Thursday, November 27, 2014

"Boyhood - Da Infância à Juventude"

O diretor Richard Linklater já havia feito o laboratório na trilogia "Antes do Amanhecer", "Antes do Pôr-do-Sol" e "Antes da Meia-Noite", onde acompanhou o casal Jessie e Celine (Ethan Hawke e Julie Delpy) ao longo de 20 anos. Pois em "Boyhood - Da Infância à Juventude", ele alcançou a excelência ao observar durante 12 anos a vida de um garoto, Mason (Ellar Coltrane). Quando as filmagens começaram em 2002, o protagonista tinha apenas cinco anos de idade. Durante esse período, a equipe se reunia todos os anos, por alguns dias para tocar um pouco mais a história. No final, Mason estava com 18 anos.

Na trama, Mason mora com a mãe Olivia (Patricia Arquette) e a irmã Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor). O pai é vivido por Ethan Hawke e aparece de vez em quando, para levar as crianças para passear. O roteiro não inventa muito, mostrando o crescimento de Mason, o desajuste da família - a mãe se envolve romanticamente com homens errados, e é comum o abandono de lares apenas com a roupa do corpo. A passagem do tempo surge de forma sutil, sem indicações na tela. Notamos pelas mudanças físicas dos personagens e pela trilha sonora. Logo no começo, Samantha canta "Oops, I did again", de Britney Spears, clássico pop lá do começo dos anos 2000.

A transformação de Patricia Arquette é a mais gritante. No começo, ela está linda, corpo violão e vai, no passar dos anos, perdendo o vigor físico. Mason vai adotando cortes diferentes de cabelos ao longo dos anos. O projeto de "Boyhood - Da Infância à Juventude" foi arriscado, porque o garoto, Ellar Coltrane, poderia simplesmente ter desistido da empreitada, se perdido no meio do caminho. Mas não, ele se manteve fiel, neste belo retrato da juventude americana neste início de século XXI.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Boa Sorte"

"Boa Sorte", dirigido por Carolina Jabor, passa-se numa clínica de recuperação de drogados, mas trata-se de amor. Afinal, o que é a vida sem amor? A história gira em torno do jovem de 17 anos João (João Pedro Zappa), internado pelos pais devido ao seu jeito largado, irresponsável e uso de drogas tarja preta. Na clínica, ele conhece uma garota de seus 30 anos, Judite. Ela é esperta, bonita e parece cheia de vida, mas é portadora do vírus HIV. Judite é interpretada por Deborah Secco, que emagreceu mais de 15 quilos para o papel.

João e Judite logo tornam-se amigos, e a amizade transforma-se em amor, algo que talvez a garota não quisesse, pois sabe que seu tempo na terra é curto - de tanto se drogar, os coquetéis anti-vírus já não fazem efeito em seu organismo. João não está nem aí, e de tão apaixonado, até sonha em casar e ter filhos com Judite. Numa cena forte, ele tenta transar com Judite sem camisinha. "Você está louco, garoto? Quer morrer?", berra ela, afastando-o. "Eu não me importo", responde ele, carente, e que acha ter o poder da invisibilidade. Afinal, em casa, seus pais pareciam não notar sua presença. A cena em que os dois acham estar invisíveis e fogem da clínica é divertidíssima.

Deborah Secco tem grande interpretação, até mesmo superior ao de Bruna Surfistinha. Outro destaque é Fernanda Montenegro, como a avó de Judite, e usuária de maconha. O jovem João Pedro Zappa vai bem, até uma das cenas finais, quando mostra-se incapaz de demonstrar emoção, estragando a sequência.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Elsa e Fred"

Hollywood não costuma ser muito gentil com refilmagens de filmes feitos em outros países. Invariavelmente, a indústria norte-americana consegue estragar o que havia ficado bom em sua origem. Não é o caso de "Elsa e Fred", remake de uma película argentina de 2005. A nova versão é dirigida por Michael Radford e traz nos papéis principais Shirley MacLane, de "Se Meu Apartamento Falasse", e Christopher Plummer, de "A Noviça Rebelde".
O filme é delicado e vai agradar as pessoas de todas as idades. E mostra que não existe época para amar. É só abrir o coração. Elsa (MacLane) é uma septuagenária independente, vivaz e sonhadora. Seu grande sonho é conhecer a Fontana Di Trevi, imortalizada no clássico "A Doce Vida", de Fellini. Ela delira ao ver e rever a cena em que Anita Ekberg seduz Marcelo Mastroiani na fonte. E Elsa acha que encontrou o Marcelo de sua vida em Fred, recém-viúvo que mudou-se para o apartamento ao lado. Só que ele é ranzinza, enclausurado em seu canto, e nem um pouco disposto a cair nas graças de Elsa, adepta de pequenas mentiras para adoçar um pouco a vida.

