domingo, outubro 29, 2006

Clássico - Cortina Rasgada


Eu poderia ser previsível ao extremo em escrever sobre Alfred Hitchcock e analisar um de seus filmes mais conhecidos. O prolífico cineasta, nascido em 1899 e morto em 1980, deixou dezenas de obras, entre as quais as mais famosas do público brasileiro Os Pássaros, Ladrão de Casaca, Psicose, Janela Indiscreta, Um Corpo que Cai e Disque M para Matar. Porém para mim o melhor filme do cineasta inglês foi o político e direitista Cortina Rasgada, de 1966.
Hitchcock marcou, também, por suas pegadinhas com o público. Ele costumava aparecer de surpresa em alguma cena de seus filmes e o espectador tinha de descobrir quando ele faria a sua aparição. Às vezes surgia somente a sua gorda silueta, outras Hitchcock estava sentado em algum banco ou lendo um jornal. Era algo muito divertido e que M. Night Shyamalan tenta imitar, sem conseguir o mínimo do charme de um dos grandes gênios do cinema. Além disso, Hitchcock costumava se apaixonar, platonicamente, por suas atrizes, sempre loiras fa ntásticas, como Grace Kelly, Kim Novak e Janet Leigh.
Em Cortina Rasgada (Turn Curtain), Paul Newman é o cientista Michael Armstrong, que cooptado pelo serviço secreto britânico, tem de se infiltrar na comunista Berlim Oriental e descobrir a fórmula secreta de um projeto que pode mudar o destino da Guerra Fria. Porém para entrar na Alemanha Oriental, ele tem de se passar por desertor.
Só que não contava com a noiva Sarah Sherman, interpretada por Julie Andrews (a atriz principal de A Noviça Rebelde e sósia de uma amiga minha, a jornalista Karla Spotorno, hoje trabalhando na revista Exame, em São Paulo). A mulher é um grude e vai atrás do noivo, atrapalhando o plano do cientista, que além de tentar obter a tal fórmula, tem de cuidar da noiva, para qual Michael tem de revelar o propósito de sua "deserção."
Cortina Rasgada deixa o espectador tenso durante os seus quase 130 minutos de duração. Uma das melhores cenas é a do ônibus falso, onde o cientista e Sarah tentam fugir e que acaba escoltado pela polícia, que não suspeita de nada, até que há poucos metros surge o ônibus oficial, para desespero dos passageiros do similar. Ou a cena da ópera, em que uma dançarina reconhece Michael e Sarah entre os espectadores e os denuncia à polícia secreta - a Stasi.
O filme teve uma de suas principais cenas censuradas no Brasil durante anos. É quando dois policiais são assassinados na cozinha de uma casa na região rural de Berlim por Michael e um outro espião ocidental. A cena foi considerada muito forte para a época - em plena ditadura militar no Brasil.

Nenhum comentário:

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...