Thursday, April 26, 2018

"Construindo Pontes"




O documentário "Construindo Pontes", dirigido por Heloisa Passos, é daqueles que focam o acerto do presente com passado. E o título é sugestivo, mostrando o distanciamento de pai e filha por questões ideológicas, que teve de construir uma ponte para se reconectarem.

A cineasta paranaense Heloisa Passos foi a responsável pela direção de fotografia de mais de 20 filmes, entre eles "Viajo porque Preciso, Volto Porque Te Amo"; "Mulher do Pai"; "Lixo Extraordinário" e "O Que se Move", e atualmente é membro da Academia de Artes e Ciência Cinematográfica de Hollywood.

A ideia do documentário "Construindo Pontes" é iniciada quando Heloisa ganha de presente uma coleção de filmes em Super-8 com imagens das “Sete Quedas”, paraíso natural destruído no começo da década de 1980 para a construção de Itaipu, a maior usina hidrelétrica do mundo. Então, ela decide passar a limpo a relação atribulada com seu pai, o engenheiro civil Álvaro Passos, que trabalhou na construção de rodovias durante a ditadura militar - isso fez com que ganhasse muito dinheiro, e pudesse dar uma vida mais do que confortável à família. Só que com o tempo, Heloisa foi ganhando censo crítico e passou a ver que algo havia de errado. De um lado fartura e do outro pobreza.

O documentário é interessante, pois mostra como os dois têm visões de mundo completamente opostas. Álvaro acha correto o que os militares fizeram durante o que ele chama de "revolução" e parece sentir falta daquela época. Já Heloisa é lésbica - o que fez com que saísse de casa aos 22 anos ao ser flagrada pelo pai beijando outra menina, e é esquerdista, pró-Lula. Os dois não têm vergonha de expor suas posições diante às câmeras. E tentam uma reconciliação no final, ao visitar uma das obras de Álvaro no interior paranaense, mas até isso faz aumentar o abismo entre eles.

Duração: 1h12
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"O Pacto de Adriana" (El Pacto de Adriana)



A ditadura de Pinochet no Chile entre os anos 1970 e 80 foi uma das mais violentas da América Latina. Para se ter uma ideia, com uma população de cerca de 10 milhões de habitantes, foram 40 mil as vítimas, entre elas 3.225 mortos ou desaparecidos, enquanto que o Brasil com aproximadamente 100 milhões teve 434 mortes e desaparecimentos durante a ditadura militar.

Em "O Pacto de Adriana" (El Pacto de Adriana), a diretora Lissette Orozco tenta descobrir o passado da tia, Adriana, que para ter uma vida melhor durante a ditadura chilena, entrou para a policia secreta de Pinochet, a DINA. Foi um período rico para ela, que viajou muito, conheceu personalidades e esteve presente em festas fantásticas. Mas tudo com um preço.

Já em meados dos anos 2000, a vida da tia da diretora começou a ser vasculhada, descobrindo-se que ela respondia a um processo judicial pelo assassinato de um importante dirigente comunista. Adriana acabou fugindo do Chile e se exilando na Austrália, onde os chilenos que lá vivem pedem que ela seja extraditada para casa e responder por seus crimes. Ela é acusada de torturar e matar presos políticos e a imprensa não lhe dá sossego.

Lissete aparece conversando com testemunhas, parceiros e até mesmo a tia, através do skype. A mulher jura inocência, mas todos os fatos mostram a sua culpabilidade. É uma obra intimista, bem pesquisada e detalhada, com imagens da época, e depoimentos fortes e marcantes - um dos ex-colegas de Adriana na DINA reconhece seus crimes, mas acha que ela não fará o mesmo. O final fica em aberto, talvez para cada um fazer seu julgamento. Forte.

Duração: 1h30
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Praça Paris"



"Praça Paris", da diretora Lucia Murat, tem como foco central a relação de duas mulheres: a negra Glória (Gracê Passos), que vive numa favela carioca e tem em sua rotina a violência cotidiana, e a psicóloga portuguesa Camila (Joana de Verona). A obra mostra um Rio de Janeiro sem segurança, aliás, a insegurança está presente nas duas personagens.

Glória sofre porque é sozinha, foi estuprada pelo pai quando criança, e tem um irmão preso - aliás, ele é o chefe do tráfico na favela, e controla a vida da irmã mesmo atrás das grades. Ela trabalha como ascensorista na mesma faculdade em que Camila estuda e dá os primeiros passos para clinicar, tendo Glória como paciente. Mas Camila também tem seus medos - morando há pouco no Rio de Janeiro, tudo para ela parece ser assustador e ela carrega consigo preconceitos da classe média branca.

