Thursday, November 29, 2018

"As Viúvas" (Widows)




Baseado no livro homônimo de Lynda La Plante, "As Viúvas" (Widows), tem a direção do oscarizado Steve McQueen, vencedor por "12 Anos de Escravidão", e retrata a vida de três mulheres que tem de enfrentar um grande desafio após perderem os seus maridos. Veronica, Linda e Alice são vividas pelas atrizes Viola Davis, Michelle Rodriguez e Elizabeth Debicki, respectivamente, se unem depois que eles morrem durante a tentativa fracassada de um assalto.

Veronica acha que conseguirá seguir em frente apesar da morte do apaixonado Harry (Liam Neeson), mas um gângster roubado por ele surge, cobrando 2 milhões de dólares surrupiados pelo falecido. Ela tem um mês para pagar a dívida. E aí arma um plano, buscando a ajuda de Linda e Alice. Mesmo não possuindo nada em comum, as três se unem e se mostram determinadas a praticar um plano, que havia sido arquitetado por Harry e deixado anotado num caderninho dele.

Viola Davis mais uma vez dá um show de interpretação, nos fazendo lembrar a causa de seu nome estar entre as principais estrelas de Hollywood na atualidade. Sua personagem é uma mulher determinada, mas abalada pelo luto recente. Porém sabe que é preciso superá-lo para sobreviver.

Elizabeth Debicki, por sua vez, é uma grata surpresa, como uma viúva que se mostrava frágil no casamento, agredida pelo marido, e que acaba descobrindo forças de onde achava não ter. Já Michele Rodriguez também se destaca em um papel de uma mulher que precisa garantir a segurança dos filhos pequenos. Mas a grande surpresa mesmo está com Cynthia Erivo, como Belle, uma garota ipoi faz-tudo para ganhar uns trocados a mais.

Além do mais, "As Viúvas" não é apenas um filme sobre um grande assalto. O diretor britânico ainda é mordaz ao fazer críticas à corrupção política, o racismo institucionalizado dos Estados Unidos - um personagem negro é morto pela polícia, por tentar pegar um celular que estava tocando no carro, e violência doméstica. Filmaço.

Duração: 2h09
Cotação: excelente

Chico Izidro

"Um Homem Comum" (An Ordinary Man)




Há poucos meses Ben Kingsley interpretou Adolph Eichmann no longa "Operação Final”, lançado pela Netflix. Não demorou muito e o ator britânico volta a viver outro personagem fugitivo. Desta vez ele é um general da extinta Iugoslávia em "Um Homem Comum" (An Ordinary Man), direção de Brad Silberling. Após ter participado dos massacres na guerra dos Balcãs nos anos 1990, o general, que não tem nome, vive escondido, apoiado por antigos seguidores, que pagam por sua segurança. O general, visto como herói por parte do país, que não é especificado, mas tanto pode ser Croácia, Sérvia como Bósnia, é procurado por crimes contra a humanidade, praticados durante o conflito.

O general está sempre sendo cuidado pelo guarda-costas Miro (Peter Serafinowicz), mas não consegue se conformar com a vida que leva, sempre obrigado a trocar de esconderijo. Até que surge a empregada Tanja (Hera Hilmar), garota de 26 anos, sem amigos, órfã e que é contratada pelos aliados do general para cuidar dele. Cozinhar, conversar. Só que ela não tem muitos traquejos sociais, e seus erros batem de frente com o estilo grosseiro do ex-militar. Só que aos poucos eles começam a criar laços, mesmo que seja difícil lidar com o general, que não facilita para seus cuidadores, volta e meia saindo às ruas, perigando ser capturado.

O filme é interessante, trazendo nada de cenas de ação. É um filme de guerra, sim. Mas não precisa mostrar batalhas, tiros. A obra tem vários diálogos, interessantes, e que prendem a atenção. E o general é uma figura ímpar - mesmo sendo criminoso de guerra, não aparenta ter consciência pesada, mas vive amargurado por ter de viver afastado do mundo. Filmado em Belgrado, na Sérvia, o longa apresenta uma região que ainda parece não ter se recuperado dos traumáticos anos de conflitos.

Duração: 1h29
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"A Excêntrica Família de Gaspard" (Gaspard va au Mariage)




O nome do filme recorre ao oscarizado "A Excêntrica Família de Antônia", em 1995. Falta de imaginação dos distribuidores ao batizar "A Excêntrica Família de Gaspard" (Gaspard va au Mariage), longa francês com direção de Antony Cordier. Mas se formos pensar em títulos repetidos pelo Brasil...a lista é longuíssima. Bem que no caso, a família de Gaspard é mesmo fora do eixo.

Na trama, Gaspard (Félix Moati) mora longe da família, que possui um zoológico. O seu pai, Max (Johan Heldenbergh) vai se casar novamente, e o jovem precisa voltar para casa, a fim de acompanhar a cerimônia. Junto com o pai, moram ainda o Virgil (Guillaume Gouix) e a irmã Coline (Christa Théret), que está sempre usando uma fantasia feita de pele de urso, fedorenta.

Ela é sim, a personagem excêntrica da família, e que tem uma relação meio incestuosa com Gaspard. Só que ele não apareceu sozinho. Durante a viagem para casa, conheceu a jovem Laura (Laetitia Dosch), e ofereceu dinheiro para que ela fingisse ser sua namorada.

Ninguém parece agir com normalidade. O pai, apesar de estar noivo, é um mulherengo costumaz. Já Virgil namora uma tatuadora vegetariana, que não aceita muito bem o fato de ele ser dono de um zoológico. E a estranha Laura suspeita que Gaspard seja gay, por isso a contratou, para poder enganar a família.

