Baseado no romance homônimo de 2011 de Ferdinand von Schirach, “O Caso Collini” (The Collini Case), mostra como o nazismo ainda é um pesadelo para a sociedade alemã, além de criticar a velha história que os criminosos usavam como desculpa para tentar não serem responsabilizados por seus crimes: “ah, eu apenas seguia ordens”. Balela.
Com direção de Marco Kreuzpaintner, é um filme de tribunal, mostrando o jovem advogado de descendência turca Caspar Leinen (Elyas M'Barek), que recebe a incumbência de tentar defender o italiano Fabrizio Collini (Franco Nero), que vivia na Alemanha há 30 anos, e num dia matou o respeitado industrial Hans Meyer (Manfred Zapatka) em Berlim. O homem se mantém em silêncio e dificulta sua defesa, não explicando o por que de ter cometido o assassinato.
Caspar, então decide investigar o crime e o passado de vítima e réu, deparando com eventos ocorridos na II Guerra Mundial numa Itália ocupada pelas forças de Hitler. Mas ao tentar trazer isso para o julgamento, vai verificando como o regime ditatorial que vigorou na Alemanha entre 1933 e 1945 ainda assombrava – o filme se passa entre 2001 e 2002, quando as pessoas que nasceram nos anos 1930 se encontravam com cerca de sessenta anos.
E não bastasse isso, Caspar, filho de imigrantes pobres turcos, pode estudar e se formar pois foi praticamente adotado pelo industrial assassinado, a quem agora ele tem de defender o criminoso. E isso pesa e muito. A sua ex-namorada, neta de Hans Meyer, chega a jogar na sua cara, de forma racista, quando ele faz conexão entre os nazistas e o padrinho: “não fosse por ele você estaria hoje vendendo kebab no meio da rua”...
É um filme forte, pesado, e que deixa bem claro como aquele regime vil marcou e marca diversas gerações de uma sociedade que quase sempre primou pela cultura e sabedoria, mas que viveu 12 anos nas sombras.
Cotação: ótimo
Duração: 123 min
Chico Izidro
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