"Praça Paris" acerta ao focar a relação atribulada de Glória e Camila, cujas protagonistas apresentam atuações fortes. Sendo Gracê Passos e sua Glória mais visceral, pois a personagem vai se libertando de suas amarras aos poucos. Já Joana de Verona consegue irritar com sua psicóloga que não se mostra preparada para tal atividade - ela mesmo se mostra fraca e cheia de insegurança, provocando uma tragédia final.

Duração: 1h50
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Estrelas do Cinema Nunca Morrem" (Film Stars Don’t Die in Liverpool)




"Estrelas do Cinema Nunca Morrem" (Film Stars Don’t Die in Liverpool), dirigido por Paul McGuigan, mostra o ocaso de uma atriz dos tempos áureos do cinema hollywodiano - no caso a musa Gloria Grahame, ganhadora de um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 1953 por "Assim Estava Escrito".

Gloria Grahame interpretou mulheres sexys e é vivida por Annete Bening. A trama ocorre em 1981, mas traz flash-backs mostrando seu relacionamento com o jovem ator inglês Peter Turner (Jamie Bell), começado em 1979. Ele estava no começo de sua carreira, mas deixou muita coisa de lado para viver ao lado de Gloria, que estava à época com 55 anos, e se mostrava extremamente carente e falida - sua época áurea havia passado, mas ela ainda era lembrada por fãs.

"Estrelas do Cinema Nunca Morrem" (Film Stars Don’t Die in Liverpool) foca na vidfa em comum dos dois, de como eles se conheceram e tiveram uma empatia instantânea, apesar de ela ser mais velha do que ele. No seu final de vida, Gloria estava com câncer e se recusou a receber tratamento.

A obra é delicada e tem atuações fortíssimas de Bening (a sra. Warren Beatty) e Jamie Bell, que ficou conhecido como o menino que desejava ser dançarino no sensível "Billy Elliot", de 2000. A reconstituição de época também é boa e chega a dar vontade de se viajar no tempo e visitar a fria Liverpool no final dos anos 1970.

Duração: 1h45
Cotação: bom

Chico Izidro

"Somente o Mar Sabe" (The Mercy)



Baseado em fatos reais, "Somente o Mar Sabe" (The Mercy), com direção de James Marsh, de "A Teoria de Tudo", mostra a persistência de uma pessoa, que contra todos os fatores, decide de forma até teimosa tentar quebrar barreiras físicas e psíquicas.

A trama tem como protagonista o navegador amador Donald Crowhurst (Colin Firth), que em 1968 decide construir um barco e participar de uma prova, a Golden Globe Race, para tentar faturar 5 mil libras. O teste não é dos mais fáceis, pois os competidores deveriam dar a volta ao mundo em um tempo determinado, sozinhos e nunca pisar em terra firme durante a travessia.

Para competir, Crowhurst, cujos conhecimentos marítimos eram parcos, apesar de ter inventado uma espécie de bússola para ajudar na navegação, não tinha condições psíquicas, como já disse, e muito menos técnicas - seu barco, construído a toque de caixa era incompleto, o que fica evidente logo na primeira cena em automar, quando fica completamente alagado.

Além disso, Crowhurst deixou para trás a mulher Clare (a linda Rachel Weisz), e os vários filhos. Por suas contas, em seis meses estaria de volta, rico. A história mostraria o contrário.
Apesar da boa atuação de Colin Firth, que passa o tempo com uma cara de pateta, sem muita certeza do que estava fazendo, "Somente o Mar Sabe" se mostra um filme arrastado. Mas a elogiar também ótimas cenas de tempestades e desconforto do navegador na magnitude do vasto oceano.

Duração: 1h45
Cotação: bom

Chico Izidro

"Imagens do Estado Novo 1937-45"



O documentário "Imagens do Estado Novo 1937-45", de Eduardo Escorel, não é para qualquer um. Exige fôlego, pois chega perto das quatro horas, com imagens predominantemente em preto e branco - pouquíssimas são coloridas. Mas o trabalho de pesquisa é louvável e mesmo com toda a duração, quando chega ao seu final, dá vontade de se ver de novo e de novo.

Escorel, que narra o documentário, mostra um dos períodos mais conturbados da história do Brasil - a ditadura de Getúlio Vargas, que foi o ditador de 1937 a 1945, quando foi obrigado pelos militares a renunciar - como se sabe, ele voltaria cinco anos depois, então eleito por voto direto, se matando durante nova crise política em 1954.

Em "Imagens do Estado Novo 1937-45", vemos a análise em forma cronológica dos acontecimentos no Brasil durante o período, mas também mostrando as ótimas relações de Vargas com a Alemanha nazista de Adolf Hitler. Os dois trocavam correspondências, e o Brasil possuia uma forte colonização alemã que mostrava abertamente sua filiação ao nazismo - o que passaria a ser proibido a partir de 1942, quando da entrada brasileira na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, depois de pressão dos Estados Unidos e de ataques germânicos a navios brasucas.