"A Excêntrica Família de Gaspard", enfim, tem lampejos de graça, mas no final não consegue se definir se é um drama, se é uma comédia. Talvez o humor seja muito específico, incomum. Diferente.

Duração: 1h43
Cotação: regular
Chico Izidro

"Robin Hood - A Origem" (Robin Hood)



Por que alguns diretores tem a triste ideia de modernizar histórias clássicas? Para atender o público atual, menos exigente e pensante, só pode ser isso. Assim, Otto Bathurst dirige "Robin Hood - A Origem" (Robin Hood), versão remodelada da história do homem que roubava dos ricos para doar aos pobres, é completamente equivocada. Usa uma linguagem de vídeo game, com cenas de ação exageradas e aquelas câmeras que parecem estar no meio de uma tempestade.

E tudo soa completamente inverossímil na história, que se passa no período das Cruzadas, onde Robin Hood (Taron Egerton, de Kingsmans: Serviço Secreto) é o nobre convocado para ir ao Oriente lutar pelos cristãos contra os muçulmanos. Lá vira um pária ao salvar o mouro Little John (Jamie Foxx), e volta para Nottingham, onde descobre ter perdido tudo, até a mulher amada, Marian (Eve Hewson), que acredita que ele tenha morrido. Então Robin começa a praticar crimes para tentar desmascarar o Xerife de Nottingham (Ben Mendelsohn), completamente caricato.

Mas podem esquecer toda a história que vocês conheceram sobre o herói e sua trupe. Em tempos politicamente corretos, o gigante Little John virou um negro, que anda pelas ruas de Nottingham sem ser notado pelos britânicos!!! E o que dizer das armas usadas pelos mocinhos - arco e flecha, mas utilizadas como se fossem metralhadoras. E o que dizer dos coquetéis molotov lançados por protestantes fantasiados de black blocks...é muito exagero, e ainda por cima em um evento que se passa no Século XIII.

Quer agradar a um público jovem, tudo bem, mas pelo menos que o faça pensar, e não apresentando soluções fáceis e modernosas.

Duração: 1h56
Cotação: ruim

Chico Izidro

"Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro"



Não é porque o humorista Danilo Gentili se bandeou para a direita é que vou malhar seu novo filme, sucessor de "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola". É porque o longa, "Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro", dirigido por Fabrício Bittar, é ruim mesmo, e aqui não vai nenhum ranço político. Desta vez o objetivo era fazer uma obra de terror com toques de humor, e sem nenhuma vergonha em copiar longas como "Ghostbuster", "The Evil Dead", "Fome Animal".

O resultado beira o trash, mas no mau sentido. Pois tem filme trash que é bom. O gênero pede coisas exageradas, sangue em excesso e mortes bizarras. "Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro" tem tudo isso, mas colocados de forma equivocada e com atuações fracas, nada naturais. E Gentili acha que é engraçado. Léo Lins e Murilo Couto ainda se salvam, mas Dani Calabresa é desperdiçada.

A história é sobre um grupo de caça-fantasmas contratado para limpar a escola do fantasma da tal loira do banheiro. Ela foi conjurada por dois alunos, e saiu do espelho matando pessoas pelos corredores escolares. Eles até brincam que o logo da empresa é semelhante ao dos ghostbusters. Mas é uma pisada feia.

Duração: 1h29
Cotação: ruim

Chico Izidro

"De Repente uma Família" (Instant Family)



"De Repente uma Família" (Instant Family) é baseado nas experiências reais de seu diretor, Sean Anders. A história mostra o casal formado por Pete (Mark Wahlberg) e Ellie (Rose Byrne), que com dificuldades para engravidar, decide adotar uma criança para formar a tão sonhada família. Para conseguir um filho (a), são obrigados a passar por um processo seletivo, junto com outros casais, como se fosse um curso para quem deseja ser pai.

Finalmente após grande busca, eles conhecem e decidem adotar a adolescente hispânica Lizzy (Isabela Moner), de 15 anos. Mas de acordo com as leis americanas, o casal é obrigado a abrigar também os dois irmãos menores da garota, o atrapalhado Juan (Gustavo Quiroz) e a difícil Lita (Julianna Gamiz). Com os três novos filhos e sem qualquer tipo de experiência, Pete e Ellie terão que aprender a se virar na nova vida. Sendo que Lizzy é a típica aborrescente, rebelde e que não está acostumada a ser bem tratada, dificultando muito as tentativas de Pete e Alice cuidarem das crianças.

Para quem pretende ser pai, o filme é um bom prato para mostrar como é dificil este tipo de vida. E para quem não quer, ele reforça esta ideia, pois não é fácil lidar com crianças, ainda mais elas já vindo de outras experiências traumáticas com outros pais adotivos.

"De Repente uma Família" (Instant Family) apresenta momentos de humor, mas também tem momentos de drama - o destaque fica com a jovem Isabela Moner, fazendo uma atuação memorável como uma garota rebelde, mas extremamente inteligente. Mark Wahlberg e Rose Byrne, por sua vez, obtém excelente química, não caindo na armadilha que até poderia acontecer de o longa virar um dramalhão.

Duração: 1h58
Cotação: bom

Chico Izidro

Friday, November 23, 2018

"Infiltrado na Klan" (Blackkklasman)



Com direção e roteiro de Spike Lee, e baseado na obra "Black Klansman: A Memoir", "Infiltrado na Klan" (Blackkkklasman), nos leva direto aos anos 1970, e reproduz a história surreal vivida pelo policial negro Ron Stallworth.

