terça-feira, dezembro 27, 2011
Missão Impossível - Protocolo Fantasma
Missão Impossível - Protocolo Fantasma, de Brad Bird, é o melhor filme de toda a série de espionagem baseada no seriado dos anos 1970. Mesmo que Tom Cruise, como o agente Ethan Hunt continue correndo para lá e para cá, alucinadamente. Desta vez, sua trupe, que inclui a belíssima Paula Patton (a professora de Preciosa), é acusada de explodir o Kremlin, passando a ser perseguida por um incansável agente russo. Ao mesmo tempo, os agentes têm de encontrar o verdadeiro culpado, um cientista maluco que pretende provocar uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia.
O roteiro é bem costurado, mesmo deixando escapar alguns furos e umas facilidades de logística para os mocinhos. Numa cena, Cruise escapa de um hospital em Moscou, fica apenas de calça pelas ruas, e pelo caminho vai roubando roupas que cabem exatamente nele. As cenas são tão vertiginosas - a de Hunt pendurado no maior prédio do mundo, em Dubai, é de deixar qualquer um enjoado. Além de Dubai, onde vale a pena destacar também a cena da tempestade de areia, Missão Impossível - Protocolo Fantasma faz uma tour pela Rússia e pela Índia. E sim, Cruise pode fazer as loucuras mais acrobáticas e desta vez o herói sai machucado e bem machucado.
Missão Impossível - Protocolo Fantasma - aliás, o Protocolo Fantasma significa que o grupo de espiões entra numa missão e se for descoberto, o governo não reconhecerá a existência deles - lembra muito as aventuras de 007, por causa do turismo por vários países e a bela cena de abertura.
Cotação: bom
Chico Izidro
E aí Hendrix
O americano Jimmy Hendrix morreu aos 27 anos, a idade-tabu para os ídolos roqueiros, vide Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain, Brian Jones e vá lá, Amy Winehouse. E passados 40 anos de sua morte, ele é até hoje considerado o maior guitarrista de todos os tempos. Mais do que Eric Clapton, Jeff Beck, Keith Richards, B.B. King e por aí vai.
No documentário brazuza E aí Hendrix, os cineastas Pedro Paulo Carneiro e Roberto Lamounier relembram o período em que o guitarrista despontou para o mundo. E isso ocorreu quando ele saiu dos Estados Unidos e foi para o outro lado do oceano, na efervescente Londres de 1966. O filme é feito por fãs entusiastas, que introduziram imagens inéditas de shows nas enfumaçadas e lotadas casas roqueiras londrinas. Tem até o famoso show em que Hendrix tocou, apenas uma semana após chegar às lojas a lisérgica Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. Não esqueça que a música era de difícil execução ao vivo - tanto que os Fabulous Four nunca a executaram ao vivo, mesmo porque quando do lançamento do disco, eles já não faziam mais shows. E eram os anos 1960, ou seja, as músicas não vazavam na mídia como hoje.
O documentário ainda conta com depoimentos de Robertinho do Recife, Pepeu Gomes e Frejat, que tornaram-se guitarristas por causa de Hendrix e mostram conhecer a fundo a vida do criador de Hey Joe e Are You Experienced? Carneiro e Lamounier também encontraram amigos de Hendrix, que com ele dividiram as mulheres, drogase muita festa. O que derruba E aí Hendrix
é a presença alienígena da baiana Pitty. Ela é colocada como repórter e cicerone, mostrando total desconhecimento do que, por diabos, quem foi Hendrix e o que ela faz ali...
Cotação: regular
Chico Izidro
Roubo nas Alturas
O cinema americano é rápido em levar às telas momentos marcantes de sua história, sejam para o bem ou o mal. Já escrevi isso em outras oportunidades, mas não me canso de repetir. A última onda, agora, é a crise financeira de 2008, que levou os States à beira do caos. Os filmes têm buscado o lado dramático do evento. Só que em Roubo nas Alturas, de Brett Ratner, é dado espaço para a comédia, mas não a escrachada. Ela beira ao humor negro, apesar de contar com Eddie Murphy, que nos últimos tempos vinha naufragando terrivelmente, e Ben Stiller, rei das comédias abiloladas.
