Thursday, March 29, 2007

300 de Esparta





Esparta! O grito do rei Leônidas (Gerald Butler) não só incentiva os seus guerreiros, mas também o espectador, num impactante filme de batalha: Os 300 de Esparta, de Zack Snyder (Madrugada dos Mortos), baseado na história em quadrinhos do genial Frank Miller (Batman Ano Zero), que por sua vez recontou a sangrenta guerra de Termópilas entre gregos e persas em 480 a.C.A cidade de Esparta é defendida por apenas 300 homens contra um exército de quase um milhão de homens, comandada pelo principe-deus Xerxes (Rodrigo Santoro, que com efeitos especiais aparece com 3 metros de altura e dublado, para ter a voz de um trovão). Um filme que deve ser "degustado" como uma história em quadrinhos, com predominância das cores sépia e vermelha. A atuação dos atores é muito boa, mas o que impressiona são as cenas, até extremamente exageradas, com muitas mortes, membros decepados, sangue jorrando. Porém nada que incomode. Não estranhe se você quiser assistir o filme uma segunda vez.

A Pele





Como foi boa a separação de Nicole Kidman de Tom Cruise. Ficou mais linda, fez excelentes filmes, alguns escorregões, com certeza, mas nada que prejudique, pelo contrário. Em A Pele, de Steve Shainberg, ela vive a fotógrafa americana Diane Arbus. A profissional se tornou conhecida por fazer fotos de pessoas que viviam à margem da sociedade por terem deformidades, por serem homossexuais, por serem diferentes. O diretor Shainberg teve uma boa sacada por mostrar, de forma ficcional, como Diane Arbus começou a trabalhar na área ao conhecer o artista circense Lionel (Robert Downey Jr., em atuação simples e que teve seu melhor momento em Chaplin na década passada). Ele tem uma doença que o deixa com o corpo todo coberto por pelos, quase um lobisomem. Os dois criam uma amizade e ele mostra para a fotógrafa, que vivia entediada com o marido fotógrafo e as duas filhas e passa a conhecer um novo mundo, a ter uma nova visão. Belo filme.

Número 23





Apesar do esforço e da boa atuação de Jim Carrey (O Máscara, Ace Ventura e Brilho Eterno), o filme Número 23 não decola. O diretor Joel Schumacher não consegue se decidir entre suspense, terror...fica no meio do caminho, enquanto que o espectador fica esperando tomar um susto, ver sangue...mas nada acontece na história do "homem da carrocinha" que ganha um livro de presente da esposa (Virginia Madsen, de Brincando com Fogo, Duna e Firewall) chamado Número 23, uma história de obsessão. Ele lê o livro freneticamente, encontrando pontos em comum com a sua vida. E dê-lhe espectativa...o filme ainda tem a cara de pau de utilizar a tradicional pegadinha by Shyamalan (A Vila e Sexto Sentido).
Direto do Canadá - Lu Lauffer
Número 23
Em mais um filme em que o comediante Jim Carrey encara um papel sério, ele consegue dar vida ao personagem obcecado com o número 23. Inicialmente um homem pacato e pai de família, Walter Sparrow vê sua vida modificada a partir do momento que sua esposa (vivido por Virginia Madsen) lhe dá um livro em que ocorrem várias coincidências em torno do número 23. A trama até poderia ser boa, já que Carrey convence em sua séria atuação. Mas há algo na trama que não envolve o público. E, ao final, depois de quase duas horas, a gente fica se perguntando o que foi que aconteceu. Esse não foi o primeiro equívoco do diretor Joel Schumacher, que parece repetir a falta de coerência ocorrida com Phone Booth. Famoso por filmes como Veronica Guerin, Batman Forever e The Client, infelizmente Schumacher erra a mão com o roteiro.

Deu a Louca em Hollywood





Uma das piores comédias de todos os tempos. A começar pelo título "Deu a Louca em Hollywood", de Jason Friedberg e Aaron Seltzer. Bebendo na fonte das comédias que satirizam as produções cinemaográficas, o filme conta a história de 4 gêmeos que recebem a missão de salvar a terra de Gnárnia - é isso mesmo, Gnárnia...e dê-lhe piadas constrangedoras de Piratas do Caribe, A Fantástica Fábrica de Chocolates, 007, entre outros...lamentável.

