necrópole” tem vários números musicais, onde todos os personagens cantam e dançam, inclusive os mortos, em uma cena que lembra muito o clip clássico de Thriller, de Michael Jackson. Os momentos são de uma naturalidade impar, sendo as músicas compostas pela diretora Juliana Rojas e por Marcos Dutra, de certa forma, conduzem o que se passa na tela e não se apresentam de forma gratuita.

O filme ainda traz personagens coadjuvantes muito engraçados, como o administrador do cemitério, o padre, sempre paciente ao ouvir as confissões dos fiéis e o hipocondríaco, que não quer esperar a hora de morrer e já separou seu caixão e seu cantinho no cemitério. Tudo mostrado com uma graça impar.

Duração: 1h34min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Truman” (Truman)



Um filme com temática meio pesada, mas apresentada de forma leve. “Truman” (Truman), dirigido pelo espanhol Cesc Gay, mostra o ator Julián (Ricardo Darín) reencontrando seu grande amigo Tomás (Javier Cámara) para uma jornada um tanto não agradável.

Julián tem um câncer e desistiu do tratamento médico, pois a doença já se espalhou por todo o corpo e ele está sofrendo muito. Tomás, que mora no Canadá, deixa a mulher e as filhas para visitar o amigo em Madri e tentar demovê-lo da ideia. Julián, como seu intérprete Darín, é argentino e trabalha numa peça teatral, Ligações Perigosas, e quer achar quem possa adotar de seu cão de estimação já idoso, Truman, depois que ele se for. E ironicamente, a fidelidade de Tomás por Julián é quase canina. Ele segue quase que fielmente o amigo, raramente o contestando, e sempre apoiando seus excessos.

O filme acaba lidando com humor um tema tão pesado quanto a morte. A dupla principal se mostra bem entrosada. Darín mostra um personagem, que mesmo moribundo, não deixa de lado seu egoísmo e suas manias, enquanto que Cámara apresenta uma expressividade excepcional, construindo um personagem cheio de humanidade. Outro destaque também é a atriz Dolores Fonzi, que vive Paula, uma prima de Julián, que não consegue lidar com a decisão dele e que também carrega uma queda por Tomás.

Duração: 1h46min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Wednesday, April 13, 2016

“Ave, César” (Hail, Cesar)



Os irmãos Coen, Joel e Ethan, mostram mais uma vez sua versatilidade, na debochada comédia “Ave, César” (Hail, Cesar). Os dois costumam passear pelos mais variados gêneros cinematográficos, indo do suspense, drama, faroeste, sempre inovando. Em “Ave, César” (Hail, Cesar), a dupla brinca com os anos de ouro do cinema hollywoodianos, a década de 1950, colocando muito humor ácido no dia a dia do executivo de estúdio Eddie Manix (Josh Brolin).

Sua função é cuidar das produções do estúdio Capitol Pictures (o mesmo que aparece em Barton Fink). Ele passa os dias circulando pelos corredores do estúdio, resolvendo pepinos, e na história o estúdio está preparando um filme épico sobre a vida de Jesus. Então acontece o inesperado, o astro principal, o canastrão Baird Whitlock (George Clooney) é sequestrado por um grupo de roteiristas comunistas, que se acham explorados pelos produtores.

Ao mesmo tempo, Hobie Doyle (Alden Ehrenreich), famoso por interpretar cowboys, não consegue se adaptar a um novo trabalho, um drama, tal seu limite como ator, e a estrela DeeAnna Moran (Scarlett Johansson), baseado na musa Esther Williams, que engravida de um diretor, e isso vai acarretar prejuízos a sua carreira. Não bastasse estes problemas, Mannix ainda tem de lidar com as jornalistas de fofocas Thora e Thessaly Thacker (ambas interpretadas por Tilda Swinton), que ameaçam divulgar notícias comprometedoras de alguns atores do estúdio.

Ou seja, são apresentados de forma muito divertida e caricata os mais diversos tipos que circulavam pelos estúdios de cinema. George Clooney, por exemplo, dá vida a um ator sem o mínimo de capacidade de atuação, mas que consegue enganar a todos, apesar e por causa de sua canastrice. Já Channing Tatum vive aquele ator bonitinho e mau caráter, enquanto que Josh Brolin, com seu rosto rústico, não tem nenhuma dificuldade de viver um executivo durão e fumador de charutos.