Em 1979, recém chegado a força policial de Colorado Springs, Stallworth notou um anúncio em um jornal da cidade: a Ku Klux Klan buscava novos membros. Ao entrar em contato com o número telefônico colocado no anúncio, ele se apresentou como um homem branco que sentiu ódio por “negros, judeus, mexicanos e asiáticos.” Assim, ganhou a confiança do líder local da KKK, e marcou um encontro em pessoa. Aí que surgiu o problema. Afinal, ele é negro.

A solução foi encontrar um colega branco que aceitasse ir ao encontro do líder local da Klan: o policial branco Flip Zimmerman, que se infiltrou na seita racista durante nove meses. Judeu não praticante, o policial disfarçado correu risco de morte, e foi testado quase o tempo todo por um dos integrantes da KKK, que desconfiava de sua real identidade.

Stallworth é interpretado por John David Washington, filho de Denzel Washington, e Flip Zimmerman é vivido por Adam Driver. O líder supremo da KKK, David Duke, é representado por Topher Grace, da "That '70s Show", que tem as falas muito, mas muito parecidas com o atual presidente norte-americano Donald Trump. Spike Lee, afinal, quis fazer um paralelo com aquela época e a atual, inclusive nas cenas pós-créditos, onde coloca cenas reais dos protestos em defesa da supremacia branca em Charlottesville em 2017, e também de atos em defesa dos negros nos Estados Unidos, no movimento batizado de “Black Lives Matter” (vidas negras importam).

“Infiltrado na Klan” é uma obra importantíssima e reflete o momento atual, onde o perigo do fascismo voltar está muito presente.

Duração: 2h16
Cotação: excelente

Chico Izidro

"A Voz do Silêncio"




"A Voz do Silêncio", dirigido por André Ristum, é um forte drama passado na gigantesca São Paulo, e fala sobre solidão, desesperança, relações humanas. O filme tem um ritmo lento, e inicia com um clima de mistério, mostrando o cotidiano de várias pessoas, nos deixando em suspense, pois ficamos esperando que as vidas dos personagens em determinado momento se cruzem. A música do rapper Criolo, “Não Existe Amor em SP”, é a trilha sonora. Não gosto deste estilo musical, mas a música é forte, e marca bem as cenas que ilustra.

Os personagens são interpretados por excelentes atores, como Marieta Severo, Marat Descartes, Cláudio Jaborandy, Augusto Madeira, Ricardo Merkin, Stephanie de Jongh, Milhem Cortaz, Nicola Siri e Arlindo Lopes. Aliás, a história de Marieta é a mais forte. Ela vive Maria Claudia, uma mulher que vive trancada em seu apartamento, meio amargurada, meio adoentada.

A filha quer ser cantora, mas é dançarina de pole dance em uma boate, e ela acredita que o filho esteja viajando pelo mundo - o rapaz tem AIDS e foi expulso por ela, e trabalha no centro de São Paulo, num call-center. E Maria Claudia está sempre com a TV ligada, onde aparece um programa evangélico, com um pastor interpretado por Augusto Madeira, ex-Zorra.

Já Marat Descartes vive um advogado meiuo desonesto e trambiqueiro. Outro destaque é o argentino Ricardo Merkin, que representa um radialista com os dias de vida contados. Enfim, são nove personagens cujas vidas são interligadas, num filme que finaliza angustiante e aberto às dúvidas.

Duração: 1h38
Cotação: bom

Chico Izidro

"Excelentíssimos"




Recentemente, a cineasta Maria Augusta Ramos lançou o documentário "O Processo", que mostrava os bastidores do Governo durante o atribulado processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Agora, chega mais um outro documentário para tentar explicar o que foi aquele ano de 2016: "Excelentíssimos", de Douglas Duarte. O documentário mostra a polarização política que surgiu no país, e traz o dia a dia de todo o processo que culminou com a saída de Dilma em 31 de agosto daquele ano.

O filme tenta mostrar que houve um golpe contra Dilma, arquitetado pelo pessoal do PSDB e PMDB, nas figuras de Aécio Neves, candidato derrotado nas eleições de 2014, e Michel Temer, que se tornaria o vice-presidente da petista, e que acabaria assumindo o posto após a destituição dela. Além do que desmascara ainda mais Eduardo Cunha, presidente da Câmara e um dos políticos mais corruptos da história do país, com sua cara cínica.

"Excelentíssimos" segue os políticos pelos corredores da Câmara em Brasília, com uma narração em off. E entrevistas com personagens que marcaram todo o processo, e é explicito ao mostrar que houve erro nas acusações feitas tanto a Lula quanto à Dilma. O filme também apresenta imagens das manifestações populares contra o golpe e o contraponto, daqueles favoráveis a saída da presidente.

O que incomoda são sequências onde aparecem políticos nada agradáveis falando, como o presidente eleito Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e a bancada evangélica, com suas ideias retrógradas e medievais. O filme também apresenta imagens das manifestações populares contra o golpe e o contraponto, daqueles favoráveis a saída da presidente.

Apesar destas presenças, "Excelentíssimos" não deixa de ser um trabalho forte, mostrando um dos momentos mais marcantes da história do país. E que acabou tendo resultado nocivo, ao permitir que uma figura como Bolsonaro se destaca-se, chegando aonde chegou.

Duração: 2h35
Cotação: bom

Chico Izidro

"Refém do Jogo" (Final Score)



Dave Bautista, o Drax de "Guardiões da Galáxia", vira Bruce Willis nesta espécie de "Duro de Matar", que se passa não em um edifício e nem em um aeroporto. O palco da ação de "Refém do Jogo" (Final Score), direção de Scott Mann, é o estádio Boleyn Ground, antiga casa do West Ham United, em Londres.