O documentário também mostra, em ótimas imagens, os puxa-sacos de Vargas, os aliados, os cupinchas. O engraçado é ver que o ditador não gostava de ser filmado, mas parecia sempre à vontade perante às câmeras. Escorel analisa ainda, em vários momentos, o diário de Getúlio, que é encerrado de forma abrupta ainda nos anos 1930. O filme mostra com suas fortes imagens uma época em que até as feições das pessoas era diferente - elas tinham queixos maiores, dentes imperfeitos, e todos andavam de terno e gravata, não importasse sua classe social. Um documento de uma época.

Duração: 2h27
Cotação: ótimo

Chico Izidro

Thursday, April 19, 2018

"7 Dias em Entebbe" (7 Days In Entebbe)



Este é o segundo filme hollywoodiano do brasileiro José Padilha, de "Tropa de Elite" e do tão criticado e não sem motivo seriado "O Mecanismo". Em 2014 ele realizou uma nova versão de "Robocop", e agora solta outra versão do sequestro de um avião da Air France em 1976 por terroristas alemães e palestinos e que a bordo levava quase 100 cidadãos israelenses, "7 Dias em Entebbe" (7 Days In Entebbe).

A primeira versão para o incidente foi feito a toque de caixa em dezembro daquele mesmo ano e foi batizado de "Vitória em Entebbe", e tinha em seu elenco Anthony Hopkins, Liz Taylor, Linda Blair, Kirk Douglas e Burt Lancaster. Bem, agora "7 Dias em Entebbe" (7 Days In Entebbe) mostra o sequestro que começou no final de junho e foi finalizado no início de julho. Padilha é correto na reconstituição de época e dos fatos, mas não se prendendo muito na vida dos reféns, se atendo mais aos terroristas alemães, do grupo Baader-Meinhof, Wilfried Böse (Daniel Brühl) e Brigitte Kuhlmann (Rosamund Pike), que aceitaram fazer o sequestro pois não tinham mais sentido em suas vidas depois que os líderes de seu grupo foram presos (Ulrike Meinhof se matou um mês antes do sequestro na prisão e Andreas Bernd Baader morto na cadeia um ano depois). Os dois, porém, sofriam com o que o mundo poderia pensar - dois alemães sequestrando e matando judeus? Tudo o que eles não queriam era ser comparado aos nazistas, que abominavam).

Eles sequestraram o avião da Air France que partira de Atenas com destino a Tel Aviv, tendo 248 passageiros a bordo e mais os tripulantes. Os terroristas levaram a nave para um terminal desativado do aeroporto de Entebbe, em Uganda, à época nas mãos do ditador Idi Amin Dada (Nonso Anozie, do seriado Zoo), que cínico, jogava para os dois lados, mas pensando apenas em divulgar seus "feitos" para o mundo - entre outras coisas, ele mandava seus inimigos para o poço dos crocodilos e também praticava canibalismo!

O ritmo do longa é lento, mostrando ainda as ações do gabinete israelense, comandado à época pelo primeiro-ministro Yitzhak Rabin e o ministro da defesa Shimon Peres. A ação fica mais para o final, e tem poucos minutos, com o comando israelense invadindo o aeroporto e salvando os reféns - morreram todos os terroristas, 45 soldados ugandeses e 4 reféns - Padilha não cita, mas uma cidadã israelense havia passado mal e levado para o hospital, onde seria assassinada dias depois.

Ainda o que se destaca é a apresentação de um grupo de dança, com as imagens intercaladas com os acontecimentos na África. Os israelenses e isto não é spoiler, é fato, obtinham mais um sucesso em um plano de risco - nunca é demais lembrar da captura do nazista Adolf Eichmann em Buenos Aires em 1960!

Duração: 1h47
Cotação: bom

Chico Izidro

"De Encontro com a Vida" ( Mein Blind Date mit dem Leben)




Dirigido por Marc Rothemund (diretor de "Os Últimos Dias de Sophie Scholl - Uma Mulher Contra Hitler", "De Encontro com a Vida" (My Blind Date With Life), é uma divertida comédia, que pelo que mostra após os créditos, foi baseada em fatos reais.

E mostra que os alemães também sabem fazer rir. E aqui as coisas vão ao absurdo, mostrando o jovem descendente de turcos Sally (Kostja Ullmann), que vive em Munique. Quando está terminando os estudos e já pensando na vida profissional - seu desejo é trabalhar em um dos principais e mais chiques hotéis da cidade -, ele começa a perder a visão.

Após análise médica, Sally descobre, que infelizmente, possui uma grave doença genética, que tirará 95% de sua visão. Ou seja, fica praticamente cego. E não existe remédio nem óculos para ajudar. Mesmo assim, ele decide se candidatar a vaga no hotel, mas escondendo o fato de sua cegueira para todos. O único que sabe seu segredo é o colega Max (Jacob Matschenz), que passa a ajudá-lo.