“Ave, César” (Hail, Cesar) não deixa de ser, apesar do deboche, uma excelente homenagem ao cinema – que nos enche de fantasias, esperanças e alegrias.

Duração: 1h40min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“O Escaravelho do Diabo”



O livro que se baseia o filme foi um sucesso nos anos 1970, saído da coleção Vagalume, sucesso entre a garotada na época. O Escaravelho do Diabo, no entanto, foi escrito como série na revista O Cruzeiro, em 1953, por Lúcia Machado de Almeida. Só 20 anos depois é que viraria livro, vendendo alguns milhões de exemplares.

Pois agora a história chega aos cinemas. “O Escaravelho do Diabo”, dirigido por Carlos Milani, atualiza muitas coisas do livro, ainda mais que nestas décadas o mundo evoluiu demais. Agora a gurizada este cercada de tablets, celulares, ipods.

A trama se passa em uma cidade do interior do Brasil, onde um assassino serial tem como vítimas pessoas ruivas, a quem manda como aviso um escaravelho dentro de uma caixa.

Após o assassinato de seu irmão mais velho, o garoto Alberto (Thiago Rosseti), que no original era mais velho e estudava medicina e agora é apenas um estudante do ensino médio, vira uma espécie de detetive, e vai juntando pistas para tentar encontrar o assassino, ajudando o delegado Pimentel, que sofre de uma doença semelhante ao Mal de Alzheimer e é vivido por Marcos Caruso.

Pena que o filme não tenha a mesma vibração do livro. Sem contar que quanto mais avança o filme, surgem mais e mais situações que beiram o inverosímel. E o garoto Thiago Rosseti é muito fraco, sem as mínimas condições de segurar o seu personagem, que pasmem, consegue circular pelas cenas dos crimes com uma tremenda facilidade, sem nunca ser questionado pelos mais velhos. E pior, o assassino tem ares de O Dragão Vermelho. Chega a ser risível, e ainda mais quando se descobre o motivo de porque ele matar os ruivos.


Duração: 1h30min

Cotação: ruim
Chico Izidro

Wednesday, April 06, 2016

“Decisão de Risco” (Eye in the Sky)




Decisão de Risco (Eye in the Sky), direção de Gavin Hood, discute o uso de drones em missões militares e de como a população civil pode sofrer efeitos colaterais. A trama se passa em Nairóbi, no Quênia, e também em Londres e nos Estados Unidos.

Na África, a espionagem aliada descobre um encontro de terroristas num bairro controlado por uma milícia terrorista em Nairóbi. Na Inglaterra, a coronel Katherine Powell (Helen Mirren) e o general Frank Benson (Alan Rickman) acompanham a movimentação dos terroristas através de um avião-drone.

Os militares pretendiam capturar os fanáticos, até que captam imagens de que eles estão preparando dois homens-bomba para um ataque. Então toda a estratégia é alterada, e passa a ser discutida em gabinetes em Londres e nos Estados Unidos um bombardeio ao esconderijo dos terroristas. Que será realizada eletronicamente de uma base no Hawai, por meio do tenente Steve (Aaron Paul).

Então um imprevisto acontece, quando é constatada a presença de civis no raio de ação da bomba que será lançada. Os militares passam a tentar mostrar a eficiência do ataque para dirigentes políticos, que não assumem a responsabilidade, tocando a bola para frente.

O diretor Gavin Hood apresenta um suspense de tirar o fôlego, prendendo a atenção, mas também deixando o espectador nervoso com as várias reviravoltas. O filme é praticamente da veterana atriz inglesa Helen Mirren, que mostra uma militar dura e que não quer trazer à tona seus sentimentos. Ao seu lado, destaque também para Alan Rickman, em seu penúltimo filme (ele morreu em janeiro vítima de câncer). Aaron Paul, de “Breaking Bad” também está bem, como o militar que, em meio ao clima belicista, mostra ter consciência e se nega a praticar o ataque por causa dos civis.


Duração: 1h42min
Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Invasão a Londres” (London Has Fallen)



“Invasão a Londres” (London Has Fallen), direção de Babak Najafi, é uma continuação do violento “Invasão a Casa Branca”, de 2013. Naquele filme, terroristas atacavam Washington D.C., coincidentemente o mesmo tema de “O Ataque”.