Shirley MacLane e Christopher Plummer, que viveram papéis românticos e alguns clássicos do cinema nos anos 1950 e 1960, estão bem à vontade em seus papéis nesta divertida comédia romântica inspiradora.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Irmã Dulce"

A cinebiografia da freira chamada Anjo Bom da Bahia, "Irmã Dulce", dirigido por Vicente Amorim, passou do ponto. Apesar da boa reconstituição de época, da caracterização das favelas de Salvador, o filme é um dramalhão. A história começa nos anos 1920, quando ainda garotinha, batizada Maria Rita, foi levada para a mãe a uma favela, para alimentar os pobres. Ali a menina teve o primeiro choque de realidade ao ver as pessoas se atirarem, famintas, para pegar um naco de pão.

O filme dá um pulo no tempo, passando a mostrar sua entrada no convento, ganhando o nome de Dulce. Que era impulsiva e não respeitava as normas do convento, pois achava mais importante ajudar os necessitados, que ia encontrando aos montes pela rua de Salvador. Com a saúde frágil e um sério problema pulmonar, os médicos lhe deram pouco tempo de vida. Mas contra todos os prognósticos, Irmã Dulce viveu muito e brigou contra o sistema vigente. No filme, é utilizado o personagem fictício de João (Amaurih Oliveira) para mostrar sua batalha contra as injustiças sociais.

Irmã Dulce foi interpretada na primeira fase por Bianca Comparato, e já na fase madura por Regina Braga, que ficou a cara da cinebiografada. Mas os ajudantes não ajudam no desenvolvimento da história, mostrando-se caricatos, como por exemplo a madre superiora do convento, Madre Fausta (Malu Valle), e Dulcinha (Zezé Polessa). Açucar demais. Nem mesmo as imagens reais mostradas no final do filme ajudam.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Saint-Laurent"

Dois filmes no mesmo ano sobre o mesmo personagem, no caso o estilista franco-argelino Yves Saint-Laurent (1936-2008). O primeiro foi para as telas no começo do ano e se chamou "Yves Saint-Laurent", e tinha o aval do fiel escudeiro do artista, seu ex-marido e parceiro comercial Pierre Bergér. E mostrava a vida de YSL desde a infância até a morte. Já "Saint-Laurent", dirigido por Bertrand Bonello, fixa-se apenas em uma década da vida do estilista, exatamente entre os anos de 1967 e 1976, o auge de sua criatividade.

E por ser mais específico, mais centrado, torna-se melhor. Esta década foi, além de criativa, de desbunde para YSL, que trabalhava arduamente em seu ateliê, era casado com Pierre Bergér (Jérémie Renier), mas não abria mão dos casos extra-conjugais, ao mesmo tempo que consumia doses industriais de drogas. O filme traz ótima reconstituição de época e quase em seu término recria um dos maiores desfiles feitos pelo estilista em Paris nos anos 1970. Nenhuma cena é gratuita, nem mesmo as homoeróticas, com closes de frontais masculinos.

YSL vagava por Paris a noite, em busca de aventuras sexuais, mas também frequentava boates. E numa dela conseguiu contratar uma modelo, que tornaria-se grande amiga, Renée (Valérie Donzelli). O estilista é interpretado perfeitamente por gaspar Ulliel, de "Hannibal, A Origem do Mal". Ele não se mostra caricato, e pegou bem a essência de seu personagem.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Thursday, November 20, 2014

"Castanha"

"Castanha", dirigido por Davi Pretto, é um filme semidocumental, pois mistura ficção e realidade para falar da vida do ator e performer gaúcho João Carlos Castanha, 52 anos de idade, e de sua mãe Celina. No longa, são reencenadas acontecimentos da vida de Castanha, onde alguns atores interpretam pessoas presentes na vida dele.

Castanha vive com a mãe, Celina, 72 anos, que interprela ela mesma. Os dois moram num condomínio na zona sul de Porto Alegre. E ele faz pontas em peças teatrais e apresenta-se, de drasg queen, em boates gays da cidade. Castanha leva uma vida simples, fuma barbaridades, e é sugerido no filme ser ele HIV positivo. O filme mostra os problemas da família - o pai internado num asilo, e o sobrinho viciado em crack (o jovem é interpretado por Gabriel Nunes), e as brigas de dona Celina com a síndica do condomínio, por causa dos cachoros, que fazem muito barulho e incomodam a vizinhança.

