domingo, novembro 29, 2020

“Trolls 2 – World Tour”

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A sequência de “Trolls” (2016) chega aos cinema em “Trolls 2 – World Tour”, direção de Walt Dohrn, é uma verdadeira viagem musical. A animação apresenta os pequenos seres, que vivem felizes, cantando em seu mundo mágico. A protagonista é a Rainha Poppi, com seu fiel escudeiro Tronco, apaixonado por ela, mas incapaz de abrir o coração para a amada. Um dia uma ameaça paira nas diversas nações dos trolls – eles são divididos em reinos conforme seu estilo musical, o pop, o funk, aqui no caso o americano e não esta porcaria que se faz no Brasil, cujos líderes são a Rainha Essence e o Rei Quincy (homenagem ao maestro Quincy Jones), o reino country, que na versão nacional virou sertanejo e o reino da música clássica.
Poppi mantém uma inocência incomum, e acredita que possa unir os vários reinos musicais. Porém, ela não sabe das intenções da Rainha Barb, que quer acabar com todos os ritmos musicais e fazer com que todos os reinos só escutem Rock pesado. Claro que para um roqueiro isso pode soar ofensivo, afinal nós que sofremos com a falta de espaço na mídia, e considerados loucos por gostarmos de um som fora do convencional. Poppi sai ao lado de Tronco para tentar evitar o fim das outras músicas.
A ideia do filme é de, no entanto, passar uma mensagem sobre diversidade e saber reconhecer as diferenças e ser mais democrático. Então “Trolls 2 – World Tour” acaba agradando tanto os pequenos, com seus bichinhos fofinhos e alegres, quanto os adultos, pois é repleto de piadas e referências musicais. A trilha sonora é um achado, e vai de “One More Time", do Daft Punk, “Rock You Like a Hurricane", do Scorpions, “Trolls Just Want to Have Fun", parodiando Cindy Lauper, “Crazy Train”, de Ozzy Osborne, o medley com “Wannabe”, das Spice Girls/“Who Let The Dogs Out”, Baha Men/Good Vibrations”, Marky Mark and the Funky Bunch /"Gangham Style", de Psy /"Party Rock Anthem" – LMFAO, e “Barracuda”, do Heart, entre outras.
Cotação: ótimo
Duração: 1h30min
Chico Izidro

segunda-feira, novembro 23, 2020

“O Caso Collini” (The Collini Case)

Baseado no romance homônimo de 2011 de Ferdinand von Schirach, “O Caso Collini” (The Collini Case), mostra como o nazismo ainda é um pesadelo para a sociedade alemã, além de criticar a velha história que os criminosos usavam como desculpa para tentar não serem responsabilizados por seus crimes: “ah, eu apenas seguia ordens”. Balela.
Com direção de Marco Kreuzpaintner, é um filme de tribunal, mostrando o jovem advogado de descendência turca Caspar Leinen (Elyas M'Barek), que recebe a incumbência de tentar defender o italiano Fabrizio Collini (Franco Nero), que vivia na Alemanha há 30 anos, e num dia matou o respeitado industrial Hans Meyer (Manfred Zapatka) em Berlim. O homem se mantém em silêncio e dificulta sua defesa, não explicando o por que de ter cometido o assassinato.
Caspar, então decide investigar o crime e o passado de vítima e réu, deparando com eventos ocorridos na II Guerra Mundial numa Itália ocupada pelas forças de Hitler. Mas ao tentar trazer isso para o julgamento, vai verificando como o regime ditatorial que vigorou na Alemanha entre 1933 e 1945 ainda assombrava – o filme se passa entre 2001 e 2002, quando as pessoas que nasceram nos anos 1930 se encontravam com cerca de sessenta anos.
E não bastasse isso, Caspar, filho de imigrantes pobres turcos, pode estudar e se formar pois foi praticamente adotado pelo industrial assassinado, a quem agora ele tem de defender o criminoso. E isso pesa e muito. A sua ex-namorada, neta de Hans Meyer, chega a jogar na sua cara, de forma racista, quando ele faz conexão entre os nazistas e o padrinho: “não fosse por ele você estaria hoje vendendo kebab no meio da rua”...
É um filme forte, pesado, e que deixa bem claro como aquele regime vil marcou e marca diversas gerações de uma sociedade que quase sempre primou pela cultura e sabedoria, mas que viveu 12 anos nas sombras.
Cotação: ótimo
Duração: 123 min
Chico Izidro