A sacada do filme é mostrar o que Sally faz para escapar das agruras de sua falta de visão. Ele tem de, por exemplo, aprender a contar os passos entre a porta e uma mesa. O problema é que ele tem no seu pé o sádico gerente Kleinschmidt (Johann von Bülow, dos filmes de guerra Frantz e 13 Minutos). O final é meio adocicado, mas não perde força. E dá para rir muito das situações.

Duração: 1h51
Cotação: bom

Chico Izidro

"Submersão" (Submergence)



de Wim Wenders nos anos 1980 como "Asas do Desejo", "Paris, Texas" e "O Estado das Coisas", vai se decepcionar com este seu novo filme, "Submersão" (Submergence), protagonizado por Alicia Vikander e James McAvoy. O longa é baseado no homônimo romance do britânico J. M. Ledgard.

Danielle Fliders (Vikander) é biomatemática e exploradora das profundezas do oceano, e conhece James More (McAvoy) em um hotel no litoral inglês. Os dois pouco a pouco iniciam um romance - e a química entre eles funciona muito bem, com bonitas cenas românticas. Mas More é um espião que se passa por engenheiro e se prepara para uma missão na Somália, na investigação de um grupo terrorista islâmico.

A história se cruza em dois momentos. Num deles, mostra More prisioneiro dos jihadistas, sofrendo torturas para revelar quem realmente é, enquanto que do outro lado do mundo Danielle sofre para saber onde foi parar o amado, que não se comunica com ela. E em outro momento, é mostrado o relacionamento do casal, sendo que ela se prepara para uma expedição nas profundezas das águas da Groelândia.

Só que o filme naufraga, apesar da bela fotografia. É sem ritmo, meio confuso. Talvez funcionasse melhor se tivesse sido contado de forma mais convencional, sem tantas idas e voltas.

Duração: 1h52
Cotação: regular

Chico Izidro

"Exorcismos e Demônios" (The Crucifixion)



Simplesmente um desperdício de tempo assistir a este filme de terror "Exorcismos e Demônios" (The Crucifixion), direção de Xavier Gens, e rodado na Romênia, terra do Conde Drácula, como lembra muito bem um dos personagens durante determinada cena. Mas aqui nada acontece até muito perto de seu final e é mais uma ladainha religiosa, de que deus existe e só ele pode salvar os incréus...zzzzzzzz
Tudo começa quando a jovem jornalista e ateia Nicole (Sophie Cookson, de Kingsman) descobre um caso de exorcismo no interior da Romênia, onde uma jovem acabou morrendo nas mãos de um padre, que foi condenado a prisão. Por razões não explicadas, ela convence o seu chefe de redação em Nova Iorque a viajar para escrever sobre os acontecimentos.

Já no leste europeu, a jovem vai tentando entrevistas as testemunhas do incidente, enquanto que à noite passa a ser assombrada por criaturas que surgem em seu quarto de hotel. E um jovem padre, Anton (Corneliu Ulici) passa a tentar doutrinar a jornalista, de que ela só será salva se passar a acreditar no salvador...blá, blá, blá

Incrivelmente, Nicole começa a solucionar o caso apenas lembrando de frases ditas pelo padre Anton! Outra coisa incrível é que todo mundo na Romênia fala inglês perfeitamente - um dos personagens é perguntado por Sophie se fala inglês. Ele responde "a little" e sai falando inglês normalmente, como se tivesse nascido na Inglaterra!!!

Sophie Cookson se mostra uma péssima atriz, sem o menos estofo para protagonizar um filme. Sua expressão nunca muda, seja bebendo, comendo ou vivendo uma situação de risco. Seu carisma é zero. E os diálogos...feitos por um amador.

Duração: 1h23
Cotação: ruim

Chico Izidro

Thursday, April 12, 2018

"1945"



O filme "1945" é baseado no conto “Hazatérés” de Gábor T. Szántó, que assina o roteiro com o diretor e Ferenc Török, e fala dos horrores da Segunda Guerra Mundial, mas sem ser explícito. Todo filmado em preto e branco, remete a nossa memória as imagens que nos acostumamos de ver no período, monocromáticas.

Toda a trama ocorre em apenas um único dia daquele ano, o último do conflito, mais exatamente em 12 de agosto, num povoado do interior da Hungria. Os moradores se preparam para o casamento do filho do tabelião da cidade, ou seja, a maior autoridade local, agindo como o dono de todos. Então eis que desembarcam dois judeus, o pai e o filho, portando duas caixas misteriosas. É o estopim para uma série de acontecimentos nas próximas horas.

