Wednesday, November 25, 2015

"A Visita" (The Visit)




M. Night Shyamalan surgiu como um fenômeno no começo dos anos 2000 com o sensacional "Sexto Sentido". Mas no decorrer da carreira, o diretor americano de origem indiana foi tropeçando, tropeçando, até chegar agora ao fundo do poço com "A Visita" (The Visit).

A trama se utiliza da câmera subjetiva, ou seja, aquela que um personagem fica carregando durante todo o tempo, mostrando o que acontece ao seu redor. No caso, aqui ela fica nas mãos dos irmãos os Tyler (Ed Oxenbould) e sua irmã Becca (Olivia DeJonge), que sonha em se tornar documentarista. Por isso, os dois decidem registrar a visita que fazem aos avós, que eles não conhecem porque romperam com sua mãe antes de nascerem.

Os avós são vividos por Deanna Dunagan e Peter McRobbie. E desde a chegada dos irmãos na fazenda do casal, este age de forma estranha. A avó se arrasta pela casa durante a noite, bate a cabeça na parede, vomita nas escadas, enquanto o avô usa fraldas pois costuma defecar nas calças. Aos poucos, os irmãos começam a notar que algo de estranho acontece naquela casa. E claro que tem a pegadinha do diretor. Mas nada mais sustenta esta história fraca, que era para ser de terror, mas não mete medo em ninguém e muito menos dá sustos. E um final forçado.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=N152Ki1fzYM

Duração: 1h 34m

Cotação: ruim

Chico Izidro

"American Ultra: Armados e Alucinados" (American Ultra)



Nada funciona em "American Ultra: Armados e Alucinados" (American Ultra), direção de Nima Nourizadeh. O filme mostra Mike (Jesse Eisenberg), que é um caixa numa loja de conveniências e fumador compulsivo de maconha. Ele vive com a namorada Phoebe (Kristen Stewart) e planeja casar com ela, pretendendo fazer o pedido em uma viagem ao Havaí.

Só que antes do embarque Mike sofre um ataque de pânico e a viagem é cancelada. Só que o rapaz não sabe que é um agente secreto em estado inanimado e não poderia sair da cidadezinha onde morava. O governo controlava seus passos e tão logo ele retorna para casa, a sua ex-agência começa uma caçada para eliminá-lo. Sem entender nada, Mike vai matando os assassinos que surgem para tirá-lo de circulação. Ele é ágil com armas, em lutas e não é, de forma alguma, presa fácil.

O problema que Jesse Eisenberg faz seu personagem no piloto automático, chegando a ser irritante seu andar e falas. E não existe química entre ele e seu par romântico, a ex-Crepúsculo Kristen Stewart. Pior que eles só mesmo Topher Grace como o vilão. Deve ser a milésima vez que o astro de That's 70 Show vive um carinha sem escrúpulos e careteiro. Além do que
"American Ultra: Armados e Alucinados" (American Ultra) não foge do esquema correrias, tiroteios e explosões.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=nz02akqCZr0

Duração: 1h36min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Papéis ao Vento" (Papeles en el Viento)



"Papéis ao Vento" (Papeles en el Viento), direção de Juan Taratuto, fala de amizade e tem o futebol como pano de fundo. El Mono (Diego Torres) era um fanático pelo Independiente de Avellaneda e ex-jogador de futebol. Ele compra o passe de uma promessa, mas acaba morrendo de câncer, e seus três amigos Fernando (Diego Peretti), Mauricio (Pablo Echarri) e El Ruso (Pablo Rago) decidem recuperar o investimento do camarada, 300 mil dólares, tentando vender a promessa e garantir o futuro da filha de El Mono, a pequena Guadalupe.

O problema é que o jogador é um perna de pau, enterrado num time da terceira divisão argentina. A trama, então, mostra o mundo podre do futebol, com corrupção, suborno e outras falcatruas, como pagar propina a um jornalista esportivo, para este elogiar o jogador. Os três amigos têm de se passar por empresários, sendo que Fernando é professor, Mauricio é um advogado e Ruso é dono de um lava-rápido falido, e ele passa os dias jogando video-game com seus funcionários.