Agora quem sofre é a capital da Inglaterra. Tudo começa quando o primeiro-ministro britânico morre repentinamente. Às pressas, os governantes de vários países se deslocam para Londres para o funeral, inclusive o presidente norte-americano Benjamin Asher (Aaron Eckhart). Com ele, vão seus seguranças, Mike Banning (Gerard Butler) e Lynn Jacobs (Angela Bassett).

Já em Londres, acontece um ataque terrorista, que praticamente destrói a cidade e mata vários políticos. Então começa uma caçada humana, com Asher e Banning tentando escapar de fanáticos religiosos – sempre eles (o líder do atentado teve a sua família morta por um ataque aéreo praticado pelos aliados ocidentais e busca vingança).

Tirando que este é um filme sessão pipoca total, ele é uma verdadeira salada de vários filmes já vistos e revistos, principalmente a série “Duro de Matar”. E o vilão não poderia ser mais caricato e todos os bandidos têm cara de árabes, assim como os políticos estrangeiros são mostrados de forma quase zombeteira. O primeiro-ministro italiano é um latin lover, o presidente francês é um ser arrogante, a chanceler alemã é dentuça e ingênua. “Invasão a Londres” é repleto de clichês e com diálogos de chorar.

Duração: 1h39min

Cotação: ruim
Chico Izidro

“A Senhora da Van” (The Lady in the Van)




No começo dos anos 1970, o escritor inglês Alan Bennet deu de cara com uma senhorinha morando em uma van em frente a sua casa, no bairro londrino de Candem. Ela ficaria ali por 15 anos, até morrer de velhice. Então ele escreveu um livro sobre a sra. Sheperd, que agora vira filme no delicioso “A Senhora da Van” (The Lady in the Van), direção de Nicholas Hytner.

A Sra. Sheperd incomodava os vizinhos, pois de tempos em tempos ela parava sua van cheia de papéis velhos, roupas, em frente a uma casa. Até que decidiu fixar endereço em frente a de Alan Bennett. E ela era dona de um gênio terrível, além de ser relapsa quanto a higiene pessoal. Se dizia ex-freira e motorista de ambulância durante a II Guerra Mundial.

A Sra. Sheperd é vivida pela veterana Maggie Smith, que recria em muitas passagens a sua Lady Violet, da finada série Downton Abbey. Irascível, mal-educada e mandona, ela é o suporte do filme, que tem em Alan Jennings uma também boa atuação – o escritor é um solitário que conversa com ele mesmo, como se fosse um irmão gêmeo.

O filme termina de modo meio melancólico, pois acabamos ficando com pena da velhinha, que apesar de toda a turrice, trazia um passado sofrido e traumatizante, por isso sua fuga do mundo das pessoas normais.

Duração: 1h44min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Rua Cloverfield, 10” (10 Cloverfield Lane)



Em Cloverfield, Monstro, um...monstro atacava Nova Iorque. Pois “Rua Cloverfield, 10” (10 Cloverfield Lane), direção de Dan Trachtenberg, não é exatamente uma continuação, mas apresenta ecos de seu irmão mais velho. Estamos diante de um filme claustrofóbico, que traz um bom suspense psicológico e tensão.

Tudo começa quando Michelle sofre um acidente de carro e acorda acorrentada num tipo de bunker. Logo ela descobre que foi colocada ali por um senhor ameaçador, Howard. E após ser questionado do porque a deixar presa ali e que se ele a libertar, ela não o denunciará, Howard informa para Michelle que ninguém vai procurá-la, pois o mundo que ela conhecia não existe mais. Houve um ataque químico ou nuclear e o ar está contaminado e ninguém sobreviveu.

