Thursday, July 25, 2013

“Wolverine Imortal”

O início de “Wolverine Imortal”, direção de James Mangold, dá bem uma amostra do que se virá em seguida. Nagasaki, agosto de 1945, e Logan é prisioneiro dos japoneses, e é jogada a bomba atômica. Ele salva um soldado nipônico, que irá cruzar em sua vida décadas depois numa disputa envolvendo uma linda herdeira de um império, uma cientista tentando desvendar o segredo da eternidade do X-Men e suas garras do metal adamantium.

A história agrada por evitar tramas rocambolescas. Wolverine vai para o Japão, e enquanto tenta salvar a herdeira da Yakuza e de ninjas, busca recuperar seus poderes, vivendo assim uma dualidade. Afinal, ser imortal o incomoda, pois todos os seus entes queridos se foram e quem entrar em sua vida também perecerá, enquanto ele permanecerá vivendo. Mas ao mesmo tempo, lhe perturba ficar a mercê dos inimigos. Não sei qual a necessidade do 3D, que mais uma vez decepciona. Mas as cenas de ação beiram o espetacular, principalmente a luta entre Logan e um mafioso em cima de um trem-bala a mais de 450 km por hora. Ou quando Wolverine é cercado por mais de 50 ninjas em uma aldeia.

Hugh Jackman nasceu mesmo para ser o herói enfezado – apesar de nos quadrinhos Logan ser baixinho -, porém isso não altera em nada a atuação do ator australiano. Decepção para os marmanjos é em relação as mulheres escolhidas para o filme. Tirando a personagem Mariko , interpretada pela bonita atriz Tao Okamoto, as outras duas peças na engrenagem não engrenam e sofrem pela falta de beleza e carisma, a japonesa ruiva Yukio (Rila Fukushima), e a cientista Víbora (a russa Svetlana Khodchenkova). É isso, falta em “Wolverine Imortal” um vilão mais assustador e carismático.

Após os créditos, uma cena antecipando o próximo filme dos X-Men.

Cotação: bom
Chico Izidro

“O Concurso”

A gente até tenta, vai ver o filme, esperando que algo de bom aconteça. E o que acontece é a famigerada vergonha alheia. “O Concurso”, de Pedro Vasconcelos, me fez recordar daquelas pornochanchadas que assistia no SBT nos anos 1980, de tão tosco e caricatural que é.

A história se passa num final de semana no Rio de Janeiro, onde quatro candidatos a juiz federal se embrenham no submundo em busca do gabarito da prova e se complicam, numa daquelas sequências de erros tão caras ao cinema. Os quatro protagonistas são pérolas do estereótipo. O gaúcho e gay que ainda não conseguiu sair do armário Rogério Carlos (Fábio Porchat), o cearense supersticioso Freitas (Anderson Di Rizzi), o paulista interiorano Bernardinho (Rodrigo Pandolfo) e o tranbiqueiro carioca Caio (Danton Mello).

Todos eles se enfiam num hotel vagabundo, se metem com um traficante anão, param em uma festa funk, brigam com uma gangue de travestis, além de outras bobagens. O momento vergonha alheia fica por conta da participação de Sabrina Sato como uma ex-namoradinha de Bernardinho, ainda apaixonada por ele, e que o persegue pela Cidade Maravilhosa. O pior é saber que diretor Pedro Vasconcelos ainda comparou a atuação da japonesa do Pânico com Fernanda Montenegro. Assustador.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Elena”

A cineasta mineira Petra Costa busca em “Elena” entender o motivo ou os motivos do suicídio de sua irmã, vinte anos após o acontecimento fatal. Para realizar o documentário, Petra se muniu de fitas e mais fitas de vídeo e áudio deixadas pela bela Elena, que preferia manter um diário de sua vida desta forma do que em palavras, por achar ter a letra feia. Além de outros materiais coletados junto à família, de classe média alta de Belo Horizonte. Os pais lutaram na guerrilha contra a Ditadura nos anos 1970, e só não foram assassinados pelos militares porque a mãe delas estava grávida de Elena em 1973, e assim impedida pelo comando de embarcar para o Araguaia,

O documentário relata cada ano das duas irmãs, unidas por quase 15 de diferença – quando Elena suicidou-se, aos 21 anos, Petra estava com sete anos. A morte ocorreu em Nova Iorque, onde Elena, no começo dos anos 1990 buscava o trabalho como atriz de cinema, já que no Brasil, o presidente Fernando Collor de Mello havia implodido com a indústria cinematográfica. Desempregada e sem perspectiva, numa terra distante e fria, Elena sucumbiu à depressão e tirou a própria vida, que Petra tenta entender, de forma caprichada e dedicada.