O diretor Juan Taratuto se vale, também, de muitos flash-backs, mostrando o passado de El Mono como jogador, o avanço de sua doença, e a preocupação dele em relação ao futuro de Guadalupe. Mas mais do que ela não ter problemas financeiros, preocupa mais a El Mono que a pequena seja uma torcedora do vermelho, ou seja, de seu amado Independiente.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=H5GcU0EMrEk

Duração: 1h38min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Misstres America"





A amizade entre duas garotas é mostrada em "Mistress America", direção de Noah Baumbach. Tracy (Lola Kirke, excelente) tem 18 anos e está no primeiro semestre da faculdade em Nova Iorque, mas é solitária e tem como objetivo tornar-se escritora. Sua mãe vai se casar novamente e insiste que ela ligue para a filha do noivo, Brooke (Greta Gerwig), para tentar se adaptar a nova cidade e já ir se ambientando com a futura irmã.

Logo as duas estão juntas, andando pela noite nova-iorquina. Tracy fica encantada pela energia e alto astral de Brooke, que está tentando abrir um restaurante e procura investidores. Tracy sonha ainda em entrar em um exclusivo clube de escritores da faculdade e vê na figura da irmã postiça ótimo assunto para seu conto. O problema é que a jovem enxerga em Brooke alguém que chegou aos 30 anos e ainda não encontrou seu caminho, mostrando-se perdida, apesar de toda a vivacidade que aparenta ter.

O conto, claro, vai fazer rachaduras na recente amizade entre elas. "Misstres America" tem diálogos bons e inteligentes, coadjuvantes que mostram-se importantes para a trama - não são apenas figuras decorativas, mas têm algo a dizer, como por exemplo Matthew Shearm, que vive Tony, o interesse romântico de Tracy, e Heather Lind, no papel de Mamie-Claire, uma dondoca mimada e interesseira, que se põe contra Brooke. O filme também traz uma trilha sonora interessante, remetendo aos anos 1980, como Toto, OMD e Hot Chocolate.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Zv6T8e7sWDk

Duração: 1h26m

Cotação: bom
Chico Izidro

Wednesday, November 18, 2015

"Malala" (He Named Me Malala)




A paquistanesa Malala foi batizada pelo pai em homenagem a uma heroína do tradicionalismo afegão. Pois em 2012, a garota criada numa família de pensamento liberal em uma sociedade presa aos rígidos costumes muçulmanos, foi vítima de uma tentativa de assassinato pelos talibãs. Eles não aceitavam, em suas mentalidades pequenas, que mulheres pudessem ou queressem estudar. Malala sobreviveu aos tiros, que acertaram seu rosto. E foi viver em Birmigham, na Inglaterra.

Sua trajetória é contada no documentário "Malala" (He Named Me Malala), dirigido por Davis Guggenheim. O diretor inglês acompanhou o dia a dia da menina, que devido ao atentado, ficou surdo do lado esquerdo, que também permanece paralisado. Malala é uma adolescente comum, tímida, e apesar de seus quase 18 anos, nunca namorou, e enrubece quando perguntada sobre isso. Seu pai, Ziauddin Yousafzai, criou a garota com liberdade, coisa incomum no rígido Vale do Swat, no Paquistão, onde os talibãs chegaram em 2008, no princípio deixando todos à vontade, mas aos poucos foram impondo a sua equivocada leitura do Alcorão.

O documentário, que utiliza ainda animação, não é muito inovador, é mesmo burocrático. Mas como fazer diferente? Malala é uma jovem famosa, que viaja o mundo para ajudar outras pessoas e mostrar sua experiência de vida, ao mesmo tempo que sendo uma Nobel - ela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2014 -, tem de se preocupar com as provas na escola. E ela sabe seu papel na sociedade e de como escapou do destino de muitas de suas conterrâneas. Tanto que ao ser questionada de como seria sua vida seria caso seus pais fossem de acordo com a cultura muçulmana, ela responde que já estaria casada e com dois filhos. E analfabeta. Uma grande lição de vida.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=WsF1SeO-pN0

Duração: 1h27min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Cativas - Presas pelo Coração"



No livro "Loucas de Amor - Mulheres que amam serial killers e criminosos sexuais", de Gilmar Rodrigues e Fido Nesti, publicado em 2012, era mostrado como o amor pode aparecer nos lugares mais improváveis. Ou seja, mulheres que foram conquistadas por presidiários que cometeram crimes horrendos, e o que fizeram para ficar ao lado deles. Agora o documentário "Cativas - Presas pelo Coração", direção de Joana Nin, revela a loucura por trás de sete mulheres, que decidiram lutar contra tudo e todos para namorarem e até casarem com presidiários.