Naquele período pós-guerra, e foi muito comum, os judeus sobreviventes do Holocausto, ao retornarem para seus lares, acabavam descobrindo que suas casas e pertences haviam sido tomados pelos moradores gentios. Muitos judeus acabaram assassinados ao tentar recuperar seus bens. A outros restou emigrar para outros países, de preferência a Palestina.

Pois os moradores do vilarejo húngaro têm culpa no cartório, e começam a acreditar que os dois judeus vieram retomar o que lhes era de direito. Assim, passam a jogar a culpa uns nos outros ou se sentirem culpados, como o bêbado da cidade, que tenta se confessar, mas até o padre está envolvido na conspiração que eliminou os judeus da localidade. "1945" é uma obra onde não aparecem nazistas e suas metralhadoras, onde não aparecem as câmaras de gás, mas a sombra deles está lá presente, mostrando que muita gente teve culpa num dos maiores crimes já praticados pela humanidade.

Duração: 1h31
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Severina"



"Severina" é um filme dirigido por um brasileiro, Felipe Hirsch, cuja história transcorre em uma livraria, mais exatamente um sebo, em um bairro de uma cidade uruguaia, cujo nome não é mencionado. A obra é para quem ama livros e não consegue viver sem eles, apesar de os mais afoitos apostarem em seu desaparecimento.

E tal como a menina que roubava livros na Alemanha nazista em "A Menina Que Roubava Livros", a protagonista de "Severina", Ana (Carla Quevedo), também pratica o furto de livros em livrarias. E ela escolhe uma mais específica, onde o dono, que não tem nome, mas é vivido pelo ator argentino Javier Dolas, costuma reunir amigos para leituras de obras. O local é velho, quase sempre vazio, e também servindo de moradia para o livreiro.

E ele flagra Ana roubando alguns livros, mas vai deixando, para ver onde aquilo vai parar. Até o dia que se cansa da cara de pau da menina e a confronta. Para descobrir que ela é problemática, mas também apaixonante - todos os livreiros de que ela roubou caíram de amores por Ana, que mora com alguém mais velho - seria o pai, o amante? Isso nunca fica claro.

O filme apresenta um certo suspense - onde aquela relação vai parar. Mas também é uma ode aos livros e o fascínio que ele provoca nas pessoas - sou um viciado em livros, e não consigo imaginar trocar este objeto pelo mundo virtual. O cheiro, as dobras, as folhas amareladas pelo tempo. Nunca é enfadonho, e nos transporta a mundos mágicos.

Duração: 1h43
Cotação: bom

Chico Izidro

"Baseado em Fatos Reais" (D‘après une Histoire Vraie)



O octagenário cineasta polonês Roman Polanski, exilado na França por condenação por pedofilia nos EUA, permanece ativo, e agora com co-roteiro de Olivier Assayas, lança o thriller psicológico "Baseado em Fatos Reais" (D‘après une Histoire Vraie), inspirado no livro homônimo da escritora Delphine De Vigan.

A trama envolve outra escritora, Delphine (a mulher de Polanski, Emmanuelle Seigner), que lança um livro onde se inspirou na vida de sua mãe. O sucesso é imediato, mas ao mesmo tempo Delphine passa a receber cartas acusatórias de que ela teria se aproveitado da fraqueza da mãe e de outros familiares para obter êxito. Eis que então surge a fã Elle (Eva Green), que como um anjo da guarda passa a cuidar da vida de Delphine - mas o tempo todo parece que a jovem esconde algo, além do que passa a se intrometer inteiramente na vida de Delphine.

Tudo bem que a escritora está em crise, é frágil, mas o roteiro é meio preguiçoso, e deixa uma mulher independente totalmente a mercê de outra - mesmo que Elle deixe rastros de que deseja algo mais, Delphine nada faz...os clichês acabam tomando conta da tela de uma forma absurda. Apesar disso, a dobradinha Emmanuelle Seigner e Eva Green consegue mostrar força, muito mais pela sua atuação do que pelo roteiro.

Duração: 1h40
Cotação: regular

Chico Izidro

"Rampage - Destruição Total" (Rampage)




O novo filme protagonizado pelo astro Dwayne "The Rock" Johnson, "Rampage - Destruição Total" (Rampage), dirigido por Brad Peyton, é uma adaptação do jogo de vídeo-game homônimo, que mostra um gorila, um crocodilo e um lobo atacando e destruindo algumas cidades dos Estados Unidos, aqui se focando mais em Chicago.

As criaturas, George (o gorila), Ralph (o lobo) e Lizzie (o réptil) possuem tamanho normal, mas devido a um acidente químico, acabam ganhando proporções gigantescas e ganham muito em agressividade. Aí eles saem por aí destruindo e matando todo mundo que cruza na frente deles. Para tentar barrá-los aparece o primatologista Davis Okoye (Johnson), que ao lado da cientista Kate Caldwell (Naomie Harris) tentará parar a destruição.