"Castanha" é um filme triste, mostrando alguém que foi e é fiel a seus ideais, e por isso paga um preço caro. O ator vive, praticamente, de bicos. Não tem planos de saúde. Sua vida é tão simples, que ele é mostrado na madrugada, saindo da boate e caminhando sob a chuva para poupar o dinheiro da passagem. Triste, mas real.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Debi e Loide 2"

O primeiro filme, de 1994, que trazia dois idiotas completos se envolvendo em confusões na gélida Aspen até tinha certa graça, com piadas frescas. Pois agora, exatos vinte anos depois, os irmãos Bobby e Peter Farrelly reúnem novamente Jim Carrey e Jeff Daniels em "Debi e Loide 2", mas apenas requentam a fórmula, que foi engraçada há duas décadas.

Desta vez, a dupla de imbecis cai na estrada em busca de uma suposta filha de Debi - ele precisa de um transplante de rim, e descobre a existência de uma filha, que teria tido com uma antiga namorada, e que foi entregue para adoção. O jeito é encontrá-la e ver se a garota lhe cederá o órgão. Então nas próximas quase duas horas, dê-lhe piadas batidas de peidos, arrotos, sustos, empurrões, e outras bobagens. Nem as caretas de Jim Carrey são exitosas desta vez. Uma ou outra sacada se salva nesta verdadeira bobagem.

Cotação: ruim
Chico Izidro

Thursday, November 13, 2014

"Trinta"

Joãosinho Trinta foi um dos maiores carnavalescos do Brasil. Mas até obter a fama, penou muito. "Trinta", dirigido por Paulo Machline, resume a vida do maranhense, que se mudou para o Rio de Janeiro com o objetivo de ser bailarino, para desgosto de sua família. Homossexual, era alvo de chacota dos colegas da repartição pública onde trabalhava antes de conseguir vaga no Balé Municipal no final dos anos 1950. Joãosinho é interpretado com convicção por Matheus Nachtergaele, que não se parece muito com o retratado - até mesmo sua pele foi maquida para mostrar a morenice do caranavalesco. Mas os tiques, os ataques de fúria estão lá.

É no Balé Municipal que conhece o carnavalesco Fernando Pamplona (Paulo Tiefenthaler), marido de uma das colegas de Joãosinho, e que o leva para a esacola de samba Salgueiros, onde se transforma em responsável pelos adereços. Anos depois, Pamplona se desentende com o presidente da escola, e Joãosinho é escolhido como seu sucessor. Ele teria, então, 180 dias para definir o tema e preparar o desfile da escola em 1974. Joãosinho sofreu com boicotes, sabotagens, com descontentamentos e desprezo, principalmente do chefe de barracão interpretado por Milhem Cortez. O filme se fixa neste período da vida de Joãosinho Trinta, tentando fazer suspense com a contagem regressiva dos dias. Será que ele conseguiria colocar a escola na avenida?

Sabe-se que Trinta conseguiu levar a escola a ser campeã naquele ano. Mas o diretor Paulo Machline, de "Natimorto", conseguiu fazer uma boa trama, escudado principalmente nas boas atuações de Nachtergaele, Paulo Tiefenthaler e Fabrício Boliveira como o ajudante de Trinta. Milhem Cortez, às vezes, fica um pouco fora do tom, ao exagerar na caracterização do vilão, que não quer ver o sucesso alheio. No final, o diretor usou imagens reais de arquivo, contando o que ocorreu na sequência da vida de Joãosinho Trinta, que seria campeão mais sete vezes, por outras escolas, e morreria em sua São Luiz natal, em 2011, aos 78 anos.

Cotação: bom
Chico Izidro


"Mil Vezes Boa Noite"

A fotógrafa jornalística Rebecca (Juliette Binoche) é viciada em adrenalina. Gosta de ação e está sempre presente em zonas de conflito. Após quase morrer ao tentar registrar a ação de uma mulher-bomba no Afeganistão, ela volta para casa, na Irlanda, e enfrenta o desespero de sua família, em "Mil Vezes Boa Noite", direção de Erik Poppe.