A diretora filmou a obra no Paraná, acompanhando o dia a dia de sete mulheres, muitas delas acreditando que seus parceiros são inocentes. "Ele me garante que é inocente, e eu acredito nele", diz uma delas. São depoimentos marcantes e chocantes. Outra, já com seus quase 30 anos, apaixonou-se por um rapazinho de 14 anos, que anos depois seria preso por tráfico. E ela permanece ao seu lado quase 20 anos depois, tendo deixado marido e filhos para trás quando se encantou. Já outra das mulheres, de 21 anos, caiu de amores por um preso do dobro de sua idade e com 17 anos de pena para cumprir.

Todas elas se submetem a constrangimentos em suas visitas aos seus parceiros. E a diretora não poupa cenas de revista íntima, das visitas conjugais. Uma delas fala em certo momento: "Tenho certeza de que se eu estivesse presa, ele não me visitaria. Pode olhar na prisão feminina, quantos parceiros visitam suas mulheres?".

E "Cativas - Presas pelo Coração" mostra, ainda, como o amor pode deixar as pessoas infantilizadas. Mesmo presos mais perigosos escrevem as mais românticas cartas, cheias de coraçõezinhos e flores, para suas mulheres. Que contam as horas para poderem compartilhar alguns minutos ao lado deles. Um triste retrato da condição humana.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=dsdUUYOEJas

Duração: 1h17min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Wednesday, November 11, 2015

"Como Sobreviver a um Ataque Zumbi" (Scout's Guide To The Zombie Apocalypse)



Os amigos Ben (Tye Sheridan), Carter (Logan Miller) e Augie (Joey Morgan) são o motivo de chacota na escola, afinal são os únicos escoteiros do lugar, vistos como seres alienígenas, pessoas ultrapassadas. Só que de repente estoura uma invasão zumbi, e Ben e Carter, que pretendiam abandonar o escotismo, por não aguentarem mais as chacotas, ao contrário de Augie, que é um entusiasta, vão acabar tendo de usar os ensimentos aprendidos para tentar escapar em "Como Sobreviver a um Ataque Zumbi" (Scout's Guide To The Zombie Apocalypse), direção de Christopher Landon.

O filme aqui, segue a linha terrir, a exemplo do hoje já clássico "A Volta dos Mortos Vivos" (The Return Of The Living Dead), de 1985, dirigido por Dan O'Bannon. Os zumbis são rápidos, hilários - tem até uma velhinha em um carrinho elétrico e outro que dança ao som de Britney Spears. Outro, o Sr. Rogers (David Koechner) e líder dos escoteiros, que é mordido quase no começo do filme, se mostra quase indestrutível. Ele se arrasta pela cidade, todo queimado, perna quebrada e com uma peruca que insiste em cair de sua cabeça.

Em momento muito engraçado, Ben tenta escapar de uma horda de zumbis por uma janela, e acaba se pendurando no pênis de um deles, que vai esticando, esticando. É um filme para não se ter medo, mas sim para dar muita risada. Dos mais divertidos dos últimos tempos e com direito a participação da veterana Cloris Leachman, de 89 anos, como uma vizinha rabugenta.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3RoypK4cKCE

Duração: 1h33min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Aliança do Crime" (Black Mass)



Johnny Depp é Whitey Bulger, um criminoso que na década de 1970, é procurado por um ex-amigo de infância e agora agente do FBI, John Connelly (Joel Edgerton, de Êxodo - Deuses e Reis). Ele quer que Bulger trabalhe como informante, em troca de imunidade para seus atos criminososo, ou seja, delação premiada, para que sejam presos os integrantes de uma família de mafiosos. Bulger também é irmão do senador Bill Bulger (Benedict Cumberbatch), que de certa forma encobria os crimes do parente.

