Thursday, July 31, 2014

"Guardiões das Galáxias"

Peter Quill (Chris Pratt) é um terráqueo sequestrado por alienígenas na noite em que perdeu a mãe, vítima de câncer. Vinte e seis anos depois, ele vive no espaço como um ladrão, que se apossa de um glóbulo, conhecido como orbe, que é alvo de disputa por outros povos espaciais. Afinal, a sua posse pode significar a extinção de algumas espécies. Depois de disputar a orbe com a alien gostosona Gamora (Zoe Saldana), o guaxinim Rocket (Bradley Cooper) e sua árvore humanóide Groot (Vin Diesel), eles acabam se unindo para evitar que o objeto caia nas mãos do cruel vilão Ronan (Lee Pace).

"Guardiões da Galáxia", dirigido por James Gunn, é um filme de ação, com anti-heróis e repleto de diálogos debochados e divertidos, além de contar com ótimos efeitos especiais. Os personagens, apesar de estranhos, são carismáticos. A árvore Groot tem a voz de Vin Diesel e o guaxinim nervosinho é dublado por Bradley Cooper. Mas o melhor está na característica do humano Peter Quill. Para ele, nada é mais importante do que um toca-fitas com uma fita que ele carrega como se fosse o objeto mais importante do universo, e que contém vários clássicos dos anos 1970, como Hooked on a Feeling, do Blue Swede, Cherry Bomb, das The Runaways e I’m Not in Love, do 10cc.

E claro, Stan Lee faz sua pontinha tradicional, já que Guardiões da Galáxia é baseado em quadrinhos da Marvel.

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Melhor Lance"

Virgil Oldman (Geoffrey Rush) é um especialista em arte, que trabalha como leiloeiro. É metódico, rigoroso e quase recluso. Seu prazer é se trancar em um quarto de sua mansão e observar os quadros com rostos de mulheres que juntou ao longo de mais de 30 anos. Só que sua vida vai transformar-se quando ele receber a missão de preparar a catalogação de obras de uma herdeira em "O Melhor Lance", dirigido por Giuseppe Tornatore.

O detalhe é que a herdeira, Claire Ibbetson (Sylvia Hoeks), é mais reclusa do que Virgil. Ela se nega a sair de seu quartom e só cvonversa com Virgil através de uma porta fechada. Entre os dois, no entanto, vai surgindo uma relação mais intimista, mais carinhosa. Claire começa a se sentir mais à vontade com Virgil, que como o nome explicita, é virgem até o último fio de cabelo. Ele recebe dicas de como agir com Claire com Robert (Jim Sturgess), um especialista em eletrônica e mulherengo, que ainda ajuda a Virgil a restaurar algumas peças antigas.

"O Melhor Lance" prende a atenção, por seu clastofobismo, pelo mistério de onde irá parar a relação entre dois deslocados como Virgil e Claire. E o final é surpreendente, inesperado até. A atuação de Geoffrey Rush é primorosa. Ele passa um ar de um homem já em seu auge da vida, mas inexperiente, vivendo apenas por suas regras rígidas, que acaba afastando-o das pessoas.

Cotação: bom
Chico Izidro

Thursday, July 24, 2014

"Apenas Uma Chance"

"Apenas Uma Chance", dirigido por David Frankel, consegue ser meloso e emotivo, mas sem ser piegas. A história é baseada na vida de Paul Potts, um vendedor de celulares do País de Gales, que em 2007 venceu o Britain's Got Talent ao interpretar uma ópera. Aliás, ser cantor de ópera era um sonho do operário de família humilde, desde criança nos anos 1980. Por isso, e por ser gordinho, sofria bullying direto na escola.

Solitário, conheceu a namorada e depois mulher, Julz (Alexandra Roach) através da internet, e só perdeu a virgindade depois dos 30 anos. Não bastasse o sofrimento diário, ainda sofreu com a rejeição de seu ídolo, Luciano Pavarotti. Durante um curso feito em Veneza, que conseguiu pagar com muito custo, teve a chance de cantar para o tenor, e na hora H falhou, e ouviu de Pavarotti que nunca seria um cantor. Paul entrou em depressão, quase largou tudo, e entre outros percalços, só entrou no Britain's Got Talent depois de muita insistência de Julz.