Dave Bautista vive Michael Knox, ex-militar que lutou no Afeganistão. Ele vai a Londres visitar a a esposa e a filha de um ex-companheiro e grande amigo, morto em ação no país asiático anos atrás. E leva a garota Danni (Lara Peake) para um jogo entre o West Ham United, time dela e do pai, e o Dynamo Moscou, pela fictícia Copa Europeia. Mas no estádio, acabam se metendo em uma enrascada.

O local está, sem que os torcedores e jogadores saibam, controlado pelo revolucionário russo Arkady Belav (Ray Stevenson) e seus capangos, que estão atrás de seu irmão Dimitri Belav (Pierce Brosnan), até então, considerado morto, e que ele pretende levar de volta para a Rússia para concretizar um golpe de estado em uma das ex-republiquetas soviéticas.

"Refém do Jogo" (Final Score) é recheado de clichês de filmes de ação. E o personagem de Bautista é a reencarnação de John McClane. Leva tiros, corre de explosões, anda de moto nas arquibancadas do estádio, e sai ileso, apenas com alguns cortes. É diversão, mas difícil de engolir.

Duração: 1h44
Cotação: regular

Chico Izidro

"Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald" (Fantastic Beasts: The Crimes Of Grindelwald)



Definitivamente o trabalho da escritora britânica J.K. Rowling não me agrada, apesar de ela ser uma das autoras mais queridas dos últimos anos, criadora de Harry Potter. Depois que a saga do bruxinho acabou, ela se dedicou a criar um universo novo,mas na mesma linha mágico-místico, e que ocorre décadas anos dos eventos registrados nos filmes de Potter.

A nova franquia tem como base o livro "Animais Fantásticos", e Rowling é a roteirista dos cinco filmes já anunciados, dois já lançados. O primeiro é "Animais Fantásticos e Onde Habitam", de 2016. Agora chega as telas "Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald" (Fantastic Beasts: The Crimes Of Grindelwald), direção de David Yates.

A trama traz novamente Eddie Redmayne como Newt Scamander, que é recrutado pelo seu antigo professor em Hogwarts, Alvo Dumbledore (Jude Law). Ele deve ir atrás do terrível bruxo das trevas Gellert Grindelwald (Johnny Depp), que escapou da custódia do Congresso Mágico dos EUA.

E o filme é uma salada total, com roteiro estapafúrdio, se perdendo em diversas tramas e com efeitos especiais excessivos, e muitos, muitos personagens desnecessários. A obra é cansativa, e para os mortais, como eu, de uma chatice monumental. Porém vai agradar aos fãs mais fieis da franquia e do Mundo Bruxo de Rowling, um público que ainda usa fraldas ou não desgrudou da barra da saia da mãe.

Duração: 2h14
Cotação: ruim

Chico Izidro

Friday, November 16, 2018

"Parque do Inferno" (Hell Fest)



Adoro filmes de terror, e confesso, a maioria que vejo são ruins. Tem até uma frase de um site que diz: filme ruim é filme bom. "Parque do Inferno" (Hell Fest), direção de Gregory Plotkin, poderia ser inserido nesta máxima, não fosse repetir os clichês do gênero, sem o menor pudor. E é slasher total, com muito sangue e tripas escorrendo pela tela.

No filme, a estudante universitária Natalie (Amy Forsyth) está visitando sua melhor amiga de infância, Brooke (Reign Edwards), e sua colega de quarto, Taylor (Bex Taylor-Klaus) em plena época do Halloween. E elas vão se divertir num parque de terror, chamado convenientemente de Hell Fest - com muitos labirintos e ambientes propiciados para assustar os frequentadores.

Porém, um maniaco homicida se mistura ao público e aos funcionários do local, quase todo ele usando fantasias, e sai matando a torto e direito. Até decidir que as garotas e seus amigos são o alvo preferido para cometer seus assassinatos, seja com machadadas, facadas, estrangulamento.

O roteiro do filme propicia bons momentos de suspense e mortes bem desenvolvidas. Só que fica aquela coisa de "ah, quem será a próxima vítima? E claro que a bonitinha vai se safar..."Às vezes isso causa tédio. E nunca vemos o rosto do assassino, convenientemente escondido por uma máscara (Jason Vorhees, Michael Myers vivem!!!). Mas quem curte slasher movies não bai se decepcionar, e pelo que mostra o final, talvez venha uma continuação por aí.

Duração: 1h29
Cotação: regular

Chico Izidro

"A Rota Selvagem" (Lean On Pete)



Pensei que estaria diante de um novo e choramingoso "O Corcel Negro", mas me equivoquei em "A Rota Selvagem" (Lean On Pete), direção de Andrew Haigh, e que mostra a paixão de um jovem por um cavalo. Porém o filme, um road-movie, fala sobre abandono, solidão, desesperança, recomeço. A trama foco no garoto Charley (Charlie Plummer, nenhum parentesco com Christopher Plummer, o Capitão von Trapp, de A Noviça Rebelde).

O jovem tem 15 anos e vive com o pai em Portland, Oregon. Com o hábito de correr, ele é visto pelo cuidador de cavalos Del (Steve Buscemi, de novo sensacional), que o emprega para cuidar de seus cavalos, criados para disputarem provas em hipódromos pelos Estados Unidos.Charley acaba se afeiçoando de um deles, Lean On Pete. Mas como a vida do garoto não é das mais fáceis, tragédias aparecem em sua vida, e ele se vê motivado a fugir com o animal, e tentar encontrar uma tia, que anos atrás havia tentado adotá-lo.