Claro que Michelle não acredita nas palavras daquele homem, que parece ser um maluco. Até que ela conhece outro hóspede no bunker, Emmett. Os dois formam uma amizade e planejam escapar dali, mesmo que sejam controlados por Howard, que insiste que salvou a vida deles e que merecia mais consideração.
Os minutos finais são de perder o fôlego, e aí sim constatamos que existe muito de “Cloverfield, Monstro” neste filme, que não é de dar sustos, mas de prender o espectador na poltrona. Tensão, suspense e um quê de ficção científica.
Michelle é interpretada por Mary Elizabeth Winstead, de “Scott Pilgrim Contra o Mundo”. E a garota se sai bem na empreitada, mostrando vigor, incredulidade, perseverança. Mas o show mesmo é de John Goodman como o desvairado Howard, com um rosto ameaçador, fala descontrolada. Em nenhum momento, mesmo quando o clima seria de mais descontração, Goodman deixa transparecer serenidade em seu personagem. Certamente ninguém gostaria de ser seu hóspede.

Duração: 1h43min

Cotação: bom
Chico Izidro

“De Onde Eu Te Vejo”



O início de “De Onde Eu Te Vejo”, dirigido por Luiz Villaça, assusta, pois Denise Fraga, esposa do diretor e que vive a arquiteta e fotógrafa Ana Lúcia, olha para a câmera e conversa com o espectador. Meu deus, lá vem aquela personagem chata daquele quadro apresentado por ela no Fantástico, o “Retrato Falado”, que era dirigido exatamente por ele.

Mas é só o começo. Depois a ideia é abandonada, e temos contato com o casal Ana Lúcia e Fábio (Domingos Montagner), que após 20 anos decide se separar, mas passam a morar em prédios separados, porém em apartamentos de frente um para o outro. Claro que depois de tantos anos de convivência, é difícil tentar esquecer o que o ex está fazendo e eles passam a cuidar da vida um do outro, querendo saber se estão em novos relacionamentos, o que fazem nas horas de folga.

Ao mesmo tempo, ambos têm de lidar com a filha de 17 anos, Manu (Manoela Aliperti), que passou no vestibular e está indo morar em Botucatu, além de arranjar um namoradinho, que ela não apresenta.

Passamos a acompanhar o dia a dia de Ana Lúcia e Fábio, um jornalista beirando os 50 anos, que logo vai perder o emprego. E será que eles voltarão a ficar juntos, mesmo porque o casal passa quase todo o filme às turras, despejando rancores e menosprezando o antigo parceiro. O filme também traz uma bonita visão de São Paulo, com seus prédios antigos, suas avenidas largas.

Porém “De Onde Eu Te Vejo”, apesar da boa e engraçada atuação de Manoela Aliperti, faz pouco caso de outros personagens secundários, como por exemplo um interessado em Ana, Marcelo Airoldi, que como aparece na história, logo é esquecido, sem maiores explicações.

Duração: 1h30min
Cotação: bom
Chico Izidro

“Para Minha Amada Morta”




“Para Minha Amada Morta”, direção de Aly Muritiba, tem uma ótima sinopse, porém não é explorada de todo e acaba sem um clímax, um final convincente, além de certas liberdades do roteiro atrapalharem um pouco o desenvolvimento da história.
Fernando Alves Pinto, de “2 Coelhos” é um fotógrafo da polícia que fica viúvo e com um filho pequeno para cuidar. Ele não consegue superar o luto, e passa o tempo abraçado as lembranças de sua mulher. Até o dia que ao olhar antigas fitas de VHS, descobre que a sua mulher o traia.

Fora de si, ele decide procurar o amante da falecida. E ao encontrá-lo, assume uma outra identidade, a de um crente – o amante de sua mulher é um crente, casado, e com duas filhas. E aluga a casa dos fundos de Salvador (Lourinelson Vladmir), para se infiltrar no cotidiano do cara. Logo ele vai estar abanando as asas para a mulher de Salvador, Raquel (Mayana Neiva) e fazendo amizade com a filha adolescente dele, Estela (Giuly Biancato). A pergunta é quando que Fernando vai se revelar para Salvador e se vingar do indivíduo?

O filme acaba falhando, apesar da boa atuação de seus atores. Pois tudo é entregue de forma tão fácil. Simplesmente Fernando abandona o trabalho e a facilidade com que Salvador é encontrado, o modo como o fotógrafo vai morar nos fundos da casa do amante de sua falecida mulher. “Para Minha Amada Morta” nunca chega a um momento explosivo, nem mesmo quando os dois homens se confrontam na cozinha. Nada acontece, deixando um certo questionamento: faltou inspiração para o diretor terminar sua história?

Duração: 1h53min

Cotação: regular
Chico Izidro