“Samy e Eu”

Com quase 20 anos de atraso chega ao Brasil a comédia argentina “Samy e Eu” (Un Tipo Corriente, de 2002), direção de Eduardo Milewicz, com protagonismo de Rocardo Darín, que ainda não era conhecido e febre por aqui. Filme claramente baseado nas obras de Woody Allen, traz o roteirista de TV e que sonha em ser escritor Samy (Darín). Aos 40 anos, ele escreve o programa de TV para um comediante em Buenos Aires, tem uma namorada, Laura (Christina Banegas), que praticamente o ignora e todos os anos tenta escrever um romance, mas não consegue.
Certo dia decide largar tudo para tentar virar o escritor que tanto deseja, mas ninguém o leva a sério. Além de tudo, Samy é um sujeito tímido, desajeitado e sem traquejo social – puro Woody Allen. Até que conhece, por engano uma jovem colombiana, Laura (a bela Christina Banegas), que sonha em trabalhar na TV. E se mostra uma entusiasta do trabalho e do jeito de ser de Samy, e faz com que a direção da emissora aposte em fazer um programa solo dele. Que o faz a contragosto, mas acaba virando um sucesso.
Porém Samy nunca consegue aceitar o sucesso, se sentindo sempre incômodo. E dê-lhe piadas de situação, num mundo muito woodyalleano – muitas das situações remetem direto ao clássico “Hannah e Suas Irmãs”, de 1986. E isto não é um demérito, pelo contrário. As piadas funcionam e o papel de Darín estranha um pouco, pois nos acostumamos a vê-lo interpretando homens fortes e sedutores. E aqui ele beira o patético. Mas a química com Cepeda é fenomenal.
Cotação: bom
Duração: 85 min
Chico Izidro

“Possessão: O Último Estágio” (The Assent)

Filmes de exorcismo são recorrentes no cinema, desde o fenomenal “O Exorcista”, passando por “O Exorcismo de Emily Rose” e “A Invocação do Mal”. Porém se a produção errar e é o mais comum disso acontecer, o filme vira um pastiche, não provocando medo e, muitas vezes, sendo apenas uma cópia mal-feita dos citados acima. E é o que acontece com “Possessão: O Último Estágio” (The Assent), escrito e dirigido por Pearry Reginald Teo.
A trama mostra o traumatizado Joel Clarke (Robert Kazinsky), que ficou viúvo e cria o filho pequeno Mason (Caden Dragomer), sob a supervisão da assistência social, pois não consegue um trabalho fixo, trabalhando como mecânico e sonhando em viver de sus obras de arte que cria nas horas vagas. O garoto passa a maior parte do tempo sob os cuidados de uma babá, que se prepara para abandoná-los, pois irá para a faculdade.
E não bastasse as situações financeira e emocional estarem em frangalhos, Mason começa a começa a apresentar comportamentos agressivos, com o corpo se modificando, olheiras, vômitos – passa a haver a suspeita de que está sendo possuído por uma força demoníaca. Temendo por sua saúde mental e do filho, Joel resolve aceitar a ajuda de um padre, Lambert (Peter Jason), que saiu da prisão há pouco depois de oito anos preso por ter realizado um exorcismo em um menino, que acabou morrendo.
Joel, a princípio, fica receoso, mas decide ir em frente com a piora de Mason. E o filme descamba para uma cópia piorada de “O Exorcista”, sem a mínima originalidade, e abusando de clichês de filmes de terror. Esquecível. Nem perca o seu tempo – eu já fiz isso para você.
Cotação: ruim
Duração: 88 min
Chico Izidro

“Destruição Final: O Último Refúgio” (Greenland)