E os dois têm de lutar contra dois empresários que tem muita culpa no cartório ao provocarem a experiência que transformou os animais. E também o exército, cujos militares são os estúpidos da vez - eles sabem que não adianta nada usar metralhadoras contra os monstros, mas insistem na prática.

O filme, recheado de clichês, fica parecendo uma mistura de Godzilla com King Kong e The Walking Dead - sim, o ator Jeffrey Dean Morgan, que interpreta o agente do FBI Russell, parece não ter desencarnado do seu personagem da série de zumbis, Negan. Ele simplesmente reprisa todos os toques, gestos e falas do vilão que persegue Rick. Ah, e os efeitos especiais de "Rampage - Destruição Total" são de doer.

Duração: 1h47
Cotação: ruim

Chico Izidro

"Covil de Ladrões" (Den Of Thieves)




"Covil de Ladrões" (Den Of Thieves) é a estreia na direção do roteirista Christian Gudegast, e foca em duas frentes - num grupo de ladrões de banco e nos policiais que tentam capturá-los. É um filme de ação, com cenas de tiroteio muito bem coreografadas, além do plano mirabolante da gangue.

A ação se passa em Los Angeles, onde uma equipe de assaltantes de bancos, formada por ex-militares, planeja um roubo que parece ser impossível: roubar o prédio do Federal Reserv dos Estados Unidos, mas não pegar o dinheiro vivo, mas sim aquele que é destruído diariamente, ou seja, não deixaria pistas para ser rastreado.

Só que do outro lado estão policiais que querem evitar o assalto, liderados pelo bruto Nick Flanagan (Gerard Butler), homem cheio de problemas, mas extremamente honesto.
O legal do filme é mostrar como vivem os dois grupos - os ladrões têm família normal e sonham se aposentar com o roubo milionário e deixar os seus confortáveis. Já os policiais vivem na noite, bebendo e aprontando.

A trama é boa, lembrando muito o clássico noventista "Fogo Contra Fogo" com Al Pacino e Robert de Niro - o policial sabe da tramoia do bandido e passa a cercá-lo para encontrar uma brecha e brecar o roubo. E a cena final é excepcional, com um tiroteio muito bem coreografado, como escrevi antes.

Duração: 2h20
Cotação: ótimo

Chico Izidro

Thursday, April 05, 2018

"Um Lugar Silencioso" (A Quiet Place)




Dirigido pelo ator John Krasinski (o Jim Halpert da versão americana da série The Office), "Um Lugar Silencioso" (A Quiet Place) é um baita filme de terror. Um dos mais tensos dos últimos tempos, quase todo ele sem diálogos e com uma trilha sonora marcante e angustiante. A trama se passa por volta de 2020, em um mundo completamente destruído, onde a população da terra foi dizimada por estrahos seres - não é explicado de onde surgiram as criaturas.

Para sobreviver, os poucos humanos não devem fazer nenhum tipo de barulho, que atrai os monstros imediatamente. Toda a história é centrada em uma família formada pelo pai (Krasinski), mãe (Emily Blunt), filho (o menino Noah Jupe, de Extraordinário) e filha (Millicent Simmonds, deficiente auditiva, que trabalhou em Sem Fôlego). Eles saem da cidade grande e se isolam em uma fazenda no interior, onde tomam todas as precauções para não serem atacados.

Krasinski, porém, não limita sua obra simplesmente ao terror. Quase um filme mudo, trata ainda de reponsabilidade, paternidade, aceitação, gravidez (o casal perde um filho logo no começo do terror e para compensar, a mãe engravida novamente), mesmo com todos os riscos que um bebê possa trazer, pois entre outras coisas, vai chorar...pânico. Enfim, "Um Lugar Silencioso" é angustiante e apavorante, no sentido de provocar medo e tensão.

Duração: 1h30
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Ella e John" (The Leisure-Seeker)



A terceira idade, pintada nos filmes, costuma ser algo muito bonito, divertido. Não em "O Amor", de Michael Haneke, com um idoso convivendo com a esposa em estado senil, terminal. Bem, no road-movie "Ella e John" (The Leisure-Seeker), direção do italiano Paolo Virzi, baseado em romance de Michael Zadoorian, o clima tem uma levada mais de humor, mas também tem muita tristeza e desesperança.

A história mostra um casal juntos há 48 anos, Ella (Hellen Mirren, simplesmente fantástica) e John (Donald Sutherland), que vive as agruras da idade avançada. Ele dá os primeiros e fortes sinais do Mal de Alzheimer e ela tem câncer terminal. Os dois, um dia, decidem pegar o velho trailer guardado na garagem, batizado de “The leisure seeker” (título original do filme, algo como “em busca do lazer”), e partir para a Flórida. O objetivo é conhecer a casa em que viveu o escritor Ernest Hemingway, fixação da vida de John, um professor de literatura aposentado, e ainda amado pelos ex-alunos. Os filhos, já bem crescidinhos, ficam histéricos, exigindo que os pais retornem para casa e abandonem a aventura.

