Saturday, September 15, 2012

"O Gato do Rabino"

Primeiramente essa animação francesa não é para crianças e muito menos adolescentes. Que o considerarão tedioso. "O Gato do Rabino", de Joann Sfar, é pura filosofia, tratando de religião, sionismo e racismo.

Passados em meados dos anos 1930 em Argel, na Argélia, então colônia francesa, um gato devora um papagaio e começa a falar sem parar, expondo as suas ideias e sentimentos para o rabino e a filha dele. A bela Zlabya é objeto de adoração do bichano e o rabino Sfar (note bem, o mesmo nome da diretora), não concorda com a aproximação dos dois, decidindo por afastá-los. Para não ficar longe de sua musa, o gato pede para converter-se ao judaísmo, o que é visto como uma afronta. Em certo momento, porém, ao se ver numa encruzilhada, o rabino terá de ceder aos apelos do gato.

No decorrer do longa, os dois irão promover ainda uma jornada pela África colonial, em busca de uma tribo de judeus negros, os etíopes falachas, que então acreditava-se serem uma lenda. "O Gato do Rabino" é fascinante, hipnotizante e os desenhos não são um primor, mas isto não importa. São feitos de traços simples, mas detalhados. Pois o que conta aqui é o roteiro, forte, por vezes engraçado. E note a homenagem de Joann Sfar a um personagem célebre dos quadrinhos, que surge em certo momento na jornada do rabino e seu gato no meio da selva, o repórter Tin-Tin, do belga Hergé, e que tinha uma forte influência colonialista.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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