NORBIT





Eddie Murphy teve excepcional atuação no musical Dreamgirls e até concorreu ao Oscar de melhor ator coadjuvante - bem que concorrer a este prêmio não diz nada para mim. Porém aí ele teve chance de recuperar a fama de quando protagonizou bons filmes como 48 horas e Um Tira da Pesada. Mas de anos e não digo de uns, mas vários, o ator só fez tropeçar com bobagens como Dr. Dollitle, A creche do Papai e por aí vai. Única exceção para Os Safados, que protagonizou ao lado de Steve Martin, outro que se perdeu no caminho. Bom, tudo isso para falar do mais recente filme de Murphy, Norbit (de Brian Robbins). Simplesmente terrível. Norbit, o próprio Murphy é um "errado" na vida, que solitário e órfão, casa com uma terrível mulher, que ainda por cima pesa mais de 150 quilos, Rasputia (de novo Murphy)...e a família da moça é formada por marginais que dominam uma cidadezinha do interior americano. Bom, lá pelas tantas, depois de tanto sofrimento, Norbit reencontra uma velha paixão de infância, porém como ganhar a moça, se é casado e ainda sofre ameaças de morte da família da esposa e é um desajeitado, verdadeiro looser, míope, tímido e feio? Uma bobagem incomensurável, cheia de piadas rasteiras e escatológicas com gordos, negros, judeus e com Murphy interpretando outros personagens, além dos dois principais da trama. Passe essa.

Thursday, March 15, 2007

MARIA ANTONIETA





Sofia Coppola quase arruinou com O Poderoso Chefão III ao interpretar um dos personagens principais da trama. Porém ela decidiu passar para trás das câmeras e se mostrou uma afinada diretora - também, com o pai como mestre!!! Virgens Suicidas foi o seu cartão de apresentação, Encontros e Desencontros a fez entrar pela porta da frente na maioridade. E com Maria Antonieta, Sofia coloca seu nome na parede. Ela é sensível e original ao mostrar com muita graça e humor e a vida tediosa da rainha da França Maria Antonieta, que "perdeu a cabeça" durante a Revolução Francesa.
Kirsten Dusten, revelada em Entrevista com o Vampiro e que já havia trabalhado com Sofia Coppola em Virgens Suicídas e conhecida como a paixão do Homem-Aranha, tem atuação para tirar o chapéu. Na pele da rainha, nascida na Áustria e prometida para o futuro rei da França, Luis XVI, para selar a união entre os dois países, Dusten transmite toda a desilução, desespero e solidão da, talvez, mulher mais odiada de seu tempo. O filme é lento, devagar quase parando. Mas tente se transportar...A vida era assim, chata, os dias longos e na corte, como diz em certa parte do filme a rainha: "Isto é ridículo". Sofia Coppola, no entanto, poderia ter sido um pouco didática para aqueles que não conhecem história e que podem se perder ao longo do filme. Só que ela acerta em determinadas cenas, ao colocar músicas pop na ação, sendo que elas não ficam deslocadas e não desvirtuam um "filme de época" como se dizia há um tempo. Os roquezinhos, afinal, revelam o lado infanto-juvenil daqueles jovens que eram obrigados a governar um país, sem ter a mínima noção de como fazê-lo. E por favor: não vão reclamar de que contei ter sido Maria Antonieta guilhotinada no final! Tem leitor que já reclamou de eu ter contado de o Titanic ter afundado, de Anne Franck e Sophie Scholl mortas pelos nazista e que a Princesa Diana ter perecido em acidente automobilístico....