E pelo caminho, Ella e John vão viver as mais diversas situações - revelações do passado, parados pela polícia, assaltados na estrada, conhecendo pessoas pelo caminho, recheado de belas paisagens. E a trilha sonora é deliciosa, com clássicos dos anos 1960 e 1970, de Caroline King, passando por Janis Joplin, Chicago. Enfim, um belo road-movie, que mostra que devemos seguir nossos sonhos enquanto é tempo - às vezes uma loucurinha se faz mais do que necessária.

Duração: 1h53
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"O Homem das Cavernas" (Early Man)



Não sei o que me incomodou mais durante a sessão em que vi "O Homem das Cavernas" (Early Man), direção de Nick Park. Assisti em uma cabine de imprensa, sessão especial para os críticos verem os filmes antes de eles serem lançados - e uma jornalista levou seu bebê de colo e a criança passou a hora e meia de duração do desenho chorando!!! Ou foi a história, que sei, sei, é uma animação, mas pelo menos visando as crianças, poderia respeitar um pouco a cronologia histórica. Afinal, acaba ensinando erroneamente.

"O Homem das Cavernas" é realizado com o stop-motion do estúdio britânico Aardman, responsável por animações fantásticas como "Fuga das Galinhas" e "Wallace e Gromit". Mas aqui deixa muito a desejar. Para começar, mostra a extinção dos dinossauros, mas já existiam humanos, que sobrevivem e vão viver em um vale isolado, e praticando futebol!!!

Aliás, o futebol é o centro da história, visto sob a ótica do neandertal Dug, que mora com a sua tribo em um vale originado pela queda do meteoro que dizimou os dinossauros. Mas um dia eles são expulsos por uma espécie de homens mais evoluídos, que vivem em uma sociedade organizada e que tem uma verdadeira seleção de futebol.

Para reaver suas terras, Dug propõe ao líder dos invasores fazer uma partida e quem vencer fica com o vale. É muita liberdade poética dos roteiristas Mark Burton e James Higginson. Mas o filme se mostra sem graça, sem o mínimo humor - "O Homem das Cavernas" acaba se tornando entediante e desinteressante seja para pais e filhos.

Duração: 1h30min
Cotação: ruim

Chico Izidro

"Com Amor, Simon" (Love, Simon)



Dirigido por Greg Berlanti (“Juntos Pelo Acaso”), “Com Amor, Simon” (Love, Simon), é a adaptação cinematográfica do livro ‘Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens’, da escritora Becky Albertalli. Naquele clima das comédias juvenis dos anos 1980 dirigidas por John Hughes, esta obra é claramente uma propaganda homossexual. Uma das piadas do longa mostra os hetéros pedindo desculpas aos pais...por serem héteros!

A história fala sobre a descoberta da homossexualidade na adolescência, focando no jovem Simon (Nick Robinson), de dezessete anos e que tem uma vida aparentemente normal, não fosse pelo fato de ele esconder sua homossexualidade da família e amigos. Tudo muda quando ele se apaixona pelo desconhecido Blue, que postou em um blog do colégio um depoimento se assumindo gay. Simon começa a trocar mensagens com Blue, passando a tentar descobrir quem é a pessoa por trás do pseudônimo.

Uma boa sacada é mostrar que mesmo sendo gay, Simon não tem afetação e só quer ser aceito em seu meio social. Mas o filme também tem muitos pontos negativos, como o de não haver conflitos quando Simon revela sua opção - todo mundo acha a coisa mais normal do mundo - os amigos ficam magoados com ele não por ter escondido sua condição, mas sim por "tê-los usado" para tentar desvendar um mistério!

Duração: 1h50
Cotação: regular

Chico Izidro

"Stromboli" (Stromboli, terra di Dio)



"Stromboli" (Stromboli, terra di Dio), ou como sair de uma roubada e entrar numa bem maior, poderia ser o outro título desta obra de Roberto Rosselini, lançada em 1950. O clássico tem como protagonista Ingrid Bergman no papel da refugiada do leste europeu Karin, que poucos anos após o término da Segunda Guerra Mundial, encontra-se em um campo de refugiados na Itália. Seu desejo é imigrar para a Argentina, e enquanto espera os papéis, é cortejada por um soldado, Antonio (Mario Vitale), que está deixando as forças armadas e pretende voltar para casa, uma ilha na Sicilia.