Neste filme-catástrofe, “Destruição Final: O Último Refúgio” (Greenland), direção de Ric Roman Waugh, o mundo está ameaçado de ser destruído por um cometa, batizado de Clarke, e desta vez não existe a turma de heróis de “Armaggedon”, de 1998, para salvar o planeta. Resta apenas a John Garrity (Gerard Butler) tentar levar a sua família, formada por Allison (Morena Baccarin) e Nathan (Roger Dale Floyd) a um bunker do governo, para tentar escapar da morte inevitável.
John é um arquiteto que tem problemas com a bela mulher e está separado, mas quer voltar. E o retorno se dará do modo mais difícil: a Terra está sendo ameaçada de extermínio quando um cometa aparece nos radares caindo, e com potencial de dizimar toda a vida no planeta, mais destrutivo do que o meteoro que liquidou com os dinossauros a bilhões de anos. Porém, devido a seu currículo, ele e sua família são escolhidos pelo governo dos Estados Unidos a ser acolhido em um abrigo, apenas disponibilizado para pessoas que no futuro serão essenciais para a reconstrução da Terra.
Só que ao se encaminharem para o abrigo, o garoto Nathan, que é diabético, perde o kit de insulina, e John se separa do filho e da mulher para tentar recuperar o remédio. E então começam os desencontros – como possui uma doença, Nathan não se enquadra na nova ordem que será construída no futuro, e ele e Allison acabam não sendo aceitos. E a família passa a correr contra o tempo para se reunir de novo e achar um novo abrigo, que fica exatamente na Groenlândia – o nome original do filme.
Butler é um ator talhado para protagonizar filmes de ação e aqui mais uma vez não decepciona – e não falta uma cena de socos, pois a força bruta é uma de suas marcas registradas. E ele sempre é o homem de família, amoroso.
“Destruição Final: O Último Refúgio” tem ainda ótimas cenas de destruição e suspense. Claro que sabemos que a família vai escapar da tragédia, mas o final é surpreendente e quase, quase diferente do convencional.
Cotação: bom
Duração: 119 min
Chico Izidro

“Convenção das Bruxas” (Roald Dahl’s The Witches)

Baseado no livro infantil “The Witches”, de Roald Dahl, “Convenção das Bruxas” (Roald Dahl’s The Witches), dirigido por Robert Zemeckis, vale a pena pelos efeitos especiais. Mas o diretor de “De Volta Para o Futuro” parece ter perdido a mão. A comédia é um remake do filme dos anos 1990, que tinha como protagonista Anjelica Huston e com direção de Nicholas Roeg. E se passava na Inglaterra.
Agora a trama narrada por Chris Rock, ocorre nos Estados Unidos, no Alabama dos anos 1960 – e aí a coisa já começa a degringolar, pois o estado era um dos mais racistas da nação norte-americana. Explico daqui a pouco. O jovem Hero Boy (Jahzir Bruno) perdeu os pais em um acidente de automóvel e foi acolhido pela avó vivida por Octavia Spencer. E ela pressente estarem sendo observados por bruxas e decidem se esconder em um hotel de luxo – e estamos no sul dos Estados Unidos, anos 1960, e eles são aceitos no local sem nenhum problema. Mas eles são negros!!! Naquela época isso era impossível de ocorrer. Mas estamos numa obra de ficção.
Bom, no hotel o garoto acaba descobrindo que ele e a avó foram parar bem no meio do furacão, pois as bruxas, lideradas por uma interpretada por Anne Hathaway (os personagens não são nomeados), estão fazendo uma convenção, onde pretendem colocar em ação um plano de transformar todas as crianças do mundo em ratos. E Hero Boy acaba sendo transformado com outras crianças em ratos, mas tentam evitar que o plano tenha sucesso no resto do mundo.
O filme não traz grandes novidades, apenas se destacando por ter um visual mais elaborado do que o original, claro, devido a evolução da tecnologia nestes 30 anos. E também, apesar de subverter a história, trazer protagonistas negros, que no entanto desconhecem o racismo. A elogiar a narração repleta de ironia de Chris Rock e as atuações de Octavia Spencer e Anne Hathaway. Porém é um filme para crianças. Adultos devem passar longe.
Cotação: regular
Duração: 106 min
Chico Izidro

domingo, novembro 22, 2020

“Enquanto Estivermos Juntos” (I Still Believe)