Notas sobre um escândalo





Baseado em romance homônimo da jornalista inglesa Zöe Heller, Notas sobre um Escândalo (de Richard Eyre) trata de repressão sexual, amor platônico e vá lá, pedofilia. A excelente Judi Dench é Barbara, uma professora de história de uma escola pública londrina. Sua vidinha besta e medíocre é relatada em um diário, aonde ela aproveita para realizar comentários ácidos sobre os colegas. Até que a sua vida muda com o aparecimento de uma nova colega, a professora de artes Sheba (Cate Blantchett, de Babel). Barbara é homossexual não-assumida e nutre uma paixão por Sheba, que por sua vez, apesar de casada e com dois filhos, um com síndrome de Down, se envolve com um aluno de 15 anos, Steven Connolly (Andrew Simpson). Quando Barbara descobre, joga tudo no ventilador, destruindo a sua vida, a de Sheba e da familia dela. Uma história atual e instigante e que deixa uma dúvida: é pedofília uma mulher de 30 e poucos anos se relacionar com um adolescente, quando claramente ele é que seduz o adulto e não o contrário???

A RAINHA









Uma das semanas mais conturbadas na vida da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra. Este é o "gancho" da A Rainha, do veterano Stephen Frears e com a oscarizada Hellen Mirren no papel-título. Quando da morte da princesa Diana em 1997, a Rainha Elizabeth II até ficou aliviada, pois não gostava mesmo da professorinha plebéia que casara com seu filho Charles num suntuoso matrimônio em 1981. A família real se preocupou mais em ir caçar do que aparecer para o público britânico, apaixonado por sua princesa - a esta altura já separada de Charles e namorando com o muçulmano (heresia) Dodi Al-Fayed, também morto no acidente automobilístico em Paris.
O filme mostra o trabalho do então recém empossado primeiro-ministro Tony Blair (note uma cena em que ele aparece com a camisa de um dos times mais populares do país, o Newcastle United, do nordeste) e sua equipe de fazer com que a rainha repensasse sua posição e sua antipatia por Diana, sob a pena de ver a monarquia ser posta em dúvida. Hellen Mirren nos passa a impressão de estarmos realmente vendo a rainha inglesa em carne e osso, inclusive com sua indefectível bolsinha tiracolo - por que raios a rainha não larga aquele acessório??
Frears (Os Imorais e Minha Adorável Lavanderia) ainda consegue a proeza de "embelezar" alguns personagens, que na vida real são muitos feios.

Letra & Música





Hugh Grant é pop...Drew Barrymore é pop. Afinal, participaram de filmes que marcaram a vida de muita gente e juntos, mostraram ter um grande carisma, levando uma comédia romântica bobinha às alturas. Grant é protagonista do ótimo 4 Casamentos e Um Funeral e sempre está na mídia, seja envolvido com a deusa Elizabeth Hurley, seja com a prostituta Divine Brown. E Drew Barrymore esteve em ET. Quer mais? Bem, ela também participou de outro filme que lembrava os anos 1980: The Wedding Singer ou Afinado no Amor.
Em Letra & Música, Drew é Sophie Fischer, uma garota com pendores literários, mas bloqueada amorosamente e que anda sobrevivendo ajudando na loja de maquiagens da irmã (Kristen Johnston, um dos ets da finada série Third rock from the sun). Ela vai ajudar o ex-astro da fictícia band new wave Pop, Alex Fletcher (Grant) a ressurgir das cinzas. Sophie se mostra excelente letrista e se encanta com o ex-rock star, que no entanto, está mais em busca da fama perdida do que se envolver romanticamente. Trilha sonora ok, que faz os trintões e quarentões sair do cinema e buscar aqueles disquinhos empoeirados que embalaram suas adolescências.

Manhatan




O ano é 1979 e Woody Allen é Isaac Davis, 42 anos, namorado de Tracy (Mariel Hemingway), garota de apenas 17 anos. O mundo era mesmo outro naquele penúltimo ano da década de 1970. Hoje, Allen seria acusado de pedofilia, aliás, como a vida kimita a arte...em 1992, ele protagonizou escândalo ao assumir um romance com sua enteada, a asiática Soon-yi, de...16 anos.
Em Manhatan, Allen mostra a beleza da ilha nova-iorquina, em preto e branco, e ainda sem as chatas de Sex and the City. Escritor frustrado, roteirista de tevê chateado, Isaac procura o amor de sua vida, sofre por sua mulher Jill (Meryl Streep, belíssima) tê-lo trocado por outra mulher e ainda a vê escrever um livro sobre o casamento frustrado dos dois.
Namora por um período Mary Wilke (Diane Keaton, então esposa de Woody Allen), amante de seu melhor amigo. E solta uma frase inesquecível: "estou saindo com uma garota que ainda faz tema de casa". O melhor está, porém, no final, quando recebe uma lição de vida da adolescente Mariel Hemingway: "você precisa começar a acreditar nas pessoas". Então ele olha para a câmera, close e...fecham-se as cortinas. E temos vontade de ver o filme de novo.