Charley e Lean On Pete, então, iniciam uma jornada pelo interior norte-americano. As paisagens são outro atrativo desta obra, passada a maior parte do tempo nas estradas. Com uma bela trilha sonora, feita por James Edward Barker, se destacam ainda os coadjuvantes, como o já citado Buscemi, Chloë Sevigny e Steve Zahn, como um morador de rua que se atravessa na vida de Charley, e faz aflorar nele um lado selvagem que havia segurado em todas as situações desesperadoras que havia passado. Um belo filme.

Duração: 2h01
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Entrevista com Deus" (An Interview with God)



Como ateu, fiquei meio assim de assistir a "Entrevista com Deus" (An Interview with God), direção de Perry Lang, e que me soava como uma propaganda religiosa forçada. Mas foi apenas impressão inicial, pois não existe neste filme nenhuma forçação de barra na história do jornalista que vai entrevista "o criador do mundo" para os criacionistas.

O diretor Perry Lang consegue fazer um filme que prende o espectador, principalmente nas conversas de Paul (Brenton Thwaites), um jornalista em busca de sucesso profissional através de alguma grande matéria e que vive uma crise no casamento, e o deus vivido por David Strathairn. Os dois batem papo numa praça de Nova Iorque, e tocam em assuntos como a existência de Lúcifer e o Paraíso e funcionamento do livre arbítrio.

Algumas coisas não ficam bem claras no filme, como qual a motivação de Paul em entrevistar deus, e como ele chegou nele. E o que aconteceu no passado do jornalista - sabe-se que ele esteve em uma guerra, e que isso o traumatizou. Mas o mais importante é que o longa não tenta fazer a cabeça de ninguém.

Duração: 1h37
Cotação: bom

Chico Izidro

"Verão" (Leto)



Baseado na vida real do roqueiro russo Viktor Robertovich Tsoi (1962/1990), líder da banda Kino, considerada uma das pioneiras do rock russo, "Verão" (Leto), direção de Kirill Serebrennikov, faz um retrato forte da juventude soviética nos anos 1980. O estilo musical era considerado subversivo pelo governo comunista, que tratava com mão de ferro as pessoas que curtissem o rock - uma cena emblemática mostra um concerto em um teatro, onde todos deviam ficar sentados, sem fazer movimentos. Quem se agitava era prontamente censurado, e mandado ficar paradinho. Imagina isso num show de rock!!!

Viktor (papel do alemão de origem sul-coreana Teo Yu)teve vida curta, mas profícua, tendo como influências bandas como Led Zeppelin, David Bowie, Talking Heads, Joy Division. Mas as letras do músico soavam um pouco ingênuas, visto que ele não poderia escrever músicas de contestação, né. A trama acaba girando muito na concorrência que ele teve com outro cantor, Mike Naumenko (1955/1992), líder da banda Zoopark, criada em Leningrado em 1981, e vivido por Roma Zver, ele próprio músico popular na Rússia, à frente da banda Zveri. Os dois, além da música tinham outro fator de tensão, que era a atração que a esposa de Mike, Natasha (Irina Starshenbaum), sentia por Viktor.

"Verão" se passa em Leningrado, atual São Petersburgo, e somente mostrado nesta estação do ano. A fúria da juventude, que enxergava a liberdade ocidental como uma miragem, está presente o tempo todo. A câmera passeia pelos palcos, pela praia, sempre em preto e branco - as cores surgem em imagens feitas por um documentarista que segue os músicos pela cidade.

O filme tem momentos bons com outros beirando o tédio. Talvez proposital, para mostrar um país que começava a mudar, já entrando em colapso - terminaria de forma abrupta em 1991. E os músicos também não tiveram muita longevidade, morrendo jovens, mas deixando um legado impactante.

Duração: 2h06
Cotação: bom

Chico Izidro

"Sueño Florianópolis"



"Sueño Florianópolis", escrito e dirigido pela argentina Ana Katz, tem como cenário o Brasil do começo dos anos 1990, e mostra a trajetória de uma família que viaja da Argentina para o litoral catarinense durante um veraneio, e tentando se reconectar. O elenco é multinacional, e tem além dos brasileiros Andrea Beltrão, Caio Horowicz, Marco Ricca, e os argentinos Mercedes Morán, Gustavo Garzón, Manuela Martinez e Joaquin Garzon.

Pedro (Gustavo Garzón) e Lucrécia (Mercedes Morán), separados após vinte e dois anos de casamento, chegam ao Brasil de férias, com seus dois filhos adolescentes, Florencia (Manuela Martinez) e Julian (Joaquin Garzón). Após uma viagem de 1.750 km de Buenos Aires a Florianópolis, num Renault 12, sem ar-condicionado, eles se deparam com uma casa sem condições de recebê-los. Assim, aceitam o convite de Marco (Marco Ricca) Larissa (Andrea Beltrão), casal divorciado que havia os encontrado na estrada e feito o convite para ficar em uma de suas residências.

Após um início interessante, a história vai caindo na previsibilidade e vai ficando morna, quase sonífera, numa trama envolvendo relações amorosas. Marco começa a se relacionar com Lucrecia, e enciumado, Pedro se envolve com Larissa. Para piorar, Florencia também começa um namorico com o filho de Marco. Já o filho de Pedro, Julian, é um mero coadjuvante, sem muita função.

O que de mais legal a se encontrar em "Sueño Florianópolis" são as belas imagens do litoral catarinense e as diferenças entre brasileiros e argentinos. Porém o ritmo lento, e o pouco a contar sobre os personagens fazem dele um drama menor.