"Aliança do Crime" (Black Mass), direção de Scott Cooper, relata fatos reais ocorridos em meados dos anos 1970 e 80 em Boston, e baseado no livro homônimo escrito por Dick Lehr e Gerard O'Neill. A reconstituição de época é primorosa, e com boas atuações, principalmente de Depp, que se despe de qualquer vaidade, e aparece careca, pele acinzentada e dentes escurecidos, tal qual o verdadeiro Bulger, atualmente cumprindo pena de prisão perpétua e que chamava a atenção por sua feiúra. E ainda um assassino frio e impiedoso.

A trama, por vezes, se mostra um pouco confusa, por trazer um extenso número de reviravoltas e muitos personagens, que aparecem e desaparecem do nada. "Aliança do Crime" é daqueles filmes que não dá para tirar os olhos da tela, sob pena de se perder o fio da meada.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=9E2wRy48i0g

Duração: 2h03min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Amizade Desfeita" (Unfriended)




Depois da câmera subjetiva, aquela onde os personagens mostram o que acontece ao seu redor enquanto segura, o equipamento, como em "Atividade Paranormal" e "A Bruxa de Blair", agora chega a vez da tela do computador tomar conta das cenas em "Amizade Desfeita" (Unfriended), direção de Levan Gabriadze. Ele criou uma narrativa onde os personagens conversam através do computador durante todo o tempo de duração do filme. Gabriadze inseriu vários sites e programas usados por internautas, como o Spotify, Facebook, Skype e iTunes. Isso é até interessante, mas de certa forma cansa os olhos.

O filme começa com o suicídio de uma estudante, Laura Barns (Heather Sossaman), por causa de um vídeo que lhe trouxe problemas ao cair na internet. Tempos depois, seis amigos, vividos por Courtney Halverson, Shelley Hennig, Renee Olstead, William Peltz, Moses Jacob Storm e Jacob Wysocki, estão conversando através de seus computadores pessoais, quando uma sétima pessoa, que não se identifica, entra no bate-papo. E ela quer saber quem postou o vídeo que causou a morte de Laura.

Então começa a chantagear os jovens, e até ameaçá-los de morte caso não revelam o autor da estripulia. No começo, o filme até anda, mas de repente começam a aparecer erros absurdos, como por exemplo, quando um dos jovens é morto, os outros simplesmente permanecem conversando, não se preocupando em sair da rede ou menos em chamar a polícia. E até isso é usado, quando acontece outra morte, e um dos personagens, ao invés de ligar para os policiais, tenta achar ajuda através de outras pessoas que possam estar conectadas...


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Ry9LgMZQVqA

Duração: 1h23min

Cotação: ruim

"Mamma Roma"



Uma Roma ainda pobre, sofrendo os efeitos devastadores da II Guerra Mundial uma década e meia após o seu final. A prostituta vivida por Anna Magnani decide largar a profissão e se mudar com o filho adolescente para a Cidade Eterna e dar a ele uma vida melhor. Em "Mamma Roma", direção de Pier Paolo Pasolini, cuja morte está completando 40 anos, é puro neo-realismo. O filme está sendo relançado nos cinemas em cópia restaurada.

Na periferia romana, com seus prédios populares e imensos terrenos baldios, é mostrada uma juventude que se sentia perdida e sem futuro. E este é o caso de Ettore (Ettore Garofalo), filho de Mamma. O garoto se recusa a trabalhar, passando os dias vagabundeando ao lado de outros rapazes do lugar. A grana que ele possui sai do suado trabalho de sua mãe, transformada em feirante. Mas o passado não pretende deixar Mamma em paz, quando o seu antigo cafetão reaparece, exigindo que ela volte as ruas para se prostituir. Caso contrário, Ettore saberá quem realmente ela é.

Anna Magnani está magistral no papel da típica mama italiana, apaixonada por seu filhote, que não deveria merecer todo o esforço praticado por ela. As outras atuações são naturais, nada forçadas. Ettore era um garçom num dos restaurantes que Pasolini frequentava em Roma. A fotografia em preto e branca é outro fator que engrandece esta obra-prima do cinema.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=HayNFGlebZo

Duração: 1h56min

Cotação: excelente
Chico Izidro

"45 Anos" (45 Years)



Kate Mercer (Charlotte Rampling) está preparando a festa de comemoração dos 45 anos de seu casamento com Geoff (Tom Courteney). É quando ele recebe uma carta do governo suíço avisando que foi encontrado o corpo da primeira namorada dele, que morrera no começo da década de 1960 ao cair num buraco em uma geleira durante trilha feita nos Alpes. Então o passado ameaça destruir o presente e o futuro em "45 Anos" (45 Years), direção de Andrew Haigh.