O marido, Marcus (Nikolaj Coster-Waldau, de Mama e do seriado Games of Thrones) lhe dá um ultimato: ou larga a carreira e se dedica à família (eles têm duas filhas), ou vai se separar. Ele não suporta mais a angústia de ficar esperando aquele telefonema no meio da madrugada que pode ser o da notícia da morte dela. Rebecca até tenta ficar em casa, cuidando das meninas e cozinhando. Mas sabe que a atividade em campo é mais empolgante. Ao receber nova proposta para viajar ao Quênia para um trabalho humanitário, em princípio Rebecca rejeita, mas a própria família insiste que ela vá, já que parece não haver perigo ali. Rebecca viaja e leva a filha mais velha, Steph (Lauryn Canny). E aí que as coisas encrespam de vez.

"Mil Vezes Boa Noite" evoca o oscarizado "Guerra ao Terror", onde o personagem de Jeremy Renner, especialista no desarme de bombas, não consegue se adaptar a vida normal após voltar do campo de batalha do Iraque. É mais ou menos o que acontece com Rebecca. O problema em seu personagem é a interpréte, Juliette Binoche, que não consegue abandonar aquela cara de eterna sofredora, e isso é muito irritante. A atriz tem talento, isso é inconteste, mas se perde nesta dificuldade de mostrar reações, O destaque acaba sendo a jovem Lauryn Canny, que vive a jovem angustiada Steph.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Uma Viagem Extraordinária"

O garoto T.S. Spivet (Kyle Catlett, o filho do serial killer do seriado The Following) é o grande destaque do divertido "Uma Viagem Extraordinária", dirigido pelo francês Jean-Pierre Jeunet, de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" e "Delicatessen". T.S. vive numa fazenda em Montana com uma família disfuncional - o pai acha que é um cowboy do Velho Oeste, a mãe passa o tempo pesquisando sobre insetos e a irmã mais velha só se preocupa com concursos de beleza. Havia ainda o irmão gêmeo, Layton, que morreu num acidente com uma espingarda.

Pois T.S., apesar de ter somente dez anos, acaba criando uma geringonça e é premiado pelo Instituto Smithsonian, em Washington D.C. Só que no instituto não sabem que ele tem só dez anos. A história, então, restrita à fazenda, acaba tornando-se um road-movie, com o garoto fugindo de casa para buscar o prêmio. E nesta viagem que o filme ganha graça, com T.S. embarcando num trem e depois pegando carona com um caminhoneiro, sempre se escondendo das autoridades, afinal, ele é considerado fugitivo.

O garoto, além de superdotado, tem uma imaginação fértil e daí o diretor tem boas sacadas, mostrando os pensamentos viajandões de T.S., que tem na atuação de Kyle Catlett seu trunfo. O visual do filme, com seu forte colorido, e seu tema de fuga lembra muito o também ótimo "Moonrise Kingdom".

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Thursday, November 06, 2014

"Interestelar"

"Interestelar", dirigido por Christopher Nolan, de "O Cavaleiro das Trevas" e "A Origem", trata de apocalipse, de esperança, de desespero. Ficção científica de quase três horas, traz visual arrebatador e trilha sonora poderosa e, às vezes, angustiante. Num futuro não tão distante assim, a subsistência do ser humano se resume a milho, nada mais. E mesmo este vem sendo devastado por violentas tempestades de areia. A população mundial está sendo dizimada. O jeito encontrado é buscar um outro planeta que possa receber os humanos. E é aí que entra Cooper (Mathew McConaghey), ex-piloto, que agora viúvo, vive numa fazenda com o sogro (John Litgow) e os dois filhos, Tom, de 15 anos (Timothée Chalamet), e Murph, de dez anos (Mackenzie Foy). Os dois não têm muitas expectativas. O garoto pode, segundo análises da escola, apenas seguir a profissão de fazendeiro. Já a esperta Murph é considerada encrenca na escola por tentar mostrar aos colegas que o homem já pisou na lua, o que a professora considera um absurdo.

Cooper aceita a missão da Nasa de partir para o espaço, mesmo que isso possa custar nunca mais ver os seus filhos. Ele aceita e viaja junto com Brand (Anne Hathaway) e outros dois astronautas, vasculhando planetas que possam ser habitáveis. Nessa jornada, a linha espaço-tempo é acentuada - a idade de Cooper é ampliada e de repente, ele passa a ter a mesma idade de sua filha, para mais adiante, ela ficar mais velha do que ele. Murph, que na adolescência é vivida pro Mackenzie Foy, passa a ser interpretada por Jessica Chastain na idade adulta. E ela, devido a sua inteligência superior, busca achar na Terra uma forma de salavar o destino da humanidade.