Duração: 1h46
Cotação: regular

Chico Izidro

Friday, November 09, 2018

"Chacrinha - O Velho Guerreiro"



Uma das melhores cinebiografias dos últimos anos, ficando lado a lado com "Bingo: O Rei das Manhãs" e superando "Tim Maia", Chacrinha: O Velho Guerreiro, longa-metragem dirigido por Andrucha Waddington retrata a vida de José Abelardo Barbosa de Medeiros, mais conhecido como Chacrinha. Como ele mesmo se intitulava, era um palhaço que alegrava com seu show de auditório a televisão entre as décadas de 1960 a 1988, quando morreu. Era ainda um mestre dos bordões, como "quem não se comunica, se trumbica", "eu vim para confundir e não para explicar", "hoje tem bacalhau" e "Terezinhaaaaaa, uhuh". Chacrinha teve ainda uma admirável carreira no rádio, onde iniciou no começo dos anos 40.

Vivido por Eduardo Sterblitch, o Freddie Mercury prateado do extinto Pânico na TV, em sua fase jovem, e Stepan Nercessian já na parte madura de sua vida, vemos no filme como Chacrinha chegou ao Rio de Janeiro em 1939, logo quando estourou a II Guerra Mundial, e seu início difícil na Cidade Maravilhosa, tentando convencer os executivos das rádios que merecia ter uma chance. Até começar a fazer sucesso e partir para a carreira na televisão, onde criaria um estilo próprio, com suas chacretes, como a musa Rita Cadillac, e jurados, como a ex-modelo russa Elke Maravilha (Giane Albertoni), que o chamava de painho, e foi fiel a ele até o fim.

Andrucha Waddington mostra ainda a relação conturbada que ele tinha com os filhos, a quem pouco via por passar o dia todo trabalhando, a luta pela independência em seus programas - Chacrinha exigia autonomia total e não aceitava ingerências nem na forma e nem no estilo de seus programas. Quando não estava satisfeito, simplesmente se mandava.

A reconstituição de época é marcante, fazendo com que o espectador passeie emocionado entre as décadas de 1940 e 1980. E o que dizer da atuação de Sterblitch e Nercessian, que conseguiram captar muito bem o estilo de Chacrinha, um ser anárquico, sem papas na língua, mas teimoso. E que assim combateu a censura da Ditadura Militar e que foi contra a caretice hipócrita dos brasileiros.

Duração: 1h54
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Millennium - A Garota na Teia de Aranha" (The Girl in the Spider’s Web: A New Dragon Tattoo Story)



Escritos pelo sueco Stieg Larsson, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", "A Menina que Brincava com Fogo" e "A Rainha do Castelo de Ar" foram adaptados para as telas ainda nos anos 2000. Depois, o primeiro seria refilmado por Hollywood em 2011. Morto em 2004, Larson foi sucedido pelo autor David Lagercrantz para dar continuidade à série e em 2015 foi publicado "A Garota na Teia de Aranha", o quarto volume da série Millennium, que agora chega às telas do cinema sob a direção do uruguaio Fede Gomez: "Millennium - A Garota na Teia de Aranha" (The Girl in the Spider’s Web: A New Dragon Tattoo Story), trazendo novamente a heroína Lisbeth Salander, agora interpretada por Claire Foy (The Crown).

Neste novo filme, Lisbeth, uma exímia hacker, vive no submundo, mas sempre surgindo para atacar mulheres agredidas por homens, como uma espécie de vingadora. Então ela é contratada por um cientista, Balder (Stephen Merchant) para recuperar um programa de computador chamado Firefall, que dá ao usuário acesso a um arsenal bélico - o programa foi criado para o governo dos Estados Unidos, mas agora quer apagá-lo por considerá-lo muito perigoso. Ela consegue roubá-lo, mas se depara com um grupo cyber-terrorista que pretende ficar com o sistema, os Aranhas.

É quando Lisbeth se depara com sua irmã, Camilla (Sylvia Hoeks), que ela acreditava estar morta. Num flash-back é mostrado quando elas se separam ainda pré-adolescentes, quando Lisbeth foge e a irmã decide ficar vivendo com um pai abusador.

Claire Foy vai bem no papel que já foi de Noomi Rapace na versão sueca e Rooney Mara. Ela consegue captar bem a personalidade errática e sofredora de Lisbeth Salander. O problema é que o filme é repleto de furos de roteiro, com situações que beiram o absurdo, quase que agredindo a nossa inteligência.

Duração: 1h52
Cotação: regular

Chico Izidro

"Operação Overlord" (Overlord)



Nazistas e suas experiências com cobaias humanas foi uma realidade cruel e gritante na II Guerra Mundial. Pois "Operação Overlord" (Overlord), produzido por J.J. Abrams e dirigido pelo estreante Julius Avery, tenta levar esta máxima ao pé da letra nesta obra de ficção, diria, científica. Já vimos nazistas zumbis, nazistas vampiros, enfim, nazistas de todos os tipos nas telas do cinema. No projeto deste filme, os asseclas de Hitler tentam criar super-soldados imortais, que manteriam o III Reich vivo por mil anos, como era o sonho do ditador.

A trama se passa durante o Dia D, quando da invasão aliada na França, em 6 de junho de 1944. E aí já tem erro histórico gritante - dois dos paraquedistas que saltariam sobre o litoral francês são negros, um deles sargento, sendo que à época as tropas eram segregadas. E nunca um sargento afro-americano teria liberdade para gritar com soldados brancos! Bom, eles têm a missão de derrubar uma torre de rádio instalada em uma igreja, para facilitar a chegada dos aviões americanos e ingleses ao local. O que a reduzida tropa aliada não esperava encontrar, além dos furiosos soldados da SS, é um laboratório de experiências genéticas sob à igreja.