Após ter o pedido de imigração recusada, Karin não vê outra opção e acaba aceitando o pedido de Antonio, mesmo sem sentir nada por ele. Os dois rumam, então, para Stromboli. Karin acha que vai encontrar uma ilha paradisíaca, mas está equivocada. Ao chegar, se depara com uma ilha com poucos habitantes, miseráveis, religiosas ao extremo, e ainda um vulcão prestes a entrar em erupção. Além disso, a única atividade do local é a pesca.

Logo Karin se dá conta do enrosco em que se meteu. Letrada, com uma personalidade avançada, ela começa a se sentir presa a um local que considera e é atrasado. Em Stromboli, as mulheres não tem voz e tem de obedecer aos maridos. E Karin, pelos seus hábitos, não é bem vista pela comunidade. A ideia dela passa a ser o de sair dali. Mas como?

O diretor Roberto Rosselini, que acabou se envolvendo com Ingrid Bergman, apesar de os dois à época, serem casados com outras pessoas, gerando uma crise profunda no meio cinematográfico, filmou a obra em locações naturais, no caso a própria Stromboli. Foram utilizados atores não profissionais nas filmagens - os próprios moradores da ilha representaram seus papéis. O diretor foi profundamente realista ao filmar o dia a dia dos ilhéus, com suas precárias condições de vida e seu cotidiano - como a pesca do atum e a erupção vulcânica, que ocorreu de fato durante as filmagens. E Ingrid Bergman é o destaque, com sua atuação natural e vigorosa, mesmo não dominando ainda o idioma italiano.

Duração: 1h57
Cotação: excelente

Chico Izidro

"Zama" (Zama)



Cineasta de produção esparsa, apenas quatro filmes em 16 anos, a argentina Lucrecia Martel lança o épico "Zama" (Zama), produção multinacional da qual faz parte também o Brasil. O longa tem como palco o final do Século XVIII, na América do Sul, onde Don Diego de Zama (Daniel Gimenez Cacho), oficial da coroa espanhola, está lotado em uma cidadezinha do interior argentino, mas querendo transferência para Buenos Aires.

A diretora mostra, com incrível reconstituição de época, aquele período turbulento, com negros escravos, índios discrimanados e selvagens, mas para defender seu território - é mostrada uma forte cena, onde os indígenas emboscam soldados brancos em um banhado.

Zama espera a sua transferência copm paciência, mas os anos passam e nada acontece. Até que um dia surge a oportunidade de chamar a atenção da coroa, unindo-se a um grupo de soldados que tenta capturar um perigoso bandido, Vicuña Porto, vivido por Matheus Nachtergaele.

Lucrécia Martel realiza, enfim, um filme que tenta mostrar a força do período colonial na América Latina, mas mostrando também a intrepidez de homens que não tinham medo em desbravar um continente ainda desconhecido, mas ainda rico - seria ao longo do tempo depenado pelos colonizadores. Uma obra muito realista.

Duração: 1h55min
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Jogador Nº 1" (Ready Player One)




Talvez eu seja a única pessoa no mundo que não esteja curtindo a nova obra de Steven Spielberg, "Jogador Nº 1". Um dos motivos é que nunca joguei vídeogame na vida, e não tenho o mínimo interesse. Então achei o filme chato, cansativo, interminável. E olha que gosto muito de Steven Spielberg!!!

A trama se passa em um futuro próximo, 2044, com o mundo devastado, e onde as pessoas, para fugir da realidade, prefere o mundo virtual, jogando o game Oasis, criado por um nerd solitário, James Halliday (Mark Rylance). Ao morrer, ele aparece em um vídeo dizendo ter montado um quebra-cabeça no jogo e quem o desvendar ganhará considerável parte de seu legado - ele ficou bilionário ao criar o Oasis.

O protagonista é o jovem Wade Watts (Tye Sheridan), órfão que mora com a tia, que vive arranjando namorados abusivos. O adolescente vive naquele mundinho virtual, sob o codinome Parzifal, mas terá de sair para o mundo para tentar desvender os segredos do Oasis. Neste ínterim, ele conhece a também jogadora Samantha, cujo avatar é batizado de Art3mis.

"Jogador Nº 1" é repleto de citações cinematográficas e pop, desde a abertura com a música Jump, do Van Halen, passando pelo carro que o avatar de Wade utiliza, o Delorean DMC-12, usado por Michael J. Fox em "De Volta Para o Futuro". Tem direito a tudo escondido na tela, como o Batmóvel, do seriado clássico do Batman com Adam West, King Kong, Parque dos Dinossauros...enfim, uma infinidade de surpresas, além dos excelentes efeitos especiais. Porém isso não é tudo...E aí começa aquela coisa de vídeogame - tiroteios, explosões, bombas, mais tiroteios, numa tortura interminável...Enfim, um porre!

Duração: 2h20min
Cotação: ruim

Chico Izidro