Stiller é Josh Kovacs, o gerente de um prédio residencial em Nova Iorque habitado pelos maiores ricaços da cidade, inclusive o financista Arthur Shaw (Alan Alda). Kovacs aplica o dinheiro dele e de seus colegas num fundo de pensão coordenado por Shaw. E o que acontece? Da noite para o dia a grana desaparece. E todos ficam sem eira nem beira. Alda é uma espécie de Bernard Madoff, o cara que aplicou um dos maiores golpes financeiros da história, e que hoje mofa na prisão. Seu personagem é de um mau-caratismo exemplar. Para tentar recuperar seu dinheiro e o dos colegas, Josh e alguns amigos pedem a ajuda de Slide (Murphy, hilário no papel de um ladrão de parabólicas). Eles tentarão invadir o apartamento do vigarista e arrombar o cofre, onde acreditam estar escondidos 25 milhões de dólares.
A cena em que Slide ensina os projetos de ladrões a roubar algumas lojas de um shopping já pode fazer parte do compêndio humorístico. Assim como a parte em que os caras tentam levar uma Ferrari de um andar ao outro no edifício.
Roubo nas Alturas também resgata Téa Leoni, mulher de David Duchovny, aqui no papel de uma agente do FBI, e que fez relativo sucesso nos anos 1990.
Cotação: bom
Chico Izidro
segunda-feira, dezembro 12, 2011
Os Muppets
Para começar, Os Muppets têm uma conotação saudosista e faz parte da memória afetiva para as pessoas com mais de 30 anos de idade. E é disso do que trata o filme dirigido por James Bobin, e escrito por Jason Segel (do seriado How I Meet Your Mother), Jim Henson (filho do criador dos bonecos) e Nicholas Stoller. A história tenta resgatar para as gerações mais jovens aqueles bonecos que embalaram as manhãs de sábado no final dos anos 1970 até a metade da década seguinte na televisão, no aclamado The Muppets Show, que sempre tinha um convidado especial, ou seja, atores ou músicos de sucesso naquele período.
No filme, a trupe, outrora ídolos, agora estão esquecidos e dispersos pelo mundo. E o seu teatro pronto para ser destruído por um magnata, Tex Richman (Cris Cooper), que acredita haver petróleo no local. Gary (Segal), sua noiva Mary (a linda Amy Adams, de Encantada) e Walter, que é um boneco, mas também irmão de Gary e fã da série, vão tentar ajudar o sapo Kermit (ex-Caco) a reunir os ex-colegas para fazer um show, arrecadar 10 milhões de dólares e salvar o templo dos Muppets (que é uma das palavras marionetes e fantoches).
Aí voltam à cena personagens como o urso Fozzie, o baterista Animal, o narigudo Gonzo, o cozinheiro sueco, e claro, a diva Mrs. Piggy, amor eterno de Kermit, e que agora é editora da revista Vogue em Paris. Claro que é uma gozação com o papel de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada, tanto que Emily Blunt repete seu personagem daquele filme. Além de Blunt, Os Muppets tem participações especiais de David Grohl, o líder do Foo Fighter, Jack Black, Alan Arkin, de Pequena Miss Sunshine, Rashida Jones, de Parks e Recreations, e até o veteraníssimo Mickey Rooney, com seus 90 anos de idade. O filme é leve, as piadas simples e inocentes, assim como era o seriado. Mas pode irritar aquelas pessoas que não estão acostumadas com os musicais, pois há cada cinco minutos algum personagem sai a cantar e dançar.
O melhor está no final, quando todo o elenco canta a clássica Manamaná-manamaná...de fazer voltar no tempo!
Cotação: bom
Chico Izidro
A Chave de Sarah
O colaboracionismo é uma chaga que ainda incomoda os franceses, mesmo tendo passado mais de sessenta décadas do final da II Guerra Mundial. Os nazistas não tiveram muito trabalho no país invadido, pois muitos franceses, principalmente os policiais e o infâme Governo de Vichy trataram de oprimir os seus cidadãos e mandar os judeus para os campos da morte. Em A Chave de Sarah, direção de Gilles Paquet-Brenner, mais uma vez o cinema da França traz o tema à tona. Neste ano já foi lançado Amor e Ódio, de Roselyne Bosch, e também o documentário A Tristeza e a Piedade, clássico de mais de cinco horas de Marcel Ophüls.
A Chave de Sarah mostra a investigação da jornalista Julia (Kristin Scott-Thomas, excelente atriz inglesa radicada no outro lado do Canal da Mancha) para tentar descobrir o que houve com a família de judeus que morava no apartamento em que ela e o marido irão ocupar em Paris. Julia se surpreende pelos pais e avós do marido, que também habitaram o local silenciarem sobre os antigos moradores. O que também choca a jornalista é por seus colegas de redação mostrarem total ignorância sobre o colaboracionismo de seus antepassados com os alemães.