O elenco de "Interestelar" mostra-se afiado, com atuações que beiram a perfeição. O filme abraça teorias científicas reais, mas não testadas. No final, Nolan quase deixa a maionese desandar, ao criar uma solução fantasiosa demais. Mas do jeito que o mundo está sendo tratado, é de se temer o que "Interestelar" prega. É legal ainda ver a presença de veteranos como Michael Caine, como o projetista da viagem de Cooper, e
Ellen Burstyn vivendo Murph idosa.

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Último Ato"

Al Pacino está excelente em "O Último Ato", dirigido por Barry Levinson. Ele é Simon Axler, ator shakesperiano, que ao chegar aos 65 anos, entra em crise e acredita ter perdido a capacidade de atuar. Após tentativa frustrada de suicídio, ele vai para uma clínica de repouso, onde encontra um dos melhores personagens do filme: uma mulher que deseja encontrar alguém para matar o marido, que abusou da filha deles, e Simon é visto como a solução, pois afinal interpretou um assassino em um filme. "Mas aquilo era interpretação", avisa ele para a doida. "Aquilo foi tão real", insiste ela.

Ao voltar para casa, Simon é procurado por Pegeen (Greta Gerwig), filha de um casal de amigos que ele não vê desde quando ela era pequena. E a garota, agora uma trintona e envolvida num relacionamento lésbico, confessa ter sido apaixonada por ele na adolescência. Os dois então acabam engatando um relacionamento. O romance entre eles é tenso, cercado de desentendimentos e discussões, mas vai mudar o jeito de Simon ver e mudar a vida caótica que levava.

Al Pacino brinca bem com a questão da idade, e o ator na vida real já está com 75 anos. É hilária a cena em que Simon vai a uma clínica para fazer um teste de fertilidade, pois pretende engravidar Pegeen. Ou a aparição louca da mãe de Pegeen, Diane Wiest, descontente com o namoro dos dois. A máxima é "a idade pesa, e como".

Cotação: bom
Chico Izidro

"Sétimo"

"Sétimo" é um surpreendente thriller de suspense argentino dirigido por Patxi Amezcua e protagonizado por Ricardo Darín, excelente. Na trama, o advogado Sebastián (Darin), em vias de se separar da mulher Delia (Belén Rueda), tem o costume de levar os filhos para a escola. E entre eles existe uma brincadeira - Sebastián desde de elevador a partir do sétimo andar, onde está o apartamento da ex e das crianças, enquanto Luna (Charo Dolz Doval) e Luca (Abel Dolz Doval) vão pelas escadas, numa disputa para ver quem chega mais rápido ao térreo. Só que num dia decisivo para Sebastián, que tem de defender um cliente poderoso no tribunal, ao brincar com os filhos, elas não aparecem. Simplesmente evaporam no ar.

Sebastián começa a conversar com alguns moradores, refazer os passos e nada. Aos poucos, o advogado começa a entrar em pânico, enquanto recebe ligações de seus chefes, que exigem sua presença no tribunal o quanto antes. Darín mostra a cada olhar, a cada passo, a angústia que vai tomando conta de seu personagem.

"Sétimo" perde um pouco o fôlego quando é revelado o que aconteceu com Luna e Luca, mas logo volta a entrar nos trilhos quando Sebastián começa a desvendar o mistério, deixando o espectador tenso - e quem tem filhos sente mais a angústia de ver duas crianças desaparecem.

Cotação: bom
Chico Izidro

"November Man - Um Espião Nunca Morre"

Pierce Brosnan vive um espião e matador exímio em "November Man - Um Espião Nunca Morre", dirigido por Roger Donaldson. A história começa em 2008, em Montenegro, quando Peter Devereaux e seu pupilo David (Luke Bracey) falham numa missão. Um pulo de cinco anos e Peter, a esta altura aposentado, recebe o pedido de um amigo, o chefão da CIA Hanley (Bill Smitrovich) de ir à Rússia ajudar na escapada de uma espiã, Lucy Tara Jevrosimovic), infiltrada no gabinete do general Arkady Federov (Lazar Ristovski), que pretende chegar à presidência do país.

Só que as coisas não saem como Peter imaginava, e logo ele está sendo caçado por seu ex-pupilo David, enquanto tenta com a ajuda de uma assistente social Alice Fournier (Olga Kurylenko) encontrar uma refugiada que pode revelar podres de Federov durante a invasão russa na Chechênia.

O filme é movimentada, com cenas de ação incessantes. O problema é que apresenta um amontoado de clichês, com o personagem de Brosnan quase sendo um super-homem, pois nunca é atingido por uma bala, apesar dos fortes tiroteios em que participa, e sempre um passo à frente de seus perseguidores, um bando de incompetentes. Acaba cansando.

Cotação: regular
Chico Izidro