Então o que de início parecia ser um pesado drama de guerra, que lembra muito "O Resgate do Soldado Ryan", se transforma em um filme de suspense e terror gore - ou seja, muito sangue e tripas escorrendo pela tela. Não são cenas fáceis de se assistir a partir de sua segunda parte, quando os americanos adentram os subterrâneos nazistas.

No elenco se destacam o soldado negro Boyce (Jovan Adepo), o cabo Ford (Wyatt Russell), o oficial nazista Wafner (Pilou Asbæk) e a jovem Chloe (a atriz francesa Mathilde Ollivier). "Operação Overlord", enfim, é um filme violento, com muitas cenas de terror que realmente nos fazem pular da poltrona, e que diverte, apesar de seus exageros.

Duração: 1h50
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"A Garota da Névoa" (La ragazza nella nebbia)



"A Garota na Névoa" (La ragazza nella nebbia), de Donato Carrisi, é um filme sobre um serial killer em uma pequena cidade italiana. Tenso, prende o espectador desde o início e apresenta uma forte surpresa na parte final. E ainda traz um velho astro num papel menor, Jean Reno, e Toni Sevillo, de "A Grande Beleza" no papel principal, de um detetive não muito ético e em busca dos holofotes.

Em Avechot, cidade nas montanhas geladas da Itália, Anna Lou, uma jovem de 15 anos, filha de dois fanáticos, desaparece ao sair de casa em determinada noite. O detetive Vogel (Toni Sevillo) é chamado para solucionar o caso. Ansioso em resolver o sumiço da menina, ele vai atropelando fatos e querendo aparecer para a mídia. Primeiro o suspeito do crime é um rapaz que costumava filmar os passos de Anna Lou. Mas depois toda a investigação vai resultar na culpabilização de um pacato professor da escola local, Marini (Alessio Boni), que passa a ser perseguido por jornalistas e populares furiosos. Jean Reno interpreta um psiquiatra que tenta analisar o comportamento errático de Vogel.

É um bom suspense, cujo desenrolar do mistério se faz aos poucos, sem pressas, mas não se tornando enfadonho. Enfim, ele prende o espectador na poltrona, se surpreendendo muito no final.

Duração: 2h07
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"A Misteriosa Morte de Pérola"



Determinados filmes nunca deveriam ser realizados. Em nome da experimentação, alguns diretores lançam obras que não dizem nada, parecendo ser fruto de mentes doentias ou consumidoras de drogas ilícitas. E é neste caso que se insere "A Misteriosa Morte de Pérola", de Guto Parente & Ticiana Augusto Lima.

Assistir à esta obra foi como se eu estivesse sendo torturado por nazistas, tendo agulhas enfiadas por sob as unhas, amarrado pelos pés de cabeça para baixo. Enfim, foi um sofrimento indizível.
Em uma história sem muito nexo, uma jovem brasileira chega à França, onde vai estudar História da Arte em uma pequena cidade do interior. Ela se instala em um apartamento, que no começo parece normal. Mas aos poucos, Pérola (Ticiana Augusto Lima) começa a ter visões fantasmagóricas, acabando por cometer suicídio. Já na segunda parte, o namorado de Pérola chega ao local para tentar desvendar o mistério sobre a morte da namorada, e também começa a sofrer com visões de um ser estranho, presente no apartamento.

"A Misteriosa Morte de Pérola" é um filme mudo, apenas com uma trilha sonora claustrofóbica e enervante. Os diretores, que têm um histórico de experiências com o cinema da horror, tentaram inovar, mas erraram gravemente. Tentaram realizar uma obra delirante e assustadora, porém o que conseguiram foi o de torturar os espectadores.

Duração: 1h12
Cotação: péssimo

Chico Izidro

Sunday, November 04, 2018

"Bohemian Rhapsody"




Um dos maiores sucessos da banda inglesa Queen batiza esta cinebiografia focada mais na vida de seu cantor, Freddie Mercury. "Bohemian Rhapsody", com direção de Bryan Singer, da franquia "X-Men" pega o espectador pela emoção das grandes músicas do grupo, sucesso excepcional nos anos 1970 e 1980, mas peca por alguns exageros e por não respeitar a cronologia dos fatos envolvendo a polêmica vida do músico, morto vítima da AIDS em 1991, aos 45 anos.

A trama começa exatamente em 1970, quando Freddie, ainda usando seu nome de batismo, Faroukh Bulsara, conheceu Bryan May e Roger Taylor, que integravam a banda Smile, e mostrando seus dotes musicais, entrou para a banda, logo mudando o seu nome, com o que se eternizou na história do rock'n'roll. Rami Malek (Mr. Robbot) interpreta muito bem Freddie Mercury. Ele repete os movimentos e convence, não somente pela semelhança física, mas por demonstrar a força que Mercury possuia no palco. A cena de maior destaque é no final, quando Malek parece ser a imagem viva de Mercury durante o concerto Live Aid, em Wembley, em 1985. Ele merece uma indicação ao Oscar de Melhor ator.

Já os outros atores também não ficam atrás, estando muito bem. Gwilym Lee, que interpreta Brian May é o sósia exato do guitarrista e líder da banda. Joseph Mazzello (Jurassic Park) é muito parecido com John Deacon, mas já Ben Hardy (X-Men: Apocalipse) não se parece tanto com Roger Taylor, porém não decepciona em sua atuação. Outro destaque ainda é de Lucy Bointon, que vive Mary Austin, a esposa de Mercury antes de ele assumir sua homossexualidade, e que foi sua amiga por toda a vida.