A história é fragmentada, com idas e vindas no tempo. Vemos a investigação de Julia e repentinamente estamos em 1942, quando da expulsão dos judeus de suas casas e do destino aos campos de extermínio. A chave do título refere-se ao objeto que a pequena Sarah (muito bem interpretada na fase criança pela cativante Mélusine Mayance) guardou por toda a vida, traumatizada por um fato referente ao irmão menor, escondido num dos cômodos do apartamento, quando a polícia chegou para levar os seus parentes para o destino desconhecido.
Kristin Scott-Thomas mais uma vez dá um show de interpretação. E se a história parece já ter sido vista outras vezes, ela se faz necessária, para que estes incidentes nunca voltem a ocorrer.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
Se Não Nós, Quem?
Atualmente, os jovens alemães, em sua grande maioria, não carregam mais aquela culpa adivinda dos crimes praticados por seus antepassados na II Guerra Mundial. Mas nem sempre foi assim. Entre os anos 1950 e 90, a culpa era enorme. Uma boa parte da juventude do período acabou ingressando nas fileiras esquerdistas para tentar esquecer o passado. Esse fato é bem analisado em Se Não Nós, Quem?, direção de Andres Veiel.
Nele, o jovem Bernward Vesper (August Diehl) vive sob a sombra do rígido pai, um emérito escritor nazista, vivido por Thomas Thieme (o Goebbels, de A Queda). Na faculdade, ele conhece e se apaixona por Gudrun Ensslin (Lena Lauzemis), filha de um ex-soldado da Wehrmacht, o exército alemão. Os dois viverão os percalços e incongruências da época, tentando esquecer a guerra, ao mesmo tempo que tentam deixar viva as memórias do 3º Reich, para que ele não se repetisse.
E por fim, o casal vai acabar ingressando na luta armada de esquerda. Um personagem até ironiza em certo momento a incoerência dos esquerdistas, que vivendo na capitalista Berlim Oriental, pregavam o comunismo. "Se vocês gostam tanto do comunismo, por que não se mudam pro outro lado do muro?", dispara. Se Não Nós, Quem? que acaba fazendo um gancho com o ótimo O Grupo Baader-Meinhof, de Uli Edel, é baseado na vida do editor e escritor alemão Bernward Vesper, que suicidou-se em 1971, em Hamburgo. A ressaltar, ainda, a excelente reconstituição de época, intercalada com imagens em preto e branco de noticiários daqueles períodos turbulentos, que acabaram transformando uma destruída e desunida Alemanha num dos países mais democráticos e mais sucedidos economicamente do mundo.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
O Garoto de Bicicleta
A orfandade não é nada agradável. Ainda mais se sabendo que seu pai está vivo, mas não quer saber de você. Em O Garoto de Bicicleta, direção dos irmãos Jean Pierre e Luc Dardenne, o pequeno Cyril (Thomas Doret) apega-se a cabelereira Samantha (Cécile de France) e sua bicicleta para sentir pertencer ao mundo. Com a morte da mãe, Cyril é colocado num orfanato pelo pai, Guy (Jérémie Renier, praticamente repetindo seu personagem irresponsável de A Criança). O menino, então, meio que é adotado por Samantha.
O problema é ser ele muito rebelde e por vezes violento. Cyril só sente-se livre e calmo quando vagueia pelas ruas da pequena cidadezinha quando pedala seu objeto de adoração. E a bicicleta é tão importante para o menino, que até os garotos maiores passam a admirá-lo, quando vêm como ele briga de corpo e alma para não ter o veículo roubado.
Cécile de France interpreta um personagem emblemático. Afinal, qual pessoa, em sã consciência, aceitaria cuidar de uma criança rebelde, problemática, violenta, e com quem não tem nenhum laço de sangue, inclusive abrindo mão da vida pessoal? Thomas Doret também tem uma atuação excepcional, fazendo um belo par com sua "mãe adotiva". E tem-se a impressão de que ele viveu mesmo aqueles momentos traumatizantes.
O Garoto de Bicicleta é um daqueles típicos filmes franceses onde os diálogos são inteligentes e as cenas longas e lentas são dominantes. Repare na paradisíaca cena do pic-nic entre Samantha e Cyril, quando os dois pedalam ao largo de um rio e depois sentam-se na grama para comer um singelo sanduíche.
Cotação: bom
Chico Izidro
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“QUEER”
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