Cotação: bom
Chico Izidro

Thursday, July 11, 2013

"O Homem de Aço"

O começo moderninho de "Homem de Aço", dirigido por Zack Snyder, me incomodou um pouco. Pensei, lá vão eles mexer com a mitologia do herói nascido em Kripton e criado na Terra. Porém a atualização na história de Kal-El/Clark Kent mostra-se acertada. O problema é já desde sempre a amada Lois Lane, repórter investigativa vivida pela gata Amy Adams saber a identidade secreta do Super-Homem.

No mais, a história parte desde o nascimento de Kal-El, a terrível destruição de seu planeta natal, e sua vinda para a Terra, onde é adotado pelos Kent, Jonathan (Kevin Costner) e Martha (Diane Lane). Na Terra, já batizado Clark (Henry Cavill) é obrigado a ficar praticamente invisível, pois seus superpoderes se destacariam entre os mortais. Não bastasse se esconder, Clark Kent ainda é procurado pelo General Zod (Michael Shannon), um dos poucos sobreviventes de Kripton, e que tem em Kar-El a chave para reconstruir o planeta e a a sua civilização.

As duas horas e meia de "Homem de Aço", juntam assim, as tramas dos filmes do super-herói protagonizadas pelo inesquecível Christopher Reeve em 1978 e 1980. Interessante é a forma como a trama é desenvolvida. Para fugir da esquematização nascimento, fuga de Kripton, crescimento e a transformação em Super-Homem, a parte relacionada à infância e a adolescência de Clark é inserida, intervalada, em forma de flash-backs ao longo do filme. Que em sua ótima meia-hora põe na tela uma das mais violentas e brutais brigas de todos os tempos, com Super-Homem e Zod não deixando pedra sobre pedra.

Henry Cavill (O Conde de Monte Cristo) mostra-se um bom interpréte de Super-Homem, depois do fracasso de Brandon Routh no filme de 2006, assim como Amy Adams (Encantada) como Lois mostra porque Clark Kent perdeu a cabeça por ela. Os dois pais do herói são vividos por ícones do cinema. Se em 1978, Jor-El foi Marlon Brando, um dos maiores atores de todos os tempos, agora na pele de Jor-El está Russell Crowe (Gladiador), ótimo, e o pai terráqueo, Jonathan fica a cargo de Kevin Costner. Escolhas acertadas. O General Zod não é nenhum pouco caricato, entrando na linha daqueles vilões marcantes e assustadores. Vivido por Michael Shannon (O Abrigo), não é de todo mal. Zod é um militar idealista, que deseja apenas ver o ressurgimento de sua raça, mesmo que para isso outra deva desaparecer. A interpretação de Shannon é espetacular.

Filme para ser visto e revisto, tamanhos detalhes que ele contém.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"O Cavaleiro Solitário"

Quando criança, eu conhecia dois zorros, o mexicano Don Diego de La Vega, e o companheiro do Tonto. No Brasil, de forma equivocada, Lone Ranger foi batizado igualmente de Zorro, talvez pelo fato de usar máscara. Bem, não sei os reais motivos. Mas havia essa cultura à época de modificar aspectos originais dos heróis. O doutor Bruce Banner, que transformava-se no Hulk, virou David. Lois Lane, do Super-Homem, era Miriam Lane.

Feitas as análises iniciais, vamos ao "O Cavaleiro Solitário", direção de Gore Verbinski, e que não tem nenhuma relação com o herói de capa e espada, apesar de lutar pela justiça e tentar desmascarar os opressores do povo. A história do Lone Rangers é contada em forma de flash-back por já um octagenário índio Tonto, fiel parceiro do mascarado, num circo nos anos 1930, para um garotinho. O surgimento do Lone Rangers ocorre no final da década de 1860, onde Tonto, renegado por sua tribo, conhece o advogado idealista John Reid. Os dois partem numa atrapalhada jornada para tentar capturar o violento e canibal vilão Butch Cavendish (William Fichtner, irreconhecível por detrás de competente maquiagem).