O problema porém, para os fãs mais fiéis, como eu por exemplo, são os inúmeros erros históricos. O pior talvez seja quando em 1977 vemos Mercury aparece falando para Mary sobre como foi apresentar “Love Of My Life” para um público de mais de 500 mil pessoas no Rock in Rio: o problema é que o show aconteceu em 1985! Outro é quando aparece a banda compondo "We Will Rock You" no começo da década de 1980, sendo que a música surgiu em 1977. Ou mesmo quando Mercury revela sua sexualidade para a esposa, fato ocorrido em 1974, e não quase oito anos depois. E tem um documentário mostrando como Mary reagiu a notícia, e não foi nada como ocorreu no longa. Ou seja, a vida do Queen é tão bem documentada, que esses erros acabam incomodando e muito uma pessoa mais atenta.

Duração: 2h15
Cotação: bom

Chico Izidro

"A Casa Que Jack Construiu" (The House That Jack Built)




A nova obra do cineasta e roteirista dinamarquês Lars von Trier trata de um tema de que gosto muito: serial killer. "A Casa Que Jack Construiu" (The House That Jack Built) tem no papel principal um assustador Matt Dillon, que faz uma ótima caracterização: aquela pessoa que tem boa conversa, parece simpática, preocupada com os outros, mas no fundo é um psicopata.

No filme, Jack conversa com o intelectual e poeta Virgílio (Bruno Ganz, de A Queda), autor da Eneida, também citado na Divina Comédia de Dante, falando de 12 anos de sua vida, entre os anos 1970 e 1980, quando envolveu-se em uma rotina de assassinatos iniciados ao matar uma mulher que pediu carona e disse que ele se parecia com um serial killer.

Jack vê suas mortes como obras-primas, e gosta de fotografar os corpos das vítimas após os assassinatos. As vítimas são preferencialmente mulheres, que ele observa como um verdadeiro caçador, até atacar as suas presas.

"A Casa Que Jack Construiu" apresenta cenas de extrema brutalidade, como uma em que o serial killer mata uma mãe e seus dois filhos com uma arma de caça. Ou quando o assassino relembra sua infância, e aparece cortando a pata de um patinho.

Enfim, não é um filme para estômagos fracos. Polêmico. Mas sensacional. Apenas o seu final cai um pouco, mostrando a ida de Jack para o inferno.

Duração: 2h35
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"O Doutrinador"




"O Doutrinador", filme dirigido por Gustavo Bonafé, é uma adaptação cinematográfica das histórias em quadrinhos do brasileiro Luciano Cunha, publicadas a partir de 2013, e sucesso principalmente na Internet. Com ritmo intenso, ótima computação gráfica, e vilões no máximo da caricatura, é um filme bom, mas também tem alguns erros de sequência e de edição.

O Doutrinador é um vigilante que toma para si a missão de eliminar políticos corruptos, por causa de um trauma familiar. Tipo um Charles Bronson em "Desejo de Matar", que sem muito a perder, decide fazer justiça com as próprias mãos. Muita gente vai se identificar com o mocinho, pensando que para acabar com a corrupção tem de se eliminar a classe política.

O vigilante é o agente Miguel (Kiko Pissolato), da Divisão Armada Especial – uma espécie de Polícia Federal ficcional –, que viu a filha morrer em seus braços após ser atingida por uma bala perdida - aí já tem um erro grosseiro, quando o policial se abraça no corpo da menina morta, e ela está respirando!!! No hospital, a menina morre por não receber atendimento, já que faltam recursos e até médicos.

Durante o protesto de estudantes contra um governador acusado de corrupção, Miguel encontra uma máscara, que o roteiro não explica bem, se lhe dá força descomunal, agilidade. E aliado com hacker Nina (Tainá Medina), o Doutrinador começa a eliminar políticos, que ele considera culpados, por terem desviado dinheiro público, inclusive de hospitais. O vingador é visto pela polícia como uma ameaça, enquanto que a população o considera um salvador. E não faltam policiais e políticos corruptos para serem exterminados!!!

Duração: 1h48
Cotação: bom

Chico Izidro

"Johnny English 3.0" (Johnny English Strikes Again)




Começou o filme e a primeira sequência me fez rir muito quando Rowan Atkinson se reúne numa sala com outros espiões. Achei que finalmente, depois de muito tempo, veria uma comédia daquelas para se dobrar de rir. Foi alarme falso em "Johnny English 3.0" (Johnny English Strikes Again), com direção de David Kerr, e trazendo o Mr. Bean no papel de um agente secreto atrapalhado e beirando o patético.

Este é o terceiro filme da franquia iniciada em 2003, com "Johnny English", que teve continuação em 2011 com "O Retorno de Johnny English", até sete anos depois chegar a esta parte, com o humorista que usa muito da parte física para fazer graça. Infelizmente lembra o chatérrimo Leandro Hassum, que jura ser engraçado. Mas só que não...

Na história, o personagem de Atkison tem de sair da aposentadoria depois que um hacker vaza informações sobre todos os agentes secretos britânicos na ativa. A sua missão passa a ser descobrir quem é o culpado pelo vazamento. Só que English é um ser analógico num mundo totalmente digital, e o roteiro tenta fazer graças disso, mas não funciona.

Na trama tem o chefe que não acredita no herói, no caso a primeira ministra inglesa vivida por Emma Thompson, até Olga Kurylenko, que interpreta uma agente secreta russa, e o vilão caricato vivido por Jake Lacy. Enfim, apenas a presença de Rowan Atkinson e suas gags corporais não são suficiente de fazer o filme escapar do naufrágio.

Duração: 1h28
Cotação: ruim

Chico Izidro