Sempre tento fugir de filmes com temática religiosa, pois os considero apelativos e exagerados. Mas decidi assistir a “Enquanto Estivermos Juntos” (I Still Believe), direção de Andrew Erwin e Jon Erwin, que fala sobre a vida real do cantor norte-americano de Rock cristão Jeremy Camp, seu começo de carreira e junto uma tragédia pessoal. O músico é interpretado por KJ Apa, do seriado Riverdale.
Camp é filho de um pastor, vivido no filme por Gary Sinise (do finado seriado CSI New York), e é um bom músico e aos 20 anos sai de sua cidadezinha para estudar numa universidade na Califórnia, onde conhece a jovem Melissa Henning (Britt Robertson, de O Domo), quase uma fanática religiosa. Os dois se apaixonam, e é quando surge a tragédia, pois a garota é acometida por um câncer agressivo, e passa a ter pouco tempo de vida, já que os tratamentos são ineficazes, e a metástase toma conta de seu corpo, Então Jerome decide casar com Melissa, mesmo que os dois tenham pouco mais de 20 anos. Sendo os dois religiosos, passam a acreditar que deus vai curá-la.
E dê-lhe drama com cenas de rezas coletivas, famílias de comercial de margarina. Todo mundo é bonzinho, compreensivo. Para pessoas religiosas, até pode funcionar. Mas aviso: rezar não adianta...em determinado momento, pai e filho conversam e o primeiro diz: “deus não me ouve, eu rezo, peço as coisas e não sou atendido”. Aviso para o músico: “olha aí, deus não existe, não tem como ele te ouvir”.
Cotação: ruim
Duração: 118min.
Chico Izidro

quarta-feira, novembro 18, 2020

“Bill e Ted: Encare a Música” (Bill & Ted: Face The Music)

“Bill & Ted - Uma Aventura Fantástica” é de 1989, e “Bill & Ted - Dois Loucos no Tempo” é de 1991, e mostram dois amigos idiotas que gostam de música viajando pelo tempo. Agora, quase 30 anos depois, chega a terceira parte, intitulado “Bill & Ted: Encare a Música” e trazendo novamente os astros Keanu Reeves e Alex Winter como os protagonistas. A direção é de Dean Parisot.
Desta vez os amigos já estão na meia idade, mas ainda são fracassados, sem nunca terem conseguido o sucesso musical que esperavam. Suas únicas fãs são suas filhas, Billie (Brigette Lundy-Paine) e Thea (Samara Weaving), igualmente abobalhadas. Então a dupla recebe a visita de uma viajante do futuro, dizendo que uma música que eles ainda vão compor será a chave para salvação da humanidade. Então os dois têm de embarcar numa jornada para recuperar a canção, ao mesmo tempo que suas filhas vão ao passado para ajudar na mesma missão e tentar ajudá-los.
Não é spoiler, mas sabe-se que no final sempre tudo dá certo, e a música que eles apresentam é uma grande porcaria. Se dependesse dela, que viesse logo um meteoro.
O humor do filme é ultrapassado, e é difícil assistir Keanu Reeves, intérprete de ícones como Neo ou John Wick viver o papel de um personagem beirando o retardado. Enfim, “Bill & Ted: Encare a Música” perdeu o trem da história. Defasado. Fuja.
Cotação: ruim
Duração: 95min
Chico Izidro

segunda-feira, novembro 16, 2020

“3º Andar – Terror na Rua Malasaña” (Malasaña)

A exemplo da cinesérie “Invocação do Mal”, que alega se basear em fatos reais, chega “3º Andar – Terror na Rua Malasaña” (Malasaña), direção de Albert Pintó, que garante sua obra também seguir acontecimentos registrados em Madri na primeira parte dos anos 1970. E o filme foi todo ele filmado no bairro de Malasaña, local de vários assassinatos e mistérios, principalmente na Calle Antonio Grillo, rua com mais mortes por metro quadrado da capital espanhola.
A história se passa em 1976, primeiro ano depois da morte do ditador Francisco Franco, e a Espanha ainda é um país pobre, mas começando a respirar novos ares. Então a família Olmedo, formada por Manolo e Candela, três filhos e o pai dele, Fermín, trocam sua pequena cidade no interior por Madri e conseguem comprar um apartamento gigantesco. Mal sabem eles que o local é “assombrado”. Ali, há três anos sua proprietária morreu solitária e em silêncio, mas seu fantasma segue na casa.
E então o diretor não tem o mínimo constrangimento em chupar cenas inteiras de “Poltergeist”, de “Invocação do Mal”, “Sobrenatural” e outras tramas de terror. Quem viu estes filmes vai lembrar de determinadas cenas. E “3º Andar – Terror na Rua Malasaña” carece de originalidade. Talvez o que se salve seja a ótima reconstituição de época, com figurinos, cortes de cabelo, sapatos. Tudo muito brega, bem ao estilo exagerado dos anos 1970. No mais, o longa não traz sustos e os momentos de suspense são previsíveis. Porém quem tem medo de escuro talvez se assuste e fique com medo de ficar em casa sozinho à noite.
Cotação: ruim
Duração: 105min
Chico Izidro