Apesar das quatro décadas e meia de relacionamento, as horas e dias seguintes mostram que este período não foi o suficiente para Geoff ter esquecido o primeiro amor. Durante uma conversa, ele confessa que se sua primeira namorada não tivesse morrido, seria com ela que teria casado. Para decepção de Kate, que passa a ter momentos de insegurança.

Charlotte Rampling está excepcional, mostrando olhares de decepção e desespero. Será que todo este tempo ao lado de Geoff foi em vão, e que ela foi uma opção devido às circunstâncias trágicas na vida dele? Que Geoff nunca a amou. Tom Courteney interpreta um homem cujo o tempo não foi amigo, adoentado e com manias típicas de um setentão.

"45 Anos" tenta mostrar que o tempo não cura as feridas, apesar de muito se dizer ao contrário. Elas permanecem abertas...

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qXAnjA9tAnQ

Duração: 1h35min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Thursday, November 05, 2015

"007 Contra Spectre" (Spectre)




Daniel Craig já avisou que este é o seu último filme como 007. E "007 Contra Spectre" (Spectre), o vigésimo-quarto da cinesérie, dirigido por Sam Mendes, é um bom adeus, trazendo o sedutor espião inglês, com licença para matar, quebrando as regras mais uma vez. Desta vez, a aventura começa na Cidade do México, no Dia dos Mortos, em uma abertura espetacular, onde 007 elimina numa sequência de tirar fôlego o integrante de uma organização secreta, Marco Sciarra.

Só que ele faz sem o consentimento de seu chefe, M (Ralph Fiennes), substituto de Judi Dench, morta no episódio anterior, "Operação Skyfall". Contrariado pela insubordinação do espião, M manda implantar um dispositivo no sangue de 007, tipo um GPS, para saber sempre onde ele anda. Claro que 007 não vai respeitar as normas, e em momento delicado para sua agência, que vista como obsoleta, está sendo desativada.

Mas 007 permanece em sua investigação, burlando tudo e a todos, tomando conhecimento de que a organização a que pertencia Sciorra, e comandada pelo misterioso Franz Oberhauser (Christoph Waltz), vai se reunir em Roma. O espião segue para lá, e depois vai para a Áustria, sempre envolvendo-se com belas mulheres. As bond-girls da vez são Monica Belucci e Léa Seydoux. Christoph Waltz, infelizmente, parece destinado a viver sempre o mesmo tipo de papel: o vilão caricato, com frases de efeito e engraçadinhas, e gestos exagerados. Mas se seu vilão é fraco, é compensando pelo violento assassino interpretado por Dave Bautista, que lembra muito Richard Kiel, o Jaws, devido a sua força sobre-humana, poucas palavras e muita agressividade. O grande destaque o filme continua sendo Daniel Craig, com sua cara de pedra e de poucos sorrisos. Ele passa mesmo a impressão de que 007 pode fazer o que quiser, quando quiser.

A destacar também a música-tema da vez, interpretada por Sam Smith, "Writting´s On The Wall", que prejudica as clássicas aberturas dos filmes. Música fraca e sem o vigor de uma "For You Eyes Only", "Goldfinger" ou "Live and Let Die". "Writting´s On The Wall" até faz a chata "Skyfall", com Adele, ser agradável.

Duração: 2h30min

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=a7TBd8YPqLo

Cotação: bom
Chico Izidro

"Olmo e a Gaivota" (Olmo and The Seagull)





Misto de ficção e documentário, "Olmo e a Gaivota" (Olmo and The Seagull), mostra o drama vivido pela atriz Olivia (Olivia Corsini), que ensaia a peça "A Gaivota", de Anton Tchecov. O grupo teatral dela recebe uma proposta para se apresentar numa turnê por Nova Iorque e Montreal. E é quando ela descobre estar grávida do companheiro e colega Serge (Serge Nicolaï).

Com direção compartilhada pela brasileira Petra Costa, do documentário "Helena" e a dinamarquesa Lea Glob, "Olmo e a Gaivota" vai apresentar o dia a dia de Olivia sob o risco de perder o bebê devido a um problema no útero. Ela é obrigada, então, a permanecer ociosa em seu apartamento. Qualquer movimento mais brusco pode fazê-la abortar.