"O Cavaleiro Solitário" acerta em alguns diálogos espirituosos, principalmente saídos da boca de Johnny Depp, que interpreta Tonto, mas deixando no personagem alguns aspectos de uma de suas maiores criações, o pirata Jack Sparrow. Sim, em alguns momentos a aventura torna-se uma comédia, quase beirando o pastelão. Mas isso não é demérito, já que fica evidente a tentativa de se resgatar o clima das matinés de décadas atrás, inclusive destacando a música-tema do herói, tocada incessantemente enquanto Lone Rangers e Tonto combatem os vilões numa alucinante cena em um trem desgovernado.

Mas tirando Johnny Depp e o vilão Cavendish, falta carisma ao mocinho Lone Rangers (Armie Hammer, de A Rede Social), e principalmente ao seu par romântico, Rebecca (Ruth Wilson, de Anna Karenina). Garota totalmente sem sal. Não à toa, em certo momento, o vilão Cavendish pergunta à ela: "Não sei o que os irmãos Reid viram em você!". E além da falta de carisma, são muito fracos artisticamente.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Meu Malvado Favorito 2"

O vilão Gru tinha na maldade e nas tiradas cruéis seu charme. Pois a paternidade e a paixão meio que tiraram sua força em "Meu Malvado Favorito 2", direção de Chris Renaud e Pierre Coffin. Agora preocupado ao criar as filhas adotivas Margot, Agnes e Edith, Gru é convocado, devido ao seu passado, por uma agência do governo a descobrir o paradeiro de outro vilão, que roubou uma arma secreta - que só será revelada na parte final da animação. Na missão, ele recebe a companhia de Lucy, que acabará se tornando seu par romântico.

Além disso, o ex-vilão passa a se preocupar com o alvo romântico de Margot, o garoto Antônio, filho do dono do restaurante mexicano da cidade, e que Gru suspeita ser o ladrão da arma secreta, dublado por Sidney Magal. E esta preocupação em sexualizar os personagens, de uma forma irritante e desnecessária, acaba estragando o filme.

O vilão El Macho não tem o carisma do divertido nerd Vetor, do primeiro filme. E o garotinho Antônio é chato, estereotipado, do tipo daquela gurizada arrogante do Nickelodeon. A diversão de "Meu Malvado Favorito 2" fica a cargo dos minions, aqueles seres pequenos, amarelos e em formato de pílulas e com seu linguajar estranho. Aqui eles ganharam mais espaço, ao tornarem-se o motivo do conflito entre Gru e o vilão El Macho.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Os Amantes Passageiros"

Pedro Almodóvar tenta recriar em "Os Amantes Passageiros", aquele clima encontrado no seu clássico "Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos". Desta vez com personagens absolutamente gays. Muitas pessoas imaginavam que o diretor faria um novo “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”, afinal a trama transcorre durante uma viagem de avião, que corre o risco de se espatifar. Não chega, porém, nem perto daquele clássico besteirol de 1980.

Mesmo porque a proposta aqui é diferente. A ideia é fazer do conturbado voo uma alusão a atual situação vivida pela Espanha, afundada numa crise financeira que parece não ter fim. A bagunça é provocada no início através de uma ponta protagonizada por Antonio Banderas e Penelope Cruz, atores ícones de Almodóvar. A história fica quase restrita á cabine – o governo -, e a classe executiva – os donos do poder econômico, enquanto que na classe econômica os passageiros passam quase todo o tempo dormindo, depois de sedados pelas aeromoças. Ou seja, o povo acomodado, em estado letárgico, sem forças para reagir.
Nesse ínterim, os tripulantes discutem a homossexualidade à flor da pele, saídas do armário, enquanto que os viajantes vips vão revelando seus podres e tentando resolver pendengas – desde a cafetina que diz ter segredos de mais de 600 homens poderosos, entre eles o rei Juan Carlos, o ator destruídor de corações e sua relação com as ex-namoradas. Aliás, o filme tem o ritmo quebrado quando foca muito na namorada suicída.

Almodóvar também apela um pouco, caso contrário não seria Almodóvar. Ele busca chocar em cena onde os passageiros participam de uma orgia a 10 mil metros de altura. “Amores Passageiros” acaba tendo momentos luminosos, com outros desnecessários e fracos.
Cotação: regular
Chico Izidro