"Apenas Uma Chance" é leve, otimista, mas passa a mensagem de que se você não desistir, conseguirá atingir seus objetivos. O gordinho James Corden, de "As Viagens de Gulliver" e que vive Paul Potts é carismático, assim como Alexandra Roach, que esteve ao lado de Meryl Streep em "A Dama de Ferro". O pai de Paul é interpretado por Colm Meaney, conhecido por participações em filmes como "Bel Ami - O Sedutor", "Código de Conduta" e "Maldito Futebol Clube". Um filme agradável.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Planeta dos Macacos - O Confronto"

A humanidade foi dizimada por um vírus. Restaram poucos humanos, entocados numa devastada San Francisco. Do outro lado da ponte Golden Gate, encontra-se a colônia de macacos liderada pelo inteligente chimpanzé Ceasar, que comandou uma revolta no primeiro filme. Agora em "Planeta dos Macacos - O Confronto", dirigido por Matt Reeves, humanos e símios irão se enfrentar numa batalha brutal.

A energia na cidade está acabando, e os humanos necessitam da força de uma usina, que está no entanto localizada no território dos macacos. O jeito é tentar um acordo de paz com Ceasar, que nutre sentimentos pelos homens, já que foi criado por Will Rodman (James Franco) em "´Planeta dos Macacos - A Origem". Ele libera a entrada dos humanos, comandados por Malcolm (Jason Clarke) no território símio. Mas claro que os acontecimentos serão frustrados, pois o macaco Koba não aceita a parceria de Ceasar com Malcolm e decide sabotar a pacificação.

Logo os macacos irão invador San Francisco e aprisionando os humanos. No meio de uma violenta ação e boas cenas de batalhas, o filme fala de tolerância e por que não de racismo? O humano Malcolm vivido pelo ótimo Jason Clarke é um poço de compreensão e passividade, assim como Ceasar (Andy Serkis), enquanto que o belicismo fica por conta do assustador Koba (Toby Kebbell) e do prefeito da cidade, Dreyfus (Gary Oldman, sempre muito bem), dois seres que não compreendem que pode haver cooperação entre as duas espécies.

Cotação: bom
Chico Izidro

Friday, July 18, 2014

"Juntos e Misturados"


A parceria entre Adam Sandler e Drew Barrymore hav ia funcionado perfeitamente em "Afinado no Amor" e "Como Se Fosse a Primeira Vez", ótimas comédias românticas. Mas agora em "Juntos e Misturados", direção de Frank Coraci, não houve liga. A comédia mostra a história de Jum (Sandler), viúvo quie tem um encontro às escuras com a recém-separada Lauren (Barrymore). Os dois se odeiam de cara, mas por estas coincidências do destino surge a oportunidade de eles viajarem em férias para a África do Sul com seus filhos. Jim é pai de três meninas - uma que é o tempo todo confundida com um menino por causa do corte de cabelo e das roupas esportivas que usa, uma outra que conversa com a mãe morta, e a menorzinha, que age como a mais adulta da família. Já Lauren é mãe de dois meninos, um hiperativo e outro, com os hormônios estourando.

Na África, os dois descobrem que terão de dividir os aposentos por uma semana. E claro, começam a se ver com outros olhos durante os dias de convivência, inclusive cuidando um dos filhos do outro, e etc. Os personagens deste "Juntos e Misturados" são irritantes, como o cantor do hotel, vivido por Terry Crews ou o gerente do hotel, interpretado por Abdoulaye N'Gom. Sandler e Barrymore também não funcionam agora. O Jim é daquele tipo meio deprê, meio apatetado, mas com um grande coração, que chega a enjoar. E Barrymore faz uma Lauren histérica. Sem contar as crianças que vivem os filhos dos dois. Sem carisma, sem expressividade, extrapolam o bom senso. Enfim, esta terceira parceria da dupla de atores não funciona em nenhum momento, só trazendo constrangimento.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Transformers - A Era da Extinção"

Sai Shia Lebouef e entra Mark Walhberg em "Transformers - A Era da Extinção", direção de Michael Bay. Num filme de quase três horas não faltam explosões, correrias e cenas que nos deixam a impressão de estarmos numa montanha-russa. Walhberg é Cade, um inventor falido que mora com a filha adolescente Tessa (Nicola Peltz, do seriado Bates Motel) numa fazenda. Um dia, ele encontra um caminhão destruído nos escombros de um teatro antigo na cidade. Ao levar o veículo para o seu laboratório, acaba descobrindo que ele é na verdade Optimus Prime, o líder dos Autobots. Só que os robôs alienígenas estão na ilegalidade e são caçados pelas autoridades. E é o que acontece com Optimus Prime, que de escondido passa a fugir pelo mundo, com Cade e Tessa, enquanto são alvo de um empresário e cientistas que tentam descobrir a fonte para criar novas máquinas, mais poderosas. E que podem trazer a destruição para a Terra.

