Em tempos de Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), nada melhor do que mais um filme mostrando a luta dos negros contra as injustiças e o racismo. Em "Judas e o Messias Negro" (Judas and the Black Messiah), direção de Shaka King, é mostrada a luta do jovem ativista Fred Hampton (Daniel Kaluuya, de "Corra!") no movimento Panteras Negras, entre 1968 e 1969. Ele chegou a ser líder do grupo no estado de Illinois, com apenas 21 anos de idade, e foi assassinado em uma conspiração da polícia de Chicago e do FBI.
O filme é mostrado sob a ótica de William O’Neal (LaKeith Stanfield, também de "Corra!"), um ladrão de carros que para não ir preso, aceita ser informante do FBI. Ele é colocado pelo agente Roy Mitchell (Jesse Plemons, de "Fargo") dentro dos Panteras Negras para ficar de olho em Hampton e repassar informações sobre ele. Porém, o infiltrado acaba aos poucos percebendo o mundo real, e não aquele em que vivia – o de roubar para sobreviver, e não ver o sofrimento que seus iguais sofriam. Ele começa a se questionar, mas não tem como sair da teia de areia em que se meteu ao aceitar ser um “rato” no jargão da época, ou seja, um dedo-duro, enfim, um Judas.
"Judas e o Messias Negro" mantém um clima de tensão, fazendo ainda com que o público reflita. Os discursos de Fred Hampton são incendiários, e o ativista é interpretado com vigor por Daniel Kaluuya, que mostra mais uma vez ser uma das melhores revelações dos últimos anos no cinema. O estreante diretor Shaka King, e também roteirista ao lado de Will Berson, se mostra bastante seguro no comando da obra. E o final do filme é cheio de suspense, mesmo com as pessoas sabendo o destino de Hampton, que foi varado de balas pelos policiais que invadiram o seu apartamento. “Judas e o Messias Negro” é mais um filme que se faz necessário para se compreender a história e o momento em que vivemos.
Cotação: excelente
Duração: 2h05
Chico Izidro