Turistas








Assistir Turistas (Turistas, de John Stockwell) é já entrar no cinema com um pé atrás, depois de tanta propaganda negativa. Afinal, esculacha até não poder mais o Brasil, seu povo hospitaleiro, amante de festas, mulheres bonitas e bebidas. Só que ao mesmo tempo traiçoeiro para os estrangeiros. Então nada mais justo de que um médico batizado pelo hispânico nome de Zamora (o ator global Miguel Lunardi) seqüestre jovens americanos e europeus, roube seus órgãos e os doe para hospitais públicos do Rio de Janeiro. Absurdo? Sim e não.
Bem, não existe por aí contrabando de órgãos humanos??? O filme é trash até a medula, com gente correndo pela floresta tropical...no litoral carioca, fugindo de um índio armado até os dentes! E tudo movido a muita música de Marcelo D-2.
É tanto clichê, que de tão ruim fica bom e dá para se segurar na poltrona em algumas cenas de perseguição. O espectacdor fica naquela: quem vai sobreviver, quem vai morrer? Suspense já visto em Sexta-Feira 13, A hora do Pesadelo, Halloween e saindo dos States, O Albergue, aonde turistas americanos são executados à sangue-frio na Eslováquia. Só muda o local. Mas o mundo não é mesmo perigoso?

1972




Bela reconstituição de época em 1972 (de José Emílio Rondeau ). O filme trata sobre aquele ano na vida de dois jovens cariocas, um o suburbano Snoopy (Rafael Rocha), que sonha em ser um astro da música internacional com sua banda, a Vide Bula. E com a bela Júlia (Dandara Guerra), querendo ser jornalista musical, num país que aos poucos ia se abrindo para o rock'n'roll, mas via este estilo musical como subversivo e feito por jovens alienados e maconheiros. Um risco para a conservadora sociedade brasileira daqueles dias.
O roteiro tem a mão da jornalista Ana Maria Bahiana, que viu nascer a revista Rolling Stone (hoje em nova versão nas bancas brazucas) e que lançou no an o passado o Almanaque Anos 1970. O filme é belo, melancólico, mas não triste, porém sofre um pouco com a atuação quase teatral de seus atores principais. Eles passam a impressão de ter feito uma decoreba e recitar para os espectadores frases e palavras do período, sem muita emoção. Mesmo assim, vale a pena curtir 1972, que tem uma boa trilha sonora. E destaque para o veterano Tony Tornado, um dos símbolos culturais da década e que este ano completará 77 anos!

Thursday, March 01, 2007

Motoqueiro Fantasma





Filmes baseados em histórias em quadrinhos costumam, geralmente, só agradar ou desagradar fãs do gênero. Quem não gosta de HQ torce os lábios e dificilmente põe os pés no cinema. Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, de Mark Steven Johnson) não foge à regra e ainda tem mais mais um fator desfavorável: o personagem não é tão conhecido do público brasileiro. O jeito é fazer como Nicolas Cage (Adaptação e Código de Guerra): entrar no clima e levar na boa, sem maiores espectativas.
Um motoqueiro de circo, Johnny Blaze (Cage) vende a alma para o diabo (Peter Fonda) para salvar a vida do pai. Anos depois, o diabo volta para cobrar a dívida, envolvendo Blaze com quatro outros demônios, que buscam dominar o mundo das trevas! História simples, efeitos especiais ótimos e Eva Mendes (de Por Um Triz) deslumbrante. Já as legendas deixam muito a desejar - numa das cenas, o Motoqueiro grita ihaaaaaaaaaaa e nas letrinhas sai "segura peão"...de doer! Como sessão da tarde, com pipoca e Coca-Cola vai legal.