Mark Wahlberg está a vontade no papel do inventor, bem que o ator não faça o tipo de um criador, de um pensador, já que seu estilo é mais bronco. Assim como é difícil crer que ele tenha uma filha adolescente e sinta ciúmes dela por causa do namorado, um piloto de automóveis. Walhberg passa o tempo todo evitando que o casal se beije, quando não está correndo e pulando alturas enormes. Aliás, "Transformers - A Era da Extinção" é praticamente isso. Um corre-corre desordenado pelo planeta, com muito malabarismo, brigas entre os robôs, que de tão rápidas e intensas, você fica sem saber quem é quem. Ao final de suas quase três horas, chega a dar um alívio na cabeça. Bem que os fãs pouco vão se importar com as incoerências do roteiro. Aqui vale a pancadaria pura e simples.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Aviões 2 - Heróis do Fogo ao Resgate"

Dusty é um simpático avião, que no primeiro filme deixou de ser apenas um pulverizador de plantações para tornar-se um vencedor de corridas internacionais. Mas agora em "Aviões 2 - Heróis do Fogo ao Resgate", dirigido por Roberts Gannaway, descobre que não pode mais competir, já que uma peça de seu motor está obsoleta e não é mais fabricada. Ou seja, se ele ultrapassar determinada velocidade, entrará em pane e cairá. Mas voltar às plantações está fora de questão.

Até descobrir que pode seguir outra carreira, ser bombeiro. Por isso, parte para ser treinado pelo veterano e experiente helicóptero Blade Ranger, que não acredita muitop que Dusty possa triunfar como bombeiro. Depois de passar o primeiro filme tentando provar que ser um avião veloz apesar de ser um teco-teco, agora Dusty tem de provar que pode ser um exímio bombeiro. Com direito ao som de Thunderstruck, do AC/DC enquanto os aviões sobrevoam a floresta para apagar um incêndio.

"Aviões 2 - Heróis do Fogo ao Resgate" tem um charme por trazer personagens simpáticos, carismáticos e bonitinhos. Todos os aviões têm características humanas. Mas em certo momento cansam.

Cotação: regular
Chico Izidro

"O Que Os Homens Falam"

Ao contrário do brasileiro "E Aí, Comeu?", em que os personagens ficavam falando de suas conquistas sexuais num barzinho carioca entre uma cerveja e outra, o espanhol "O Que Os Homens Falam", dirigido por Cesc Gay, vai no sentido contrário. Em uma série de histórias curtas que se cruzam no final, os homens aqui apresentados são frustrados, perdedores, traídos pelas mulheres. O chamariz é o ator argentino Ricardo Darín, de "O Segredo dos Seus Olhos" e "Conto Chinês". Em sua história, decide seguir a mulher, que entra num prédio. Ele desconfia estar sendo traído por ela e fica observando o local de uma praça, até ser abordado por um conhecido que passeia com um cachorro. Então ele abre seu coração para o cara, até descobrir que ele é o amante da esposa.

Noutra das histórias, dois amigos se encontram na saída de um prédio. Um deles chora convulsivamente e é consolado pelo outro - afinal está sofrendo de ansiedade, e vai ficar melhor ao verificar que a vida do amigo está muito pior. A mulher o deixou, perdeu o emprego e voltou a morar com a mãe. A situação é tão deprimente, que o sapato está furado e cheio de água da chuva. A melhor história talvez seja a do homem que leva o filho de volta para a casa da ex-mulher. Estão separados, pois ele a traiu. E ao vê-la, o personagem de Javier Cámara (conhecido pelas participaões nos filmes de Almodóvar, como "Os Amantes Passageiros", "Má Educação" e "Fale com Ela", não resiste e abre o coração. Quer voltar para ela, que mal lhe dá ouvidos, pois já tem outra pessoa. Mas no apanhado geral, é um filme chato, com os homens se lamuriando, todos fracos e sem personalidade. Não há humor nas histórias e todos agem como se fossem velhos sem rumo.

Cotação: ruim
Chico Izidro

Saturday, July 12, 2014

"O Amor Fora da Lei"

Bob Muldoon (Casey Affleck) é um bandidinho comum no Texas dos anos 1970, que após assalto frustrado e a morte do parceiro, vai parar na prisão. Só que lá fora sua namorada, Ruth (Rooney Mara) está grávida do primeiro filho deles. Então fugir da cadeia e voltar aos braços da amada passa a ser uma obsessão de Bob em "O Amor Fora da Lei", dirigido por David Lowery. Durante quatro anos que passa atrás das grades, o único contado que Bob tem com Ruth é através de cartas, que ele escreve compulsivamente. Até o dia que consegue fugir e passa a ser perseguido pela polícia. Afinal, os tiras sabem que Bob pretende voltar para Ruth, que agora cria sozinha a filha de quatro anos deles - e Ruth é alvo da paixão platônica do policial Patrick Wheeler (Ben Foster).