Surgem problemas, pois a atriz passa os dias sozinha, sentindo-se menosprezada pelo companheiro, que apesar do pedido dela, não pode parar de trabalhar. Afinal, os dois dependem do salário dele, de 1.800 euros mensais, sendo que eles pagam de aluguel 1.450. Olivia recebe uma ajuda do governo de 30 euros por dia até o final da gravidez. Muito pouco.

Por vezes, existe a intervenção da diretoria, que conversa com os atores, como se fosse uma terapeuta ou uma psicóloga. "Olmo e a Gaivota" revela que a vida de ator não é fácil, ainda mais com uma gravidez, que traz problemas financeiros e insegurança.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=h_S1J5K8meA

Duração: 1h 27min

Cotação: bom
Chico Izidro

“Beira-Mar”




A homossexualidade já mostra um forte indício no começo do brasileiro “Beira-Mar”, dirigido conjuntamente por Filipe Matzembacher e Marcio Reolon. O filme pode ser colocado na mesma linha de um outro que fala sobre a descoberta da sexualidade por adolescentes, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, mas sem a mesma delicadeza. Introspectivo, com closes nos protagonistas, longos momentos de silêncio, mostra o final de semana de dois amigos, os jovens Martín (Mateus Almada) e Tomaz (Maurício José Barcellos), que vão a Capão da Canoa. É inverno e Martín tem de resolver um problema com parentes de seu pai.

Sozinhos numa enorme casa classe média da família de Martín, eles gastam as horas ociosas jogando vídeo-game – em cena que se refere a masturbação -, bebem, fumam sem parar e recebem amigos para uma festinha regada a cerveja. E quem sabe pegar as gurias presentes. Tomaz, porém, desde o início mostra fortes traços andróginos. Seria ele homossexual? As atitudes do garoto deixam dúvidas até os momentos finais.

Os dois protagonistas mostram um pouco de inexperiência em cena, talvez por serem atores novatos. Mas ambos conferem credibilidade nos momentos mais quentes protagonizados no final de “Beira-Mar”. Que pode incomodar alguns, por trazer à tona o mundo LGBT.


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=5beTtIUHolU

Duração: 1h23min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Sem Filhos" (Sin Hijos)




Por que as comédias brasileiras não se espelham nas dos nossos vizinhos argentinos? "Sem Filhos" (No Hijos), dirigido por Ariel Winogrod, traz um roteiro engraçado e inteligente, e boas atuações.

Na trama, o dono de uma loja de instrumentos musicais em Buenos Aires, Gabriel (Diego Peretti), que está separado de sua mulher há alguns anos, dedica seu tempo a filha que teve com ela, a pequena Sofia (Guadalupe Manent), de nove anos. E a garota é o centro de sua atenção, ou seja, zero relacionamentos na vida de Gabriel - num encontro armado por amigos, ele passa a falar sem parar de Sofia, assustando a pretendente.

Até que um dia ele reencontra uma paixão de sua juventude, Vicky (Maribel Verdú). Os dois iniciam um namoro, que sofre um abalo quando ela revela não gostar nenhum pouco de crianças. Para desespero de Gabriel. Apaixonado como há muito não se via, ele decide tomar uma medida radical - esconder a existência de Sofia.

Toda a vez que Vicky vai no apartamento dele, os pertencer da menina são escondidas - Sofia também não sabe da existência de Vicky, mas começa a desconfiar das atitudes do pai. E quando ela descobre, surge a graça do filme. A garota se encontra com Vicky e para não estragar o namoro, afirma ser a irmã mais nova de Gabriel. E os dois têm de sustentar a mentira.

Diego Peretti tem um jeitão esquisito, dono de um imenso nariz e pernas arqueadas, faz um ótimo personagem, meio bobão. Mas o show mesmo é dado pela pequena Guadalupe Manent, intérprete de Sofia, garantindo os melhores momentos do filme, esperta, cheia de vivacidade e diálogos afinados. Ela rouba a cena de Perreti e Verdú.

Duração: 1h30min

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=8gjNwY32vFU

Cotação: bom
Chico Izidro