O filme é lento, reflexivo, assim como é a vida naquela cidadezinha perdida nos confins do Texas. Ocorrem coisas inexplicáveis na história, como por exemplo três pistoleiros que surgem do nada em busca de Bob - qual a motivação deles? Quem os mandou? Nada disso é explicado. E como Bob consegue andar pela cidade sem ser notado, apesar de ser uma figura conhecida no local? Pontas soltas deixadas pelo diretor. Que no entanto, encontrou em Casey Affleck, o irmão mais novo de Ben Affleck, Rooney Mara e Ben Foster três grandes intérpretes, com seus personagens sofredores e angustiados.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Jogo das Decapitações"

"Jogo das Decapitações", de Sérgio Bianchi, é um filme dentro de um filme. Mostra a procura de Leandro (Fernando Alves Pinto, de 2 Coelhos) a um filme dirigido por um artista dos anos 1970, Jairo Mendes (Paulo César Pereio), em que só restaram fragmentos, o tal "Jogo das Decapitações", que foi censurado pelo regime militar vigente no Brasil à época. Só que Leandro é um tipo próximo a vagabundagem. Aos 30 anos, não para em trabalho nenhum, e vive sob as asas da mãe, Marília (Clarice Abujamra), que foi torturada durante a ditadura, e espera a grana da indenização pelo que sofreu no período. O filme se torna cansativo, confuso e com um discurso chato, pois tenta ser diferente com seus cortes rápidos e personagens sem profundidade e irritantes.

Cotação: ruim
Chico

Saturday, July 05, 2014

"O Espelho"

Um filme de terror se propõe a meter medo nos espectadores, né? Pois não é o que acontece com "O Espelho", dirigido por Mike Flanagan. A história é sobre dois irmãos ,Tim (Brenton Thwaites) e Kaylie Russell (Karen Gillan), que quando crianças perderam os pais de forma trágica. O pai deles matou a mãe e depois fo morto por Tim. Este acaba passando toda a adolescência numa clínica, e quando sai, aos 21 anos, reencontra a irmã. E ela tem um plano: destruir a entidade que encontra-se num grande espelho e que teria sido a real provocadora do incidente que atingiu seus pais dez anos atrás.

Só que Tim não está muito convicto nas coisas que Kaylie conta para ele e nem no plano desenvolvido por ela. O de voltar a casa onde ocorreram as mortes, e com várias câmeras, filmar a entidade que vive no espelho se manifestar para tentar destruí-la. Só que aos poucos, incidentes começam a ocorrer com eles no interior da casa, e Tim passa a acreditar nas palavras da irmã. "O Espelho" mostra-se interessante ao mesclar dois períodos - o atual, com Tim e Kaylie sentindo os efeitos da maldade proveniente do espelho e o passado, com eles crianças vendo a degradração porque passaram seus pais antes das mortes violentas.

Karen Gillan é o destaque em "O Espelho", chamando atenção por sua beleza e seus longos cabelos ruivos, mas também por sua atuação convincente. Já Brenton Thwaites é o elo fraco do filme. O ator parece perdido, não conseguindo mostrar muita variação no olhar e nos gestos. Katee Sackhoff (Battlestar Galactica) e Rory Cochrane (CSI: Miami) interpretam os pais e estão bem em seus papéis, principalmente Katee quando fica à beira da morte. Mas enfim, "O Espelho" é um filme em que faltam sustos, apesar de trazer alguns minutos de tensão.

Cotação: regular
Chico Izidro

"O Grande Hotel Budapeste"

"O Grande Hotel Budapeste", direção de Wes Anderson, é daquelas comédias insanas, cujo riso não sai histérico, mas contido. A trama é narrada por um escritor vivido em momentos distintos por Jude Law e Tom Wilkinson. No final dos anos 1960, o escritor hospeda-se num hotel decadente no fictício país Zubrowka, uma república nos Alpes europeus. Lá ele encontra um solitário homem, Mr. Moustafa (F. Murray Abraham), que revela-se o dono do local. E que conta para o escritor como foi parar lá, no final dos anos 1920, vindo do Oriente Médio.

Moustafa começou trabalhando no hotel como mensageiro, ajudando o gerente M. Gustave (Ralph Fiennes), que se torna seu mentor. E ele era um mulherengo, com atração por mulheres mais velhas e ricas. M. Gustave acaba herdando uma valiosa obra de arte deixada por uma viúva. mas acaba sendo acusado pela família dela de ter cometido o assassinato. Então a história transcorre com M. Gustave e o mensageiro Zero (Tony Revolori) tentando provar a inocência do primeiro. No fundo da trama, uma guerra se avizinha e o exército invasor é uma paródia dos nazistas, inclusive com os uniformes negros e o logo da suástica estilizado.

As piadas em "O Grande Hotel Budapeste" são sutis, e as interpretações, propositais, beiram o caricatural. Zero, que viria a ser o dono do hotel décadas depois, mostra-se um verdadeiro pateta, com sua cara perdida e um bigodinho pintado acima dos lábios. Ralph Fiennes está ótimo em sua caracterização de um homem mulherengo, mas covarde ao extremo, assim como Jopling (Willem Dafoe), o capanga do herdeiro e terrível Dmitri (Adrien Brody).

Cotação: bom
Chico Izidro

"Não Aceitamos Devolução"

O México tem tradição em filmes melosos. E "Não Aceitamos Devolução", dirigido por Eugenio Derbez, não foge a regra. Dramalhão dos mais convictos, conta a história de Valentin, o próprio Derbez, um mulherengo irresponsável e cheio de fantasmas da infância, proporcionados por seu pai. Sua vida muda, ou sai dos eixos, no dia em que uma de suas ex bate a sua porta, e deixa com ele um bebê. A garota parte para os Estados Unidos, e Valentin, sem saber o que fazer com o bebê, atravessa a fronteira e vai parar em Los Angeles. Sem conseguir encontrar a mãe da menina, ele pensa em voltar para Acapulco, só que descobre que não tem como sair do país com um bebê americano sem ir preso e a garotinha ir parar num abrigo. O jeito é ficar e do nada ele consegue um emprego como dublê de filmes em Hollywood.

Quando Valentin se dá conta, passaram-se sete anos e ele se apegou a Maggie, agora uma loirinha linda, que o ajuda nas filmagens - já que ele nunca se esforçou para aprender inglês. E a sua filha traduz para ele o que fazer nas filmagens. As coisas parecem funcionar para pai e filha - Maggie vivendo num mundo de fantasia, com a casa cheia de brinquedos, matando aulas para acompanhar Valentin nas gravações e recebendo cartas da mãe, que conta suas aventuras pelo mundo e até no espaço. Na realidade, Valentin é que escreve as cartas para aliviar a ausência de uma mãe na vida de Maggie. Até que um dia Julie (Jessica Lindsey) retorna, e quer ficar com a guarda da filha, a quem abandonou. E tudo vai parar nos tribunais.

"Não Aceitamos Devolução" tem um visual super-colorido, por vezes até lembrando cenários dos filmes de Almodóvar. Mas seus personagens são o excesso de clichê, como o protagonista Valentin, e Julie, a mãe arrependida. Já Maggie (Loreto Peralta) é daquelas garotinhas encantadoras, que quase, quase, salva o filme, cujo final é o chororô total.

Cotação: regular
Chico Izidro

"O Céu é de Verdade"

Um garotinho de quatro anos é operado às pressas da apendicite, e durante a cirurgia ele tem uma visão, acreditando ter encontrado Jesus. Nio princípio, seus pais acham aquilo absurdo, até começarem a acreditar nas palavras do menino. Os acontecimentos vão trazer sérios problemas à família em "O Céu é de Verdade", dirigido por Randall Wallace. A história é baseada em livro escrito por Lynn Vincent e Todd Burpo, relatando o que ocorreu com os Burpo no começo deste século, em Nebraska, nos Estados Unidos.

O filme deixa céticos e fiéis pensando no que realmente teria ocorrido. É completamente discutível os argumentos trazidos à tela na história. Afinal, o garoto Colton (Connor Corum) conta o que se passou com os seus pais durante as horas em que esteve na mesa de cirurgia, anestesiado. Colton diz ter visto Jesus, ter estado no céu, além de ter visto os pais discutirem, entre outros detalhes. Isso faz Todd Burpo (Greg Kinnear) começar a questionar sua própria fé, já que ele é um pastor. O problema é que é tudo tão certinho. A família Burpo não tem defeitos, a não ser as imensas contas que se acumulam mês após mês. Todd Burpo é um homem incansável, com múltiplos empregos, nunca se mostrando cansado. A mulher, vivida por Kelly Reilly, de "O Voo", é um poço de compreensão e os filhos, o menino Colton, que teria tido a visão, e a garotinha Cassie (Lane Styles) são lindos, doces e encantadores. Açucar demais.

Cotação: ruim
Chico Izidro